O quê é História?
História é o que o historiador diz do passado. O passado é diferente de
História, toda História é uma construção baseada na interpretação do passado
que é feita pelo historiador e os fatos passados podem ser vistos de maneiras
diferentes (interpretações).
Tempo Histórico: Tentar
compreender o outro de acordo com seu tempo, ou seja, colocar-se na visão do
individuo que vivia os acontecimentos tratados naquele período da História. Não
podemos entender a visão de um legionário romano do século VI como se ele fosse
um soldado do exército do Brasil. Temos que nos colocar no tempo e espaço do
individuo histórico.
Fatos Históricos:
Marcam a transição de um período para outro. Exemplo: 476 d.C, a queda do
Império Romano do Ocidente marcou o inicio da Idade Média (476 d.C – 1492 d.C). Em 1789, a Revolução Francesa
marcou o fim da Idade Moderna (1492 d.C,
queda de Constantinopla – 1789 d.C, Revolução Francesa) e inicio a Idade Contemporânea (1789 d.C – dias
atuais). Não existe uma divisão certa da História o que existe são rupturas
e continuidades. Os povos que avançam primeiro se viam no dever de inserir os
atrasados no seu meio, o que houve na colonização europeia na África e na
América.
Dois argumentos da Teoria
História: 1º
A História constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo.
Esses discursos não criam o mundo, mas dão significado ao mundo. A parte do
mundo que a História investiga é o passado. Passado e História são coisas
diferentes. 2º Dada à
distinção entre Passado e História, como conciliar as duas
coisas? O historiador tenta entender o
passado, mas o objeto de investigação está ausente na maioria de suas
manifestações, pois só restam vestígios do passado. Contudo, pode muito bem ser
que esse esclarecimento sobre a distinção entre passado e História pareça coisa
vã. Talvez você pense: “E daí? Que importância tem isso?” Permita-me oferecer um exemplo de por que é importante entender a
distinção entre passado e História:
►Passado e História: O passado já
aconteceu. Ele já passou, e os historiadores só conseguem trazê-lo de volta
mediado por veículos muito diferentes, de que são exemplo os livros, artigos,
documentários, filmes etc., e não como acontecimentos presentes. O passado já
passou, e a História é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos à
obra. A História é o ofício dos historiadores. Quando os historiadores se
encontram, a primeira coisa que perguntam uns aos outros é: “No que vocês estão
trabalhando?” Esse trabalho, expresso em livros, periódicos etc., é o que você
lê quando estuda História. Isso significa que a História está, muito
literalmente, nas estantes das bibliotecas e de outros lugares. Assim, se você
começar a fazer um curso de História espanhola do século XVII por exemplo, não
vai precisar ir ao século XVII nem à Espanha; com a ajuda de uma bibliografia (Uma bibliografia é uma lista estruturada de referências a livros ou
outros documentos, designadamente artigos de periódicos, com características comuns, como por exemplo, o mesmo
autor ou o mesmo assunto), vai, isto sim à biblioteca. É ali que está a
Espanha do século XVII, catalogada, pois aonde mais os professores poderiam
mandar você estudar? Claro, você poderia ir a outros lugares onde é possível
encontrar outros vestígios do passado – por exemplo, aos arquivos espanhóis.
Mas, aonde que vá, sempre terá de ler/interpretar. Essa leitura não é
espontânea nem natural. Ela é aprendida (ou seja, dotada de significado) por
outros textos. A História (historiografia) é uma construção linguística
intertextual (feita por meio de vários textos, vindo de fontes diferentes).
Não
quero dizer com isso que nós simplesmente inventamos histórias sobre o mundo ou
sobre o passado. Pelo contrário ainda que tenhamos essa vasta gama de
interpretações, também possuímos o estudo de campo na História, aonde o
historiador vai de encontro a locais históricos, sítios arqueológicos e áreas
de patrimônio histórico e cultural aonde o mesmo tem acesso a fontes matérias,
mas não existirá uma interpretação do passado 100% neutra, pois cada
historiador possui suas linhas pensamento e influências de sua própria
realidade.
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JENKINS, Keith. A História
Repensada. São Paulo: Editora Contexto, 2001. pp.23-35.
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