Demônio/deus Mammon por Collin de Plancys.
Numa tirada que lembra os antigos provérbios,
afirmou certa vez Francis Bacon: "O dinheiro é como o adubo: só serve,
quando espalhado". O que o genial filósofo inglês quis dizer é que, se o
dinheiro não for usado a fim de promover o bem comum, não passará de um monte
de esterco.
É um deus que cheira mal.
Desgraçadamente, não são poucos os cristãos que,
desconhecendo o senhorio de Cristo sobre suas aquisições materiais,
transformaram-nas num crudelíssimo e perverso ídolo. Sem o saberem, estão a
adorar o estúpido Mammon.
I. Quem era/é Mammon?
No Sermão do Monte, o Senhor Jesus foi mais do que
explícito quanto ao correto uso das riquezas terrenas: "Ninguém pode
servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará
a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mammon" (Mt 6.24).
Não está aqui o Senhor dizendo que o cristão não
pode ter bens materiais. O que Ele deixa bem claro é que não podemos servir às
riquezas como se estas fossem um ídolo. Mas delas devemos nos servir para
adorar a Deus e amparar os mais carentes (1 Jo 3.17).
Os que se fazem servos do dinheiro não o têm apenas
como senhor de sua vida, mas como o deus de toda a sua existência. É por isso
que o dinheiro era visto pelos contemporâneos de Jesus como o abjeto Mammon,
cujo nome provém de uma palavra aramaica que significa homem da riqueza. Por
conseguinte, Mammon é a riqueza que se opõe a Deus, e conscientemente
ignora-lhe o senhorio.
Quem na verdade era Mammon? É provável fosse ele
originário da mitologia caldaica. Alguns o identificam como o senhor das
riquezas e o deus dos avaros. De uma forma ou de outra, o Senhor Jesus
adverte-nos, e com energia o faz, a que não sirvamos as riquezas. Se o
fizermos, estaremos desagradando a Deus.
II. O que são as riquezas?
Antes de buscarmos uma resposta teológica, vejamos o
que nos diz a economia sobre a riqueza. Pode ser esta definida como tudo o que
pode satisfazer as necessidades humanas - bens e serviços. Temos de convir não
estar esse conceito distante daquilo que encontramos logo no primeiro livro da
Bíblia (Gn 1.26-30).
Ora, se Deus colocou tudo quanto existe à nossa
disposição, por que haveríamos de considerar as riquezas superiores àqueLe que
nos enriquece de todos os bens materiais e espirituais? Ajamos assim e cairemos
nos mesmos pecados daqueles gentios retratados por Paulo no primeiro capítulo
de sua Epístola aos Romanos.
A Bíblia diz que tudo quanto existe é nosso:
"Porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo,
seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós,
de Cristo, e Cristo, de Deus" (1 Co 3.22). Como isso é consolador!
Possuamos pouco ou muito, somos possuídos por aquele que tudo possui (Ag 2.8).
Tudo aquilo que o Senhor permitiu viéssemos a ter
usemos para a sua glória e para militar o sofrimento dos mais necessitados.
III. Como se deve usar as riquezas?
Certa vez ouvir falar de um piedoso empresário
americano que, prestes a entregar um cheque de 200 mil dólares a uma agência
missionária, recebeu a notícia de que a sua indústria acabara de ser destruída
por um incêndio. Naquele momento, ele rasgou o cheque, e pôs a preencher outro.
Ato contínuo: entregou-o ao responsável por aquela agência que, supreendido,
perguntou-lhe:
- Irmão, a sua indústria acabou de ser destruída, e
mesmo assim o senhor nos abençoa com um milhão de dólares?
Sim! Deus acaba de me dar um recado; nada é meu;
tudo é dEle.
O interessante é que aquele indústria não estava no
seguro. Mas todos os bens espiritais daquele homem, principalmente a sua vida,
achavam-se plenamente assegurados por Deus.
Vejamos a seguir, como devemos fazer uso das
riquezas que o Senhor, em suas infinitas provisões, nos concede dia após dia
(Mt 6.11).
1. Dízimos e ofertas. Através de nossos haveres e
bens materiais, demonstremos ao Senhor que lhes reconhecemos o senhorio sobre a
nossa vida e sobre tudo que dEle recebemos. É desnecessário lembrar que o
dízimo é um mandamento divino e não está restrito à Lei Mosaica. Pois Abraão,
que viveu mais de 500 anos antes da decretação da Lei, adorou a Deus com os
seus dízimos (Gn 14.20). O mesmo faria o seu neto (Gn 28.22).
Àqueles que alegam ser o dízimo exclusivamente da
Lei Mosaica, deveriam ter em mente um pressuposto bíblico-teológico mui
elementar; 1) Abraão entregou os seus dízimos a Melquisedeque que representava
a ordem sacerdotal de Cristo (Sl 110.4); 2) Melquisedeque, aliás, representava
o próprio Cristo (Sl 110.4); 2) Melquisedeque, aliás, representava o próprio
Cristo: "Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o pattriarca
Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o
sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus
irmãos" (Hb 7.4,5); 3) Ora, se até Levi, na pessoa de seu ancestral,
Abraão, pagou dízimos ao Senhor Jesus (tipologicamente representado por
Melquisedeque) por que haveríamos nós de negar os dízimos a Deus, consagrando-os
a Mammon?
Cuidado! O que é de Deus não se retém. Pois se Ele
retiver a menor de suas provisões todos pereceremos. Lei com atenção Malaquias
3.9,10. O profeta não fala apenas de dízimos; fala também de ofertas. Isto
significa que o dízimo, na vida do cristão, deve ser o referencial mínimo e
obrigatório. O cristão realmente fiel não se limita a dizimas; sabe ele também
ofertar com liberalidade (Rm 12.8). Lembre-se: milhões de preciosas almas, por
quem Cristo Jesus morreu, estão dependendo de nossos dízimos e ofertas. Você
sabe o preço de uma alma?
2. Nossa subsistência. A fim de que o nosso dinheiro
seja realmente abençoado, é mister que, além de sermos fiéis dizimistas,
sejamos bons administradores. Um mal administrador acabará por ser um péssimo
dizimista. Por isso, todas as vezes que você por assediado por ímpetos
consumistas, ouça a pergunta do profeta: "Por que gastais o dinheiro
naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode
satisfazer? (Is 55.2)
Cuidado com os gastos exagerados! Deus tem
compromisso com a nossa subsistência, e não com os luxos e oferendas que muitos
depositam aos pés do perverso Mammon. O cristão que for sábio haverá de se
safar das armadilhas proporcionadas pelos cartões de crédito, cheques especiais,
agiotas etc.
Deus quer que todos os seus filhos tenham uma vida
tranqüila e abençoada. Peça-lhe, então, que o ajude a administrar os seus
recursos.
3. Filantropia cristã. Não se esqueça de ajudar os
mais necessitados. Você sabia que Paulo, antes de ser comissionado a fazer
missões, recebera como tarefa socorrer os mais necessitados? É o que lemos em
Atos 11.30. Dos desvalidos jamais se esqueceria (Gl 2.10).