"Vai haver invasão ao Alemão no momento adequado. O foco hoje ainda é a Vila Cruzeiro, mas ir para o Alemão não está descartado. Estamos dependendo de informações do serviço de inteligência", disse a jornalistas o subsecretário de operações da secretaria, Roberto Sá.
O avanço pelas ruelas da favela Vila Cruzeiro de mais de 500 policiais na quinta-feira, a maioria transportada por veículos militares blindados da Marinha --que nunca haviam sido usados antes nos combates em favelas da cidade-- levou à fuga de dezenas de homens armados para a outra comunidade da Penha, na zona norte da capital fluminense.
De acordo com o subsecretário, o planejamento das autoridades de segurança do Estado prevê a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas duas comunidades, consideradas fortalezas da facção criminosa acusada de comandar uma onda de ataques a veículos e alvos policiais nas ruas da cidade desde domingo.
Apesar do policiamento reforçado, mais cinco veículos, incluindo um ônibus, foram incendiados na madrugada desta sexta, elevando para 96 o número de ataques desde tipo nos últimos dias. Ao menos 30 suspeitos morreram em confrontos com a polícia, além de uma jovem de 14 anos vítima de bala-perdida.
Sá afirmou que a polícia tem informações que ainda há criminosos escondidos dentro de casas de moradores da Vila Cruzeiro, e que as ações desta sexta-feira no local têm como objetivo localiza-los e prendê-los.
"Vila Cruzeiro e Alemão estão no planejamento para UPPs diante dos acontecimentos. Não estava nesse momento no nosso cronograma, mas essas operações são por tempo indeterminado e temos que analisar as oportunidades", disse o sub-secretário, que ainda ironizou a fuga em massa dos criminosos da Vila Cruzeiro para o Alemão.
"As imagens mostram traficantes covardes. Nessa hora eles correm... Eles são covardes, se urinam e fazem mal para os moradores", acrescentou Sá, referindo-se às imagens aéreas de TV que mostraram ao vivo a fuga dos homens armados durante a ação policial.
O subsecretário informou que os 800 homens do Exército cedidos pelo Ministério da Defesa pertencem à brigada de paraquedistas do Rio de Janeiro e vão ocupar os principais acessos às duas comunidades.
A estratégia é que apenas policiais entrem nas favelas, recebendo apoio logístico e de transporte aéreo e terrestre das Forças Armadas. Algumas ruas da Penha serão interditadas pela polícia em consequência das operações, que contam também com homens e equipamentos da Polícia Federal.
As Forças Armadas, que já tinham participado com fuzileiros navais e veículos blindados da Marinha na quinta-feira, vão colaborar também a partir desta sexta com os homens do Exército, dois helicópteros da Aeronáutica e dez blindados de transporte, além de equipamentos.
(Por Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Maria Teresa de Souza)
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