Bandeira da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Criada oficialmente por meio de decreto do dia 12
de novembro de 1836, não apresentava o brasão e era quadrada. Imagem: Vexilologia.
De 1835 a 1845, o Sul do Brasil foi tomado por uma Revolução,
cujo foco foi a então província de São Pedro do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul)
que tomou o nome de Revolução Farroupilha, cujas origens se devem às insatisfações da população quanto às
políticas imperiais e acabou por fazer surgir a República Rio-Grandense.
De acordo com alguns historiadores, a bandeira farroupilha foi
desenhada em Buenos Aires, por Tito Lívio Zambeccari, republicano italiano que
lutou no Rio Grande do Sul , ao lado de Bento Gonçalves. No livro História da
República Rio-grandense do historiador
Dante de Laytano, o autor diz que a
bandeira foi desenhada por João de Deus, um republicano paulista.
Muito se discute o significado da bandeira adotada, a opção da
cada um vai de acordo de como se vê o movimento revolucionário, mas parece
correta a interpretação que diz que eram as cores da bandeira Imperial
separadas pelo vermelho da Guerra e da república, mostrando assim mais um cunho federalista do que secessionista em si.
A bandeira era quadrada e não apresentava o brasão da
República Rio-grandense, foi criada oficialmente por meio de decreto do dia 12
de novembro de 1836 , assinado por Gomes Jardim e Domingos José de Almeida.
Com o
fim da revolução farroupilha, ante o armistício assinado com as forças
imperiais a bandeira não caiu em
esquecimento, há registro de seu uso numa brigada de voluntários gaúchos na
Batalha de Tuiuti (24.05.1866) na Guerra
do Paraguai, que foi a maior batalha campal da América do Sul e em que os
aliados foram vitoriosos.
Símbolo da
então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, usada nos navios mercantes. Imagem: Vexilologia.
Consta ainda, como símbolo da
então Província de São Pedro do Rio Grande os galhardetes ditos
de registro, que indicavam a província de origem dos navios mercantes
brasileiros, tal informação consta do álbum da Marinha francesa “Pavillons”, de
1858 (Album des pavillons, guidons et
flammes de toutes les puissances maritimes).Esses galhardetes tinham a
forma retangular, aproximadamente 1:16 e eram confeccionados de
simples padrões
geométricos representando bandeiras de sinal, lembrando muito as atuais
flâmulas de Fim-de-Comissão que são hasteadas no tope do mastro principal
navios.
Em algum momento tais
bandeiras passaram a ser adotadas, extra-oficialmente, como bandeiras
provinciais, ganhando proporções semelhantes às da bandeira imperial, tal
discussão, se as províncias do Império tinham bandeiras especiais, perdura até
hoje aberta, fato é que no Museu Histórico Nacional constam quinze bandeiras
numeradas de número 36 até 50 da Coleção de Carlos Piquet com a rubrica
“bandeiras das antigas províncias do Império”, hoje na reserva técnica daquela
instituição.
Clóvis Ribeiro na sua
obra “Brazões e Bandeiras do Brasil” explica que tais bandeiras eram na verdade
hasteadas no Morro do Castelo (Centro do Rio de Janeiro) quando entrava na
barra da Baía de Guanabara em navio proveniente da província de origem;
diversos argumentos podem desfazer essa idéia, é improvável que tais bandeiras
tenham guardado única e exclusivamente essa função, tendo em vista que muitas
chegaram ao período republicano.
É de se notar que, quase
certamente, tais bandeiras tenham sido extra-oficialmente adotadas em
algumas da províncias de origem como símbolos particulares das
mesmas, o que, contudo, não parece ser o caso do Rio Grande do Sul, ante a
força do símbolo farroupilha.
Sobre o brasão da então república rio-grandense, este era
assim descrito:
“Um escudo em lisonja partida em pala de sinople. Em um
paralelogramo de ouro, inscrito na parte média do escudo, um barrete frígio
vermelho, sobre um punhal ou sabre, posto em pala, tendo aos lados dois ramos
de louro e de erva mate. Na parte superior do escudo, uma roseta amarela e
outra na parte inferior. Aos lados da lisonja, assenta sobre uma colina verde,
duas colunas amarelas, também assentadas sobre colinas verdes. O todo é
inscrito (inserido), num oval azul orlado de amarelo. Ao redor desse brasão,
são vistos os troféus de armas e quatro bandeiras republicanas, sendo duas de
cada lado, tal como a criada pelo decreto de 12 de Novembro de 1836.”
Não havia portanto o listel com os dizeres “ Liberdade,
Igualdade e Humanidade” nem as inscrições “república Rio-grandense” “20 de
setembro de 1835”, que só aparecem no
brasão oficializado em 1891.
Bandeira do Estado do Rio Grande do Sul, pós Revolução Farroupilha. Imagem: Vexilologia.
Assim os relatos de eventual bandeira farroupilha com o
brasão, seria representado ao lado, muito embora, repise-se, não há nenhum
documento que afirme que a bandeira revolucionária tenha, em algum momento,
adotado o brasão ao centro.
A
bandeira farroupilha, com adoção do novo brasão de armas, foi prevista pela
Constituição Estadual de 14 de julho de 1891, no parágrafo único do título VI;
como não havia forma definida para a referida bandeira, haviam algumas
variações como abaixo elencadas:
Com o período da bandeira única, as bandeiras estaduais
ficaram suprimidas, só retornando após 1946, no caso do Rio Grande do Sul a mesma foi reoficializada
pelo artigo 237 da Constituição Estadual
de 8 de julho de 1947, que assim rezava:
“Art.
237 - O Estado terá como insígnia oficial o pavilhão tricolor da República do
Piratiní, e adotará igualmente o Hino Farroupilha.”
Insígnia do Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Imagem: Vexilologia.
Não há menção ao brasão
central, este artigo somente foi regulamentado em 1966, antes disto,
oficialmente a bandeira gaúcha deveria ser como acima, muito embora, extra
oficialmente, continuasse a ter o brasão ao centro.
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Incrível! Te acompanho por e-mail e percebi que esse blog é pura cultura geral! Muito bom mesmo...
ResponderExcluirSeguindo com o "construindo história" e aprendentdo...
Parabéns!!!!
Beijo carinhoso.