Ritual Aymará de culto aos deuses. Imagem: Projects
Os aimarás são um
grupo de indígenas que vivem nas montanhas da Cordilheira dos Andes na América
do Sul. A maioria das pessoas vivem
no Lago Titicaca.
Aimará é o nome de um
dos povos que formava o Império Inca. Falavam a língua aimará -, estabelecido
desde a época pré-colombiana no sul do Peru, na Bolívia, na Argentina e no
Chile. São atualmente 2 milhões de pessoas pertencentes a esse grupo étnico estão
divididas em alguns países da América Latina. Com a Bolívia aonde conta-se 1,5
milhões, o maior número de Aimarás da América. Também estão presentes no Peru
somando 440 mil habitantes, no Chile 41 mil e na Argentina 35 mil. São adeptos
do Catolicismo adaptado às crenças andinas, seu grupo étnico é relacionado à
família Quechuas. Na atualidade estes povos estão se unindo para afirmar sua
tradição e cultura através de ABYA YALA, o nome das nações autóctones para a
América.
Bandeira do Povo Aymará. Imagem: Projects.
ABYA YALA é o nome que as nações autóctones da
América escolheram em
1992, para designar
esse continente, em vez de “América” – uma homenagem a Américo Vespucci. A
expressão "ABYA YALA" vem da língua dos kunas, um povo natural do
Panamá e Colômbia, que antes da chegada de Colombo assim nomeavam essas terras.
As duas palavras significam TERRA EM SUA PLENA MATURIDADE
ou simplesmente TERRA
DO ESPLENDOR.
O líder boliviano aymara Takir Mamani propôs que todos os povos nativos da América
utilizassem a denominação "Abya Yala" em suas declarações oficiais, pois:
O líder boliviano aymara Takir Mamani propôs que todos os povos nativos da América
utilizassem a denominação "Abya Yala" em suas declarações oficiais, pois:
“aceitar os nomes estrangeiros em
nossos povoados, nossas cidades e nosso continente equivale a subjugar nossa
identidade à vontade de nossos invasores e seus herdeiros”.
Essa proposta levou à criação do movimento ABYA YALA SIN FRONTERAS, visando resgatar a sabedoria ancestral, assim como a integração dos povos num único continente e numa única Grande Nação, inspirado no TAWANTISUYU DOS INCAS, que há mais de 500 anos iniciaram o grande processo integrador de Abya Yala.
Pachamama, deusa mãe da Terra e da fertilidade. Imagem: Projects.
A história dos AYMARAS
está intimamente ligada ao Titicaca, na região conhecida como Altiplano, a
3.812 metros de altitude. Por estar situado em clima árido, o Titicaca sempre
atraiu às sua margens, uma infinidade de grupos que vagavam em busca de
melhores condições para sua sobrevivência.
No Peru os falantes
desta língua somam mais de 300.000 pessoas denunciando que o grupo étnico é bem
maior. Aí estão mais concentrados no departamento de Puno (perto do Lago
Titicaca), nas regiões Moquegua, Arequipa e Tacna.
Na Bolívia existem
cerca de 1.200.000 falantes do idioma aimará, sendo a forma falada na capital
La Paz considerada a forma mais pura e estruturada da língua, havendo
concentrações nos departamentos de Oruro e Chuquisaca.
Aimaras.
No Chile, a população
aimará é grande, havendo cerca de 50.000 falantes também habitando nas regiões
andinas do norte do pais, em Tarapacá e Antofagasta.
Existem também cerca
de 10.000 falantes do idioma aimará no oeste da Argentina. Na atualidade há
quase 2,5 milhões de pessoas de etnia e língua aimará, na zona dos Andes. São o
segundo grupo nativo, só superado pelos quíchuas com quase 15 milhões de
pessoas espalhadas pelos Andes da Colômbia até a Argentina).
Totora, um tipo de canoa feita pelos Aymarás para navegarem no Lago Titicaca. Imagem: Projects.
Por este motivo, não
é exagero afirmar que a cultura aymara tem na língua, o seu mais precioso bem.
Na verdade, é ela que determina quem faz parte ou não desse grupo social.
Embora tivessem herdado um rico legado, não conseguiram em sua curta existência
de domínio regional (1200-1400 dC) fixar padrões sociais sólidos. Viviam ainda
uma fase de assentamento, quando da invasão incaica, de língua quéchua.
Alguns acreditam que
o idioma aimará é aparentado com o idioma quíchua língua original do Império
Inca embora fortes objeções de vários estudiosos. Os que defendem o parentesco
ligüístico se baseiam nas similitudes (por exemplo a palavra Condor é Kuntura
em aimará e Kuntur em quíchua.
O que tem de se
considerar é que embora adiantados e prósperos, os reinos aimarás originais
acabaram sendo dominados pelo imperador inca Huayna Capac entre os anos de 1493
e 1525.
Embora a anexação
tenha sido compulsória mas não necessariamente violenta, a inclusão dos aimarás
no império acabou influenciando a língua local pela adoção da língua oficial
para alguns efeitos burocráticos.
De resto, a
influência lingüística quíchua é reflexo direto da influência cultural inca que
impôs sua religião na qual o próprio imperador era tido como uma divindade
(Huayna Capac mandou os arquitetos e artesãos aimarás irem para Cuzco para
aprender as técnicas construtivas e estilo Inca para erigir templos e outras
construções imperiais)
O processo não foi
diferente do que ocorreu com a posterior dominação espanhola que impregnou no
idioma aimará hodierno com vários vocábulos e expressões da língua espanhola.
Aí ocorreu outro
fenômeno - embora a língua espanhola tenha sido ferreamente inserida, tanto que
é língua oficial numa parte significativa da América do Sul, o idioma aimará, a
exemplo de várias línguas locais, foi preservado porque os Jesuítas o
utilizaram como língua de catequização vertendo-a por escrito em caracteres
latinos.
Na atualidade, os aimará
falantes não têm chance de espalhar mais sua língua pelas regiões perto do Lago
Titicaca porque não se usa como língua comercial ou de trabalho. O futuro do
povo aimará é incerto, já que eles sofrem discriminação e o governo do Peru,
por exemplo, não lhes dá força para se desenvolver melhor. A situação é
diferente na Bolívia onde o povo aimará está começando a ressurgir.
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