O
xintoísmo ou “via dos deuses”, é a única religião genuinamente japonesa. Em
inúmeros aspectos ser japonês é ser xintoísta. O xintoísmo explica as origens e
a importância do imperador no ápice da sociedade japonesa. Sua intensa
preocupação com a purificação é a base dos tão generalizados costumes japoneses
de limpeza.
Em
parte as crenças e ritos do xintoísmo refletem a subordinação do indivíduo ao
grupo. É uma religião que possuí uma coleção vagamente organizada de santuários,
dedicados a um quase infinito número de KAMI (espíritos ou seres divinos), que são
onipresentes.
Os
japoneses adotam simultaneamente duas crenças principais, o XINTOÍSMO
e o BUDISMO,
sendo que muitas divindades budistas existem como Kami do xintoísmo.
O
respeito profundo que os japoneses mostram ter pela natureza origina-se da
crença mais antiga e fundamental do xintoísmo, segundo a qual o mundo natural é
governado por seres espirituais. Esses espíritos ou divindades são chamados/conhecidos
como Kami.
Ao
contrário do Budismo e do Cristianismo, o Xintoísmo não têm um fundador conhecido.
Foi apenas durante a cultura YAYOI, no final da Pré-história (entre 300 a.C e
300 d.C) que surgiram algumas características que lembram aspectos a religião, como por exemplo os
KAMI.
Na
medida em que o CLÃ
YAMATO, (Sol) ganhou influência sobre os demais clãs seus
antepassados criaram o mito que sua descendência provém de forma divina da deusa Sol
AMATERASU, tornou-se predominante. Isso lançou as bases para o culto
imperial que foi relegado a um papel simbólico durante o reino dos Xôguns ou Shoguns (século
XVII ao XIX), mas voltou a predominar no xintoísmo dos tempos modernos.
O
budismo, confucionismo e taoismo chegaram ao Japão em meados do século XI d.C.
E todas as três crenças, influenciaram o xintoísmo, mas a que mais influenciou foi
o budismo, ao ponto que muitas divindades budistas vieram a ser adoradas como
Kami xintoísta.
Em
1868, após 250 anos de Xogunato, a restauração MEIJI devolveu o poder ao imperador
(que subiu ao trono em 1867) e em 1871 o xintoísmo foi declarado à religião estatal. Então
o xintoísmo passou a ser o principal mecanismo para encorajar o nacionalismo
japonês e a lealdade ao imperador. A palavra SHINTO vem desse período, antes
disso, essa religião era apenas a adoração dos Kami.
Em
1945, o xintoísmo estatal termina com o fim da II Guerra Mundial. O imperador
renúncia seus direitos de divindade e a Constituição de 1947 separa o Estado da
religião, tornando os JINJAS (santuários) uma coleção vagamente
organizada de locais dedicados a um número quase infinito de Kami que, na sua
maioria, eram específicos de suas comunidades locais.
A
maioria dos japoneses considera-se tanto xintoísta quanto budista e não
percebem qualquer contradição nisso.
O
xintoísmo
concentra-se nas questões referentes a este mundo, na procriação na promoção da
fertilidade, na pureza espiritual e no bem- estar físico. O budismo,
por outro lado, embora não rejeite o mundo real, sempre deu maior ênfase à
salvação e à POSSIBILIDADE
DE VIDA APÓS A MORTE – daí ser muitas vezes associada com
preocupações humanas sobre moralidade. Por isso a maioria dos japoneses prefere as práticas
funerárias budistas.
Nas
plantações de arroz, o trabalho em conjunto é vital para uma boa empreitada.
Essa cooperação social e a ausência de um individualismo marcante foram características
do xintoísmo desde seu começo.
O xintoísmo
considera a subordinação uma virtude e prega a LEALDADE ABSOLUTA. Com
efeito em muitos aspectos ser japonês é ser xintoísta, não importa que outras
religiões a pessoa possa adotar.
Não
se sabe ao certo se a cultura Pré-histórica JOMON (11.000 a.C – 300 d.C) já possuía
uma religião baseada aos Kami. A cultura Jomon, não conhecia a escrita e eram
seminômades, produziam as DOGU, figuras femininas de quadris e seios
exagerados que representavam a fertilidade.
Não
sabemos se existe qualquer semelhança entre as DOGU e os KAMI. A prática do ritual do arroz
xintoísta persiste até os dias de hoje. Com a chegada da cultura YAYOI,
uma cultura mais complexa, surge pela primeira vez evidências iconográfica xintoísta.
Intimamente
associado ao culto da fertilidade Yayoi são joias chamadas MAGATAMA, os espelhos cerimônias e
as ESPADAS
SAGRADAS, todos eles desempenham um papel significativo na mitologia
xintoísta.
A
maioria dos UJIGAMI
– divindades tutelares associadas com os primeiros UJIS (Clã) registrados são dessa
época (300 a.C à 300 d.C). O Ujigami mais importante foi/é AMATERASU, deusa do Sol.
Em
552 d.C, missionários budistas, chegaram a parte Sul e Oeste do Japão. Muitos
cortesãos adoravam
a estátua de BUDA como uma manifestação de um poderoso Kami.
Na
ERA HEIAN (794
d.C à 1185 d.C) desenvolve-se o Xintoísmo Ryobu ou “Xintoísmo duplo” em que os KAMI do xintoísmo e os BOSATSU (Bodisatvas, um ser iluminado ou futuro Buda) do
budismo foram combinados formalmente passando a ser entidades divinas únicas.
Continua.......
Autor: Leandro CHH
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Você quer saber mais?
LITTLETON, Scott.C.
Conhecendo o Xintoísmo: origens, crenças, práticas, festivais, espíritos e
lugares sagrados. Petrópolis: Editora Vozes, 2010.
Vim retribuir a gentil visita que vc fez ao meu blog e pedir que volte sempre que quiser, pois adorei suas belas palavras!
ResponderExcluirGostei bastante do seu espaço e voltarei aqui sempre que puder!
Obrigada desde já!
Abraço
Boa tarde, Leandro.
ResponderExcluirAcho bem interessantes as diferenças existentes entre o modo de vida ocidental e o oriental.
Sobre as Dogu, eu as conhecia como "vênus esteatopígeas", representações da figura feminina com formas exageradas criadas milhares de anos atrás.
Elas eram feitas assim porque naquele tempo, era muito difícil alguém chegar à idade adulta com saúde, e mulheres mais cheinhas tinham maior possibilidade de suportarem um período de falta de comida, consequentemente, poderiam sobreviver para criar os filhos e, desta forma, eram mais desejadas.
Abraço, Leandro.
Olá Moni,
ResponderExcluirObrigado. Com toda certeza estarei voltando ao seu blogue para contemplar seu trabalho.
Abraços,
Leandro CHH
Legal Professor Jacques, também acho fantástico estudarmos a cultura oriental, pois abre um leque mais amplo da história humana muitas vezes não conhecida no Ocidente.
ResponderExcluirOlharmos para suas crenças e motivos que os levam a crêr, pode nos conduzir a uma compreesão de sua cultura, literatura e estilo de vida. Pois, a religiosidade de um povo é sua maior força motriz, daí a importancia de conhecermos ela.
Fraternalmente,
Leando CHH