Violência e expansão
internacional marcam a máfia albanesa
Quando se fala em máfia, países como Itália, Rússia e
Japão são rapidamente lembrados por seus grandes e famosos grupos mafiosos.
Poucos, porém, se lembram ou até mesmo têm conhecimento de que na pequena
Albânia, no leste europeu, a máfia não é menos perigosa.
Atuando na Europa, Estados Unidos, Ásia e Oriente Médio,
a máfia albanesa está envolvida com o tráfico sexual, de armas, drogas e
órgãos. A forte ligação com grupos islamicos faz com que muitos cogitem um
possível tráfico de alguma arma de destruição em massa, em parceria com países
árabes. Já os vínculos mantidos com as máfias italianas é uma das grandes
fontes de renda dos criminosos albaneses que enviam, principalmente, mulheres e
drogas ao sul da Itália.
Os princípios
da máfia albanesa, também chamada de “Bajrak” são
baseados em um código de honra surgido no século XV, que regia as famílias da
região. Tal código conhecido como Canon é, basicamente, sustentado por um
pensamento que pode ser descrito pela máxima “palavra
dada, palavra cumprida”. A prática de vinganças era legitimada
pelo código, o que acabou sendo adotado pelos clãs mafiosos albaneses, que hoje
são conhecidos por suas violentas vinganças que ajudam a implantar uma cultura
do medo no país com cerca de 5 milhões de habitantes, e a espalhar seus
domínios e barbáries a países vizinhos como Kosovo, Macedônia e Montenegro.
A atuação da máfia fora do território albanês aumentou na
década de 90, após a queda do comunismo no país. As gangues rapidamente se
espalharam pela Europa e
continuaram avançando, chegando a atuar até mesmo nos Estados Unidos. Em
entrevista à CNN, Chris Swecker, diretor assistente da Divisão de Investigação
Criminal do FBI afirmou que os outros grupos mafiosos com os quais já havia
lidado são muito mais sofisticados e menos violentos do que a máfia albanesa.
De acordo com Chris, 15 das 24 famílias mafiosas que atuavam nos Estados Unidos
foram presas, e diz que as 9 restantes terão o mesmo fim. Além disso, há uma
investigação especial feita pelo FBI para descobrir se há algum tipo de
financiamento ao terrorismo de militantes muçulmanos feito por essas
organizações criminais.
Na Europa, policiais ingleses estimam que mais de 75% dos
bordéis são controlados pela máfia albanesa, assim como boa parte das casas
noturnas do badalado bairro londrino Soho, movimentando mais de 15 milhões de
libras por ano. Glasgow, Liverpool e Cardiff também são centros controlados, em
grande parte, pela máfia albanesa. As vítimas do tráfico sexual, geralmente
mulheres vindas do Leste Europeu, não denunciam seus opressores mesmo quando a
polícia garante protegê-las. Algumas poucas corajosas relatam os abusos
sofridos: estupros, espancamento e falta de comida. A ameaça, ou melhor,
promessa mais constante é de que se elas tentarem escapar terão suas famílias
dizimadas. Estima-se que só na Grã-Bretanha mais de 20 mil mulheres são
mantidas como escravas sexuais pela máfia albanesa. Muitas são exclusivamente
prostitutas virtuais, incluindo garotas de apenas 14 anos. Um oficial da
Scotland Yard chegou a dizer ao The Times que nunca viu nenhum grupo como as
gangues albanesas, e que eles chegam a ser viciados em violência.
Em Kosovo, a máfia albanesa se aproveitou do complicado
processo de independência do país para criar um comércio de tráfico de órgãos.
Seis centros de detenção foram encontrados no interior da Albânia, onde eram
mantidos prisioneiros sérvios e kosovares. De acordo com governantes suíços que
fizeram a denúncia, mesmo após a rendição da Sérvia em 1999, tais centros foram
mantidos para tortura e retirada de órgãos. Os órgãos são posteriormente
vendidos no mercado negro.
As acusações apontam uma aliança entre a máfia albanesa e
o Exército de Libertação de Kosovo (UCK), além do envolvimento de atuais
governantes do país, aliás, o primeiro ministro de Kosovo, Hashum Thaci é
acusado de ser chefe de um dos grupos mafiosos da Albânia.