PESQUISE AQUI!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Heinrich Rudolf Hertz (1857 - 1894).

Heinrich Rudolf Hertz nasceu em Hamburgo, em 22 de fevereiro de 1857, filho de renomado advogado. O jovem Hertz não foi nenhum menino prodígio; era um jovem como muitos outros, um pouco mais sério, talvez. Durante seus estudos preliminares, em um colégio da cidade natal, seu maior interesse se voltava para as oficinas da escola, onde passava a maior parte do tempo livre. Ali trabalhava no torno, construindo e montando os mais diferentes mecanismos, sobretudo instrumentos ópticos. Esse gosto característico pela construção se manteve durante toda sua vida, mesmo quando se dedicou à intensa pesquisa física: sempre construiu os instrumentos e aparelhos de que necessitava para seu trabalho.

Foi o interesse pelas construções mecânicas que, ao término do colégio, o orientou para uma faculdade de engenharia. Freqüentou-a por dois anos, mas o desejo de realizar pesquisa pura se tornou mais forte que sua inclinação para a engenharia. Passou, então, em 1878, aos estudos de física, na Universidade de Berlim.

Sua seriedade e empenho nos estudos logo foram notados por von Helmholtz, que era seu professor. E quando este propôs aos seus alunos, em 1880, um trabalho versando sobre uma questão de eletrodinâmica, de escolha individual, Hertz apresentou uma pesquisa original, intitulada "Sobre a Energia Cinética da Eletricidade", que foi merecidamente a vencedora.

Ainda nesse ano de 1880, também ano de sua diplomação, Hertz tornou-se assistente de von Helmholtz e, durante os três anos que passou no instituto berlinense, ocupou-se com pesquisas experimentais sobre a elasticidade dos gases e sobre as descargas elétricas através destes. Em 1883, obteve a docência na Universidade de Kiel, onde começou a estudar a eletrodinâmica de Maxwell. Este havia previsto teoricamente a existência das ondas eletromagnéticas, mas o fato ainda não havia recebido confirmação experimental.

Os estudos de eletrodinâmica o fascinavam, e ele imaginava como poderia reproduzir praticamente os fenômenos tão claros na teoria. Uma de suas descobertas fundamentais foi realizada diante dos estudantes, durante uma aula demonstrativa, no outono de 1886. Nessa ocasião, Hertz encontrava-se em Karlsruhe, onde era professor da Escola Politécnica desde o ano anterior. Nesse mesmo ano casou-se com Elizabeth Doll, filha de um professor de Karlsruhe, e com ela teve duas filhas.

Durante uma aula, na qual se utilizava, para demonstração, de duas bobinas ligadas a faiscadores, notou que, enquanto numa das bobinas deflagrava uma faísca, na segunda era deflagrada outra. Esta, porém, era muito pequena, pouco luminosa, e seu ruído era coberto pelo da primeira, muito mais forte. Foi desse modo que Hertz, quase por acaso, descobriu o importante fenômeno das centelhas secundárias.

O jovem cientista compreendeu que aquelas faíscas elétricas eram conseqüência de fenômenos eletrodinâmicos que se processavam nas proximidades de circuitos oscilantes com capacitância e auto-indução mínimas. Para comprovar suas idéias, repetiu, seguidamente, as experiências. Logo percebeu que tinha diante de si um campo novo: o da criação das ondas eletromagnéticas e sua propagação a distância.

(Garrafa de Leyden)

Inicialmente, conduziu experiências com um circuito constituído por uma garrafa de Leyden como condensador, uma bobina como indutância e um faiscador. Constatou, então, que a cada faísca que se produzia aparecia uma correspondente muito intensa em uma outra bobina, colocada em frente da primeira. O valor da capacitância era pequeno (a garrafa de Leyden possui pequena capacitância e forte resistência às altas tensões), mas o efeito era notável.

(Oscilador linear)

Hertz não abandonou esse campo de pesquisas. Com espírito metódico, continuou suas experiências por cinco anos, utilizando instrumentos sempre mais complexos. O aparelho típico que usava era um oscilador linear (ou dipolo), formado por duas grandes esferas metálicas ligadas por um condutor retilíneo interrompido por um faiscador - constituído por duas esferas metálicas menores. Os dois braços deste oscilador eram ligados aos pólos de uma bobina de Ruhmkorff; quando a bobina gerava uma tensão alta, ocorria uma descarga entre os dois braços do oscilador. Tal descarga era oscilante, e Hertz verificou que as oscilações possuíam uma freqüência que dependia, unicamente, das características geométricas do oscilador. Era por isso que as faíscas irradiavam no espaço ondas eletromagnéticas de freqüência bem determinada.

Com isso, Hertz demonstrou na prática a existência das ondas eletromagnéticas previstas por Maxwell. Começou, então, a estudar as propriedades dessas ondas. Aos 32 anos descobriu, por meio de experiências extremamente engenhosas, que elas se comportam de maneira inteiramente semelhante às ondas luminosas - fato também previsto na teoria de Maxwell, mas que ainda esperava por uma demonstração experimental.

Voltou sua atenção à propagação das ondas eletromagnéticas. Concluiu, assim, que sua velocidade é a mesma da luz, e que sua propagação no vácuo é retilínea. O comprimento de onda, porém, é maior do que o das ondas luminosas.

Daí, passou a uma série de experiências ópticas. Entre estas, as primeiras foram sobre reflexão em superfícies metálicas, como ocorre também com as ondas luminosas. Entretanto, Hertz verificou que, no caso das ondas eletromagnéticas, a reflexão especular ocorre também quando as superfícies são opticamente ásperas. Isso porque as ondas eletromagnéticas possuem comprimento muitíssimo maior que o da luz.

Outra célebre experiência foi a realizada com o prisma de piche, com o qual demonstrou a refração das ondas eletromagnéticas. Atravessando um prisma de piche, as ondas mudam de direção, como ocorre no caso das ondas luminosas ao atravessarem um prisma de vidro. O cientista provou, finalmente, que as ondas oscilam em um plano que contém a direção de propagação. Para demonstrar este fato, era necessário provar, primeiramente, a possibilidade de polarizar ondas eletromagnéticas. Para isso, Hertz idealizou e construiu um dispositivo dotado de uma grade de fios metálicos, que, quando atingido por ondas eletromagnéticas, as polarizava.

Embora ciente da desconfiança com que o mundo científico acolhia as hipóteses de Maxwell, Hertz apresentou os resultados irrefutáveis de seus trabalhos ao Congresso da Sociedade Alemã para o Progresso da Ciência, em 1888. Eles punham abaixo os velhos conceitos de ação a distância, assim como as tentativas dos mecanicistas em reduzir a eletrodinâmica a uma dinâmica do tipo newtoniano, explicada por movimentos de corpos invisíveis num meio hipotético, o éter.

Os expressivos resultados de suas experiências, revelando e estudando as características das ondas eletromagnéticas, fizeram com que elas fossem batizadas com o nome de ondas hertzianas.

Realizado o ciclo de experiências e concluído um capítulo de suas pesquisas, os interesses de Hertz voltaram-se para uma visão mais ampla da física e para problemas universais.

Um de seus trabalhos foi tentar explicar toda a mecânica por meio do que chamou o "princípio da trajetória retilínea".

Apesar de Hertz não ter tido sucesso nessa empresa, uma versão atualizada de seu princípio encontrou posteriormente aplicação na teoria einsteiniana da gravitação.

Ainda que cumulado de honrarias, Hertz continuou levando uma vida afastada do convívio social, dedicando-se somente à ciência. Baixo, delicado, de fronte espaçosa e barba ruiva, refletia no aspecto e na expressão bondade e grande modéstia. A seriedade e maturidade que possuía, acima do que seria de se esperar de sua idade, fizeram com que alguém o definisse como um "velho nato".

Nos primeiros meses de 1893, Hertz adoeceu e foi operado de um tumor na orelha. Passou uma temporada convalescendo em Santa Margherita Ligure (Itália), depois do que, parecendo restabelecido, regressou ao laboratório. Em dezembro desse ano, porém, foi obrigado outra vez a interromper toda atividade.

Em 1º de janeiro de 1894, antes de completar 37 anos, Hertz morria, deixando uma obra que permitiu um progresso nunca antes imaginado no campo das comunicações a grande distância.

Poucos meses após sua morte, vieram a público os três volumes de "Os Princípios da Mecânica", a última obra que Hertz enviara a seu editor de Leipzig. Sentindo que lhe restava pouco tempo de vida, confiara a tarefa de cuidar da publicação ao seu melhor assistente, P. Lenard.

Você quer saber mais?

www.rc.unesp.br/igce/fisica/lem/bibliofisicos/hertz.htm

www.sofisica.com.br/conteudos/Biografias/Hertz.php

www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HeiricRu.html

www2.ee.ufpe.br/codec/Hertz.html

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Resgate da Cabeça. Poema épico do viking Egil Skallagrimsson.

Desenho de Egil em um manuscrito do século XVII da Saga de Egil.

Poema escrito por Egil Skallagrimsson filho do viking Skalla-Grímr e de Bera (nascido na Islândia no povoado de Borg em 910 – 990 dC), um anti-herói escandinavo conhecido pelo nível de sua brutalidade até mesmo para um viking. Para exemplificar esse guerreiro berserker (Homem Fera) matava homens como pobres moscas no campo de batalha. E na falta de uma espada ou outra arma, Egil pulava no pescoço do inimigo, arrancando-lhe a carne e o sangue com seus dentes.

Apesar de ser o mais cruel dos guerreiros bárbaros, no entanto, por mais bizarro e contraditório que pareça, foi também um célebre poeta viking, um Skald (denominação dada aos membros de um grupo de poetas da corte dos líderes da Escandinávia e Islândia durante a era Viking que compunham e apresentavam suas interpretações sobre aspectos que, hoje, é conhecido como poesia nórdica antiga.) - massacrava e recitava poesias, antes, durante e depois de suas carnificinas. Abaixo descrevo um poema escrito por ele em louvor ao Rei Erik, o vermelho.

Egill em holmgang, em combate com Berg-Önundr; pintura de Johannes Flintoe.

Resgate da Cabeça

1. Por mar ao oeste fui,

E de Odin obtive

O sumo da poesia

Assim sempre tenho feito

Em meu navio carreguei

Quando nele embarquei

Fardos de poesia

Já o gelo s fundia.

2. Hospedagem o rei me concedeu,

Devo louvá-lo eu:

De Odin trago hidromel

Na Inglaterra agora é sorvido

Ao rei elogiei,

Na verdade cantei.

Uma canção de louvor preparei,

Se está a ouvi-la rápido.

3. Agora o rei recebe

O poema que cede

O poeta, o recita

Se o silêncio suscita

Conhecidas do senhor

Suas lutas e seu ardor

Odin foi expectador

Dos mortos e do fragor.

4. As espadas soavam

Escudos golpeavam

Feroz luta surgiu

Quando o rei atacou

Então se ouvia

O Sangue corria

Das armas o estrondo

Como ondas rompendo.

5. Uma trama de lanças

Lá se lança

Golpeiam com pujança

Chocam sem erro

De sangue já pleno

Estão os terrenos

As ondas serenas

As bandejas pretas.

6. Os homens caíam,

Os dardos lhes feriam.

Grande fama ganhava

Erik e se agraciava.

7. mais fatos contarei,

Das mortes direi,

Mais longa é minha história

De sua grade memória.

Sua fama se acresce,

Assim orei a merece,

Rompe-se o ferro fiel

Sobre o azul do broquel.

8. Quebrou-se o aço

Contra o ferro arremesso,

A ponta ensanguentada

Chocou contra outra espada

A que pende do talim

Matou a tantos ali,

De Odin os guerreiros

No jogo morreram.

9. Grande fama ganhava

Quando o dardo soava.

A espada talhava,

E Erik se agraciava.

10. Tingiu o rei a espada

De sangue, devorada

Por corvos, era achada

A carne destroçada

Por lobos, e a lança

A Hel guerreiros lança,

Da Escócia o adversário

Nutre assim o sanguinário.

11. Devora da ferida

O néctar da vida

Nos mortos aninha

A boca avermelhada,

O corvo voava

Bebia sangue carminado,

O lobo desgarrava

A carne que sangrava.

12. Ficou alegre isso é certo

O assassino esperto.

Ao lobo entrega o morto,

Junto ao mar aberto.

13. Despertava o guerreiro

O proprietário do aço

Do escudo a beira

Rachou-se primeiro,

As bordas se quebraram

Os gumes cortavam,

Os dardos voavam

Quando ao arco esticavam.

14. O dardo voador

Adiante flutuou

O arco esticado

Ao lobo alegrou

As ânsias de Hel

Venceu o guerreiro fiel,

O arco estalou

Os gumes golpeando.

15. O rei esticou seu arco

Nas sendas do barco.

As flechas voaram,

Ao lobo alimentaram.

16. Ainda mais contarei,

Aos homens direi

As façanhas do rei,

Componho com ardor.

Regala ardente ouro,

Reparte seu tesouro,

A ele se deve louvar,

Governar sem poupar.

17. Os braceletes divide,

Seus presentes não mede,

Não ama a avidez,

Reparte sem mesquinhez.

Abundante tesouro

Possui peças em ouro,

Sempre alegra o marinheiro

Com o metal verdadeiro.

18. Seu escudo defende

Da lâmina que brande,

De sua mão o desprende

Erik, o excelente.

Sei muito bem como era,

Aqui, lá onde impera,

Pelo mar se tem sabido

Que sua fama tem crescido.

19. Ante o rei tenho cantado

Os versos que tenho formado,

De coração tenho falado,

Atento me tem escutado,

Com minha boca recitei

Um poema que imaginei

De Odin o hidromel,

Ao guerreiro fiel.

20. Ao rei devo exaltar,

Recitar sem errar,

Em casa de senhores

Bem sei cantar louvores.

Agora desde o peito

Ao rei um canto tenho feito.

Disse assim meu poema,

Houve atenção suprema.

Estátua de Egil Skallagrimsson em uma praça na Islândia. Na Islândia existe até um dia de celebração a sua memória, 9 de dezembro. Ele é considerado um herói nacional.

Tradução de Ariadne Guedes.

Você quer saber mais?

Seganfredo, Carmen; Francini. A. S. Fúria Nórdica: Sagas Vikings. Porto Alegre, Editora Artes e Ofícios, 2011.

http://www.olgerdin.is/

http://www.sacred-texts.com/neu/egil/index.htm

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A AMAZÔNIA E A COBIÇA INTERNACIONAL


A Amazônia corre sério risco. O Plano Colômbia está em plena execução. Com o pretexto de combate ao narcotráfico, os americanos já estão na parte colombiana da floresta amazônica. Não é de hoje que a rica região amazônica brasileira é alvo da cobiça internacional. A estratégia atualmente adotada pelos "donos do mundo" para conquistar a Amazônia não é pelo confronto direto e sim por via indireta, como, por exemplo, através da demarcação de terras indígenas.

Na realidade, já existem precedentes bem conhecidos por todos nós, brasileiros. Em 1850, os EUA já pregavam a ocupação internacional da região. Em 1930, o Japão defendeu a tese de abrigar naquela área excedentes populacionais. Em 1949, a UNESCO sugeriu a criação do Instituto Nacional da Hiléia Amazônica, com funções executivas. Em 1960, o Instituto Hudson defendeu a tese da criação de sete lagos na região. Em 1992, a chamada ECO-92 (Conferência Internacional), realizada no Rio de Janeiro, avançou o processo. A seguir, constatamos a realização, em maio de 1993, de manobras das Forças Armadas dos EUA, a menos de 100 km de nosso território, sob a desculpa de combate ao narcotráfico, ao mesmo tempo em que construíram gigantesca base aérea no Paraguai e adestraram uma divisão especial para combate na selva.

Em novembro de 1993, a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Índios, já preparando a criação da chamada "nação yanomami", a ser transformada posteriormente num "estado soberano". É sabido que os EUA concederam 28 ha de terra a cada índio norte-americano, enquanto o governo Collor destinou cerca de 9 milhões de ha a alguns milhares de índios yanomamis, em faixa contínua à concedida pela Venezuela, onde também a mesma tribo conseguiu um terreno equivalente para não mais de 3.000 índios. É muita coincidência. Um índio levaria mais de 70 anos para percorrer, andando, de um extremo a outro, a área demarcada.

O Conselho Mundial das Igrejas, em seu documento "Diretrizes para a Amazônia", prescreve a internacionalização da área. O ex-presidente François Mitterand declarou que "alguns países deveriam abrir mão de sua soberania em favor dos interesses globais". O ex-presidente Gorbachev afirmou "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais". O ex-vice-presidente dos EUA, Sr. Al Gore, bradou: "a Amazônia é um patrimônio da humanidade e não dos países que a ocupam". E o estrategista da guerra do Vietnã, Sr. Henri Kissinger, enfatiza: "não devemos permitir que surja, ao sul do Equador, mais um tigre asiático". Todos na linha da defesa da extinção do Estado Nacional Soberano brasileiro, da restrição da soberania, da reunião das nações indígenas, do desmonte das Forças Armadas brasileiras, da prevalência das questões ecológicas. Qualquer semelhança não é mera coincidência. E há "brasileiros" que estão de acordo com isto. Por muito menos Joaquim Silvério dos Reis passou à História como traidor da pátria.

Lembram-se das festividades dos 100 anos do Teatro de Manaus, quando uma fortuna foi paga ao tenor Carreras, do filme Anaconda, rodado na região, e na edição de duas séries especiais contra a "destruição da Amazônia", dos seriados Super-Homem e Robocop ? Tudo isto faz parte da gigantesca orquestração dos "senhores do mundo", que financiam regiamente a mídia internacional e nacional para difamar o Brasil, vendendo a idéia de que não temos condições de administrar nosso território. É o emprego da expressão psicossocial.

Na expressão econômica, os organismos internacionais vão até o limite do intolerável em suas pressões. Recentemente , foi quebrado, na prática, o monopólio do petróleo, pelo Dr. David Zylbersztajn, com a licitação de 27 áreas de nove bacias sedimentares brasileiras em junho. A participação das multinacionais no faturamento da indústria passou a 44% e das empresas estrangeiras no segmento das grandes empresas passou para 42%. O crescimento do controle estrangeiro das empresas nacionais cresceu para 35% em 1997. E os alienígenas responderam por 44% do total exportado pela nação em 1997. Das 530 maiores empresas do país, 50% não pagam imposto de renda e das 66 maiores instituições financeiras, 42% também não recolhem, além de 34% dos tributos pagos pelas empresas estarem "sub judice". A cada R$ 1,00 arrecadado corresponde R$ 1,00 sonegado. O pagamento de juros nominais atingirá mais de 120 bilhões em 2001.

Na expressão militar, foi criado o Ministério da Defesa. O Comandante do Exército advertiu: novas restrições exigem estudo acurado para que não " atinjam a capacidade operacional das Forças , no cumprimento de suas missões constitucionais".

Na expressão política, procuram validar ações danosas ao Brasil, tornando-as irreversíveis. O presidente FHC proclamou, em discurso pronunciado no dia mundial do meio ambiente, às margens do rio Japurá: "Esta Amazônia é e será cada vez mais de brasileiros conscientes da importância da Amazônia. Se não houver continuidade das ações a questão ecológica nunca será resolvida no país". E, ao mesmo tempo, enviou ao Congresso a chamada "lei do desarmamento do cidadão". Soa estranho, na atual conjuntura, quando o país não tem nem poder nuclear, nem mais indústria bélica própria, enquanto os EUA aniquilam um país soberano, sem apresentação de provas conclusivas sobre os autores do atentado terrorista. Será que é para facilitar a tomada de nosso território e de nossas riquezas? Afinal, sabemos que numa guerra convencional não temos chance, só restando a guerrilha na selva, pois aos invasores não interessa a destruição das riquezas existentes através de bombardeios. E então será importante a posse de todo tipo de arma, até facas, bastões etc. por aqueles que vão defender nosso patrimônio e nossa soberania

E as últimas máscaras caíram. O senador republicano Paul Coverdell, presidente do subcomitê de relações exteriores do Senado norte-americano para assuntos do hemisfério ocidental, pregou, no dia 25.02.99, em Washington-EUA, a intervenção direta, de maneira unilateral, na América Latina, a pretexto de "proteger" a democracia. O senador afirmou que as ações da OEA (Organização dos Estados Americanos) na região têm sido insuficientes e chegou a afirmar que a América Latina atingiu um estágio em que golpes militares já não são aceitos. De acordo com ele, os EUA "devem ir mais fundo no combate a golpes em câmara lenta, em que um líder eleito livremente esmaga a democracia em seu país". Como exemplo, o senador citou a Venezuela, onde, segundo ele, o presidente Hugo Chávez teria adotado medidas para concentrar o poder em suas mãos, passando por cima de controles constitucionais. As idéias de Coverdell serão difundidas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um centro de investigação de tendência conservadora.

A História mostra que, ao longo do tempo, os EUA já realizaram diversas intervenções diretas militares, como no Panamá e Granada, mas a maior parte é feita através de ações indiretas, como, recentemente, no Paraguai e no Equador, quando ameaçaram impor sanções econômicas, chegando até a perspectiva de um bloqueio de comércio, a exemplo do ocorrido em Cuba, além de empregar na coação administrações caudatárias, como a do Brasil. No Paraguai, o objetivo explícito era esmagar o general nacionalista Lino Oviedo, próximo de empalmar o poder, pois elegeu, com seu apoio, o candidato vencedor, obrigado a renunciar, depois do assassinato do vice-presidente que a mídia internacional amestrada atribuiu, sem provas, a autoria intelectual ao general. No Equador, chegaram a derrubar, em questão de horas, a junta constituída após a renúncia formal do presidente deposto, depois de "dolarizar" a economia, para mantê-la.

Contam com a cumplicidade, a subserviência, a vassalagem de grande parte das elites dos países periféricos. Por intermédio dos "neoentreguistas", bem como dos velhos entreguistas, dominam a economia, controlam os centros de irradiação de prestígio cultural (meios de comunicação de massa, universidades, teatro, cinema), financiam os seus servos em campanhas a cargos eletivos, de vereador a presidente, elegendo os mais dóceis ao seu comando. Basta o leitor olhar para as administrações de vários países integrantes da América Latina, para constatar a realidade. E, não satisfeitos, chegam ao acinte de empregar seu aparato de inteligência, braço do complexo militar-industrial norte-americano, para, em cooperação com países cúmplices (anglo-saxões), praticar espionagem industrial de seus próprios "aliados", inclusive na Europa, por meio da NSA (Agência Nacional de Segurança), capaz de interceptar as comunicações de qualquer natureza, seja qual for o meio utilizado. É a rede Echelon.

É sabido que um americano médio consome o equivalente a dez vezes aquilo que um brasileiro médio. E querem continuar a usufruir as benesses do avanço do processo civilizatório, sem levar em conta os custos, inclusive ecológicos e ambientais, negando-se até a subscrever o Acordo de Kyoto. Tentam imputa-los aos países emergentes, como o Brasil. O objetivo deles é a manutenção de suas posições hegemônicas, a qualquer custo.

O crime perpetrado contra a humanidade, sob a desculpa da "globalização", em nome do neoliberalismo, onde poucos ganham muito e muitos perdem o pouco possuído, não passará incólume na História. Suas conseqüências danosas continuam a ser flagradas e denunciadas passo a passo, tais como: o esfacelamento de nações outrora prósperas como a Iugoslávia, a destruição implacável de povos e etnias como os palestinos, a imposição do conceito de soberania relativa, quando os EUA, sem autorização expressa da ONU, atacam violentamente outros países. Ontem, a antiga Iugoslávia. Hoje, o Afeganistão. Amanhã, poderá ser qualquer um. Um número cada vez maior de nações e povos ultrapassa os limites da linha de pobreza, devido ao brutal processo de concentração de renda. A riqueza vai sendo transferida progressivamente para os países mais ricos, via comércio internacional, onde os índices de relação de troca penalizam cada vez mais os países menos desenvolvidos. Outro instrumento importante de transferência consiste no pagamento de juros extorsivos, provenientes da formação de dívidas originárias, principalmente, do perverso mecanismo de juros sobre juros, tornando impossível a liquidação do principal. Outro mecanismo empregado reside no pagamento de "royalties", lucros e dividendos, cada vez mais volumosos, fruto da ampliação de investimentos dos "donos do mundo" nas nações periféricas, em especial em setores estratégicos e vitais como comunicações, energia, água.

Parece um retorno ao passado. Na época das grandes navegações, países com pequena extensão territorial e população modesta, como Portugal e Espanha, detentores de tecnologia de ponta, à época, capital e iniciativa, realizaram estes feitos para ocupar regiões ricas em recursos naturais, com vasta extensão territorial, como, por exemplo, as Américas. O filme se repete. Portugal, França e Espanha estão aplicando vastos recursos no setor energia. Os EUA em comunicações. A Vale do Rio Doce comprada pelos "donos do mundo". Possui o direito de lavra de um subsolo possuidor de reservas no valor de trilhões de dólares. A estratégia deles é trocar "papel-pintado" por recursos vitais, que serão escassos no terceiro milênio, como a água.

O Brasil é detentor da maior reserva de água doce do mundo, em sua maior parte na Amazônia. O "ouro branco" será o recurso mais raro e disputado, nos próximos anos. Guerras acontecerão por sua causa. Nos EUA, a Flórida e a Califórnia já estão dessanilizando a água do mar, a custos elevados, por carência de água doce. E eles estão interessados em garantir, para o futuro, a propriedade destes recursos raros. Hoje, o petróleo. Amanhã, a água. Daí a cobiça internacional pela rica região amazônica. Não é só a água. São os recursos minerais, vegetais, a biogenética, a fauna. Não será exagero afirmar que a nação possuidora da Amazônia será a potência do terceiro milênio. Por isto, devemos ocupa-la não só militarmente, como economicamente, para mantê-la no Brasil. Caso não o façamos, de imediato, perderemos, direta ou indiretamente, esta terra de Canaã, herdada de nossos antepassados. Com a cumplicidade de traidores da pátria os "donos do mundo" vão tomando posse da região, a pretextos vários. Demarcação de terras indígenas, sob a orientação de ONGs estrangeiras, compra de territórios, ocupação dissimulada através de "grilagem", criação de reservas ambientais.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na UNiversidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

É necessário agirmos enquanto é tempo para evitar a perda irreparável.

Correio eletrônico:mcoimbra@antares.com.br

Você quer saber mais?

http://www.brasilsoberano.com.br