Durante a Segunda Guerra
Mundial perderam-se 50 milhões de vidas humanas. Destas somente ouvimos falar
dos 6 milhões de judeus. Quem eram os 44 milhões de esquecidos, entre
combatentes, civis e aqueles considerados etnicamente inferiores?
“As
políticas genocidas dos nazistas resultaram na morte de quase o mesmo
número de gentios poloneses que o de judeus poloneses, tornando-os assim
co-vítimas dum ‘Holocausto Esquecido’.” — “The Forgotten Holocaust” (O Holocausto Esquecido), de Richard C. Lukas.
HOLOCAUSTO
—
o que significa? De acordo com alguns dicionários, foi o genocídio de Judeus
europeus, efetuado pelos nazistas, durante a II Guerra Mundial. Isto poderia
facilmente dar a impressão de que apenas os judeus sofreram e morreram às mãos
dos nazistas. Todavia, satisfazem-se à justiça e à verdade quando se aplica o termo
“Holocausto” apenas às vítimas judias da era nazista?
Declara o escritor Richard
Lukas:
“A palavra Holocausto sugere, para a maioria
das pessoas, a tragédia que os judeus enfrentaram sob os alemães, durante a II
Guerra Mundial. Dum ponto de vista psicológico, é compreensível que os judeus
prefiram, hoje em dia, que este termo se refira exclusivamente à experiência
sofrida pelos judeus. . . .
Todavia, por excluir-se
outros do Holocausto, os horrores que os poloneses, outros eslavos,
e os ciganos suportaram às mãos dos nazistas, são muitas vezes ignorados,
se não forem esquecidos.”
Lukas também declara: “Para eles [os
historiadores], o Holocausto limitava-se aos judeus, e eles, por conseguinte
tinham muito pouco ou nada a dizer sobre os nove milhões de gentios, inclusive três
milhões de [gentios] poloneses, que também pereceram na maior tragédia que o
mundo já conheceu.”
A Gula de Hitler Pelo Espaço
Vital
Quando os exércitos de Hitler invadiram a
Polônia, em setembro de 1939, eles tinham ordens de executar a política de
Hitler de conseguir o Lebensraum, espaço vital, para o povo alemão. Como
declara Richard Lukas: “Para os nazistas, os poloneses eram Untermenschen
(subumanos) que ocupavam uma terra que era parte do Lebensraum (espaço vital)
cobiçado pela superior raça alemã.” Assim, Hitler autorizou suas tropas a matar
“sem compaixão ou misericórdia, todos os homens, mulheres e crianças de
descendência ou de língua polonesa. Apenas desta forma podemos obter o espaço
vital de que necessitamos”.
Em setembro de 1939 tiveram início os
implacáveis horrores cometidos contra o povo polonês. Hitler havia dito: “A
guerra deverá ser uma guerra de extermínio.” Heinrich Himmler, sequaz de
Hitler, declarou: “Todos os poloneses desaparecerão do mundo. . . . É essencial
que o grande povo alemão considere que uma de suas principais tarefas é
destruir todos os poloneses.” Assim, o Holocausto não visava apenas os judeus
poloneses; visava “todos os poloneses”.
“Em todos os países ocupados, aplicava-se o
terror. . . . Mas, na Polônia, todo o mundo foi submetido a tal brutalidade, e
eram muito mais frequentes as execuções em massa, baseadas no princípio da
culpa coletiva, porque todo polonês, sem levar em conta a idade, o sexo, ou a
saúde, era membro duma nação condenada — condenada pelos arquitetos políticos
do partido e do governo nazistas”, diz Catherine Leach, tradutora do livro
polonês Values and Violence in Auschwitz. Ela declara que Himmler considerava
os poloneses como uma raça inferior, a ser mantida em servidão.
“Mesmo
depois da rendição da Polônia [em 28 de setembro de 1939], a Wehrmacht
[exército alemão] continuou a levar a sério a admoestação de Hitler, feita em
22 de agosto de 1939, quando ele autorizou matar ‘sem compaixão ou
misericórdia, todos os homens, mulheres e crianças de descendência ou de língua
polonesa’.” Como podia o exército alemão e as SS ser motivados a tal assassínio
sem compaixão? Por lhes ter sido profundamente inculcado o ensino da supremacia
da raça ariana, e da inferioridade de todas as outras. Assim, como Lukas
declara em The Forgotten Holocaust: “A teoria nazista do império colonial na
Polônia baseava-se na negação de humanidade para os poloneses, que, depois dos
judeus, eram os que Hitler mais odiava.”
“Política Demográfica
Negativa”
No
prefácio do livro Commandant of Auschwitz (Comandante de Auschwitz), disse o
Lorde Russell, de Liverpool:
“Durante
a guerra, é provável que nada menos de doze milhões de homens, mulheres e
crianças dos territórios invadidos e ocupados tenham sido mortos pelos alemães.
Numa estimativa conservadora, oito milhões deles pereceram nos campos de concentração.
Dentre estes, nada menos de cinco milhões eram judeus. . . . O total real,
contudo, jamais será conhecido.” Apenas à base de tais números, pelo menos sete
milhões de vítimas não eram judias.
Outro
testemunho é o de Catherine Leach, que escreve:
“A
Polônia foi o primeiro país a ser submetido à ‘política demográfica negativa’
de Hitler, cujo intuito era preparar os amplos territórios do ‘Leste’ para uma
recolonização alemã, e a Polônia sofreu as maiores perdas de vidas dentre todos
os países ocupados — 220 por 1.000 habitantes. Fontes polonesas declaram que
nada menos de
6.028.000 cidadãos poloneses. . . perderam a vida.”
Dentre
estes, 3.200.000 eram judeus. Isso significa que quase 50% dos poloneses mortos não eram judeus.
Indisputavelmente, houve um “Holocausto Esquecido” de milhões de
vítimas não-judias, notadamente de origem eslava. Estas incluem os milhões
de russos assassinados pelos nazistas. Tais russos não tiveram escolha. Em
razão da doutrina racial nazista, eles estavam inexoravelmente condenados à
morte.
Todavia, tais estatísticas não levam em conta
os milhares de alemães de origem não-judia que também sofreram quais vítimas do
Holocausto por ousarem opor-se a Hitler e sua filosofia racista quanto à
supremacia. Entre
estes achavam-se milhares de católicos e pessoas de outras religiões, que se
recusaram a colaborar com as pretensões militaristas de Hitler. Sim, dispersa por toda a Alemanha e pelos países
ocupados pelos nazistas, havia milhares de pessoas que fizeram uma decisão
deliberada que as levou aos campos de concentração, e, no caso de muitas, à
morte de mártir.