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terça-feira, 5 de outubro de 2010

PLÍNIO SALGADO, O CANDIDATO DO POVO.

O CANDIDATO DO POVO
Manoel Ferraz Hasslocher
(Diretor da Revista “Anauê!”)



Embora Plinio Salgado, Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira, tenha, mais de uma vez affirmado em artigos, livros, discursos e conferencias, que os regimens dictatoriaes só são
acceitos por povos barbaros, os adversarios ignorantes e inescrupulosos do Sigma ainda procuram atacar o movimento dos “camisas verdes” dizendo-o ser anti-democratico. Essa a pecha com a qual procuram comprometter o Integralismo perante o povo brasileiro. Porém o Chefe Nacional tem sabido com factos concretos, materiaes, destruir tal affirmação a todo momento fazendo os seus soldados participarem da responsabilidade de orientação e de direcção do movimento integralista. O plebiscito realizado no mez maio, é uma das provas mais
evidentes e tocantes de que o Chefe Supremo confia, de modo absoluto no criterio, no bom senso, na honestidade e na consciencia de seus commandados porque só a elles entregou a solução do gravissimo problema concernente á escolha de um candidato que, nas proximas eleições presidenciaes, deverá comparecer perante o eleitorado do paiz, desfraldando a bandeira
Azul e Branca dos principios fundamentaes da Doutrina do Sigma. Por isso, em todos os nucleos do Brasil, no mesmo dia e na mesma hora, os “camisas verdes” foram chamados a dizer, alto e bom som, sem constrangimento de qualquer especie, livremente manifestando o seu pensar, qual o companheiro que julgavam dever represental-os como candidato á Presidencia da Republica na
proxima jornada eleitoral. Esse o mais vivo e puro acto de fé e confiança democratica já
praticado entre nós pela Chefia de quaesquer dos movimentos ou partidos politicos em outros tempos existentes, ou que ainda actuem no scenario nacional. Eis porque não poderá haver
candidato mais democratico do que aquelle que se originou desse plebiscito. Pois este não é fructo de conchavos, de combinações partidarias, de accordo entre governadores representantes de
oligarchias regionaes, porém a verdadeira expressão do querer de mais de oitocentos mil brasileiros que o apontaram á Nação como digno e capaz de conduzi-la para o seu engrandecimento e gloria. Plínio Salgado é, portanto, o unico candidato do Povo. Sem contar com a protecção dos palacios, dos magnatas das altas finanças, dos chefetes eleitoraes, elle e os seus adeptos têm trabalhado com desinteresse e denodo, na realização da mais vasta obra de organização nacional até hoje planejada no Brasil. Obra essa que já vem sendo executada com grande exito por todos os quadrantes do paiz, atravez de centenas e centenas de lactarios, ambulatorios e postos medicos, escolas, restaurantes populares, centros de assistencia e muitas outras iniciativas que bem attestam o dynamismo e a efficiencia do pensamento politico e social da Acção Integralista Brasileira. E tudo isso é feito apenas com a collaboração e auxilio de brasileiros. Nem um nickel siquer, para tal fim, sahiu dos thesouros publicos ou das caixas fortes do Capitalismo Internacional. Esta a esplendida folha de serviços já prestados á nossa Pátria
por Plinio Salgado, a magnifica credencial com que milhares e milhares de brasileiros o indicaram á Nação na qualidade de legitimo representante do Povo, candidato que só ao Povo entrega
o destino da sua candidatura á Presidencia da Republica.

(Transcrito da Revista “Anauê!”, Rio de Janeiro, Anno III,
Numero 17, 1º de Julho de 1937, pág. 11. Foi conservada a grafia
do original.)

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VINICIUS DE MORAES FOI INTEGRALISTA?

Afinal, vestiu – ou não – a camisa-verde dos integralistas?



Poucos são os escritores, tanto poetas quanto prosadores, que merecem a atenção – uma desmesurada atenção – dos resenhistas ou noticiaristas da mídia, como o poeta, o cronista e autor de musica popular Vinicius de Moraes, atenção que culminou, há poucos anos, com a publicação de sua Poesia completa e prosa, volume imenso de 1.571 paginas, pela Nova Aguilar, em 1998, e que prossegue, incansavelmente, sem perspectiva de interrupção. Não se pretende, aqui, mergulhar na produção intelectual de Vinicius. A outros, e em melhor oportunidade, já foi dada esta chance, em paginas inúmeras de jornais de grande circulação, onde as suas mutações são devidamente avaliadas. Um momento, entretanto, da existência de nosso poetinha (como por muitos e denominado) merece aqui ser anotado: o que se encerra em seus primeiros livros, aos
quais Octavio de Faria dedicou a metade e uma substanciosa obra, a outra metade dedicada a Augusto Frederico Schmidt: Dois poetas. No volume da Nova Aguilar, essa fase e classificada como O sentimento de sublime e, por ela, Vinicius e associado ao grupo de intelectuais brasileiros prenhe da agonia católica, onde se agasalhavam vultos como o citado Schmidt, o próprio Octavio, Otto Lara Resende, Pedro Nava, etc...
Estamos na época pos-revolução de 1930, quando no Brasil uma juventude sequiosa de mudanças políticas e sociais se atirava febrilmente para compor as hostes da Ação Integralista Brasileira, cuja doutrina, o Integralismo, fora lançado por um escritor de projeção, Plínio Salgado, ou para os quadros do Partido Comunista Brasileiro, então em grande fermentação, juntamente com outros movimentos de esquerda que nãoaceitavam a submissão religiosa que seus acólitos votavam a Stalin. Foi o momento em que universitários da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, como San Thiago Dantas, Antonio Galotti, Vicente Chermont de Miranda também conviveram com Vinicius de Morais. Com uma característica, entretanto: quase todo grupo do celebre CAJU envergava a camisa-verde do Integralismo. O que acontece, porem, com Vinicius?
Vestiu ele – ou não – a camisa-verde?... Um depoimento taxativo, a nosso ver, soluciona o problema. Esta la, no livro de Joel Silveira e Genaton Moraes Neto, Hitler- Stalin, o pacto maldito (ed. Record, RJ, 1989. p.464), o depoimento do jornalista Pompeu de Souza, claramente escrito:
“Conheci companheiros nossos usando camisa-verde, como Neiva Moreira, San Tiago Dantas, Dom Helder Câmara. Depois que o tempo passa, a gente faz a síntese a partir da tese e da antítese e chega a seguinte conclusão: naquela época, as contradições e os problemas eram tão gritantes que quem tivesse caráter ou era comunista ou era integralista nesse pais. Eu não compreendia os integralistas; odiava-os e brigava com eles. E ate Vinicius de Moraes eu cheguei a conhecer de camisa-verde, embora depois ele negasse terminantemente. Mas eu conheci magrinho – e de camisa-verde” Vinicius de Moraes, então, se vestiu a camisa-verde, grande honra para ele, pois ela foi uma característica marcante na vida política e cultural brasileira de grande parte do século XX, marcando profundamente o ritmo histórico do Brasil. E se desistiu, no meio do caminho, embrenhando-se em rumo diferente, abandonando os seus companheiros, não há porque recriminá-lo: ele usufruiu de uma característica fundamental do ser humano – o direito de escolha.
Para o bem ou para o mal.
Autor: Gumercindo Rocha Dorea

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A HISTÓRIA DO JORNAL INTEGRALISTA AÇÃO.

O JORNAL INTEGRALISTA AÇÃO



O Jornal Ação (1936-1938), foi um periódico em formato de tablóide diário fundado em São Paulo pela Ação Integralista Brasileira (AIB). Seus principais diretores eram Alfredo Egidio de Souza Aranha e Miguel Reale. Este jornal como outros 87 periódicos faziam parte de um consorcio jornalístico denominado; ‘Sigma’ – ‘Jornais Reunidos’, subordinado à Secretaria Nacional de Propaganda e a Secretaria Nacional de Imprensa (SNI). O primeiro numero de Ação, editado a 7 de outubro de 1936, apresentava um editorial de autoria de Miguel Reale intitulado “O destino das maquinas”. Nele era mencionada que as impressoras Marinoni tinham “ritmos precisos” e representavam a “consubstanciação esplendida do poder da inteligência”, e que essa gráfica já servira a diferentes objetivos: “Agora, nesta mesma oficina, este mesmíssimo prelo vai ensinar outra linguagem, vai falar aos homens uma linguagem nova. Liberal anteontem, comunista ontem, Integralista hoje. Que seqüência maravilhosa na historia destas maquinas”. E prosseguia: “Este prelo d´ação não será usado para outro fim que não seja o da felicidade, educação e grandeza do Brasil”. Nesta primeira edição do jornal eram ainda homenageados os “heróicos operários integralistas vitimados pelas balas assassinas de comunistas covardemente entocaiados”,(largo da Sé, São Paulo, 7 de outubro de 1934), e era anunciado o fechamento da AIB na Bahia, com a observação de que “o enfraquecimento do integralismo representa uma vantagem para os comunistas”. A linha editorial de Ação era definida e reiterada pelos ideais integralistas. Assim é que desde o primeiro numero do jornal o Integralismo era reafirmado como um partido nacional, visto que neste ano a Ação Integralista Brasileira começava a deixar de ser um movimento cívico e cultura e passava a se tornar um partido político. Nessa mesma
primeira edição, o Chefe Nacional Plínio Salgado assinava um artigo em que afirmava: “Ate há pouco, no jogo das forcas políticas, levaram-se em linha de conta três grandes estados: São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. Agora pode-se dizer que apareceu um quarto grande estado, que é o Integralismo.” E mais adiante: “O partido nacional ‘constitui apenas um dos aspectos do nosso prodigioso movimento’, pois somos, alem disso, uma ‘ação cultural’, uma ‘ação educacional’, uma ‘ação social’. Duas eram as preocupações centrais da linha editorial de Ação: a promoção e reafirmação dos ideais integralistas, e o combate ao comunismo. Coerentemente ao programa da Ação Integralista Brasileira, o nacionalismo ocupava lugar de destaque nas paginas do jornal. Em setembro de 1936 (edição do dia 15), o jornal Ação publicou uma entrevista de Monteiro Lobato (simpatizante do Integralismo), na qual este afirmava: “A minha única esperança esta em vocês
Integralistas. A verdade sobre a nossa economia está nos livros de Gustavo Barroso.” O jornal Ação foi um importante instrumento para candidatura do Chefe Nacional Plínio Salgado, foi através das paginas do periódico que Plínio Salgado fazia abertamente campanha a Presidência da Republica: “O Integralismo não é ditadura, nem extremismo da direita, como alardeiam os ignorantes ou os de má-fé” (manchete da edição de 8 de dezembro de 1936). Outro exemplo de como foi utilizado o jornal para mostras a face democrática do Integralismo e o artigo assinado por Miguel Reale, “A democracia e o Sigma”, publicado na edição de 7 de maio de 1937, onde se lê: “A democracia sempre foi o nosso ideal. E foi por amor à democracia que repudiamos o liberalismo e o socialismo, que dela se têm servido como mero instrumento, ora para a prepotência das minorias plutocráticas, ora para a exploração demagógica dos sofrimentos populares.” Depois do golpe do Estado Novo (10/11/1937), a campanha anticomunista ganhou novo vigor. Em 11 de novembro o jornal informou que a AIB, a partir daquela data, transformava-se apenas num centro de estudos e educação moral, cívica e física. A partir de então, igualmente, a linha editorial de Ação colocou ênfase no noticiário internacional, com destaque para a Guerra Civil Espanhola. Em 23 de abril de 1938 circulou o ultimo numero de Ação (n.464), com direção de Miguel Reale, secretaria de Paulo Paulista e gerencia de Jose Ribeiro de Barroso, no artigo de fundo dessa edição não existe uma explicação para o desaparecimento do jornal, mas uma reafirmação da esperança do ideal semeado: “Esta tribuna vai desaparecer; nós não conversaremos mais com o Brasil através das colunas de Ação; porém, isso não significa que temos desaparecido: há no coração de todos nós uma chama sempre viva acalentando um ideal e o ideal não morre quando uma tribuna desaparece!”.

Fonte: Ação; CHASIN, J. Integralismo.

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Breve resumo sobre a História do Integralismo

RESUMO DA HISTÓRIA DO INTEGRALISMO



No começo de 1932, Plínio Salgado iniciou à articulação de diversos grupos nacionalistas fundando, no mês de Fevereiro, a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), reunindo intelectuais de pensamento nacionalista. O sucesso dessa iniciativa levou à criação, em Outubro daquele ano, da Ação Integralista Brasileira (A.I.B.).
O Manifesto Integralista lançado em 07 de Outubro de 1932, resume o ideário básico da nova organização: Espiritualismo, justiça social, nacionalismo, democracia, corporativismo, combate ao liberalismo (político e econômico) e rejeição ao socialismo. A A.I.B. apresentava uma estrutura hierarquizada, cabendo ao próprio Plínio Salgado, como Chefe Nacional, a liderança. A Ação Integralista Brasileira criou uma série de exterioridades, dotando o Movimento de uma Mística profunda e de uma unidade inquebrantável: O Sigma, letra grega, que simboliza o somatório de todos os valores nacionais; a Saudação Anauê, palavra Tupi, que significa “Tu és meu Irmão!”; o uniforme, a heróica Camisa-Verde; os diversos Rituais, como as Matinas de Abril, a Noite dos Tambores Silenciosos, e diversos outros; os Desfiles, etc. O lema “Deus, Pátria e Família” sintetiza perfeitamente o conteúdo doutrinário do ntegralismo. Nos anos que se seguiram à sua fundação, a A.I.B. teve rápido crescimento. Em Abril de 1933 realizou seu primeiro desfile público em São Paulo e em Fevereiro do ano seguinte reuniu seu I Congresso Nacional, em Vitória (ES).
Plínio Salgado era auxiliado por um Conselho Nacional, com funções consultivas, e por
departamentos nacionais. A Milícia Integralista foi extinta por Plínio Salgado em 1935. A A.I.B. possuía uma importante estrutura de imprensa, composta por diversos jornais e revistas, um órgão oficial, o “Monitor Integralista”. O principal periódico Integralista era “A Offensiva”, o maior jornal diário do Brasil e o primeiro a circular em todo o território nacional. A A.I.B. foi o primeiro partido político organizado nacionalmente no Brasil Republicano. O número de adesões foi imenso. Em 1937, quando foi ilegalmente fechada, contava com mais de um milhão e meio de filiados. Em 12 de Junho de 1937, a A.I.B. lançou Plínio Salgado como candidato à eleição presidencial prevista para Janeiro de 1938. A eleição, contudo, não se realizou em virtude do golpe do Estado Novo, em 10 de Novembro de 1937. Em Dezembro de 1937, Vargas decretou o fechamento de todos os Partidos Políticos, e entre eles encontrava-se a AIB. Em maio de 1938, os Integralistas, unidos as demais forças democráticas do País, tentaram derrubar o Ditador e restabelecer a Democracia e o Estado de Direito, mas a Revolução fracassou. A perseguição aos Integralistas foi brutal e selvagem, muitos morreram, outros foram superlotar as prisões da Ditadura. Plínio Salgado foi exilado em Portugal. Durante os anos do obscurantismo totalitário estadonovista (1937/1945), o Integralismo não esmoreceu, mesmo na clandestinidade continuou atuando, inclusive, criando organizações NÚCLEOS NTEGRALISTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO legalizadas, como a Cruzada Juvenil da Boa-Imprensa, o Auxílio às Famílias Empobrecidas, o Apollo Sport Club e outras.
Em 1945, pressionado pelo Integralismo e demais correntes democráticas do País, o Exército derruba o Ditador, pondo fim ao mais bárbaro e sanguinário Governo da História do Brasil. Em Setembro desse mesmo ano, os Integralistas fundam o P.R.P. - Partido de Representação Popular. O P.R.P., apesar de não ter conseguido o mesmo grau de popularidade da antiga A.I.B., obteve resultados político-eleitorais muito mais expressivos elegendo Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais e uma gigantesca quantidade de Prefeitos e Vereadores. Mas, o Integralismo não se limitou ao P.R.P., criando diversas outras organizações, de âmbito nacional ou regional: Instituto Brasileiro de Cultura, Guanabara Football Club, União Operária e
Camponesa do Brasil, Confederação dos Centros Culturais da Juventude, Associação Cívico-Cultural Minuano, etc. Também nessa fase, o Integralismo teve os seus periódicos como, por exemplo, os jornais “Idade Nova” e “A Marcha” e a revista “Avante!”. Em 1964, os Militares derrubam o Presidente Goulart, todos os Partidos Políticos são fechados (entre eles o P.R.P.), uma nova Constituição é promulgada, cassações políticas ocorrem, etc. Os Integralistas continuam suas atividades, mas, em associações civis políticoculturais. É fundada a Cruzada de Renovação Nacional, como reforço a atuação das organizações citadas no parágrafo anterior. São fundados novos jornais, como “Renovação Nacional” e “Renovação Trabalhista”, entre outros.
No dia 07 de Dezembro de 1975, falece em São Paulo o Fundador do Integralismo, Plínio
Salgado. Mas, o Movimento Integralista prossegue. Na década de 80, entre outras importantes iniciativas destacam-se a fundação da Casa de Plínio Salgado e a recriação da Ação Integralista Brasileira, cujas atuações adentram os anos 90. Surgem os jornais “O Integralista”, “A Voz do Oeste”, “Ação Nacional”, etc. Ainda na década de 90, cabe destacar a ação do Centro Cultural Plínio Salgado, em Rio do Ouro (São Gonçalo, RJ), que exerceu grande influência em todo território nacional. Variados periódicos circularam nesse período. O Século XXI abre-se com o Centro de Estudos e Debates Integralistas, pioneiro na utilização da Internet para a difusão da Doutrina do Integralismo. Em Dezembro de 2004, realiza-se em São Paulo, com o apoio da Casa de Plínio Salgado, um Congresso Nacional Integralista, onde é fundada a Frente Integralista Brasileira – F.I.B., que é na atualidade a única organização do Integralismo há nível nacional.
Pelo bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

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CARTA DE JUSCELINO KUBITSCHEK PARA PLÍNIO SALGADO.

Carta enviada a Plínio Salgado a respeito do seu livro “13 anos em Brasília” e a construção da nova capital Brasileira.



Meu caro Plínio.
Seu livro “13 Anos em Brasília” impressionou-me profundamente. A criticá-lo não me
atrevo, elogiá-lo será supérfluo. O livro impõe-se por dois fatores essenciais: o renome universal do Autor e a divulgação sócia-política de Brasília, irreversível desde que homens de seu porte moral e intelectual, com o conhecimento esmiuçado e sistemático dos problemas nacionais e
apoiaram sem restrições. Lendo o livro, ocorreu-me imediatamente outro, de ferrenho adversário nosso, “El imperialismo d”El Brasil” e que me foi oferecido pelo nosso comum amigo, Guimarães Rosa. O publicista boliviano percebeu um relance a significação de Brasília, pressentida desde o século XVIII e preparada pelo grito que você, meu caro Plínio, deu conclamandotodos para a marcha rumo Oeste. O seu livro não e um depoimento, mas, como diz muito bem, a interpretação de Brasília, no tempo e no espaço e o que você escreve a pagina 29 sobre a carga demográfica do mundo e o risco que ocorrem terrenos desocupados, os espaços ociosos, e a expressão da verdade, de uma observação que reflete o cruel realismo que dirige a historia Moderna, possuidora desses métodos sumários de destruição que são as armas
modernas. Todavia o seu livro não engloba apenas os problemas sociais, econômicos ou administrativos. Você vai alem e desce a minúscula admiráveis: frutas silvestres, o artesanato simples da terra e ate mesmo o som choroso das violas. A descrição de sua viagem lembra os roteiros que fazem a fascinação do leitor – e eu, tão generosamente citado por você, não sei expressar o que verdadeiramente sinto, a impressão que o livro me deixou e que vai ficar nas letras para a posteridade como a maior justificação de Brasília. Por tudo, por esse prazer do espírito e da sensibilidade, só posso agradecer-lhe abraçando afetuosamente com esta amizade que a cada dia se solidifica e aumenta.

Sinceramente,
Juscelino Kubitschek

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PORQUE ME ODEIAS?

PORQUE ME ODEIAS?
Por Plínio Salgado.



“Quero personificar singularmente em ti, patrício, o estado de espírito de outros, como tu mesmo, que de maneira tão cruel e agressiva, investem contra mim e contra aqueles que me acompanham neste esforço por edificar um Brasil Cristão, digno dos nossos antepassados e dos nossos descendentes. Quero fazer-te algumas perguntas, que a ti mesmo responderás sinceramente, naqueles instantes – se ainda os tens – em que a consciência do Homem se ergue, como um clarão, pairando acima das paixões e de todas as confusões perturbadoras da
serenidade da alma. Sim; a ti mesmo, e não a mim, nem a alguém, responderás honestamente, porque talvez não tiveste ainda ocasião de te propor as questões que agora te proponho, a fim de te ajudar, no segredo mais recôndito do teu coração, a raciocinar com justiça, deduzindo a verdade que, sendo uma só, pela sua unidade se torna o liame das almas, ligando-as pelo
sentimento de confraternidade que gera a Paz, a única Paz verdadeira. Em primeiro lugar, te perguntarei: tu me conheces realmente? Já me viste; já me ouviste, numa conversa cordial? Homens injustos pintaram-me aos teus olhos como um indivíduo rancoroso e violento, de áspera catadura e palavra contundente, inacessível a qualquer objeção e eriçado contra qualquer ponderação. Asseguro-te que esse retrato não é meu. Quem o diz são aqueles que, não me conhecendo antes, conheceram-me depois, manifestando-se surpresos e espantados pela total diferença entre a pintura feita pelos maus e a realidade que lhes foi posta diante dos olhos. É possível, portanto, que tenhas visto aquele retrato deformado e abstruso, como as imagens refletidas em espelhos côncavos ou convexos, desses com que se divertem as multidões nas feiras; mas nunca me viste no original. Pergunto-te, se tal caso se dá, o seguinte: achas justo,
achas honesto, lançares o veredicto do teu julgamento sobre um homem que pensas conhecer pelo fato de teres visto um retrato que não é o dele, um retrato confeccionado pelos seus inimigos? Como podes formar uma idéia de alguém com quem nunca falaste? Se o fizesses, verias em mim um modesto brasileiro, cuja simplicidade não provém de uma atitude estudada, mas exprime o próprio modo de ser dos caboclos humildes da nossa terra. Porque o que existe em mim é o que se pode encontrar em nossos patrícios do sertão: o amor a tudo o que se chama brasilidade, o apego as nossas tradições, o sentimento familiar e patriarcal inerente ao teor de vida das cidades do interior, o instinto de defesa da Nacionalidade e da Religiosidade patrícias, resultando tudo naquele senso de equilíbrio e de justas medidas ao qual repugna a demagogia que envenena as turbas e as agitações perturbadoras do ritmo tranqüilo e fecundo do trabalho nacional. É isto o que sou e como tal me conhecem os que me viram e ouviram os que observaram a minha vida de homem particular e de homem público. Se não me observaste a fundo, como podes emitir um juízo a meu respeito? E se o teu juízo não se baseia em realidades experimentalmente colhidas, por que te apóias num julgamento falso a tal ponto de me odiares sem me conheceres e odiares os que trabalham comigo, sem aprofundar no exame dos motivos que determinaram a adesão desses brasileiros às idéias que prego? Dirige estas perguntas a ti mesmo, confidencialmente, silenciosamente, e deixa que te responda não a tua paixão política, mas a tua consciência. As idéias que prego... Sabes quais são elas? Não me venhas dizer que sabes, pelo fato de haveres lido o que dizem delas aqueles homens sem consciência que as deturpam, deformam e até as substituem por outras idéias que nunca estiveram nem no meu
pensamento nem nas minhas palavras. A fonte verdadeira das idéias que prego e que propagam os meus companheiros neste apostolado cívico-político em que nos empenhamos, não pode ser outra senão os documentos em que expomos a nossa doutrina. Há mais de quarenta anos trabalho por nossa Pátria, e, trabalhando por ela, trabalho por ti, patrício, e pelos teus filhos. Nesse árduo labor, tenho procurado demonstrar, preliminarmente, que a crença em Deus e nos destinos sobrenaturais do Homem deve ser o fundamento de toda a ordem social. Responde-me, sinceramente: achas que, por esse motivo, meus companheiros e eu devemos ser odiados?
Se ainda acreditas que uma sociedade, uma pátria, um governo só pode realizar justiça e produzir administração honesta, tomando a Deus e aos destinos superiores do Homem como base de toda a sua ação, pergunto-te: como podes detestar-me e detestar os meus correligionários que outra coisa não fazemos senão proclamar e propagar essa verdade? Merecemos o teu ódio pelo fato de crermos em Deus e na existência, imortalidade, liberdade e responsabilidade da alma humana?
Acreditando em Deus que nos traçou leis imprescritíveis e na existência da alma do homem, logicamente pugnamos pela Liberdade, sem a qual o mesmo Homem não poderia escolher o seu caminho. O corpo do Homem, sendo matéria, não é livre, porque está sujeito às leis físicas, mas o Espírito do Homem é livre, porque independe da sujeição da matéria. Logicamente todo aquele que afirmar ser o Homem apenas um ser físico, de cujo mecanismo orgânico em funcionamento decorre uma inteligência mortal, simples superestrutura (como dizem os comunistas), todo aquele que se manifestar desse modo, materialista, não pode dizer que defende a liberdade humana. Só os espiritualistas podem e devem pugnar pela Liberdade. Essa a razão pela qual meus amigos e eu nos batemos pela Liberdade contra toda a espécie de despotismo, entre
cujas formas avultam o Estado Totalitário, seja o nazista, seja o comunista. Pergunto-te, agora, patrício: merecemos ser odiados por andarmos pregando a Liberdade contra a Opressão? Enquanto não sabias disso, podias justificar o teu ódio na falsidade que te apresentaram como realidade. Mas desde este momento em que chegaste a esta linha do meu escrito, já não tens direito de crer que meus correligionários e eu somos contrários à Liberdade. Seria um contra-senso em homens espiritualistas, um absurdo que a tua inteligência não pode aceitar. Medita sobre esse fato e responde a ti mesmo, com a mão na tua consciência. Depois, com absoluta imparcialidade, dirige-te a ti mesmo todas as perguntas que deixo implícitas neste artigo e outras que uma voz recôndita te formulará no íntimo do teu ser e responde patrício. Sim; responde enquanto é tempo e vem enquanto é possível. Porque se não responderes logo e não vieres ao meu chamado amigo, talvez que seja tarde para evitares as desgraças que pairam como uma nuvem ameaçadora sobre a tua Pátria, a tua Família e tua própria Pessoa!”. Nota: - Este foi o último artigo de Plínio Salgado, publicado no “Diário de São Paulo” em 14 de dezembro de 1975,
uma semana depois do seu falecimento, aos quase 81 anos de idade, na cidade de São Paulo.

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