Números egípcios. Imagem: O Egito Antigo.
Para Pitágoras, o
número mais importante de todos era o dez,
constituído da soma de um, dois, três e quatro. Isso é expresso geometricamente
como um triângulo referido como “tetraktis sagrada”. A tetraktis, também
conhecida com década, é uma figura triangular que consiste de dez pontos distribuídos em quatro fileiras: um, dois, três e
quatro pontos em cada uma.
A tetraktis sagrada de Pitágoras. Imagem: Construindo História Hoje.
Os
pitagóricos acreditam que as maravilhosas propriedades da tetraktis são a fonte e a
raiz da natureza eterna. Em essência, é a expressão da realidade metafísica
e o “mundo
ideal” de Platão. O juramento
pitagórico inclui uma referência à tetraktis; eles juram por:
“ele que deu à nossa família a Tetraktis,
que contém a Fonte e a Raiz da Natureza eterna”.
De
acordo com West, a tetraktis grega pode ser vista como a Grande Enéade egípcia
manifesta e desmitologizada. Embora não seja necessariamente
um avanço em relação ao conceito egípcio da Enéade, a tetraktis grega é uma
forma de tentar entender os diversos
significados por trás da Enéade.
A
forma triangular da tetraktis representa a progressão
aritmética da criação do abstrato e absoluto ao concreto e diferenciado. O lado esquerdo do triângulo (1, 2, 4 e 8)
simboliza o movimento
da vida
a partir da unidade absoluta.
O lado direito (27, 9, 3 e
1) representa a elevação da consciência e o retorno à unidade absoluta.
Em essência, é a descrição de tudo (o universo) surgindo do nada. Antes de qualquer coisa existir havia O UM, um ponto geométrico, uma existência adimensional.
Quando o ponto se moveu, uma reta foi criada e o adimensional se tornou unidimensional.
Quando a reta se moveu, um plano (ou superfície) emergiu e, então, existiam duas dimensões.
Quando a superfície se moveu, um sólido emergiu e com ele uma realidade tridimensional.
Por essa razão, representado na tetraktis estão quatro planos da existência, do
adimensional ao tridimensional.
Platão
trabalhou em cima das primeiras interpretações da tetraktis. Ele acreditava que
os objetos do
mundo natural eram parte de uma realidade maior que incluía um mundo abstrato,
ao que ele se referia como “Forma” (no pensamento moderno, essa forma seria o mesmo que uma ideia). A natureza de um objeto não era seu
formato ou a matéria da qual era constituído, mas sua essência – sua verdadeira
Forma. Para Platão, essas formas eram o conhecimento que existe fora da mente
humana.
Interpretando
a tetraktis segundo a teoria da Forma, os
planos dois ao quatro representam níveis da existência. O segundo plano representa a existência absoluta de formas no qual as ideias são divinas e eternas, no qual o “SER”
acontece. O quarto plano representa a manifestação física das formas no
qual uma forma torna uma coisa, e era referido como o “âmbito do tornar-se”. O terceiro
plano é um intermediário ou “ESTADO ENTRE”
os planos dois e quatro. O plano três é onde as almas existem,
misturando, assim, estados de abstração como mundo concreto. Entretanto, o
plano um, a fonte de tudo, é indescritível. Esse nível da
realidade é à base da progressão do abstrato para o concreto.
Embora
a tetraktis Sagrada seja claramente uma elucidação de Pitágoras, não é
exclusivamente um conceito pitagórico. Como o mais sábio entre os antigos
sábios, Pitágoras, segundo várias
histórias, viajou o mundo à procura de sabedoria. Depois de aprender tudo o
que podia dos sábios gregos, foi ao
Egito, por volta de 535 AEC, com uma carta de apresentação de Polícrates, o
tirano de Samos. De acordo com o neoplatônico Porfírio, do século II, foi negada
continuamente a Pitágoras admissão nos “Mistérios de Ísis”, o currículo de ensinamentos elevados para sacerdotes e
nobres. Entretanto, um sacerdote em Tebas finalmente aceitou e ele completou os
ritos necessários.
Recentemente,
houve considerável pesquisa histórica sobre a relação entre os gregos e os
egípcios durante o primeiro milênio AEC. Em sua monumental obra Black Athena, vol. 1 (1987), Martin
Bernal apresenta a história de como os acadêmicos ocidentais forjaram para a
Grécia o papel de progenitora da civilização. No volume 2, ele descreve as
evidências arqueológicas e documentais mostrando que a verdadeira fonte do conhecimento e
civilização foi o Egito Antigo. Embora nem todos os eruditos
concordem com sua tese, está claro que existiu de fato uma relação e que os antigos egípcios exerceram influência
durante a construção do estado grego.
Leandro Claudir
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MALKOWSKI,
Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens Pré-históricas.
São Paulo: Cultrix, 2010.
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