O Castelo de Pedras Altas, localizado no município de mesmo nome, no Rio Grande do Sul, é uma obra monumental que reflete um importante período histórico e a visão de seu idealizador, Joaquim Francisco de Assis Brasil. Construído no início do século XX, o castelo é um dos ícones culturais e arquitetônicos do estado, simbolizando não apenas a grandiosidade de sua arquitetura, mas também o papel crucial que desempenhou na política regional e nacional.
A concepção do castelo foi obra de Assis Brasil, um dos principais intelectuais e políticos do período republicano no Brasil. Nascido em São Gabriel, em 1857, ele foi um destacado advogado, diplomata e escritor, além de um grande defensor da modernização agrária e do republicanismo. Sua visão ampla e seu interesse pela cultura europeia o inspiraram a construir o Castelo de Pedras Altas, que mescla elementos arquitetônicos medievais com a funcionalidade de uma residência moderna para a época.
A construção teve início em 1909 e foi concluída em 1913. O castelo foi erguido com pedras basálticas locais, extraídas da região de Pedras Altas, e contou com a mão de obra de trabalhadores locais e imigrantes europeus. Suas torres imponentes, janelas estreitas e elementos decorativos remetem às fortificações medievais da Europa, mas o castelo também abrigava espaços internos adaptados às necessidades do período, como uma ampla biblioteca, salões para encontros políticos e confortáveis aposentos residenciais. O jardim ao redor do castelo completava o cenário, refletindo o cuidado com os detalhes paisagísticos.
Além de residência, o castelo foi um importante centro de articulações políticas. O evento mais marcante de sua história foi a assinatura do Tratado de Pedras Altas, em 14 de dezembro de 1923, que encerrou a Revolução de 1923. Este conflito, que colocou em lados opostos Borges de Medeiros e Assis Brasil, representava a luta entre os ideais continuístas e a defesa da alternância de poder no Rio Grande do Sul. O tratado, negociado no salão principal do castelo, simbolizou a conciliação política e trouxe mudanças significativas, como a introdução do voto secreto no estado.
Assis Brasil utilizou o castelo como um espaço de reflexão e produção intelectual. Ali, ele escreveu grande parte de suas obras e recebeu personalidades políticas e culturais da época. O local também era um refúgio para sua família, que compartilhava do ideal republicano e da paixão pela educação e pela cultura.
Com o passar dos anos, o Castelo de Pedras Altas enfrentou desafios relacionados à sua conservação. A falta de recursos para sua manutenção resultou em um estado de deterioração que comprometeu parte de sua estrutura. Apesar disso, o castelo continua sendo um importante ponto turístico e histórico do Rio Grande do Sul. Iniciativas de preservação e conscientização têm sido promovidas por entidades culturais e pela comunidade local, com o objetivo de restaurar e manter viva a memória deste patrimônio singular.
O Castelo de Pedras Altas é mais do que uma construção arquitetônica; é um símbolo da luta por ideias republicanas e pela democracia no Brasil. Sua história está profundamente ligada à de seu idealizador, Assis Brasil, cuja visão de progresso e compromisso com o diálogo permanecem como legados vivos. Além disso, o castelo representa um marco do encontro entre o idealismo europeu e a realidade brasileira, resultando em uma obra que transcende sua época e permanece como testemunho de um período crucial na história do país.
Você quer saber mais?
KOPP, Ana Luiza. O Castelo de Pedras Altas: História e Memória. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2005.
SILVEIRA, Francisco das Chagas. A construção do Castelo de Pedras Altas: Arquitetura e Patrimônio no Sul do Brasil. Pelotas: Editora Universitária UFPEL, 2010.
LOPES, José Antonio. Pedras Altas: Um Marco na História da Fronteira Sul. Bagé: Gráfica e Editora Fronteira, 1998.
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