Durante a Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, os grupos dos maragatos e dos chimangos foram os principais protagonistas, representando lados opostos em um conflito político e ideológico que marcou a história do estado.
Maragatos
Os maragatos eram federalistas, descendentes ideológicos dos derrotados da Revolução Federalista (1893-1895).
Defendiam maior descentralização do poder, autonomia estadual e oposição ao governo centralista que dominava o Rio Grande do Sul.
Eram liderados, em 1923, por Assis Brasil, um político que se opunha ao domínio de Borges de Medeiros e ao Partido Republicano Rio-grandense (PRR).
Tinham como símbolo o lenço vermelho, que os diferenciava no conflito.
Chimangos
Os chimangos eram republicanos centralistas, aliados do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e defensores do governo de Borges de Medeiros, que governava o estado de forma quase contínua desde 1898.
Representavam a continuidade da política de Júlio de Castilhos, com forte controle do poder executivo estadual.
Borges de Medeiros, líder dos chimangos, defendia a reeleição e o fortalecimento do governo estadual dentro do sistema republicano.
Tinham como símbolo o lenço branco, usado para identificar seus apoiadores.
Contexto e Causas da Revolução de 1923
A revolução teve origem na insatisfação com o domínio prolongado de Borges de Medeiros no governo estadual.
Em 1922, Borges de Medeiros foi reeleito para seu quinto mandato como presidente do estado, mas a oposição, liderada por Assis Brasil, considerou a eleição fraudulenta.
A oposição federalista (maragatos) via o governo de Borges como autoritário e centralizador, reivindicando eleições livres e maior alternância de poder.
O Conflito
O conflito armado se estendeu por diversas regiões do estado, envolvendo combates entre forças maragatas e chimangas.
Foi uma guerra civil regional, com características de guerrilha, marcada por emboscadas e batalhas localizadas.
O conflito terminou em 1923 com o Pacto de Pedras Altas, mediado pelo governo federal. O acordo estabeleceu:
A permanência de Borges de Medeiros no poder até o fim do mandato.
O compromisso de que ele não tentaria a reeleição novamente.
Garantias para os federalistas, buscando evitar futuras perseguições.
Consequências
O Pacto de Pedras Altas encerrou temporariamente as hostilidades, mas não eliminou as tensões políticas no Rio Grande do Sul.
A Revolução de 1923 reforçou as divisões históricas entre maragatos e chimangos, marcando a política gaúcha por décadas.
Contribuiu para moldar o cenário político nacional, especialmente no contexto da República Velha e na formação de alianças futuras, como a Revolução de 1930.
Em resumo, a Revolução de 1923 foi um reflexo da polarização política entre maragatos (federalistas) e chimangos (republicanos) e de um conflito por maior autonomia política e alternância de poder em um contexto de domínio prolongado de Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul.
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