Estima-se que, em 1348, um
terço da população europeia tenha sido dizimada pela peste negra.
►A
origem e a propagação da peste negra: Durante a Idade
Média, várias enfermidades, como a tuberculose e a disenteria, provocavam
muitas mortes. Mas nenhuma teve tanto impacto quanto a peste negra. A doença é
causada pela bactéria Yersinia pestis, que é transmitida ao ser humano por meio
de pulga que se contaminam ao parasitar roedores que alojam a bactéria.
Inicialmente se acreditava que a peste negra teria se originado na China, no
início do século XIV. Acompanhando as rotas terrestres utilizadas para o
comércio, como a famosa Rota da Seda, a peste teria se disseminado da Ásia
Central até o Império Bizantino, atingindo sua capital, Constantinopla. Hoje
defende-se que a epidemia teria surgido na Ásia Central e entrado na Europa
através das rotas de caravanas. Do porto de Constantinopla, os navios que
transportavam mercadorias para a Europa levavam também muitos ratos, cujas
pulgas estavam contaminadas pela bactéria. Foi essa uma das vias pelas quais a
peste negra alcançou os portos europeus, entre 1348 e 1352. Na época, não se
conheciam os mecanismos de contágio da peste negra. Por isso, embora a doença
não tenha escolhido um grupo social específico, as camadas sociais mais
poupadas foram aquelas que dispunham de melhores condições de saneamento e
higiene ou seja, os mais ricos.
►A
grande fome: Entre 1315 e 1317, a produção agrícola
europeia, que já era insuficiente, ficou ainda mais distante das necessidades
alimentares da população. O esgotamento do solo, as fortes chuvas que
castigaram a Europa em 1314 e 1315 e o clima mais frio foram as principais
razões das más colheitas. A epidemia encontrou a população desnutrida e com o
sistema imunológico fragilizado. A crise agrícola atingiu todas as camadas
sociais. Como consequência das más colheitas, o preço dos cereais,
principalmente do trigo, aumentou e a
população urbana sofreu com o desabastecimento e o aumento do banditismo. Nos
campos, os senhores feudais passaram a explorar mais intensamente os
camponeses.
►As
consequências da peste negra: Diante do avanço da peste,
as pessoas procuravam se isolar. Para isso, as cidades evitavam a entrada de
estranhos, especialmente os oriundos das zonas mais afetadas. Testemunhos da
época, no entanto, relatam atitudes de solidariedade. Várias pessoas se
ofereciam para cuidar dos doentes ou para enterrar os mortos, mesmo sabendo do
risco que corriam. A peste negra provocou a destruição de comunidades inteiras
e um grave desequilíbrio social e econômico. Calcula-se que, até o ano de 1390,
a peste tenha vitimado entre 20 e 25 milhões de pessoas na Europa, o que
equivale a um terço da população do continente na época. As principais
consequências dessa tragédia foram a redução ainda maior da atividade econômica
e o desabastecimento, tanto no campo quanto na cidade, promovendo mais miséria.
Mesmo depois de a epidemia abrandar, milhares de europeus continuaram morrendo,
atingidos principalmente pela fome.
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responsável: Maria Raquel Apolinário. São Paulo: Moderna, 2010.pp.78-79.
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