O secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, disse na cúpula do grupo, em Lisboa, que os dois lados concordaram em assinar um documento dizendo que não representavam mais uma ameaça um ao outro.
Segundo Rasmussen, é a primeira vez que os dois lados cooperarão para se defenderem. Integrada por Estados Unidos, Canadá e por grande parte dos países europeus, a Otan rivalizou com a aliança militar liderada pela União Soviética durante a Guerra Fria (1945-1991).
Presente ao encontro, o presidente russo, Dmitry Medvedev, disse que “um período de relações muito tensas e difíceis foi superado”. A cúpula da Otan foi a primeira com presença russa desde a guerra da Rússia contra a Geórgia, há dois anos.
Segundo o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Otan e a Rússia “transformaram uma antiga fonte de tensão numa fonte de cooperação”.
Em discurso, Obama voltou a pedir ao Senado americano que aprove um tratado, negociado com a Rússia, que prevê a redução de estoques nucleares dos dois países e inspeções mútuas.
Escudo antimísseis
Na cúpula, membros da Otan já haviam concordado em desenvolver um programa conjunto de defesa contra ataques de mísseis balísticos em seus territórios.
O sistema visa alertar os países membros sobre ataques de mísseis para que possam ser interceptados.
Rasmussem disse ter pedido à Rússia que cooperasse com o programa e ter ficado “muito satisfeito que Medvedev tenha aceitado a oferta”.
Ele classificou o acordo de “uma verdadeira reviravolta”.
O sistema deverá entrar em vigor até 2020 e terá custo previsto de 1 bilhão de euros (R$ 2,34 bilhões).
Segundo uma fonte da área técnica da aliança, deverão ser integrados vários sistemas que estão sendo montados pelos membros da aliança.
O anúncio de cooperação ocorre após Barack Obama suspender, neste ano, planos de seu antecessor, George W. Bush, de construir um escudo antimísseis que teria bases na Polônia e na República Tcheca.
Moscou considerava o plano americano uma ameaça à soberania russa.
Troca de informações
Segundo o secretário-geral da Otan, russos e membros a aliança trocarão informações sobre ameaças ao território europeu provenientes do céu e poderão eventualmente cooperar para derrubar algum míssel.
Apesar do acordo, o presidente russo disse que muitos detalhes do escudo ainda eram incertos e que o esquema “só será pacífico quando for universal”.
Rasmussem afirmou também que a Rússia concordou em permitir a passagem por seu território de mais suprimentos para as tropas da Otan no Afeganistão.
Ele disse que também haverá cooperação com Moscou em áreas como terrorismo, armas de destuição em massa, pirataria e narcotráfico.
*Com reportagem de Jair Rattner, de Lisboa para a BBC Brasil
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