O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) representou um período de transformações significativas no Brasil, tanto no campo econômico quanto no social. Ele assumiu a presidência em 1º de janeiro de 1995, após ter sido ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco (1992-1994), onde liderou a criação do Plano Real, implementado em julho de 1994. Durante seus dois mandatos, o principal objetivo foi consolidar a estabilidade econômica, um desafio que envolveu o controle da inflação e a modernização das estruturas econômicas do país.
Entre as principais iniciativas de FHC, destacam-se as privatizações, com destaque para empresas como a Companhia Vale do Rio Doce (1997) e o sistema de telecomunicações, dividido e vendido em 1998. Essas ações tinham como objetivo reduzir o papel do Estado na economia e atrair investimentos privados, embora tenham gerado controvérsias sobre sua eficácia e impacto social. Paralelamente, Fernando Henrique também promoveu a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), buscando disciplinar os gastos públicos de estados e municípios.
Na área social, houve a expansão de programas de transferência de renda, como o Bolsa Escola, e esforços para ampliar o acesso à educação básica, culminando no aumento das taxas de matrícula. Em 1996, foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que reformulou o sistema educacional brasileiro. No entanto, questões como a desigualdade social e altos índices de desemprego permaneceram desafios significativos.
A política externa no período foi marcada pelo fortalecimento do Mercosul, criado em 1991, e pela busca de uma maior integração do Brasil ao mercado global. Fernando Henrique também foi reconhecido por sua postura diplomática, consolidando alianças estratégicas com países da América Latina e dos Estados Unidos.
Apesar dos avanços, seu governo enfrentou crises econômicas globais, como a crise asiática (1997) e a crise da Rússia (1998), que impactaram diretamente o Brasil, levando à desvalorização do real em 1999. Além disso, críticas sobre corrupção, como o escândalo da compra de votos para a reeleição (1997), e o aumento da dívida pública geraram controvérsias sobre seu legado. FHC deixou o cargo em 31 de dezembro de 2002, encerrando um período que, apesar de suas contradições, é considerado fundamental na modernização do país.
Você quer saber mais?
CARDOSO, Fernando Henrique. A Arte da Política: A História Que Vivi. São Paulo: Civilização Brasileira, 2006.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A Era FHC: Um Balanço. São Paulo: Editora 34, 2002.
BIONDI, Aloysio. Os Bastidores da Privataria. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 1999.