Filho
de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia,
região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia.
Desde a infância, Cipriano foi induzido aos estudos da feitiçaria e das
ciências ocultas como a alquimia, astrologia, adivinhação e as diversas
modalidades de magia.
Após
muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando seus
conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia a fim de
conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a
oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição.
Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, dos
quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e
logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.
Dos
quatro santos deste nome, o que está efetivamente ligado à tradição popular
luso-brasileira é aquele que foi martirizado a 26 de setembro de 304, em Antioquia.
Astrólogo, mágico, feiticeiro, conquistou má fama de mulherengo. Converteu-se
porém, ao tentar corromper uma donzela de nome Justina, sendo ambos
sacrificados. Desde então, começaram a proliferar os ciprianistas, bruxos e
feiticeiros, que passaram a praticar a magia de acordo com as normas de deu
patrono. Na literatura de cordel, existem dois livros de São Cipriano, bem
distintos um do outro: o que ensina magia negra ou branca, além de toda a sorte
de feitiçarias; e o que indica mil e um modos de sortilégios amoroso, variando
entre o ingênuo, o brutal e o repelente. Há ainda o chamado VERDADEIRO LIVRO DE SÃO CIIPRIANO,
publicado pela antiga Livraria Quaresma, do Rio de Janeiro, de que se tiraram
no Brasil mais de uma centena de edições.
O livro certamente nos veio da
Europa. Em Portugal encontramos
um "Livro de São Cipriano, tirado d'um manuscrito. Feito pelo mesmo Santo,
que ensina a desencantar todos os encantos feitos pelos mouros neste Reino de
Portugal, e também indicando o lugar onde se encontrão. Mandado publicar por
Pereira e Silva. Porto: Typographia de D.Antônio Moldes, Largo da Batalha No 41
- 1849."(Na revista O Archeologo Portugues. Vol.XXIII. Lisboa, Imprensa
Nacional, 1918. p.223.)
Livro
de São Cipriano é um grimório publicado em diversos países,
inclusive no Brasil pela Editora Eco e a antiga Livraria Quaresma,
do Rio de Janeiro, que contém
diversos rituais de ocultismo, mais especificamente magias (branca e negra),
com múltiplas finalidades, inclusive para o quotidiano.
O Livro
de São Cipriano hoje é uma verdadeira coleção, todos afirmando que são os
verdadeiros livros de São Cipriano, mas, na verdade, São Cipriano só
escreveu um: Livro de São Cipriano de Capa Preta.
A lenda de São Cipriano, o feiticeiro,
confunde-se com São Cipriano de Cartago, santificado pela Igreja Católica,
conhecido como o Papa Africano.
Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas combinam-se e os Ciprianos,
muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É comum encontrarmos fatos e
características pessoais atribuídas equivocadamente. Além dos mesmos nomes, os
mártires coexistiram, mas em regiões distintas.
Cipriano,
o feiticeiro, é celebrado no dia 2 de outubro. Foi um homem que dedicou boa
parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas. Após deparar-se com a jovem Justina, converteu-se ao cristianismo.
Martirizado e canonizado, sua popularidade cresceu devido ao famoso Livro de
São Cipriano, um compilado de rituais de magia.
A conversão
Vivia
em Antioquia a bela e rica donzela Justina.
Seu pai Edeso e sua mãe Cledonia, a educaram nas tradições pagãs. Porém, ouvindo as pregações do
diácono Prailo, Justina converteu-se
ao cristianismo, dedicando sua vida as orações, consagrando e
preservando sua virgindade.
Um
jovem rico chamado Aglaide apaixonou-se por Justina. Os pais da donzela (também
convertidos à fé Cristã) concederam-na por esposa. Porém, Justina não aceitou casar-se. Aglaide recorreu a Cipriano para que o
feiticeiro aplicasse seu poder, de modo que a donzela abandonasse a fé e se
entregasse ao matrimônio.
Cipriano
investiu a tentação demoníaca sobre Justina. Fez uso de um pó que despertaria a
luxúria, ofereceu sacrifícios e empregou diversas obras malignas. Mas não
obteve resultado, pois Justina defendia-se com orações e o Sinal da Cruz.
A ineficácia dos feitiços fez com que
Cipriano se desiludisse profundamente perante sua fé e se voltasse contra o
demônio. Influenciado por um amigo cristão de nome Eusébio, o bruxo
converteu-se ao cristianismo,
chegando a queimar seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre
os pobres.
O famoso Livro de São Cipriano foi
redigido antes de sua conversão. Uma parte dos manuscritos foi queimada por
ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros
foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados
para diversas partes do mundo.