domingo, 4 de novembro de 2012

O Nacionalismo de Plínio Salgado e sua Visão do Modernismo. Parte I.


Semana da Arte Moderna de 1922. Imagem: Capa do Livro, O Pensamento Nacionalista no Modernismo Brasileiro de Rodrigo Rodrigues.

“Aprimora-te na arte de bem falar; bem escrever a tua língua; um povo que perde a tradição da palavra, acaba perdendo todas as tradições, poorque o idioma vernáculo é oi veículo da História e o instrumento intelectual da sustentação da personalidade de uma Pátria”.

Plínio Salgado

O primeiro período modernista, correspondente às primeiras décadas do século XX, foi profundamente marcado por uma necessidade de renovação nas artes brasileiras, as quais sofreram grande influência da vanguarda europeia, principalmente com o Futurismo, Dadaísmo e o Surrealismo.

De início, estas influências tiveram mais destaque nas artes plásticas com Tarsila do Amaral, cuja exposição realizada em São Paulo entre 1917 e 1918, após uma viagem feita pela Europa e aos Estados Unidos, de onde absorveu a arte de vanguarda, resultou em num artigo do jornal “O Estado de São Paulo”, escrito por Monteiro Lobato com o título de “Paranoia ou Mistificação”. A severa crítica de Monteiro Lobato revelava seu repúdio à influência da arte estrangeira, conforme se pode ler no artigo:

”(...) exposições públicas, gambumbadas pela imprensa e absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura”.

Monteiro Lobato

Após a violenta crítica , Tarsila teve muitos de seus quadros devolvidos, sofreu duras provações, até se unir com outros artistas de semelhantes aspirações, entre eles estavam: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Di Cavalcanti e outros. Estes, por sua vez, uniram forças com o escultor Vitor Brecheret, que mais tarde conquistou, até mesmo, os elogios de Monteiro Lobato.

Mas, o sucesso dos modernistas foi definido com a vitória de Brecheret em Paris, cujo significado era o mesmo que vencer o mundo. Agora, quem se opusesse a esta revolução, seria considerado passadista.

Pode se dizer que a modernidade refletiu aqui o mesmo conflito de movimentos que ocorrera em vários países do mundo naquela época, ou seja, o nacionalismo de direita e conservador, também considerado ortodoxo, contra a vanguarda de esquerda, tida como desmoralizante.

Em um estudo crítico, Mário de Silva Brito esclarece esta questão da seguinte maneira:

“(...) a Semana de Arte Moderna finalmente introduzira no Brasil na problemática do século XX e levara o país a integrar-se nas coordenadas culturais, políticas e sócio-econômicas da nova era: o mundo da técnica, o mundo mecânico e mecanizado – mundo que o modernismo cantaria, glorificaria e, depois, temendo-o, repudiaria, em consequência do que era”.
Mário de Silva Brito

Para ampliar a discussão sobre a contribuição de nossos autores sobre o modernismo, é fundamental incluir o texto que Menotti Del Picchia compôs com Plínio Salgado e Cassiano Ricardo, intitulado de “O Curupira e o Carão”, que foi o primeiro manifesto da Corrente Nacionalista, proclamado na segunda noite da Semana de Arte Moderna. Pelo significado deste título, sabe-se que o curupira é o símbolo da arte nova e nacional; o Carão, das antigualhas parnasianas, bagatelas importadas.

Antes de iniciar a análise do texto desta conferência, vejamos alguns dados sobre seus autores.

“Plínio Salgado (São Bento do Sapucaí, S. Paulo, 1895). Suas produções iniciais foram influenciadas pelo espírito da Semana. O romance “O Estrangeiro” (1926) é uma tentativa de fixar os quadros da vida paulista em um ritmo de prosa, ora solto, ora sincopado. Nos artigos que integram “O Curupira e o Carão”, livro programa do “Verdeamarelismo”, escrito por Menotti Del Picchia em 1927, propôs uma arte violenta e “dinâmica”, mas acima de tudo nacionalista, chegando mesmo a erigir a figura da Anta, totem dos tupis, como denominador comum da “raça brasileira”. Os romances O Esperado (1931) e o Cavaleiro de Itararé (1932) constituem, no dizer do título geral da série, “Crônicas da Vida Brasileira”; e, de fato, pretender retratar fragmentária e simbolicamente alguns tipos brasileiros em suas reações diante dos fatos políticos relevantes como a Coluna Miguel Costa – Prestes, o Tenentismo, a Revolução de 1930 e a de 1932”.

Paulo Menotti del Picchia (Itapira, SP, 1892). Fez Direito em São Paulo. Conviveu na primeira mocidade com os últimos baluartes da literatura natemodernista, mas, passada a I Guerra Mundial, aproximou-se do grupo que faria a Semana da Arte Moderna, de que foi articulador e aguerrido participante.

Continua...

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Você quer saber mais? 

RODRIGUES, Rodrigo. O Pensamento Nacionalista no Modernismo Brasileiro. Santos: Universidade Católica de Santos, 2001.























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