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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Inteligência visual-espacial com base dos estudos de Gardner



Ao longo de uma sequência de artigos, temos vindo a apresentar as sete inteligências definidas por Gardner: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência visual-espacial, inteligência corporal-quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. Cabe agora a vez à inteligência visual-espacial.

À tradicional ideia de 'inteligência', contrapõe-se hoje em dia a ideia de inteligências múltiplas. Gardner, psicólogo norte-americano, refere que, havendo sete inteligências distintas, todos nascemos com todos esses tipos de inteligência. Estes desenvolvem-se ao longo da vida, através da aprendizagem, das experiências, da escolaridade, das oportunidades, das influências. Em função desse desenvolvimento, cada pessoa acaba por possuir áreas mais fortes e outras mais fracas.

Ao longo de uma sequência de artigos, temos vindo a apresentar as sete inteligências definidas por Gardner: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência visual-espacial, inteligência corporal-quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. Cabe agora a vez à inteligência visual-espacial.

Inteligência visual-espacial

Características: Esta inteligência desenvolve-se a partir de um apuramento das perceções sensoriomotoras, que permitem uma boa discriminação das cores, das formas, das texturas, das dimensões e das relações espaciais. Os indivíduos com este tipo de inteligência têm também um bom domínio da coordenação óculo-manual e da coordenação motora, pelo que conseguem recriar as suas experiências visuais sob diferentes formas, incluindo vários tipos de arte. Trata-se de pessoas que frequentemente pensam com imagens e que se lembram facilmente das imagens visuais, dos pormenores do que observam e das relações entre as coisas no espaço.

Vários profissionais fazem grande uso deste tipo de inteligência. Entre eles contam-se os escultores, os pintores, os arquitetos e os jardineiros.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:
- Mostrando filmes e outros materiais audiovisuais sobre as matérias abordadas nas aulas.

- Utilizando posters,desenhos, pinturas, ilustrações e outras formas visuais de exploração de temas nas aulas.

- Ensinando técnicas de estudo visuais, como, por exemplo, a utilização de sublinhados coloridos ou a elaboração de mapas de ideias, gráficos ou esquemas.

- Propondo a criação de um dicionário ilustrado nas línguas estrangeiras, para as áreas vocabulares que vão sendo trabalhadas.

- Levando-os a analisarem o que rodeia um texto antes de iniciarem a sua leitura (título, subtítulos, imagens, gráficos, etc.) e a preverem o seu conteúdo, visualizando mentalmente imagens relativas a ele e aos conhecimentos prévios que têm sobre o assunto.

Com este artigo encerramos a sequência de textos sobre as sete inteligências. Tendo em conta que a inteligência pode ser ensinada, treinada e desenvolvida e que tal depende, entre outros fatores, da existência de oportunidades e de experiências, a responsabilidade da escola e de todos os educadores é grande. Considerando ainda a existência de diferentes tipos de inteligência, a eles cabe a promoção de experiências de aprendizagem diversificadas que proporcionem às crianças e aos jovens verdadeiras oportunidades para o desenvolvimento da(s) sua(s) inteligência(s). Esperamos ter contribuído para facilitar essa tarefa com as sugestões que demos nos artigos publicados.

Bibliografia:

Chapman, C. (1993). If the shoe fits...How to develop multiple intelligences in the classroom. Palatine, Illinois: IRI/Skylight, Inc.

Chapman, C. & Freeman, L. (1997). Multiple intelligences: Centers and projects.Palatine, Illinois: IRI/Skylight, Inc.

Gardner, H. (1993). Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences.London: fontana Press.

Zenhas, A., Silva, C., Januário, C., Malafaya, C., & Portugal, I. (2002). Ensinar a estudar - Aprender a estudar (4.ª ed.). Porto: Porto Editora.

Inteligência lógico-matemática com base nos estudos de Gardner



A consciência de que existem formas diferentes de aprender e de ser inteligente é importante para que os professores possam adequar o ensino à diversidade dos seus alunos e para que estes se conheçam melhor e rentabilizem o seu trabalho adotando um método de estudo conveniente às suas características.

Já reparou que perante um mesmo problema há quem o resolva de forma lógica a partir de uma reflexão cuidadosa, enquanto outros procedem por tentativa e erro e outros ainda quase intuitivamente? Hoje em dia não se fala de inteligência mas sim de várias inteligências com características específicas. Gardner definiu sete inteligências: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática inteligência visual-espacial, inteligência quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. A consciência de que existem formas diferentes de aprender e de ser inteligente é importante para que os professores possam adequar o ensino à diversidade dos seus alunos e para que estes se conheçam melhor e rentabilizem o seu trabalho adotando um método de estudo conveniente às suas características. Neste artigo debruçar-nos-emos sobre a inteligência lógico-matemática.

Inteligência lógico-matemática

Características:

Números e raciocínio lógico são algo que agrada particularmente a quem possui uma inteligência lógico-matemática desenvolvida. São pessoas caracterizadas pelo gosto e pela competência na interpretação e na categorização dos factos e da informação, no cálculo, no raciocínio lógico e na busca de explicação para tudo. Sentem-se desafiadas perante problemas envolvendo raciocínio, que procuram resolver de forma metódica e persistente. Divertem-se a resolver os "quebra-cabeças" das revistas e dos jornais.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:
Há vários recursos e atividades que estimulam a inteligência lógico-matemática e que, por conseguinte, os professores/educadores podem utilizar com os seus alunos/educandos (e também com eles próprios). Entre eles contam-se: puzzles, jogos, computador, materiais manipulativos, categorização de factos e de informação, analogias, pesquisa, experiências laboratoriais, mnemónicas, mapas de ideias.

Em vários artigos anteriores referimos algumas das atividades enunciadas, particularmente as mnemónicas e os mapas de ideias. As mnemónicas são palavras ou frases criadas com o objetivo de servirem de auxiliares de memória e podem ser criadas pelo próprio aluno (Quem não se lembra da célebre quadra: Trinta dias tem novembro/abril, junho e setembro/Com 28 só há um/Os restantes 31?). Os mapas de ideias são uma das várias formas possíveis de organizar graficamente a informação, articulando-a de forma lógica, constituindo preciosos auxiliares na compreensão da matéria que se estuda e em revisões posteriores.

A prática de diversos jogos é uma forma lúdica de desenvolver a inteligência lógico-matemática. A título de exemplo referiremos o Jogo do Galo, o Quatro em Linha, o Xadrez e o Su Doku. Trata-se de jogos diferentes, com graus de dificuldade variados.

Tarefas que envolvem abstração, tão do agrado de quem tem a inteligência lógico-matemática desenvolvida, podem mostrar-se mais difíceis e menos apelativas para quem tem dificuldades nessa área. Além das atividades já sugeridas para o seu desenvolvimento, o recurso a gravuras, movimento ou materiais manipulativos pode facilitar a resolução de problemas a essas crianças, favorecendo também o sentimento de competência pessoal necessário à criação/ao reforço da autoestima e ao gosto pela aprendizagem.

Se lhe parece que a inteligência lógico-matemática não é o seu 'forte' ou o do seu filho, não desespere. As várias sugestões dadas são apenas algumas atividades e recursos a que pode deitar mão para desenvolver essa área. Por outro lado, certamente terá, como predominante, um dos outros tipos de inteligência de que temos vimos a falar noutros artigos ou de que ainda viremos a falar. Sugerimos a sua consulta.

Inteligência linguística com base nos estudos de Gardner.

Habilidade escrita.

Habilidade comunicativa.

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner apresenta sete tipos de inteligências com características diferentes. A consciência da existência de vários tipos de inteligência, muitos dos quais tradicionalmente não valorizados pela escola, é importante para que os professores e educadores proporcionem experiências de aprendizagem diversificadas e adequadas aos seus educandos.
   
Certamente já teve necessidade de pedir ou de dar informações sobre a forma de chegar do local onde se encontra a um outro. Provavelmente já verificou que diferentes pessoas recorrem a processos diferentes para cumprirem essa tarefa:

- há quem descreva o trajeto utilizando uma linguagem clara e pormenorizada;

- há quem acompanhe a sua explicação com gestos, quase lembrando um sinaleiro;

- há quem desenhe um mapa ou um esquema.

Cada uma destas pessoas pensa e apreende a realidade de uma maneira particular.

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner apresenta sete tipos de inteligências com características diferentes. A consciência da existência de vários tipos de inteligência, muitos dos quais tradicionalmente não valorizados pela escola, é importante para que os professores e educadores proporcionem experiências de aprendizagem diversificadas e adequadas aos seus educandos. Quais são então as inteligências definidas por Gardner?

- Inteligência linguística
- inteligência lógico-matemática
- inteligência visual-espacial
- inteligência quinestésica
- inteligência musical
- inteligência interpessoal
- inteligência intrapessoal.

Neste artigo, deter-nos-emos sobre a inteligência linguística. As restantes serão alvo de atenção mais pormenorizada nos próximos artigos.

Inteligência linguística

Características

Está relacionada com o uso da linguagem. Os estudantes com este tipo de inteligência têm muita sensibilidade para os sentidos das palavras e para a sua manipulação. Manifestam gosto pela leitura e pela escrita. Comunicam bem, oralmente e por escrito. São eficazes na ligação das ideias e têm facilidade na sua transmissão. Pensam utilizando palavras.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:

- Modelando a utilização de uma linguagem correta.

- Motivando-os a escrever e apoiando o seu trabalho.

- Demonstrando formas eficazes de comunicação.

- Lendo alto para os alunos, com frequência.

- Criando/desenvolvendo o gosto pela leitura.

- Dando aos alunos oportunidades para, individualmente, lerem, escreverem, ouvirem e falarem.

- Promovendo debates sobre assuntos do programa de qualquer disciplina.

- Criando jornais de turma/escola.

- Promovendo correspondência em português com alunos de outras escolas/países lusófonos ou em língua estrangeira com jovens de outros países.

A língua materna é transversal a todo o currículo. Ela está presente em todas as disciplinas. Por conseguinte, as atividades sugeridas são pertinentes em qualquer disciplina. A língua materna está também presente em qualquer contexto da vida quotidiana. É na família que a criança começa a ter contacto com ela. As sugestões dadas são exequíveis igualmente em contexto familiar. Vários artigos anteriores se debruçaram sobre atividades que podem ser realizadas pelos pais com os seus filhos com vista ao desenvolvimento do gosto pela leitura e pela escrita e ao alargamento do vocabulário, fundamentais para o desenvolvimento da inteligência linguística.

A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner




A teoria das inteligências múltiplas foi estudada pelo psicólogo Howard Gardner como um contrapeso para o paradigma da inteligência única. Ele propôs que a vida humana requer o desenvolvimento de vários tipos de inteligências. Portanto, Gardner não entra em conflito com a definição científica de inteligência como sendo “a capacidade de resolver problemas ou fazer coisas importantes”.

Howard Gardner e seus colegas da prestigiada Universidade de Harvard advertiram que a inteligência acadêmica (obtida através de qualificações e méritos educacionais) não pode ser o fator decisivo para determinar a inteligência de uma pessoa. Gardner e seus colegas poderiam dizer que Stephen Hawking não tem mais inteligência do que Leo Messi, mas cada um desenvolve um tipo diferente.

A pesquisa de Howard Gardner identificou e definiu oito tipos diferentes de inteligência. Vamos ver com mais detalhes cada uma das inteligências propostas pela Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner.

Inteligência linguística

A capacidade de dominar a linguagem e se comunicar com outros é importante em todas as culturas. Desde pequeno o ser humano aprende a usar a língua nativa para ser capaz de se comunicar de forma eficaz. A inteligência linguística não só se refere à capacidade de comunicação oral, mas a outras formas de comunicação como a escrita, gestual, etc. Quem domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma inteligência linguística superior. Algumas profissões enfatizam esse tipo de inteligência como, por exemplo, os políticos, escritores, poetas, jornalistas…

Inteligência lógico-matemática

Durante décadas a inteligência lógico-matemática foi considerada um tipo de inteligência bruta. Ela assumiu o eixo principal do conceito de inteligência, e foi usada como um ponto de referência para detectar o quão inteligente era uma pessoa. Como o próprio nome indica, este tipo de inteligência está ligada à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. A velocidade para resolver estes problemas é o indicador que determina quanta inteligência lógico-matemática a pessoa tem. O famoso teste de quociente de inteligência (QI) é baseado neste tipo de inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. Cientistas, economistas, acadêmicos, engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de inteligência.

Inteligência Espacial

A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada a este tipo de inteligência, em que se destacam os profissionais de xadrez e artes visuais (pintores, designers, escultores…). Pessoas que se destacam nessa inteligência, geralmente têm habilidades que lhes permitem criar imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. Com essa inteligência desenvolvida, encontramos pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos,  e outras profissões que exigem criatividade…

Inteligência Musical

A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou menos elaborada, levando Gardner e seus colegas a entenderem que há uma inteligência musical latente em todos. Algumas áreas do cérebro executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música. Como qualquer outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar. Os mais favorecidos neste tipo de inteligência são aqueles capazes de tocar instrumentos, ler e compor peças musicais com facilidade.

Inteligência corporal e sinestésica


As habilidades motoras do corpo são necessárias para utilizar ferramentas ou para expressar certas emoções, é essencial para o desenvolvimento em qualquer cultura. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma inteligência sinestésica corporal. Além disso, a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar sentimentos através do corpo. São particularmente brilhantes neste tipo de inteligência: dançarinos, atores, atletas e até mesmo cirurgiões e artistas plásticos, porque todos eles precisam usar racionalmente as suas capacidades físicas.

Inteligência intrapessoal

A inteligência intrapessoal se refere à inteligência que nos permite compreender e se controlar internamente. As pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar seus sentimentos e refletir sobre eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser do jeito que é.

Inteligência Interpessoal

A inteligência interpessoal nos permite ficar conscientes de coisas que os nossos sentidos não conseguem captar. É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada discurso. A inteligência interpessoal aprimora a nossa capacidade de empatia. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes grupos. Sua capacidade de detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos outros será maior com a inteligência interpessoal. Professores, psicólogos, terapeutas, advogados e educadores são perfis que têm uma pontuação muito elevada neste tipo de inteligência descrita na teoria das inteligências múltiplas.

Inteligência naturalista

A inteligência naturalista detecta, diferencia e categoriza as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao clima, geografia ou fenômenos naturais. Este tipo de inteligência foi adicionado mais tarde ao estudo original de Inteligências múltiplas de Gardner, em 1995. Gardner achou necessário incluir nesta categoria porque é uma das inteligências essenciais para a sobrevivência do ser humano e de outras espécies.

Inteligência Existencial ou Espiritual

Howard Gardner não acrescentou a Inteligência Existencial ou Espiritual a lista até o momento, mas ele trabalha nesse aspecto por acreditar ser de extrema importância como todas as outras.

Investigada no terreno ainda do "possível", carece de maiores evidências. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos

Contextualizando

Gardner afirma que todas as pessoas possuem cada um dos oito tipos de inteligência, embora cada tipo seja mais desenvolvido em algumas pessoas do que em outras, todos os oito tipos tem a mesma importância e não há uma mais valiosa que a outra. Em geral, precisamos utilizá-las para enfrentar a vida, independentemente da ocupação realizada. Afinal, a maioria dos trabalhos requer o uso da maioria dos tipos de inteligência. A educação ensinada na sala de aula é um procedimento destinado a avaliar os dois primeiros tipos de inteligência: linguística e lógica matemática. No entanto, esta educação é totalmente inadequada para educar os alunos na plenitude do seu potencial. A necessidade de mudança no paradigma educacional foi trazida à discussão pela Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O computador mais antigo do mundo: um dispositivo de 2.100 anos de idade usado como um "Guia Galáctico".



Os pesquisadores foram capazes de concluir que o Mecanismo de Antikythera foi usado a mais de 2.000 anos atrás como um calendário informatizado do sol e da lua. O dispositivo também ilustrou as fases da lua, a posição do sol e da lua no zodíaco, bem como a posição dos planetas e eclipses.

Nova pesquisa tem ajudado os cientistas a desvendar o mistério por trás do Mecanismo de Antikythera, computador mais antigo do mundo, que pode ter sido usado para "prever o futuro" dos eventos astronômicos.

O dispositivo enigmático tem sido estudado há cem anos desde que foi descoberto. Segundo os pesquisadores, o dispositivo de 2100 anos de idade foi o computador mais antigo do mundo.

Este artefato sofisticado e engenhoso, é completamente a frente do seu tempo de origem, foi descoberto em um velho navio naufragado na costa da Grécia a cem anos. Por mais de um século, a função exata do dispositivo permaneceu um mistério profundo desde que os pesquisadores não foram capazes de decifrá-lo devido à falta de textos que o descrevem. A pequena quantidade de textos que sobreviveram no dispositivo em si não ajudou em nada os pesquisadores.


No entanto, novos estudos têm ajudado a compreender mais sobre o mais antigo computador mecânico do mundo. Graças às poucas palavras impressas nos fragmentos corroídos em engrenagens e placas, os pesquisadores teorizaram que o Mecanismo de Antikythera era usado como um dispositivo astronômico.

No entanto, grande parte da história do antigo dispositivo permaneceu um mistério para os pesquisadores.

Mas a tecnologia tem seus caminhos, e graças aos seus esforços e a utilização de dispositivos de digitalização de ponta, um grupo internacional de pesquisadores conseguiu ler 3.500 caracteres de texto "explicativo", que se acredita ser um quarto do texto original, nas "entranhas" do computador antigo.



Segundo os pesquisadores, ele foi usado como uma espécie de "guia da galáxia" (leia-se astronômia).

"Agora temos os textos que vocês podem realmente ler como um "grego antigo", o que tínhamos antes era algo no rádio com um monte de estática", disse o membro da equipe Professor Alexander Jones, professor de história da ciência antiga da Universidade de Nova Iorque.

"É muito detalhe para nós, porque se trata de um período da qual sabemos muito pouco sobre astronomia grega e, essencialmente, nada sobre a tecnologia, exceto o que nós recolhemos a partir daqui", disse ele. 'Então, esses pequenos textos são uma coisa muito grande para nós. '

Os pesquisadores foram capazes de concluir que o Mecanismo de Antikythera foi usada a mais de 2.000 anos atrás como um calendário informatizado do sol e da lua. O dispositivo também ilustrou as fases da lua, a posição do sol e da lua no zodíaco, bem como a posição dos planetas e eclipses.

O dispositivo tem fascinado pesquisadores por décadas, já que nada do tipo era conhecido  feito pela humanidade há milhares de anos. Isso era único, e indescritível!

"Não foi uma ferramenta de pesquisa, algo que um astrônomo usaria para fazer cálculos, ou mesmo um astrólogo para fazer prognósticos, mas algo que você usaria para ensinar sobre o cosmos e nosso lugar no cosmos", disse o professor Jones.

"É como um livro de astronomia, como era entendida então, que ligava os movimentos do céu e os planetas com a vida dos antigos gregos e seu meio ambiente."

Os fragmentos do Mecanismo Antikythera foram levantadas a partir de um naufrágio em meados do século, na costa da Grécia. Era quase impossível de decifrar o mecanismo desde que os pesquisadores não sabiam ler mais do que algumas centenas de cartas que foram enterrados dentro do instrumento.

A busca para decifrar o mecanismo começou há cerca de 12 anos atrás, quando pesquisadores usaram varredura de raios-x e tecnologia de imagem para analisar 82 peças espalhadas do dispositivo.

"O inquérito inicial foi destinado para ver como o mecanismo funciona, e que foi muito bem sucedida", disse o professor Edmunds.

"O que nós não havíamos percebido era que as técnicas modernas que estavam sendo usados nos permitia ler os textos melhor do que se havia imaginado, tanto na parte externa do mecanismo e no interior dele também."

Segundo os pesquisadores, com base no estilo do texto, que foi muito formal e detalhado, o computador antigo não foi usado como um dispositivo comum.

Os cientistas especulam que o Mecanismo de Antikythera foi inventado na Grécia em algum momento entre 200 e 70 aC.  No entanto, isso não pode ser confirmado como não há textos que mencionam isso, porem é o mais provável.

domingo, 12 de junho de 2016

Do Lobo ao Cão, uma história de 12 mil anos.



A disputa é antiga e já teve momentos belicosos: o cachorro foi domesticado na Europa ou no Extremo Oriente? Ao menos uma vez a resposta satisfez todo mundo, porque o cachorro foi domesticado nos dois lugares de forma independente. E ninguém chegou antes do que o outro, já que as duas domesticações ocorreram há mais de 12.000 anos, e a partir de duas populações de lobos diferentes.

Os orientalistas, entretanto, têm o direito de ficar mais suscetíveis do que seus oponentes europeístas sobre a composição atual dos cachorros de todo o mundo. Porque, enquanto as atuais raças caninas orientais costumam ser herdeiras genuínas das primeiras domesticadas nessa região, os modernos cachorros europeus são mesclados com as raças de origem oriental. É uma consequência das migrações de leste a oeste que aconteceram na pré-história, e também o motivo do assunto ter sido tão difícil de se resolver até hoje.

A pesquisa é o maior estudo de DNA canino já realizado, e inclui até mesmo o primeiro genoma antigo de um cachorro, extraído de um osso (do ouvido interno) de 4.800 anos atrás que estava muito bem preservado em uma tumba de Newgrange, no complexo de Brú na Bóinne, o sítio arqueológico mais famoso da Irlanda.

Os cientistas também analisaram o DNA mitocondrial de outros 59 ossos de todo o continente (datados entre 14.000 e 3.000 anos atrás), e compararam tudo isso com os dados preexistentes de 2.500 cachorros e lobos modernos. Uma equipe internacional coordenada por Greger Larson, da Universidade de Oxford, apresentou os resultados na revista Science.

A domesticação animal é um raro fenômeno e precisamos de muitas evidências para desbancar a suposição de que aconteceu somente uma vez por cada espécie.

O cachorro foi o primeiro animal domesticado, e o único antes do surgimento das primeiras plantas de cultivo e o aparecimento dos assentamentos agrícolas que iniciaram o Neolítico. Alguns estudiosos chegaram a afirmar que os primeiros cachorros foram domesticados a partir do lobo há 30.000 anos, em pleno Paleolítico. Os primeiros restos de cachorros que não permitem controvérsia, entretanto, datam de 15.000 anos atrás na Europa, e de 12.500 anos atrás na Ásia oriental.

Os dados do estudo coordenado em Oxford revelam agora uma divisão nítida entre os cachorros europeus (como o golden retriever e o cachorro da tumba irlandesa, entre diversas outras espécies) e o asiático, como o husky siberiano, o mastim tibetano e várias amostras analisadas entre os cachorros de rua atuais do Tibete e dos povoados do sul da China. O caráter muito parcial dos estudos de DNA anteriores havia lançado dúvidas nessa divisória. A separação entre leste e oeste foi datada provisoriamente entre 6.000 e 14.000 atrás. O relógio genético canino ainda está longe de estar completamente desenvolvido e acertado.

“A domesticação animal é um fenômeno raro”, diz Larson, o coordenador do estudo, “e precisamos de diversas evidências para desbancar a suposição de que aconteceu somente uma vez por cada espécie; nossos resultados de DNA antigo, junto com o registro arqueológico dos cachorros primitivos, indicam que precisaremos reconsiderar o número de vezes em que os cachorros foram domesticados de maneira independente”.

A diferença entre um e dois é às vezes mais eloquente do que parece. Uma domesticação que só ocorreu uma vez pode refletir um fenômeno extremamente improvável, mesmo sendo tão útil que depois acaba por se propagar a todas as culturas. Mas se ocorre duas vezes, pode indicar um processo fácil, algo que está tão próximo de acontecer na natureza que basta um empurrão para fazê-lo ocorrer.

“Reconstruir o passado a partir do DNA moderno”, diz o primeiro autor, Laurent Frantz, de Oxford, “é um pouco como ler um livro de história, em que você não sabe quais são as partes cruciais que foram apagadas”. Demonstra assim a enorme vantagem de se contar com um genoma canino antigo. O mesmo aconteceu com o estudo da evolução humana a partir do primeiro genoma neandertal. Logo veremos mais genomas fósseis das demais espécies domésticas.