Dados levantados em um recente relatório do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram pelo menos um terço das famílias ainda passam fome no Brasil, apesar da propaganda da burguesia de que há um crescimento econômico que melhoraria as condições de vida da população.
No dia 23 de junho foi divulgada pelo IBGE uma nova pesquisa que mede a renda da população brasileira, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. Toda a imprensa burguesa procurou destacar os índices como resultado de uma significativa melhora nas condições de vida da população graças a uma estabilidade adquirida na economia nacional. Uma análise mais detalhada dos índices, no entanto, desmente tal tese.
A prova da melhoria na condição de vida da população estaria em que os itens de alimentação ocupam uma porcentagem cada vez mais proporcional a outros gastos e que um número menor de famílias declararam passar fome.
Pela primeira vez o que é gasto com a alimentação teria se equiparado ao gasto com o transporte. O gasto médio com alimentação no país de 16,1% dos gastos totais de uma família teriam atingido o gasto nos transportes que também ocupariam 16% do total da renda média familiar.
No entanto, o índice de famílias desnutridas continua sendo enorme, de mais de um terço da população (35,6%) dos entrevistados.
Os números da pesquisa anterior de 2002/2003 mostravam que 47% reclamavam da quantidade de alimentos consumidos.
Como se pode ver por outros dados as famílias não estão gastando mais em alimentação, mas sim estão deixando de gastar em alimentos para repassar sua renda para outros gastos.
Enquanto na última pesquisa, de 2002-2003, os alimentos representavam 20,8% das despesas de uma família em 2008 e 2009 este percentual sofreu uma leve queda para 19,8%.
Já gastos com habitação, transporte e inclusive com dívidas, tomaram conta da maior parte do orçamento das famílias.
Os gastos com habitação passaram neste intervalo de seis anos a ocupar 35,9% da renda familiar, enquanto que em 2002 e 2003 ocupavam 30,4%. Já no transporte, este índice saltou de 11,2% para 19,6%.
A parcela ocupada na renda familiar para despesas com dívidas também aumentou nos últimos seis anos em 11%.
Nenhuma melhoraOs dados divulgados pelo IBGE, muito longe de mostrar qualquer prosperidade mostram que se mantém um imenso índice de miséria no País, com uma imensa maioria da população não conseguindo gastar com produtos básicos.
75% das famílias alegam que não chegam até o final do mês com dinheiro suficiente para comprar produtos básicos.Para as famílias que ganham R$ 830,00 por mês, 88% consideram não conseguir adquirir todos os produtos básicos suficientes.Em meio à euforia da imprensa burguesa foi deixado de lado um índice negativo que aponta para uma tendência no próximo período que tende a se agravar.
Segundo dados do próprio IBGE, graças à inflação, a renda do trabalhador nas seis principais regiões do país caiu 0,9% de abril a maio.
Na tentativa de mostrar a situação como favorável,
o governo e seus órgãos assim como a imprensa burguesa procuram esconder o fato de que as condições de vida da população não melhoraram em nada e que tudo o que cresceu no País ou na renda do trabalhador foi para gastar com o aumento das taxas e a inflação.
A população continua a ser explorada e a renda não corresponde à previsão de crescimento do PIB, que segundo a equipe econômica irá atingir 6% neste ano.
O crescimento econômico não está diretamente relacionado com a renda do trabalhador porque a política econômica defendida por Lula, que era colocada em prática por FHC é a política de fome, baseada na baixa renda da população pela retirada do País da riqueza de suas matérias-primas e na defesa no campo do latifúndio, e
na oferta de mão-de-obra barata aos capitalistas nacionais e estrangeiros que procuram um lugar para aplicar seus capitais.
Os trabalhadores devem reagir a esta política se organizando em torno da reivindicação de um salário mínimo vital, reivindicação não apenas econômica, imediata, mas política, baseado nos gastos da necessidade de uma família e no fato de que o salário dos trabalhadores não devem se basear no que os capitalistas e o governo alegam que podem pagar.
O salário mínimo deve estar baseado em um índice estabelecido no que está previsto na constituição, da renda necessária para atender todas as necessidades de uma família trabalhadora não apenas em gastos básicos, mas também em cultura, educação e lazer.
Você quer saber mais?http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/01/463156.shtml