Louis Althusser foi o
exemplo acabado da mente gnóstica, o superlativo absoluto simples do
gnosticismo teórico do século XX. Althusser defendeu sempre o estalinismo e o
“marxismo científico” ― mesmo depois de Karl Popper ter demonstrado, através do
princípio da falsificabilidade, que o marxismo não é uma ciência (assim como a
psicanálise não é uma ciência) porque não é possível a sua refutação (1), mesmo
depois do relatório K. ter oficialmente exposto os crimes estalinistas, mesmo
depois das denúncias e dúvidas de Merleau Ponty e Sartre em relação ao sistema
soviético, mesmo depois da verificação dos Gulag e do testemunho de
Soljenitsyne, mesmo depois da evidência do fracasso económico da URSS… e mesmo
depois da queda do muro de Berlim!
Para Althusser, o marxismo
eliminou a distinção entre o sujeito e o objeto (mas não eliminou o sujeito de
Althusser) e ele viu na teoria de Karl Marx aquilo a que ele chamou de “prática
teorética”, que consiste no desfasamento entre o conhecimento e o objeto a
conhecer ― segundo o conceito dele em relação ao pensamento de Karl Marx, todo
o processo de conhecimento é realizado no mundo do pensamento e sem qualquer
contato com o objeto real a conhecer; Althusser recusa a verificação empírica
das teorias científicas (“ciência” aqui entendida segundo o método positivista
das ciências da natureza), exatamente em reação ao princípio da
falsificabilidade de Karl Popper. Althusser fechou-se no seu mundo e no seu
dogma, e de tal forma que perdeu o juízo e acabou por estrangular a sua mulher
em 1980.
Uma das características da
mente gnóstica moderna é a constante insatisfação com a realidade que se traduz
em uma perene tentativa de escapar à realidade. Normalmente, o drogado mete
heroína na veia para fugir à realidade; o gnóstico revolta-se sistematicamente
contra a realidade, seja ela qual for…
Em função da sua permanente
insatisfação com a realidade, o gnóstico moderno atribui essa sua insatisfação
à “maldade do mundo”, ou à “imperfeição do mundo”. Para o gnóstico, o mundo
pode e deve ser perfeito ― ele acredita que é possível a salvação em relação a
essa maldade (ou a essa imperfeição) do mundo dentro do espaço-tempo que
condiciona a nossa existência. Essa radical e alienante insatisfação em relação
ao mundo leva o gnóstico à convicção profunda de que o mundo é essencialmente
mau, o que o leva ao desejo de salvação terrena através do conhecimento das
estruturas internas desse mundo maldito e tenebroso.
No intuito de se conseguir a
salvação do Homem neste mundo, o gnóstico defende que a única forma de a
conseguir é através da mudança da ordem do ser através de um processo histórico
(ver «A ideia de “progresso” e do “presente autoritarista”»), ou seja, alterar
a essência e a natureza humana através de imposições de fora para dentro em
relação ao ser humano (vulgarmente chamadas de “engenharias sociais” a que
assistimos hoje na esquerda portuguesa).
As engenharias sociais ― que
traduzem a crença na mudança da ordem do ser através de um processo histórico ―
são, para o gnóstico moderno, possíveis através do esforço humano, nem que seja
à custa do sacrifício ― e mesmo da eliminação física ― de centenas de milhões
de pessoas. A mente revolucionária ou gnóstica esteve na origem de cerca de 200
milhões de vítimas só no século XX ― mais do que todas as vítimas de convulsões
sociais e guerras entre o século III a.C e o século XIX. Nesse sentido, e
através das engenharias sociais, a mente gnóstica acredita que possui a fórmula
mágica ou o conhecimento necessários para tornar possível a salvação do Homem
na Terra e a criação de um paraíso celestial terrestre.
(1) O conhecimento
científico, embora verificando dados que se tornam quase certos, produz teorias
que são científicas precisamente porque não são certas: as teorias científicas
são sistemas de ideias que trazem consigo a possibilidade da sua refutação e
constituem crenças de um grau superior ― crenças que transportam a dúvida no
seu próprio princípio.
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