As lendas são
estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos.
Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da
fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou
sobrenaturais.
Os mitos são
narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da
antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de
explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas
do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e
alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Os deuses,
heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar
sentido à vida e ao mundo.
Boitatá
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como Fogo que Corre.
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como Fogo que Corre.
Também conhecido
como "fogo que corre", o boitatá, no folclore brasileiro, é uma
grande cobra de fogo. Este bicho imaginário foi citado pela primeira vez em
1560, num texto do padre jesuíta José de Anchieta. Na língua indígena tupi, "mboi" significa cobra e
"tata" fogo.
A lenda no Norte
e Nordeste
De acordo com a
lenda, o Boitatá protege as matas e florestas das pessoas que provocam
queimadas. O Boitatá vive dentro dos rios e lagos e sai de seu “habitat"
para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas. De acordo com esta
lenda, o Boitatá possui a capacidade de se transformar num tronco de fogo.
A lenda no
Sul
Numa lenda do sul
do Brasil, a explicação para o surgimento da Cobra de Fogo está relacionada ao dilúvio (história bíblica que
fala sobre a chuva que durou 40 dias e 40 noites). Após o dilúvio, muitos
animais morreram e as cobras ficaram rindo felizes, pois havia alimento em
abundância. Como castigo, a barriga delas começou a pegar fogo, iluminando todo
o corpo.
Em 1560 registrou o Padre José de
Anchieta:
"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior
parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer
cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se
vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente
os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com
certeza." (in:
Cartas, Informações, Framentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio
de Janeiro, 1933).
No
folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os
campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar
também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e
florestas.
A
causa desse mito pode ser explicada com uma reação química, ossos de animais,
como bois, cavalos etc. que são ricos em fósforo branco, que é um material
inflamável (diferente do fósforo vermelho que é usado como medicamento), se
aglomeram em um lugar, o osso começa a se decompor, e sobra apenas o fósforo.
Quando um raio ou faísca, entra em contato com os ossos semi-decompostos causa
uma enorme chama.
A
palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de
fogo (tata), sendo Mbãetata em sua lingua original. Pensaram entao, em juntar
as duas palavras (mboi e tata) para transforma-las neste mito: Boitatá.
Na
obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com este nome que
descreve bem o que seja a lenda. Há registro de que a primeira versão da
história foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo
tupi Mbaetatá - coisa de fogo.
A
ideia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, "Veio a imagem da
marcha ondulada da serpente". Foi essa imagem que se consagrou na
imaginação popular Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem
dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece
deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura
aparece da seguinte maneira: um touro de "pata como a dos gigantes e com
um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".
A
versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa região, narra a lenda
que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma
enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram
para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que
vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em
busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na
escuridão.
Decide
comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los
vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo
transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo,
boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu
muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem
encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até
enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar
parados, sem respirar. E de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra
apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas
matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor
das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa,
protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura,
sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.
Ainda
hoje, esta lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada,
inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por
exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”, de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta
história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio
Boitatá.
A
serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá
com a Mula-sem-cabeça”, onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários
seres do nosso folclore. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o
ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações
como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão,
"Uaná, um curumim entre muitas lendas", em que a serpente, também
comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações
divertidas como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo,
conseguiu colocar uma foto sua na internet.Apesar do tamanho gigante, a
serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”.
Também
José Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no gênero
feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens,
quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais.
Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de
boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.
Explicação científica:
Pesquisadores
afirmam que esta lenda está associada aos incêndios, que ocorrem
espontaneamente em função da queima de gases oriundos da decomposição de
material orgânico.
Referências:
Anchieta,
José de. Carta de São Vicente (X), em Cartas, informações, fragmentos
históricos e sermões, v.3 das Cartas jesuíticas. Rio de Janeiro,
Civilização brasileira, 1933, p.128
Lopes Neto, João Simões de. Contos gauchescos e lendas do sul. 3ª ed. Porto Alegre, Globo, 1965.
Magalhães, Couto de. O selvagem. Rio de Janeiro, Tipografia da Reforma, 1876, p.138
• Silveira, Valdomiro. Mixuangos. Rio de Janeiro, 1937
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