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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Exemplar de canis lupus familiaris de 1.500 anos encontrado no Rio grande do Sul




Cachorro com anatomia "moderna" de um Canis Lupus familiaris está presente na América do Sul a 1.500 anos segundo novas descobertas. 


Cientistas encontraram vestígios de cão que viveu há cerca de 1.500 anos, o que revela que o animal pode ter sido domesticado antes da chegada dos europeus.




Com porte médio, pelagem escura e aspecto semelhante ao de um doberman, o cão mais antigo do Brasil vivia em acampamentos humanos no Rio Grande do Sul, há cerca de 1.500 anos.




Com base em dois dentes molares e fragmentos do maxilar de um cachorro encontrado às margens da Lagoa dos Patos, cientistas reconstruíram a história da domesticação dos cães no país e descobriram que, cerca de 1.000 anos antes da chegada dos europeus, já vivíamos com cães de estimação. É a primeira vez que os pesquisadores encontram vestígios de um cachorro tão antigo no país.


Para chegar a essa conclusão, uma equipe composta pela bioarqueóloga brasileira Priscilla Ulguim, pesquisadora da Universidade de Teesside, na Inglaterra, e por cientistas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Instituto Nacional de Antropologia e Pensamento Latinoamericano, na Argentina, analisou os vestígios do cão e comparou-os a seus parentes selvagens e nativos da América do Sul, para verificar se se tratava de um exemplar de Canis lupus familiaris, nome científico do cão doméstico que conhecemos hoje.


Em seguida, os pesquisadores fizeram datações pelo o método do carbono-14 e descobriram que o animal tinha morrido entre 1.700 e 1.500 anos atrás, ou seja, pelo menos um milênio antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Isso é uma descoberta importante, pois quase não há registros de cachorros domésticos antes da chegada dos europeus ao Sul da América do Sul.


Análises químicas indicaram também que o animal tinha uma dieta que consistia em recursos aquáticos, como peixes. Ainda são necessários mais estudos para confirmar essa ideia – porém, se comprovada, é possível que o animal se alimentasse dos restos das pescarias humanas feitas na lagoa. O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Osteoarchaeology.


Cães domésticos


A domesticação dos cachorros na América parece ser mais complexa que na Europa, onde estudos demonstram que os primeiros cães passaram a viver com humanos há, no mínimo, 18.800 anos. Os animais, que evoluíram a partir dos lobos, ajudavam na caça, em atividades como guardar e proteger rebanhos, além de fazer companhia aos homens.


Nas Américas do Norte e Central foram encontrados fósseis de cães domésticos de 10.000 anos e, na América do Sul, os registros têm cerca de 7.500 anos, achados principalmente nas regiões andinas. Contudo, na região mais ao Sul, que inclui o Brasil, a maior parte dos registros indica a presença dos cachorros após a chegada europeia, o que torna a idade do cão analisado pelos pesquisadores um indício de que a domesticação dos animais pode ter acontecido nas Américas de maneira independente – e também por razões diferentes.


Segundo os cientistas, o próximo passo do estudo será a realização de uma análise genética para descobrir a que raça pertencia a espécie.





segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Popol Vuh I, a criação segundo a mitologia maia.



O Popol Vuh é o livro sagrado dos maias, repositório fundamental das crenças desse povo que conheceu o seu apogeu durante o chamado Período Clássico, que vai de 250 d.C. até cerca de 900 d.C. Popol Vuh quer dizer “livro do conselho”, e a versão que hoje conhecemos, escrita após a conquista espanhola, é a cópia feita pelos próprios quiches de uma outra mais antiga, hoje desaparecida.  A história divide-se em três partes: a primeira conta a criação do mundo e dos homens, a segunda narra as peripécias dos heróis gêmeos no inframundo, e a terceira é uma crônica da dinastia quiche. Vejamos primeiro como os maias descreveram, em seu poema mítico, o começo do mundo.


Antes que o mundo fosse criado, só havia um grande mar escuro, vazio e silencioso. Os deuses, que preexistiam ao próprio caos, viviam imersos em meio a toda aquela quietude.
Um desses deuses era Kukulcán, que por possuir o corpo de serpente recoberto de penas da ave quetzal foi chamado de Serpente Emplumada (que é a tradução do seu nome).


A exemplo dos demais deuses, Kukulcán passava o tempo mergulhado nas águas escuras e silentes do grande caos aquoso. Nadando e pensando. Ele e os demais adoravam pensar, pois eram sábios.


Mas um dia, depois de tanto pensarem, os deuses decidiram que era hora também de falar.
E foi então que, do meio da treva aquosa, soou a voz majestosa de Kukulcán.


Dentre os deuses aos quais ele dirigiu a palavra estava Huracán, o deus das tormentas (Huracán, que no idioma quiche quer dizer “Um-Perna”, se tornou o termo utilizado para designar, tanto na língua espanhola quanto inglesa, um furação – Huracán e hurricane, respectivamente). Como o nome maia está a indicar Huracán possuía apenas uma perna, tal qual os furações, mas seus braços, enormes como pás, tinham o dom de girar velozmente, provocando uma furiosa ventania.


Além de Huracán, outro deus que travou diálogo primordial com Kukulcán foi Tepeu, deus do céu. Juntos, os três deuses decidiram criar a luz, e o fizeram através de três raios. Depois para criar a Terra, utilizaram apenas a Palavra.


-- Ulev! – gritaram eles, e a Terra emergiu do oceano, pois “ulev” quer dizer terra”.


No começo, a terra, com seus vales e montanhas, era apenas como uma nuvem, que aos poucos foi ganhando forma e consciência. Logo, por cima da terra, criou-se a vegetação, e com ela as árvores, até se formarem em muitas partes imensos bosques e florestas.


Ao verem o resultado do seu ato criativo verbal, os três deuses congratularam-se:
--Nossa obra está benfeita! – disseram eles, banhados em divina satisfação.


E foi assim que o mundo passou a ter, cada qual no seu lugar, o céu, a terra e as águas.

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Você quer saber mais? 


A origem de tudo, segundo os Kami anciãos.



Eis as lendas do Japão, segundo o registro dos kami anciãos primordiais, esta mitologia foi transmitida para os antigos sábios e de onde se basearam os eternos livros Kojiki e Nihon Shoki:

No início dos tempos, havia apenas uma disforme esfera oval, duplamente maior que a Terra, flutuando, plácida e silenciosa, no negro infinito. Vida alguma abrigava em seu abaulado ventre e astro algum iluminava o céu para além desta longínqua esfera, solitária como uma pedra perdida num mar escuro e vazio – nem Sol, nem Lua, nem estrelas havia.

Mas esse não era ainda o mundo no qual os kami e mortais viriam a habitar. Não passava este corpo ástreo, na verdade, de uma massa única, sem distinção entre o céu e a Terra.

Durante muito tempo assim foi, até que esta indefinida esfera foi lenta e vagarosamente repartindo-se em duas, como quando o corpo dorme e a alma se põe a sonhar. Mas não é porque dormia que este corpo não se debateu como em pesadelos e não é porque não havia viva alma para ouvi-lo que ele silenciou. Divorciou-se de sua outra metade, fazendo saltar pedras, lascas e pedregulhos para todos os lados, na ânsia de libertar-se, e desprendeu-se, enfim, esta incorpórea criatura, como se desprende a alma do corpo morto.

Eis que se põe a subir calma, leve e vaporosa, alcançando com suave perícia o pai de todos os cumes, o monte Takachiho, e instalou-se  acima do seu topo, que já era tão alto que perfurava uma densa camada de nuvem. Takaamahara é como passou a se chamar esta parte azulada espiritual que virou o que poderíamos intitular de céu japonês. Acomodou-se lá no altíssimo firmamento e ali permaneceu à espera dos kami, que em poucas eras estavam por vir.

A outra metade da esfera, no entanto, pesada, parda e densa, foi tombando como o peso da gema de um ovo na leve clara, precipitando-se pelo abismo infinito. As pedras que haviam saltado da separação foram sendo atraídas gradativamente a ela mais uma vez, unindo-se de modo a carreá-la mais e mais até atingir uma consistência firme e puramente física mudando sua cor para um tom negro-encarvoado. Assumiu, enfim, uma forma geoide, e a água espalhou-se em volta dela. Os dedos gelados de uma névoa densa e escura envolveram esta parte descartada dos céus que permaneceu esquecida pelos imortais durante sete gerações de deuses.

Takaamaharaq, a Planície dos Céus Elevados, ao contrário da Terra, logo atraiu os kami, deuses habitantes. Três deles, mais gigantescos de todos – colossais demais para serem apreendidos numa única olhada – surgiram nos céus, vindos de um lugar incógnito só conhecido por eles. Chegaram já prontos para criar e desenvolver o caótico e misterioso mundo celeste que a mente humana não prima por entender.

A criação da Estrela Polar

Acenderei uma luz na escuridão – disse altamente venerável e desenvolvido Amano Minakanushi no Mikoto, falando na linguagem dos deuses.

Focalizou o firmamento com o Terceiro Olho, a visão além do alcance dos olhos, e fez brotar de suas longas e finas mãos uma bola de fogo dourada que arremessou às alturas, onde ela se fixou para todo o sempre. Deu-lhe o nome de Estrela Polar.

Criação da Lua e do Sol

Honoráveis irmãos – disse o segundo deus, Takami Musubi no Mikoto. – Eu criarei as Maravilhas Celestes.

Pôs-se a mover as mãos envoltas em chispas chamejantes e fez brotar uma imensa bola branca de fogo que arrojou para o alto, ao modo de como fez o deus primeiro. Nomeou novo ser de Lua. Concentrou novamente todo seu KI – fogo que queima nas entranhas e é a energia vital de todos os seres vivos – e fez surgir outra bola de fogo, porém de uma cor vermelho-alaranjada e quatrocentas vezes maior do que a anterior. Arremessou-a igualmente ao alto dos céus, ofuscando instantaneamente as criações anteriores. Chamou-a  de Sol.

Colocou, então, dois dedos no centro da testa e tornou a se concentrar: flocos de neve caíram dos céus, levando os três irmãos a se encolherem de frio e cobrirem com o capuz as cabeças ainda quentes do Sol. Expulsaram os flocos da neve resplandecente que cobria seus mantos coloridos e se puseram a observar o campo celeste que ia ficando mais alvo e fofo do que as brancas nuvens.

A nevasca se transformou em uma chuva muito fina e fortes ventos varreram os quatro cantos da galáxia, de ponta a ponta, controlados docilmente pelas mãos do honrável kami. Raios e relâmpagos cortaram, neste dia, o firmamento com seus clarões dourados e estrondos retumbantes e o vento uivou ferozmente como mil lobos, virando uma terrível tempestade. A pouca chuva se transformou num aguaceiro que lavou e fertilizou o solo celestial pela primeira vez na vida.

Surge a vida vegetal e animal pelo terceiro kami

- Eu, por minha vez, criarei os Tesouros Celestes – disse a seus irmãos a terceira divindade, Kami Musubi no Mikoto, tão logo a tempestade amenizou.
Espalmou as longas e finas mãos sobre o solo irrigado e fez surgir os mais exóticos bosques, pomares e jardins, que se ergueram do chão de um minuto para o outro, crescendo a olhos vistos, como se um segundo representasse um século. Deleitou-se o deus criando montanhas e penhascos, mares e rios, pássaros e peixes, flores e corais.

Cachoeiras desciam agora livremente ao pé da montanha, abaixo do voo de esplêndidos faisões de penas rubras como o fogo douradas como o metal amarelo (modo com o qual os deuses primordiais referiam-se ao ouro). A límpida água corria nos largos e lentos córregos celestiais com toda sorte de murmúrios, fluindo através do coração de Takaamahara, brilhando entre musgos, pedras e peixes. Brotaram o arroz e demais cereais, que, sem cultivo ou trabalho algum, cobriram os campos alagados com seus tapetes amarelos, independente do clima, do tempo e das estações de maduração.

Logo o céu borbulhava de cores e arte, graças ao capricho destes fecundos criadores de inesgotável imaginação. Tão logo concluíram suas obras-primas, retiraram-se anonimamente dos céus e seguiram para um refúgio incógnito que somente os deuses conheciam, sem deixar atrás de si nem o brilho das caudas de seus faiscantes mantos multicoloridos e nem o mínimo resquício de vaidade.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Os efeitos do mau uso da Tecnologia entre jovens



Por Glerian Bruno Gomes

Sem dúvida a humanidade vem passando por um avanço tecnológico jamais visto, a cada dia que se passa somos metralhados por novas tecnologias e novas invenções. Porém a grande pergunta que fica no ar é: Tudo isso nos faz bem?

Em uma breve análise podemos fazer uma avaliação não sobre o avanço da tecnologia, mas sim pela forma que a mesma esta sendo utilizada. Nesse post enfoco sobre os jovens e as alterações diretas e indiretas sofridas pelo abuso da nova tecnologia.

Qual adolescente hoje em dia não tem seu Smartphone, seu Tablet ou seu Notebook? A invasão da tecnologia nessa faixa etária esta cada dia mais alta, é comum crianças de oito anos já terem acesso total a esses dispositivos, de fato eles são uma peça importante no ensino pela facilidade de acesso a informações, sejam elas de qual classe ou teor. O grande problema é que esses dispositivos estão abrindo portas a problemas Físicos e até mesmo Psicológicos que antes não se viam. É totalmente normal hoje em dia um adolescente dizer que se deita a meia noite, ou ate mesmo as duas da madrugada por estarem conectados com esses aparelhos, seja com jogos, redes sociais ou ate mesmo estudando, alterando assim diretamente o ciclo do sono, ciclo esse que é de fundamental importância para o organismo, pois é o momento onde o corpo vai passar por uma restauração dos danos do dia-a-dia, assim como vai colocar em marcha os processos de crescimento dos ossos e maduração do Sistema Nervoso (principalmente a parte responsável pelo Psíquico e Intelecto), ou seja, vai “arrumar as coisas”. Os efeitos de uma noite mal dormida vem acompanhado com outros diversos problemas, um deles de suma importância é a disfunção do sistema hormonal, durante o sono são liberados substancias pelo cérebro que controlam a secreção de hormônios e os mantém em perfeito equilíbrio, com a falta da regulação dos mesmos as consequências são inúmeras, e muitas passam despercebidas ate causar grandes problemas como doenças reprodutivas, alterações no comportamento, falta de concentração, sono e indisposição durante o dia, alteração no ciclo social, predisposição a depressão e autismo, predisposição a obesidade, entre outras.


Outra alteração que esta ganhando uma profunda atenção são os efeitos deletérios das telas destes dispositivos a visão, se analisarmos que durante a noite grande parte desses jovens ficam utilizando seus aparelhos no escuro vamos ver que isso estará causando sérios danos às células da retina, que é a parte situada no fundo dos olhos e que é responsável pela captação da luz para posteriormente envia-las ao cérebro, além de “forçar” as estruturas dos olhos a se adequarem ao tamanho das letras e imagens, como consequência vemos um aumento significativo de adolescentes utilizando óculos ou lentes para sanar as consequências dessa exposição.

Além de problemas Físicos nos deparamos também com as alterações comportamentais entre os jovens, as redes sociais assim como os aplicativos de mensagens instantâneas facilitam muito a comunicação entre as pessoas, isso faz com que hoje em dia se tenha uma maior facilidade de expor suas ideias a um grande numero de pessoas, o problema é que muitas vezes essa exposição de ideias gera uma grande quantidade de criticas e desfechos, que podem levar um adolescente a ter consequências frente a essa situação, como conflitos e distanciamento físico de grupos que antes tinham contato direto, ou até mesmo crises de personalidade, podendo chegar até a depressão, não nos espanta o fato de que houve nos últimos cinco anos um aumento histórico de casos de depressão entre jovens de 10 a 23 anos, e que apresentam ligações diretas e indiretas com redes sociais e contatos virtuais. Não obstante, podemos nos deparar em noticiários casos de vazamentos de imagens íntimas e aliciamento de menores através da internet, englobando o assunto de desfechos negativos desse meio.

O uso indevido dessas novas tecnologias pode levar a diversos outros quadros negativos e deletérios ao corpo e mente, não só de jovens, mas também adultos. É preciso nos policiar quanto à rotina e a forma de utilização desses meios, pois se utilizados com segurança e responsabilidade com certeza nos tem muita a adicionar.

Ordem e Progresso



Bernjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891) como ministro da Instrução Pública reformolou todo o ensino brasileiro de acordo com as idéias de Augusto-Comte.

Mais do que um simples lema na bandeira, as idéias positivistas de Augusto-Comte impregnaram a nascente República brasileira.
por Rafael Augusto Sêga
           

Bernjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891) como ministro da Instrução Pública reformolou todo o ensino brasileiro de acordo com as ideias de Augusto-Comte.

A verdade, meu amor, mora num poço, / É Pilatos, lá na Bíblia quem nos diz, / E também faleceu por ter pescoço, / O (infeliz) autor da guilhotina de Paris. / Vai, orgulhosa, querida, / Mas aceita esta lição: / No câmbio incerto da vida, / A libra sempre é o coração, / O amor vem por princípio, a ordem por base, / O progresso é que deve vir por fim, / Desprezaste esta lei de Augusto Comte, / E foste ser feliz longe de mim.

Este trecho do conhecido samba de Noel Rosa e Orestes Barbosa, Positivismo, de 1933, demonstra a presença da filosofia positivista no meio cultural mais popular do Brasil, a música, ao retratar uma amada que transgrediu o fundamento básico de tal filosofia. Não obstante, essa corrente de pensamento também se faz presente no dístico de nosso maior símbolo pátrio, a bandeira: Ordem e Progresso. É curioso, mas a tentativa mais efetiva de colocar em prática a doutrina positivista, uma ideologia tipicamente francesa, foi realizada em um país latino-americano: o Brasil.

Como isso aconteceu?

A pergunta exige o conhecimento de certos aspectos das origens e dos fundamentos do pensamento positivista ainda na França no século XIX, para mostrar sua chegada e ascendência sobre o pensamento brasileiro dentro do contexto histórico e cultural da época.

O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da Primeira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu completo domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como uma corrente de pensamento que apregoava o predomínio da ciência e do método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião.

Nesse sentido, o movimento intelectual erigido por Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, ou simplesmente Auguste Comte (1798-1857), defendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos "positivos" (reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de investigação do conhecimento.

Comte sustentava a existência de um campo de ação, no qual as idéias se relacionavam de forma lógica e matemática e, por fim, toda investigação transcendental ou metafísica que não pudesse ser comprovada na experiência deveria ser desconsiderada.

As raízes do positivismo são atribuídas ao empirismo absoluto de David Hume (1711-1776), que concebia apenas a experiência como matéria do conhecimento e também a Ilustração, ou Iluminismo, que apregoava a razão como base do progresso da história humana.

Dessa forma, o positivismo é fruto da consolidação econômica da revolução pela burguesia, expressa nas Revoluções Inglesa do século XVIII e Francesa de 1789. As ciências empíricas passaram a tomar frente às especulações filosóficas meramente idealistas e Comte buscou a síntese do conhecimento positivo da primeira metade do século XIX, especialmente da física, da química e da biologia.

Seu objetivo era a formulação de uma "física" social (a "sociologia") que reformulasse o quadro social instável decorrente das novas relações de trabalho do capitalismo industrial.

Na primeira fase de seus trabalhos, Comte teve como mentor o teórico do socialismo utópico, o conde de Saint-Simon (Claude-Henri de Rouvroy, 1760-1825). Em sua obra Curso de filosofia positiva (1830-1842), Comte expõe a base de sua doutrina cujos alicerces teóricos estão assentados na norma de três estados do desenvolvimento humano e do conhecimento, o teológico, o metafísico e o positivo.

Na fase teológica o ser humano entende o mundo a partir dos fenômenos da Natureza dando a eles caráter divino. Essa fase encerra-se no monoteísmo. Na fase metafísica, a interpretação do mundo é calcada em conceitos abstratos, idéias e princípios.

Por fim, na fase positiva o ser humano limita-se a expor os fenômenos e a fixar as relações constantes de semelhança e sucessão entre eles. Nessa fase, as causas e as essências dos fenômenos são deixadas de lado para se evidenciarem as leis imutáveis que nos regem, pois o conhecimento destina-se a organizar e não a descobrir.

O fim da filosofia é a organização das ciências, hierarquizadas, segundo Comte, em seis. Na base dessa pirâmide está a matemática, seguida da astronomia, física, química, biologia e sociologia. Em outra obra sua, Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1848), Comte parte das feições reais do termo "positivo" para atingir uma significação moral e social maior, a fim de reorganizar a sociedade, com a supremacia do amor e da sensibilidade sobre o racionalismo.

O apogeu dessa tese é a religião da humanidade. A filosofia positiva passa, então, a preconizar também uma teoria de reforma da sociedade e uma religião. A unidade do conhecimento positivo passa a ser coletiva em busca da fraternidade universal e da convivência em comum. A junção entre teoria e experiência é baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenômenos e sua previsibilidade científica.

Assim, é possível o aprimoramento tecnológico. O estágio positivo corresponde à atividade fabril e à transformação da natureza em mercadorias. Se entendermos a ciência como a investigação da realidade física, o positivo é o objeto e o resultado dessa investigação. Dessa forma, a sociedade também é passível dessa análise e a fase positiva será caracterizada pela passagem do poder político para os sábios.

Fragmentação do pensamento

A segunda fase dos trabalhos de Comte é representada em sua obra Sistema de política positiva (1851, 1854), que preconiza a "religião da humanidade", cuja liturgia é baseada no catolicismo romano, estabelecida em O catecismo positivista (1852).

Destarte, a doutrina positivista adquire feição religiosa com credo na ciência. Essa divisão do pensamento comteano também separou seus seguidores em duas correntes: os ortodoxos, que seguiram Comte em seu período religioso; e os heterodoxos, que se conservaram perseverantes ao período científico e filosófico do positivismo.

O líder dos heterodoxos, Émile Littré, autor de Fragmentos de filosofia positiva e sociologia contemporânea (1876), concebeu o período religioso de Comte como um atraso. Já o ortodoxo Pierre Laffitte chegou a sacerdote máximo da chamada religião da humanidade.

As teorias científicas de Comte sofreram severas críticas de ordem metodológica, principalmente por desconsiderarem os procedimentos hipotéticos e dedutivos. Entretanto, o positivismo causou forte eco tanto nas doutrinas utilitaristas e pragmáticas de vertente americana.

Embora o positivismo seja julgado metodologicamente ultrapassado por transformar a ciência em objeto de reflexão da filosofia, a epistemologia comteana é possuidora de consideráveis princípios filosóficos que tentam determinar o homem em relação a sua atividade e espaço histórico. Atualmente, traços positivistas são identificados em diferentes atividades no mundo ocidental, e especialmente no Brasil.

Na verdade, o Brasil, país latino-americano, se transformou numa segunda pátria do positivismo. O pensamento positivista chegou ao Brasil em torno de 1850, e foi trazido por brasileiros que estudaram na França; alguns tinham até mesmo sido alunos de Comte.

A presença da doutrina positivista, em sua fase científica, no Brasil, tornou-se visível a partir de 1850, quando apareceu na Escola Militar, depois no Colégio Pedro II, na Escola da Marinha, na Escola de Medicina e na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro. Já o positivismo de vertente religiosa pôde ser atestado no Apostolado Positivista, a partir de 1881, fruto da iniciativa de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira.

A atuação do positivismo no Brasil foi uma reação filosófica contra a doutrina confessional católica, até então única reflexão intelectual existente no país. Nessa luta no campo das idéias figuraram também o naturalismo e o evolucionismo.

No Brasil, a marca inicial do positivismo mais aceita é a publicação do livro de Luís Pereira Barreto As três filosofias, em 1874, e também, dois anos mais tarde, a fundação da Sociedade Positivista Brasileira (origem da Igreja da Humanidade) no Rio de Janeiro. Contudo, o núcleo irradiador do positivismo seria transferido para Recife, por iniciativa de Tobias Barreto e, depois, Sílvio Romero e Clóvis Bevilácqua.

O positivismo que se assenhoreava no Brasil moldava-se ao país e adquiria o perfil de doutrina com influência geral, e aceita por um grupo reduzido de estudiosos, composto por duas facções: os ortodoxos e os dissidentes. Miguel Lemos e Teixeira Mendes lideravam o primeiro, e um número de políticos com visão monárquica positivista, junto com Luís Pereira Barreto, Tobias Barreto e Sílvio Romero lideravam o último, e buscavam em Comte a fundamentação teórica para a República.

O republicanismo brasileiro, nascido da Convenção de Itu, de 1870, gerou duas alas: a liberal-democrática, de inspiração americana, e a autoritária, de inspiração positivista. Todavia, em um primeiro momento, o programa do Partido Republicano estava muito mais preocupado com o combate objetivo ao Império do que com querelas doutrinárias. Nessa fase destacam-se os nomes dos chamados republicanos históricos, como Silva Jardim, Aníbal Falcão e Demétrio Ribeiro.

A atuação doutrinária levada a cabo por Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1833-1891), professor da Escola Militar e defensor do princípio positivista da valorização do ensino para alcançar o estado sociocrático, ganha destaque nesse contexto. Contudo, se para Comte o ensino, no continente europeu, deveria ser destinado às camadas pobres, no Brasil essa meta foi impossível, devido ao baixíssimo nível de instrução do proletariado nacional. Assim, a transmissão dos ensinamentos positivistas acabou se restringindo aos poucos que estudavam nas escolas militares.

A atividade doutrinária bem no interior da massa pensante das forças armadas brasileiras foi fundamental para criar um espírito de corpo na caserna, pois boa parte da oficialidade se achou imbuída do destino histórico de implantar um regime republicano que fosse fundamentado na razão e na ciência positivista.

Os republicanos jacobinos, radicais, combatiam os monarquistas e os republicanos liberais, e apregoavam a implantação de uma república temporária e ditatorial, com o fim de se alcançar a sociocracia preconizada por Comte. Ocorreu, assim, uma cisão no movimento republicano, e até mesmo entre os positivistas, pois no episódio de 15 de novembro de 1889 sentimos a presença dos positivistas dissidentes (militares seguidores de Benjamin Constant), em detrimento dos ortodoxos (civis seguidores da Igreja Positivista).

O positivismo tornou-se uma filosofia fundamental no debate político no Brasil do século XIX, uma vez que o regime republicano foi instalado sob sua égide teórica. O 15 de novembro pode ser considerado o ápice do positivismo no Brasil, em razão da grande quantidade de adeptos de Auguste Comte que assumiram cargos de relevo no novo regime (Benjamin Constant chegou a ministro da Guerra).

Foram numerosas as influências do positivismo na organização formal da República brasileira, entre elas o dístico Ordem e Progresso da bandeira; a separação da Igreja e do Estado; o decreto dos feriados; o estabelecimento do casamento civil e o exercício da liberdades religiosa e profissional; o fim do anonimato na imprensa; a revogação das medidas anticlericais e a reforma educacional proposta por Benjamin Constant.

O farol do positivismo no Brasil seria transferido para o Rio Grande do Sul, onde a instalação do regime republicano foi sui generis, pois desde o início o novo governo foi dominado pelos positivistas, liderados por Júlio Prates de Castilhos (1860-1903).

Quando da Proclamação da República, em 1889, Castilhos recusou o cargo de presidente do Estado, e preferiu assumir como secretário do governo estadual. Ele estava convicto no intento de inaugurar uma nova fase positiva na política gaúcha, transformando as velhas práticas político-administrativas clientelistas do período imperial.

Em 1890, Júlio de Castilhos elegeu-se deputado no Congresso que iria elaborar a primeira Constituição da República, e logo identificou-se com a ala ultrafederalista, passando a defender o projeto político de inspiração positivista.

Em 1891, eleito presidente do Estado pela Assembléia Legislativa, Júlio de Castilhos redigiu - e fez aprovar quase que integralmente - a nova Constituição estadual. Era uma Carta extremamente autoritária, atribuindo ao presidente do Estado poderes extraordinários, tais como: nomear o vice-presidente, reeleger-se, atribuir papel meramente deliberativo ao Legislativo estadual e o voto descoberto. Castilhos pretendia criar no Rio Grande do Sul uma ditadura republicana comteana, e seus adeptos foram chamados de republicanos.

Do ponto de vista doutrinário, o positivismo não compartilha os princípios da representação eleitoral preconizados pela democracia liberal burguesa, e seu princípio de delegação política por meio da eleição à representação de cargos. Para os positivistas, o direito ao voto é um dogma metafísico e, dessa forma, Júlio de Castilhos acreditava na legitimidade do regime republicano em razão de razões históricas e científicas, e não por motivos metafísicos ou populares.

Com base nesse princípio, os castilhistas ficaram no poder no Rio Grande do Sul por quase 40 anos, primeiro com Castilhos, depois com Antônio Borges de Medeiros (1863-1961), que se elegeu sucessivamente quatro vezes para a presidência daquele Estado, e, finalmente, em 1928, com Getúlio Vargas (1883-1954).

No plano nacional, Vargas procurou implantar o positivismo castilhista. Em seus mandatos, notadamente no Estado Novo (1937-1945), procurou substituir a noção da representação eleitoral pela da hegemonia científica, na qual a ordem e o fortalecimento de um dirigente moralmente responsável concebe um regime promotor do bem-estar social rumo ao progresso.

Tendo influenciado poderosamente o movimento que levou à Proclamação da República, o positivismo foi a principal corrente de pensamento na formação intelectual dos militares que cursaram as escolas militares, influência que se estendeu às rebeliões tenentistas da década de 20. Em sua vertente gaúcha, o positivismo esteve presente na organização estatal formulada por Vargas e em seu projeto de desenvolvimento nacionalista burguês.

Quando, em 1964, os militares tomaram o poder alegando o desvirtuamento moral do período janguista, também podemos sentir um aroma comteano no ar. Auguste Comte, no entanto, não pode ser responsabilizado pelo que aconteceu em seguida.

O lendário povo Menehune




   No folclore havaiano, os Menehune foi um povoado de anões levados que viviam nas florestas e vales das ilhas, antes de chegarem os primeiros colonos da Polinésia. A lenda desses pequenos perdurou na história do Havaí durante muitos séculos. Dizem que andavam à noite pela floresta e sua altura variava, de cada indivíduo, entre 60 e 15 cm, alguns eram tão pequenos que cabiam na palma da mão. Gostavam de dançar, cantar, mergulhar no mar saltando de escarpas e praticar tiro ao alvo com arco e flecha. Sua comida preferida era peixe e bananas.

   Os Menehune eram conhecidos por usar arco e flecha mágicos para atingir o coração de pessoas coléricas e preenchê-los com amor. De acordo com a lenda, eles eram espertos, extremamente fortes, e excelentes artífices. Eram raramente vistos por olhos humanos, e acreditava-se que possuíam incríveis conhecimentos sobre engenharia e que costumavam construir durante a noite. Usavam sua grande força para construir templos, viveiros de peixe, estradas, canoas e casas.

    Algumas das famosas estruturas que acredita-se que foram construídas pelos Menehune são o Kikiaola, também conhecido por "fossa dos Menehune" (Menehune Ditch, em inglês), que é uma fossa irrigada pelo rio Waimea, na ilha de Kauai; e o viveiro de peixes Alekoko, também situado na Ilha de Kauai, que dizem que foi construído para uma princesa e seu irmão em apenas uma noite. Arqueologistas estimam que foi construído há aproximadamente 1000 anos atrás.

   Para a construção do Alekoko, os Menehune se alinharam em uma fila dupla, passando as pedras de mão em mão. Trabalharam à noite, como sempre, para não serem vistos por ninguém, partindo, transportando, e encaixando pedras. E o encheram passando vários baldes de água de mão em mão.

   As pessoas do local prometeram aos Menehune de não os observarem enquanto trabalham, por isso trabalhavam à noite, e caso alguém os visse, teriam que abandonar o projeto imediatamente. Há uma lenda que diz que uma vez, dois irmãos pertencentes à realeza se esgueiraram à noite para ver as centenas de Menehune trabalhando, porém não aguentaram de sono e acabaram dormindo. Ao nascer do sol, quando os Menehune os descobriram, os transformaram em pilares de pedra, os quais até hoje podem ser vistos nas montanhas acima do viveiro dos peixes. Por causa do nascer do sol, tiveram que deixar sua construção do viveiro de peixes às pressas, deixando duas brechas, as quais os imigrantes chineses tentaram preencher depois, porém o material que utilizaram era bem inferior ao dos pequenos seres místicos.

   Outra história que tem sido contada no folclore local é dos três Menehune de Ainahou. Ainahou é uma floresta situada na região norte da Cratera de Haleakala, na ilha de Maui. Os três pequenos se chamavam Ha'alulu, Eleu e Molowa. Todos os outros Menehune os conhecia bem pelo fato de possuírem poderes raros. O nome Ha'alulu significa "estremecer", e diziam que esse homenzinho era sempre frio, e seu poder mágico consistia em tornar-se invisível toda vez que começava a tremer, além de poder viajar para qualquer lugar sem ser encontrado. Eleu significa "rápido e ágil", e independente de para onde Eleu ia, era tão rápido que desaparecia e ninguém conseguia segui-lo. Molowa significa "preguiçoso", mas o que a maioria das pessoas não sabia, é que quando ele parecia estar dormindo ou sendo preguiçoso, seu ego mágico se tornava imperceptível e ele saia pela ilha realizando boas ações.