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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Maragatos (lenço vermelho) e Pica-Paus (lenço branco) na Revolução Federalista

 Durante a Revolução Federalista (1893-1895), os principais grupos em conflito no Rio Grande do Sul eram os maragatos e os pica-paus, representando lados opostos em uma disputa política e militar que envolveu questões sobre o modelo de governo e a consolidação da República no Brasil.

Maragatos

Quem eram? Os maragatos eram federalistas, favoráveis a um sistema político descentralizado, com maior autonomia para os estados.

Liderança: Eram liderados por figuras como Gumercindo Saraiva, Silveira Martins e outros líderes dissidentes do centralismo republicano.

Origem do nome: O termo "maragato" pode ter origem na região de Maragatería, na Espanha, de onde vinham alguns colonizadores. Também foi associado aos federalistas como uma forma pejorativa.

Símbolo: Usavam o lenço vermelho como distintivo.

Objetivos

Se opunham ao governo republicano centralista de Floriano Peixoto e seus aliados regionais, como Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul.

Queriam restaurar um regime mais parecido com o parlamentarismo monárquico ou pelo menos um federalismo mais amplo.

Ações: Utilizavam táticas de guerrilha e contavam com tropas móveis que frequentemente cruzavam fronteiras com o Uruguai e a Argentina.

Pica-Paus

Quem eram? Os pica-paus eram republicanos, defensores do governo centralista e aliados do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado por Júlio de Castilhos.

Liderança: Júlio de Castilhos, com apoio do governo federal de Floriano Peixoto, liderou as forças republicanas no estado.

Origem do nome: O apelido "pica-paus" foi dado pelos federalistas, referindo-se ao uniforme das tropas republicanas, que incluía chapéus de abas viradas que lembravam o formato da cabeça de um pica-pau.

Símbolo: Usavam o lenço branco como distintivo.

Objetivos

Defender o modelo republicano centralizado proposto pela Constituição de 1891.

Manter Júlio de Castilhos no poder no Rio Grande do Sul e consolidar a República no estado e no país.

Ações: Eram militarmente organizados, com o apoio do Exército Brasileiro e armamento moderno, e usavam estratégias de repressão severa.

Conflito entre os dois grupos

Causas: A Revolução Federalista começou devido à oposição dos maragatos ao governo centralizador de Júlio de Castilhos, que, com base na Constituição estadual de 1891, concentrava amplos poderes no executivo.

Ações principais

Os maragatos começaram o conflito com ataques violentos contra posições governistas, tentando tomar o poder no estado.

Os pica-paus resistiram com o apoio do governo federal, recorrendo a uma repressão dura, incluindo o uso de execuções sumárias, como no episódio da degola.

Fim do conflito: A guerra terminou em 1895 com a vitória dos pica-paus, consolidando o poder republicano e centralista no Rio Grande do Sul. O Tratado de Paz de Pelotas trouxe um cessar-fogo, mas deixou ressentimentos profundos.

Símbolos e legado

A disputa entre maragatos (lenço vermelho) e pica-paus (lenço branco) tornou-se parte da identidade histórica e cultural do Rio Grande do Sul.

O conflito é lembrado como um dos mais sangrentos da história do Brasil, com estimativas de 10.000 a 15.000 mortos.

As rivalidades políticas e os valores representados por cada grupo continuaram a influenciar a política gaúcha durante a República Velha e além.

Em resumo, os maragatos e os pica-paus simbolizaram uma polarização política e social que refletia o embate entre federalismo e centralismo, em um momento crítico da consolidação republicana no Brasil.

Maragatos (lenço vermelho) e Chimangos (lenço branco) na Revolução de 1923

 Durante a Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, os grupos dos maragatos e dos chimangos foram os principais protagonistas, representando lados opostos em um conflito político e ideológico que marcou a história do estado.

Maragatos

Os maragatos eram federalistas, descendentes ideológicos dos derrotados da Revolução Federalista (1893-1895).

Defendiam maior descentralização do poder, autonomia estadual e oposição ao governo centralista que dominava o Rio Grande do Sul.

Eram liderados, em 1923, por Assis Brasil, um político que se opunha ao domínio de Borges de Medeiros e ao Partido Republicano Rio-grandense (PRR).

Tinham como símbolo o lenço vermelho, que os diferenciava no conflito.

Chimangos

Os chimangos eram republicanos centralistas, aliados do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e defensores do governo de Borges de Medeiros, que governava o estado de forma quase contínua desde 1898.

Representavam a continuidade da política de Júlio de Castilhos, com forte controle do poder executivo estadual.

Borges de Medeiros, líder dos chimangos, defendia a reeleição e o fortalecimento do governo estadual dentro do sistema republicano.

Tinham como símbolo o lenço branco, usado para identificar seus apoiadores.

Contexto e Causas da Revolução de 1923

A revolução teve origem na insatisfação com o domínio prolongado de Borges de Medeiros no governo estadual.

Em 1922, Borges de Medeiros foi reeleito para seu quinto mandato como presidente do estado, mas a oposição, liderada por Assis Brasil, considerou a eleição fraudulenta.

A oposição federalista (maragatos) via o governo de Borges como autoritário e centralizador, reivindicando eleições livres e maior alternância de poder.

O Conflito

O conflito armado se estendeu por diversas regiões do estado, envolvendo combates entre forças maragatas e chimangas.

Foi uma guerra civil regional, com características de guerrilha, marcada por emboscadas e batalhas localizadas.

O conflito terminou em 1923 com o Pacto de Pedras Altas, mediado pelo governo federal. O acordo estabeleceu:

A permanência de Borges de Medeiros no poder até o fim do mandato.

O compromisso de que ele não tentaria a reeleição novamente.

Garantias para os federalistas, buscando evitar futuras perseguições.

Consequências

O Pacto de Pedras Altas encerrou temporariamente as hostilidades, mas não eliminou as tensões políticas no Rio Grande do Sul.

A Revolução de 1923 reforçou as divisões históricas entre maragatos e chimangos, marcando a política gaúcha por décadas.

Contribuiu para moldar o cenário político nacional, especialmente no contexto da República Velha e na formação de alianças futuras, como a Revolução de 1930.

Em resumo, a Revolução de 1923 foi um reflexo da polarização política entre maragatos (federalistas) e chimangos (republicanos) e de um conflito por maior autonomia política e alternância de poder em um contexto de domínio prolongado de Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul.

A degola durante a Revolução Federalista!

 A "degola" é um termo utilizado para descrever um episódio de violência política ocorrido no Rio Grande do Sul durante a Revolução Federalista (1893-1895). Júlio de Castilhos, governador do estado, ficou envolvido em um contexto de severa repressão durante esse período de intensos conflitos entre federalistas (que se opunham ao governo central republicano) e republicanos (representados por Castilhos e seu Partido Republicano Rio-grandense).

A "degola" se refere especificamente a um episódio em que Júlio de Castilhos ordenou a execução sumária de líderes e soldados federalistas após a vitória de suas tropas sobre os inimigos. Durante a Revolução Federalista, Castilhos adotou uma postura extremamente autoritária e represiva contra os federalistas, que buscavam instaurar um regime mais descentralizado de poder, em oposição ao governo centralista de Castilhos.

Em 1894, após a vitória republicana, Castilhos ordenou a execução de muitos prisioneiros de guerra federalistas, em um ato de vingança e como uma forma de mostrar poder e disciplina. Essas execuções sumárias ficaram conhecidas como "a degola", um termo que faz referência ao ato de degolar (cortar a cabeça), simbolizando a brutalidade do ato.

Esse episódio foi bastante controverso e contribuiu para a imagem de Castilhos como um líder autoritário e implacável, o que, por um lado, consolidou seu poder e a ordem no estado, mas, por outro, alimentou o sentimento de revolta e oposição entre os federalistas e seus apoiadores. A "degola" é, portanto, um dos episódios mais sombrios da história política do Rio Grande do Sul e da República Velha, simbolizando a violência política daquele período.

A Guerra da Degola, também conhecida como Revolução Federalista, foi um conflito armado que ocorreu no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná entre 1893 e 1895. O nome "Guerra da Degola" se deve à prática de degolamento de inimigos, que era comum entre os dois lados da guerra. 

A Revolução Federalista foi uma reação sangrenta à Proclamação da República, e um dos conflitos internos mais cruéis da história do Brasil. O conflito envolveu os maragatos, ou federalistas, e os pica-paus, ou republicanos. Os maragatos eram partidários de Gaspar Silveira Martins, e os pica-paus, de Júlio de Castilhos. 

O degolamento era uma forma de vingança e de aterrorizar o inimigo, além de poupar munição e armas. Estima-se que cerca de mil homens morreram degolados, dos dez mil mortos no conflito. 

A Revolução Federalista demonstrou a divisão entre os republicanos, que estavam divididos entre os que defendiam a descentralização do poder e os que defendiam o fortalecimento do presidente da República.

A Revolução Federalista ou "Guerra da Degola" (1893-1895)

 A Revolução Federalista (1893-1895) foi um conflito armado no Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, envolvendo uma luta política entre os republicanos centralistas, que defendiam um governo forte e centralizado (representados principalmente por Júlio de Castilhos e o Partido Republicano Rio-grandense - PRR), e os federalistas, que buscavam um sistema mais descentralizado, com maior autonomia para os estados.

Principais motivos e contextos

Centralismo versus Federalismo: A revolta foi uma consequência das tensões políticas e ideológicas entre os federalistas, que queriam mais autonomia para os estados, e os republicanos centralistas, que desejavam fortalecer o poder central.

Conflitos internos no Rio Grande do Sul: No estado, havia divisões internas entre os políticos, com o PRR (de Castilhos) predominando, mas com forte oposição dos federalistas.

Instabilidade política pós-Proclamação da República: A recém-proclamada República, em 1889, ainda estava em processo de consolidação e enfrentava resistências, com vários grupos contestando o modelo de governo adotado.

Fases principais do conflito

Início da Revolta (1893): A revolta começou após a insatisfação dos federalistas com a liderança de Castilhos e o PRR. Eles se revoltaram contra o governo centralista, buscando instaurar um modelo federalista.

Ato de violência ("degola"): Durante o conflito, o governo de Castilhos adotou uma postura autoritária e violenta, incluindo a execução de prisioneiros federalistas, um episódio conhecido como "a degola".

Intervenção militar: O governo federal, liderado por Marechal Floriano Peixoto, interveio no estado para combater os insurgentes e garantir a ordem.

Fim da Revolução (1895): Após intensos combates e grande desgaste, os federalistas foram derrotados. Castilhos e os republicanos centralistas mantiveram o controle do Rio Grande do Sul e consolidaram o poder no estado.

Consequências

Repressão e autoritarismo: O episódio consolidou a liderança autoritária de Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul, mas também gerou resistência e mágoa entre os federalistas derrotados.

Descentralização do poder: Embora os federalistas tenham sido derrotados, suas ideias sobre maior autonomia para os estados permaneceram presentes no cenário político brasileiro.

Relevância histórica: A Revolução Federalista foi uma das primeiras grandes manifestações de resistência ao modelo republicano centralista e teve impacto nas relações entre os estados e o governo federal durante os primeiros anos da República Brasileira.

Em resumo, a Revolução Federalista foi um conflito armado que refletiu as divisões políticas e ideológicas do Brasil pós-República, com a luta entre centralismo e federalismo, e teve profundas consequências para a política do Rio Grande do Sul e do país.

A relação entre Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros

 A relação entre Júlio de Castilhos (1860-1903) e Borges de Medeiros (1863-1961) foi marcada por uma aliança política fundamental na história do Rio Grande do Sul. Ambos foram importantes líderes políticos gaúchos no final do século XIX e início do século XX e desempenharam papéis centrais na construção da política republicana no estado.

Júlio de Castilhos: Foi um dos principais nomes do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e, em 1891, tornou-se o primeiro presidente do estado do Rio Grande do Sul após a Proclamação da República. Castilhos foi responsável por consolidar a República no estado e liderou uma política de centralização e fortalecimento do poder executivo. Ele também tinha uma postura autoritária, buscando fortalecer a ordem e a legalidade na nova república.

Borges de Medeiros: Embora Borges de Medeiros tenha sido um dos aliados e sucessores de Júlio de Castilhos, sua atuação política seguiu uma trajetória distinta. Ele foi governador do Rio Grande do Sul por vários mandatos (1908-1912 e 1915-1928), exercendo um longo período de poder que ficou conhecido como "Borges de Medeiros e a República Velha". Ele foi um defensor da continuidade da política republicana de Castilhos, mas também adotou algumas posturas que eram mais conciliatórias e abertas ao diálogo com diferentes grupos.

A relação entre ambos foi inicialmente uma de aliados políticos, com Borges de Medeiros sendo um dos discípulos e seguidores da ideologia e da liderança de Júlio de Castilhos. Contudo, com o tempo, a relação entre eles se tornou mais distante, com Borges assumindo mais protagonismo e até mesmo posicionando-se de forma diferente em alguns aspectos da política estadual.

Em resumo, a relação entre Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros foi de mentoria e continuidade política no contexto da República Rio-grandense, com Borges seguindo o legado de Castilhos até alcançar o próprio poder como líder do estado.

Joaquim Francisco de Assis Brasil

 Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-1938) foi um dos mais destacados intelectuais e políticos do Brasil na virada do século XIX para o século XX. Natural de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Assis Brasil teve uma trajetória marcada pela atuação em diferentes áreas, como a política, o direito, a diplomacia e a literatura, consolidando-se como uma das figuras mais influentes de sua época.

Formado em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, Assis Brasil foi profundamente influenciado pelas ideias republicanas e democráticas, que marcariam toda a sua atuação pública. Desde cedo, envolveu-se no movimento republicano, participando ativamente da campanha que resultou na Proclamação da República em 1889. Como político, destacou-se por sua defesa do federalismo e de uma política descentralizadora, que visava conceder maior autonomia aos estados da federação.

Assis Brasil foi um dos fundadores do Partido Libertador, organização política que representava as forças de oposição ao regime oligárquico predominante no Brasil durante a Primeira República. Suas ideias estavam fortemente ligadas à promoção da educação, à modernização da economia e à defesa de um regime verdadeiramente democrático, pautado pela participação cidadã e pelo respeito às instituições.

Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi a atuação como diplomata na Argentina e no Uruguai. Assis Brasil desempenhou um papel crucial na negociação do Tratado de Pedras Altas, que trouxe soluções pacíficas para a Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul. Este tratado foi celebrado no Castelo de Pedras Altas, propriedade que ele mesmo construiu e que se tornou um símbolo de sua visão de progresso e civilidade.

O Castelo de Pedras Altas, situado em sua estância no município homônimo, é um marco arquitetônico e histórico do Brasil. Inspirado nos castelos europeus, reflete o gosto refinado de Assis Brasil e sua preocupação em cultivar valores culturais e artísticos. O local também foi palco de reuniões políticas e culturais importantes, consolidando-se como um espaço de debate e articulação de ideias progressistas.

Além de sua atuação na política e na diplomacia, Assis Brasil deixou uma vasta produção intelectual. Como escritor, publicou obras que abrangem temas diversos, como economia, direito e filosofia política. Entre seus trabalhos mais relevantes, destacam-se os textos em defesa do liberalismo político e do fortalecimento das instituições democráticas no Brasil.

Apesar de suas contribuições, Assis Brasil também enfrentou resistências e dificuldades ao longo de sua carreira. Sua visão de uma política mais inclusiva e transparente nem sempre encontrou eco em um país marcado pelo predomínio das oligarquias regionais e pela ausência de reformas sociais profundas.

Joaquim Francisco de Assis Brasil faleceu em 1938, deixando um legado de integridade, erudição e compromisso com os valores democráticos. Sua vida e obra permanecem como referências importantes para a história do Rio Grande do Sul e do Brasil. O castelo que leva seu nome continua sendo um monumento simbólico de sua trajetória, lembrando a todos sobre a importância de uma política pautada pela negociação e pela construção de consensos.

Você quer saber mais?

PINTO, Paulo Brossard de Souza. Joaquim Francisco de Assis Brasil. Editora Est. 1981.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL. Perfis parlamentares: Joaquim Francisco de Assis Brasil: perfil biográfico e discursos (1857-1938). Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, 2006.

REVERBEL, Carlos. Joaquim Francisco de Assis Brasil e a propaganda política do Partido Republicano Rio-Grandense. Anais do 13º Simpósio Nacional de História, 2011.