Adolf Hitler, 1933. Imagem:
Hitler de Joachim Fest.
Em
sua primeira fotografia como chanceler,
na presença do presidente, o marechal de campo
Von Hindenburg, Hitler
parece rígido, inibido e humilde. [...]
Mas
por trás dessa máscara ocultava-se um calculismo frio.
Penetrou no rebanho como um lobo em pele de cordeiro.
Sabia
perfeitamente como atuar de acordo com sua audiência: na
presença de banqueiros falava de um modo; quando na companhia de soldados, de
outro; quando estava com operários industriais, utilizava uma linguagem
diferente da empregada com os camponeses. Quando desejava
atingir determinado objetivo, utilizava vários recursos: um olhar inspirado e o
charme austríaco, ataques de choro e ameaças de suicídio, tempestades de fúrias
e transigência, monólogos sem fim e crueldade deliberada. Era astuto,
perspicaz, ardiloso, habilidoso e extremamente desonesto – a amoralidade
personificada.
Enquanto
os capitães de indústrias, os banqueiros, os JUNKERS
e o EXÉRCITO eram enganados por sua duplicidade,
as MASSAS confiantes que votavam em Hitler não
tomavam conhecimento do lado medíocre, repulsivo e cômico de sua imagem. Parecia, para milhões, o salvador, cuja
conduta selvagem e cujos sons guturais vazios de sentido os levavam a um estado
de êxtase. Sua maneira simples de vestir-se, sua
abstinência e seu celibato elevaram-no às mais altas esferas.
Hitler
chegou ao poder devido à sua habilidade oratória.
Sentia instintivamente as necessidades das massas; antes de começar a falar
sentia a atmosfera e a disposição da audiência. Suas explosões
emocionais eram cuidadosamente planejadas. Muitas
vezes conseguia transformar uma audiência hostil numa multidão de seguidores
devotados.
Mesmo
depois de conquistar o poder supremo, Hitler não abandonou a oratória. Necessitava de contato permanente com as massas. Confrontar-se
com dezenas e centenas de milhares de pessoas, sozinho e isolado numa imensa
plataforma, equivalia a uma purificação. Precisava dessa
atmosfera teatral para afirmar-se, deixava-se levar pela intoxicação
das massas. [...]
Hitler tinha certa
dificuldade em entrar em contato com as pessoas.
Embora estivesse sempre cercado delas, sentia-se sozinho. Não tinha verdadeiros amigos – Rohm,
seu amigo íntimo, foi executado a seu mando - , evitava o relacionamento familiar e,
durante os doze anos que esteve no poder, só teve uma amante que escondia dos
olhos do mundo e mantinha aprisionada como se fosse um pássaro na gaiola. Não
possuía o menor senso de humor. Estava sempre posando como ditador, dos pés à
cabeça. As MASSAS, o viam apenas como ele desejava ser visto; era
terminantemente proibida a publicação de fotografias consideradas
desfavoráveis.