Brasão
da Cidade de Birobidjan, Capital da Região Autônoma Judaica.
Birobidjan em yiddish: ביראָבידזשאן. É a capital do Oblast
(É uma subdivisão Federal administrativa) Autônomo Judaico da Rússia. (Yevreyskaya
avtonomnaya oblast). A cidade é cortada pelos
rios Bira e pelo Bidjan, na fronteira com a China, e é atravessado pela
ferrovia Transiberiana,o que garante o contato entre Birobidjan e Moscou. Suas coordenadas são: 48°48′N 132°57′E. Segundo
o censo de 2002, a cidade possui 77,250
habitantes. No livro O Exército de um Homem Só de Moacyr Scliar, os
personagens principais migraram de Birobidjan para
Porto Alegre, o livro conta a história do Império Russo e da União Soviética,
sendo que os personagens principais são judeus e um deles é um comunista que
sonha com um mundo livre, querendo fundar uma nova sociedade nas vizinhanças de
Porto Alegre, com o nome de Nova Birobidjan.
A região foi criada em 1934 como 'Distrito
Nacional Judaico', como resultado da política nacionalista de Josef
Stalin, que designou à população judaica da Rússia seu próprio território, para
que pudessem preservar seu patrimônio cultural iídiche dentro de uma estrutura
socialista. Apesar do nome, apenas 1,2% da população de 190 400 habitantes é
formada por judeus; 90% é formada por russos e o restante por ucranianos e
chineses. Sua capital é Birobidjan.
Em 28 de
Março de 1928, o “Presidium” do Comitê Executivo Geral da URSS baixou
um decreto definindo como “Komzet” um
território livre próximo ao rio Amur no extremo leste para assentamento de
trabalhadores judeus. O decreto em verdade dava a entender :
"a possibilidade de estabelecimento de um território administrativo
para os judeus nessa região”.
Em 20 de
Agosto de 1930 o Comitê Executivo Geral da então RSFSR aceitou o
decreto para “Formação
da região nacional de Birobidjan numa estrutura de Território do Extremo
Oriente”, considerado pelo Comitê de Planejamento do Estado como uma unidade
economicamente separada. Em 1932 os primeiros números
(orçamentos) para desenvolvimento de Birobidjan foram considerados e
autorizados.
Brasão da Região Autônoma Judaica.
O
brasão de armas da Região Autônoma Judaica é um escudo heráldica francês, de
cor água-marinha russa (verde escuro). As partes superior e inferior do escudo
estão marcados com riscas horizontais estreitas em branco-azul-branco. Todas as
cores são iguais em largura, e são de 1/50 da altura do escudo. As listras
azuis simbolizam os rios Bira e Bidzhan. O centro do escudo é estampado com um
Ussurian tigre dourado com listras pretas em sua coloração natural. A figura do
tigre é girada para a direita em direção ao espectador que simboliza uma
história incomum e uma forma original de desenvolvimento da Região.
Joseph Stalin em sua política de prover aos diversos
grupos nacionais da União Soviética territórios separados para desenvolver suas
Autonomias Culturais, porém dentro da ideologia Socialista. Isso respondia a dois problemas enfrentados pela União
Soviética na sua busca de unificação nacionalista:
O judaísmo, com sua oposição a política
estatal de ateísmo.
O sionismo, com a criação em 1948 do moderno
Estado de Israel.
Bandeira
da Região Autônoma Judaica.
A
bandeira da Região Autônoma Judaica é um painel retangular branco. No eixo
horizontal está localizado a uma faixa de cor simbolizando um arco-íris. A tira
é composta por sete faixas horizontais estreitas (vermelho, laranja, amarelo,
verde, azul céu, azul e violeta). Cada largura é igual a 1/40 da largura do
pavilhão. As tiras são divididas por faixas horizontais brancas estreitas, a
largura de cada uma é igual a 1/120 avos da largura do pavilhão.
A ideia era criar um "Sião Soviético", onde
uma cultura proletária judaica se desenvolveria, com a língua iídiche no lugar
da língua hebraica sendo a língua nacional da região. A literatura e as artes
socialistas substituiriam a religião como expressões básicas de cultura.
A teoria stalinista da "Questão Nacional"
declarava que um grupo somente pode ser uma nação se tiver um território
próprio. Assim, em não havendo um território dos judeus, esses não formavam uma
nação e não tinham direitos nacionais. Para resolver esse dilema ideológico, os
comunistas judeus sugeriram a criação, a demarcação, de uma área dentro da URSS
para esse povo. Essa foi à motivação
ideológica para a criação do Oblast judeu.
Também foi considerado politicamente vantajoso criar uma
"Pátria" soviética para os judeus como alternativa ao sionismo e a
teoria dos sionistas socialistas como Ber Borochov de que a questão judaica
deveria ser resolvida pela criação de um Estado Judeu na Palestina. Assim, a criação dum território judeu em Birobidjan era importante para
a propaganda contra argumentos de muitos judeus de esquerda de que o sionismo e
o marxismo fossem rivais e incompatíveis.
Outro objetivo importante do projeto foi aumentar a ocupação do extremo oriente da União
Soviética, em especial ao longo da vulnerável fronteira com a China. Até
1928 não havia assentados na área e os judeus tinham firmes raízes no oeste da
União Soviética, na Ucrânia, na Bielorrússia e na própria Rússia. Assim,
chegara a haver propostas de assentar os judeus soviéticos na Crimeia ou em
áreas da Ucrânia, mas essas ideias foram postas de lado.
A geografia e o clima em Birobidjan eram inóspitos,
com muitos pântanos, os novos assentados teriam que construir tudo a partir de
quase nada.
“Durante os anos 30 foi feita propaganda massiva para que os judeus
aceitassem se assentar na região.”
Eram usados meios padronizados de propaganda
soviética, os posters de propaganda, filmes e representações em língua acerca
das maravilhas dessa utopia judia no extremo leste. Os panfletos eram lançados
por aviões sobre povoações judaicas na Bielorrússia, e foi produzido um filme em iídiche “à procura da felicidade”. Esse
filme contava a história de uma família judia que fugia da Grande depressão dos
Estados Unidos e ia para uma nova e bela vida em Birobidjan.
A medida em que crescia a população judia, também aumentavam as
influências da língua iídiche na região. Alguns dados sobre essa influência:
·
Um jornal em iídiche: Birobidzhaner Shtern (ביראָבידזשאַנער שטערן),
"Estrela de Birobidjan", foi fundado.
·
Uma trupe teatral foi
criada.
·
As novas ruas das
cidades passaram a ter nomes de autores iídiche como Sholom Aleichem e Y. L.
Peretz.
O
uso do iídiche foi incentivado e difundido e,
apesar de reações a essa tendência forçada, o jornal Birobidzhaner Shtern ainda
apresenta algumas seções em iídiche.
Valdgeym é um assentamento judeu dento do Oblast Autônomo
Judaico. Foi fundado em 1928 e foi a
primeira fazenda coletiva estabelecida no Oblast. Em 1980 foi aberta uma escola de iídiche no assentamento.
Há assentamentos também em Amurzet. Entre 1929 e 1939 essa cidade
foi o centro dos assentamentos judaicos ao sul de Birobidjan. A população de Amurzet ao final de 2006 era
de 5.213 pessoas. Outro assentamento antigo é o de Smidovich.
Hoje os membros da
comunidade judaica mantém as cerimônias do shabat,
cantam canções em iídiche, e
apresentam uma programação de rádio
sobre fatos históricos do povo e cultura judaicos. Porém muitos
descendentes dos fundadores dos assentamentos que para ali vieram no início do
século XX já deixaram a cidade natal; os que ficaram em Amurzet, em especial os que têm parentes em Israel, continuam a
aprender sobre as raízes a as tradições do povo judeu.
Em 1991 o Oblast Autônomo Judaico foi transferido da jurisdição do Krai
de Khabarovsk para o comando da Federação Russa, porém, agora quase todos judeus haviam partido e os que ficaram eram
menos que 2% da população. “Mesmo assim, voltou a ser ensinado o iídiche”, foi
revivida a radio nessa língua e também as seções em iídiche do jornal
Birobidzhaner Shtern.
Um documentário
filmado sobre a criação do óblast por Stalin, L'Chayim, Camarada Stalin foi
feito em 2003, mostrando sua história e também cenas e entrevistas com judeus
locais na atualidade de Birobidzhan.
Em Birobidjan hoje os
judeus são cerca de 5% do total de 75 mil habitantes.O governador Nikolay
Mikhaylovich Volkov declarou apoio a toda e qualquer iniciativa
das comunidades judaicas da região.
A Universidade Nacional Judaica de Birobidjan
trabalha hoje em cooperação com a comunidade judaica de Birobidjan, sendo uma universidade única no extremo leste da
Rússia. A base da educação está no estudo
do iídiche e da língua hebraica, da história dos judeus e no estudo dos textos
clássicos Judaicos.
Mais recentemente cresceu o interesse pelas raízes
judaicas entre os habitantes do óblast. Os estudantes aprendem a Iídiche e a
Língua hebraica na Escola Judaica e na Universidade Nacional Judaica de
Birobidjan. Desde 1989 o Centro Judaico
tem sua escola dominical onde crianças aprendem iídiche, danças folclóricas
judias e história.
Em Birobidjan
há muitas escolas estatais que ensinam iídiche, escola para instrução
religiosa e jardins de infância onde crianças de cinco a sete anos têm duas
aulas semanais de iídiche, aprendem canções, danças e tradições judaicas. Catorze
das escolas públicas devem ensinar iídiche e tradições judaicas.
A escola pública Menorah foi criada em 1991, com meio dia de currículo
iídiche e judaico para os pais interessados. Metade dos 120 alunos da escola fazem curso de iídiche, muitos dos
quais continuam na escola pública que também ministra cursos de meio dia de
iídiche e cultura judaica até o 12o ano de estudo. O iídiche também é disponibilizado para estudo no Instituto
Pedagógico de Birobidjan, num dos únicos cursos universitários de iídiche do
país.
Em 2007 ocorreu o Primeiro Programa Internacional de Verão de
Cultura e Língua Iídiche de Birobidjan, de responsabilidade do
professor Boris Kotlerman da Universidade Bar-Ilan.
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