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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Templários e Maçonaria


Gustavo Barroso*

(...).


Para se ter uma compreensão nítida do que foi a Revolução Francêsa, que abre o periodo que denominamos Imperio do Capricornio, isto é, simbolicamente, Imperio da Confusão, dos Instintos, da Animalidade, precisamos recuar no tempo até a Ordem dos Templarios. O espirito religioso e social da Idade-Média, informada pelo Feudalismo e pela Igreja, floresceu admiravelmente na instituição da Cavalaria. Os cavaleiros cristãos que combatiam pela Cruz, que perseguiam os máus, que endireitavam os tôrtos, que vingavam os agravíos, que venciam os bruxêdos, que domavam os monstros e que aspiravam um lugar á Tavola Redonda ou ajoelhar-se aos pés do Santo Graal, formavam como que uma Ordem religiosa Universal. Daí, com o tempo, o aparecimento no seu seio das Ordens Monásticas Militares, entre as quais a dos Templarios, defensores do Templo, chegou ao fastigio da riqueza e da influencia politico-social. Por é no ámago dessa Ordem, expressão exponencial da Cristandade, que o nemrodismo secreto vai, propositalmente, depôr suas larvas de infamia. E disso decorreria, através dos séculos, um encadeamento de causas e efeitos que levaria a sociedade ocidental ao apcoalipse revolucionario.

Se não, vejamos:

No começo do seculo XIV, a Ordem dos Templarios, fundada em 1118 por Hugo de Payens, possuia dez mil senhoríos e ilimitado poder. A disciplina de seus membros perante as autoridades civis e religiosas era uma simples afetação. Êles visavam o dominio do mundo, impulsionados da sombra por espiritos reveis á autoridade do Trono e do Altar. Uma velha tradição os dá como cristãos-joanitas, isto é, descendentes diretos de pretensos fieis de S. João e não de S. Pedro e S. Paulo. No recesso de seus castelos roqueiros, praticavam a goetia, a magia negra(3). O maniqueismo oriental os invadira, quando a Ordem estivera na Palestina, em contáto com os judeus cabalistas e os sectarios do Velho da Montanha. Sobre êsse facto não resta a menor dúvida histórica(4). O dualismo de Manés é, pelo seu antagonismo primordial, a completa negação do Princípio de Unidade, portanto de qualquer sintese religiosa e social.

A lenda do Bóde Preto, que o povo julga existir nas lojas da Maçonaria atual, provem do culto prestado pelos Templario a um idolo de cabeça de bóde, deante do qual o cavaleiro professo prestava seu juramento de obediencia, renegando a Nosso Senhor Jesus Cristo(5). Intitulava-se Bafomet. Êsse Capricornio da Dissolução e da Anarquia, enfeitado mais tarde com o manto ensanguentado dos Imortais Principios, levou a humanidade ao abismo da Grande Guerra e continúa a receber oblatas de seus adoradores(6).

Antes que a Maçonaria Templaria pudesse dar na Europa o grande golpe politico que premeditava, sobre ela pesou a mão de ferro dum dos maiores soberanos do Ocidente, o rei Felipe o Belo de França. De surpresa, comendadores, bailíos e cavalaieors fôram presos por todo o reino, na noite de 12 para 13 de novembro de 1307. Instruidos pelo monarca francês, os reis da Sicilia, de Castela, de Aragão, da Inglaterra, de Chipre, os principes flamengos e italianos fizeram o mêsmo. A conspiração da ordem social destruiu assim a conspiração da desordem. O concilio de 1311 proclamou a abolição da grande Ordem. Até essa data arrastou-se o minucioso processo iniciado com as prisões e devassas havia quatro anos. Nada foi feito de afogadilho. Houve muito tempo para colher provas, receber defesas, fazer agir empenhos e aclamar paixões. Todavia só em maio de 1311 foi queimado vivo o primeiro condenado para escarmento e intimação dos cavaleiros presos, que recalcitravam em confessar os crimes que lhes eram imputados. Seguiram-se, depois, outras execuções. O Grão Mestre, Jaques Molay, somente foi levado á fogueira a 18 de março de 1313, data do calendario anterior a Carlos IX. Suas cinzas - diz uma tradição - fôram recolhidas pelo cavaleiro Aumont e sete companheiros, todos disfarçados em pedreiros (maçons), nascendo daí a Maçonaria... Desta maneira, "imensa sociedade secreta se constituiu sobre as ruinas do Templo"(7).

(3) "Levitikon ou Exposé des Principes Fondamentaux des Chrétiens Catholiques Primitifs" - Clavel - "Histoire Pittoresque de la Franc-Maçonnerie" - "Manuel des Chevaliers du Temple" - Th. de Cauzons - "Histoire de la Magie et de la Soorcellerie en France".
(4) Mignard - "Preuves du Manicheïsme dans l'Ordre du temple".
(5) O bóde-preto, o Bafomet, era beijado in virga virilis ey in fine spinae dorsalis. _ Henri Martin - "Histoire de France" - Jules Gavirot "Histoire de la Magie en France".
(6) Henri-Robert-Petir - "La dictadure des loges". - Paraf - "Israel-1931".
(7) Stanislas de Guaita - "Le Serpent de la Génèse".

BARROSO, Gustavo. Quarto Imperio. Rio de Janeiro: José Olympio, 1935. Transcrito das páginas 99, 100, 101 e 102. Foi conservada a grafia do original. O título da Postagem é de nossa Autoria, mas, inspirado no Texto.

* Gustavo Barroso (1888-1959), dispensa apresentações. Apenas assinalamos que foi, no Brasil, o mais preparado opositor da maçonaria. Aqui no Blog já publicamos o seu A Maçonaria.

Você quer saber mais?

http://www.integralismo.blogspot.com

Poesias Integralistas- PALAVRAS AO MAR

PALAVRAS AO MAR

Marcus Sandoval


Eu não gosto de ti, és maior do que eu
Na cólera, na raiva e na maldade!
Se, às vezes, fico a olhar a imensidade
Das tuas águas, tremo e peço ao Céu
Que te extingua!

Tu não cantas - regougas!
Tu não choras - blasfemas!

Se nas praias, nos dias de verão,
Te mostras esplendoroso,
É para lamber os corpos nús
Li...bi...dinoso!

Traiçoeiro,
Das cem mil galeras que destroças,Assasinas cem milh~es de marinheiros.
Covarde!

E dizem que tu amas,
Que vives enamorado de alguém
Que te não quer,
Porque és mau!

Nunca mitigaste a sêde de ninguém,
Cruel!

- Eu amo a límpida corrente,
Que se oculta medrosa,
Que canta e chora, que soluça e geme,
Que dá de beber aos que têm sêde,
Que acaricia a face austera
Dos barrancos e das ribanceiras!
Que beija os pés das crianças
E lava roupa com as lavadeiras...

A essa, sim, oh! velho Mar, eu amo!
Porque detesto os orgulhosos e os tiranos!

(SANDOVAL, Marcus. Água da Fonte - Poesias Escolhidas. Rio de Janeiro: [s.ed.], 1944. Transcrito das páginas 76 e 77).

Poesias Integralistas-Na São Paulo de Ontem

Victor Emanuel Vilela Barbuy*

Manhã. Sol. Gotas de orvalho. Sobre as flores do jardim.

Jardim modesto de meu sobradinho.

Um aeroplano passa voando pelo céu de translúcido azul.

Um bonde leva namorados para "pic-nics" na Represa de Guarapiranga.

Em Santo Amaro. O meu Santo Amaro. De onde vem este vento fresco.

Centro da Paulicéia. Rua XV de Novembro. Passantes apressados.

Jornaleiros. Um almofadinha passa numa baratinha. Fon-fon.

Charretes. Carroças. Bondes. Mais baratinhas. Um Rolls-Royce.

É de um grã-fino. Paulista dos quatro costados. Quatrocentão.

Frisa no Municipal. Palacete nos Campos Elíseos. Estilo neoclássico.

Jardins italianos. Gárgulas. Chafariz. Ciprestes. Móveis vindos de França.

Lustres de cristal de Baccarat. "Aubussons". "Gobellins". Jarrões de Sèvres.

Se dirige ao Automóvel Clube. O "chauffeur" é italiano.

Bairro operário. Chaminés cospem fumaça. Apitos.

Um vassoureiro passa com seu pregão. "Liberté, égalité, vassouré".

Crianças brincam. Amarelinha. Um fonógrafo. Ecoa a voz de Caruso.

Verdi. "Rigoletto". "La donna è mobile". Outro gramofone. Chora um tango.

Argentino. Triste. De volta ao Centro. Arranha-céus.

Quando ficar pronto o Martinelli será o maior arranha-céu.

Fora dos Estados Unidos. São Paulo não pára.

É a Chicago da América do Sul. Maior centro industrial. Da América Latina.

A cidade que mais cresce no Mundo.

E o Conde Matarazzo é o italiano mais rico do Mundo.

E o homem mais rico fora da Pátria de Lincoln. E de Ford. E do fox-trot.

Tarde. Avenida Paulista. Plátanos. Palacetes suntuosos.

Trianon. Moças elegantes. Alunas de Madame Poças Leitão.

Palacete mourisco. Uma linda turquinha passeia no jardim.

Palacete renascentista. O filho do Cav. Uff. sai numa Isotta-Fraschini.

O pai da turquinha começara como mascate.

E o Cav. Uff. como colono. Quase escravo. Numa fazenda da Mogiana.

Jardins. Os bairros. "Bungalows". "Chalets". Alamedas. Arborizadas.

Escurece. Noite. Estrelas. Jaci. Garoa. Frio.

Um "rendez-vous" perto da velha Academia.

Jazz-band. Charleston. Maxixe. Luzes de néon. Polacas.

Francesas. Champanha. Charutos. Cigarros. Piteiras.

Teatro Municipal. Reminiscências. 22. A Semana. Pinturas.

Poesias. Vaias. Aplausos. Futurismo.

Saudades. Infância. Santo Amaro.

O cemitério. Bento do Portão. A Igreja. O Largo.

O casarão imortalizado por Paulo Eiró.

Praça Floriano. A nossa casa. Roseiras.

Na janela tinha um limoeiro que vivia carregado.

Mais lembranças. Minas. Alterosas. Sertão. Oeste.

Oeste. Alto São Francisco. A cidadezinha da mãe.

Casarões coloniais. Igrejas. Fazendas.

Brejos. Saracuras. "Três pote'. Três pote'".

Ainda mais lembranças. Tosse. Sangue.

Trem. Montanha. Um rancho na Mantiqueira.

Araucárias. Pedra do Baú. Casas baixas. Caboclos.

Modinhas de viola. Cigarros de palha. Inverno.

Frio quase siberiano. Geada. Primavera. Floradas.

Pessegueiros. Pereiras. Cascatas. Pinheiros.

Morte do Bezerra. Colega de quarto e de doença.

Cemitério. Ciprestes em fila. Viúva. Choro. Coroas de flores.

Cura. Volta pra casa. Paro de recordar. Amanhece. Fim.

* Σ - São Paulo - SP. Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira - FIB.

Poesias Integralistas- E POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS...


Versos aos que vacilam

Mayrink

Desta luta sem fim, ninguém deserta!

Trazes as mãos de sacrifícios cheias:

Não é possível que afinal descreias

da Vitória do Bem – porque ela é certa!



Como se faz a um caramujo, aperta,

no ouvido d’alma, a Pátria – e, em tuas veias,

sentirás saudades das cadeias

e a voz dos Mortos te dizendo – Alerta!



Por sobre o tremedal do conformismo,

atira a tua Fé no Integralismo

- puro e distante como a luz de um astro:



Eu só posso enrolar a bandeira,

a que entreguei uma existência inteira

- para crucificar-me no seu mastro...

(Transcrito do Boletim “O Idealista” – Ano 1 – Abril – Maio – Junho de 1987 – Nº 3 – pág. 2)

Poesias Integralistas

A Revolução Necessária

Mayrink

Despe a camisa verde - imediatista,

incapaz da renúncia do presente:

Nem por mudar uma camisa, a gente

conseguirá fazer-se Integralista...

Quem a vestiu, sonhando uma conquista

ambiciosa, iludiu-se, totalmente:

- O soldado de Deus não traz em mente

nenhuma presunção personalista...

Integralismo é a escola da humildade:

- Cristo pregando a reforma interior,

na Judéia do egoísmo e da vaidade...

Despe a camisa verde, da revolta

que não sentiste - ó mísero impostor...

Anula-te a ti esmo... e depois volta...

(Transcrito do Nº 1 da Revista Anauê!, Janeiro de 1935, Ano I)