“Para não parecer tolo mais
tarde, renuncio a ser astuto agora!”
Frei Guilherme (O nome da
Rosa, pg. 243; de Umberto Eco).
“Os homens de outrora eram
grandes [...] agora mais se assemelham a crianças, mas esse fato é apenas um dos muitos que testemunham a
desventura de um mundo que vai envelhecendo. A juventude não quer aprender mais
nada, a ciência está em decadência, o mundo inteiro caminha de cabeça para
baixo, cegos conduzem outros cegos e os fazem precipitar-se nos abismos, os
pássaros se lançam ante de alçar voo, o asno toca lira, os bois dançam. [...]
tudo está desviado do próprio caminho. Sejam dadas graças a Deus por eu naqueles
tempos ter adquirido de meu mestre a vontade de aprender e o sentido do caminho
reto, que se conserva quando o atalho é tortuoso.”
Frei Adso (O nome da Rosa,
pg.22-23; de Umberto Eco).
“Os monstros existem porque
fazem parte do desígnio divino e nas mesmas horríveis feições dos monstros
revela-se a potência do Criador.”
Abade Jorge (O nome da Rosa,
pg.45; de Umberto Eco).
“Para cada virtude e para
cada pecado há um exemplo tirado dos bestiários, e os animais tornam-se figuras
do mundo humano. [...] Oque querem todas essas nugae? Um mundo invertido e
oposto ao estabelecido por Deus, sob o pretexto de ensinar os preceitos
divinos!”
Abade Jorge (O nome da Rosa,
pg. 84; de Umberto Eco).
“Podes de certo falar nessas
coisas de magia, concordou Guilherme. Porém existem duas formas de magia. Há
uma magia que é obra do diabo e que visa à ruína do homem através de artifícios
de que não é lícito falar. Mas há uma magia que é obra divina, lá onde a
ciência de Deus se manifesta através da ciência do homem, que serve para
transformar a natureza, e um de cujos fins é prolongar a vida humana. E esta é
magia santa, a que os sábios deveriam se dedicar sempre, não só para descobrir
coisas novas, mas para REDESCOBRIR muitos segredos da natureza que a sabedoria
divina revelara aos hebreus, aos gregos, a outros povos antigos [...] E por que
aqueles que possuem tal ciência não a comunicam a todo povo de Deus? Porque nem
todo o povo de Deus está pronto para aceitar tantos segredos, e muitas vezes
aconteceu que os depositários dessa ciência foram tomados por magos ligados por
pacto ao demônio. ‘Tu receias portanto que os simples possam fazer mau uso
desses segredos?’ No que respeito ao simples receio apenas que possam ficar
aterrorizados com eles, ao confundi-los com as obras do diabo.”
Dialogo entre Frei Guilherme
e Frei Nicola (O nome da Rosa, pg.91; de Umberto Eco).
“Nós vivemos para os livros.
Doce missão neste mundo dominado pela desordem e pela decadência.”
Frei Bêncio (O nome da Rosa,
pg.113; de Umberto Eco).
“Até então pensara que todo
livro falasse das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros.
Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se
falassem entre si. À luz dessa reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais
inquietante. Era então o lugar de um longo e secular sussurro, de um diálogo
imperceptível entre pergaminho e pergaminho, uma coisa viva, um receptáculo de
forças não domáveis por uma mente humana, tesouro de segredos emanados de
muitas mentes, e sobrevividos à morte daqueles que os produziram, ou os tinham
utilizado.”
Frei Adso (O nome da Rosa,
pg.277; de Umberto Eco).
“O bem de um livro está em
ser lido. Um livro feito de signos que falam de outros signos, os quais por sua
vez falam das coisas. Sem um olho que o leia, um livro trás signos que não
produzem conceitos, e portanto é mudo.”
Frei Guilherme (O nome da
Rosa, pg.383; de Umberto Eco).
“O livro tem a força de mil
escorpiões.”
Frei Malaquias (O nome da
Rosa, pg.451; de Umberto Eco).
“Tu dizes que sou o diabo;
não é verdade. Eu fui à mão de Deus. [...] Deus criou os monstros também.”
Abade Jorge (O nome da Rosa,
pg.458; de Umberto Eco).
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