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domingo, 28 de outubro de 2018
Construindo História Hoje é mais Brasil!
domingo, 21 de outubro de 2018
As melhores histórias da mitologia Asteca, Maia e Inca.
Comecei
agora a ler o livro “As melhores Histórias da Mitologia Asteca, Maia e Inca de
A.S Francini e é incrível tal como a mitologia Asteca (Mexica) a similaridade
de seus mitos com personagens e inclusive histórias presentes na Europa e
Oriente Médio. Histórias sobre um dilúvio universal que extinguiu a última
civilização humana anterior a nossa, águas de um rio que se abrem para o povo
sagrado passar (etnia quiche Maia), um rei asteca monoteísta que prega o fim
dos sacrifícios humanos e o culto a um único Deus, o mesmo constrói um templo
sem ídolos dedicado ao deus único e espiritual. Um deus branco chamado Votan
pelos maias (tal qual o Wotan germânico), o deus civilizador Quetzalcoatl
(para os Astecas) e Kukulcan (para os Maias) um deus que veio de Tula no
oriente pelo mar e para lá retornou prometendo voltar. Tula a cidade que
ninguém consegue localizar seja na geografia mitológica ou factual.
São
tantas as similaridades com histórias que conhecemos serem baseadas no Velho
Mundo que chega a ser um disparate não considerar um contato anterior a 1492,
seja pelos Vikings ou outro povo. Uma grande "coincidência" foi que a chegada de Hernaz Cortez na América Central coincidiu com o ano do retorno de Quetzalcoatl, a serpente emplumada, um deus asteca que prometeu retornar ao seu povo após partir. Isso se deu no ano de 1519 da era Cristã que coincidiu com o calendário asteca de 52 anos cíclicos!
Leandro Claudir Pedroso
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AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA
domingo, 7 de outubro de 2018
Música tema do Construindo História Hoje
Música de banda militar escocesa tocada com gaitas de fole e tambores durante o festival de verão em Edinburgh na Inglaterra em 2013. Música tema do Construindo História hoje!
Mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. (Continuação)!
Para
os egípcios, o maior mistério de todos era a
“transformação” (o número nove)
do Criador de Não visto para Visto, o Um que se manifesta como muitos. Essa
transformação foi revelada através de sucessivos estágios: Atum (ou Rá) em Heliópolis,
Ptah em Mênfis, Toth em Hermópolis e Amun em Tebas. Segundo o
Papiro de Qenna do Museu de Leyden,
escrito durante a décima oitava dinastia:
“Os
deuses ao todo são três: Amun, Rá e Ptah, que não têm iguais. Aquele cuja
natureza (literalmente, “cujo nome”) é um misterioso, sendo Amun; Rá é a
cabaça, Ptah o corpo. Suas cidades na terra, estabelecidas para sempre são:
Tebas, Heliópolis e Mênfis (estáveis) para sempre. Quando uma mensagem vem do
céu, é ouvida em Heliópolis, repetida em Mênfis para Ptah, e transformada em
carta escrita com letras de Toth (em Hermópolis) para a cidade de Amun
(Tebas)”.
Essa
ideia de mensagem representa o progresso da “transformação” de Céu para Terra. Porque Heliópolis era considerada o “ouvido do coração”, foi lá que a
mensagem do ouvida. Nos textos sagrados, como o Sol era tido como o coração do
sistema solar, então Heliópolis era o coração do Egito, a cidade do Sol. O nome
Heliópolis, como é usado nos textos funerários, significa “a origem absoluta
das coisas”, o que não quer dizer que isso se referia estritamente à cidade
física de mesmo nome. Quando se diz em textos egípcios: “vim de Heliópolis” ou
“vou para Heliópolis”, significa que “eu
procedo do início” ou “estou
retornando para a Fonte”.
Segundo
os ensinamentos em Heliópolis, o Um
que iniciou a “transformação“
é Atum, cujo nome significa “tudo” e “nada” e representa o potencial
de criação imanifesto. Atum é “um” com Nun,
que é o oceano cósmico e indefinível. O primeiro ato de Atum foi se
distinguir de Nun, conforme é descrito na mitologia egípcia. Assim que Atum (o Todo ou Absoluto) tomou
consciência de si, emergiu de Nun como a colina primordial e criou Shu, o princípio de espaço e ar, e Tefnut, o princípio do fogo, que,
segundo os textos da Pirâmide de Saqqara, ele cuspiu para a existência (os
textos da Pirâmide de Saqqara são um conjunto de hieróglifos, datando da quinta
e da sexta dinastias do Antigo Império,
aproximadamente 2350 a 2175 AEC, e
que foram inscritos nas paredes das pirâmides, embora se acredite que tenha
sido composto muito antes, por volta de 3000 AEC).
Em
outra versão, ele se autocriou projetando o seu coração, formando os oitos
princípios primários conhecidos como a Grande
Enéade de Heliópolis. A Grande
Enéade era composta pelos nove grandes deuses osirianos: Atum, Shu,
Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Seth
e Néftis. O termo também é usado para descrever o grande conselho de
deuses e também como uma designação coletiva para todos os deuses. Osíris,
Ísis, Seth e Néftis representam a
natureza cíclica da vida, morte e renascimento, sendo que nada disso é
dissocidado de Atum, segundo os Textos da Pirâmide.
Atum
representa a “Causa” inescrutável. Pode ser pensado em termos do conceito
ocidental de deus. A partir dele tudo foi criado. Está no topo da Enéade. Dele,
todos os demais princípios do universo emanam. De Atum nasceram Shu
(ar/vento) e Tefnut (água/umidade), os elementos mais importantes para
a vida, representando o estabelecimento da ordem social. Shu apresenta o
principio da Vida e Tefnut, o principio da ordem. De Shu e Tefnut, foram criados Geb e Nut, terra e céu. De Geb nasceu o Sol. Quando Nut e Geb
encontraram Tefnut, ocorreu a escuridão. De Nut e Geb nasceram Osíris, Ísis, Seth e Néftis.
A
aplicarmos os quatro princípios (umidade, dualidade, conciliação e o conceito
de matéria), Osíris representa a
encarnação e reencarnação, vida e morte, que é renovação. Seth é o princípio de oposição, ou
antagonismo.
Esses
acontecimentos da criação têm lugar fora dos limites do tempo terreno, além da esfera temporal. Ocorrem no
céu, não na terra. De acordo com Schwaller, esses mistérios não são para serem
entendidos pelos processos de raciocínio da inteligência mental. É um mistério que não é compreendido pela
mente racional e só pode ser percebido pelo que os simbolistas chamam de
“inteligência do coração”. Trata-se de fato, do mistério primordial
de deus e sua criação, Atum, que se tornou um, dois, e assim por diante até
chegar a oito.
“Eu
sou Um que se transformou em
Dois. Eu sou Dois que se transformou em Quatro. Eu sou Quatro que se transformou em Oito. Depois disso eu sou Um”.
Dois. Eu sou Dois que se transformou em Quatro. Eu sou Quatro que se transformou em Oito. Depois disso eu sou Um”.
Sarcófago de Pentamon, Museu do
Cairo, [artefato] n°1160.
Cairo, [artefato] n°1160.
Essa
manifestação ou proliferação de um em
muitos, que ocorreu em Heliópolis, é
o princípio abstrato da criação. Em Mênfis, Ptah leva mais longe essa abstração e traz para a Terra fogo
do céu. Em Hermópolis o fogo divino começa a interagir com o mundo terreno. Em
Tebas, a reiteração desses três processos é combinada em um, representado pela tríade de Amun.
Segundo
John Anthony West, em Serpent in the Sky,
a Grande Enéade emana do Absoluto, ou “fogo
central”. Os nove neteru
(princípios) são contidos pelo Um (o absoluto), que se torna
tanto um e dez, e é a simbólica semelhança da unidade original. A Grande Enéade é a repetição e um retorno
à fonte, que é vista na mitologia egípcia como Hórus, o divino filho que
vinga o assassinato e desmembramento do seu pai, Osíris.
Os egípcios propugnavam uma
filosofia holística, natural, que descrevia a criação do homem não como um ser
lançado num mundo perigoso e violento, mas como a encarnação do divino num
sentido espiritual. O homem era o Cosmo
e o papel do indivíduo era de perceber isso, para alcançar a eternidade. Pitágoras
compreendeu essa filosofia e descreveu-a de maneira muito coerente em seus
escritos e ensinamentos. Os egípcios falavam disso na forma de mitos que
encerravam uma verdade espiritual.
Leandro
Claudir Pedroso
Referências:
MALKOWSKI,
Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens Pré-históricas.
São Paulo: Cultrix, 2010.
Mitologia egípcia com misticismo numérico.
A
história mítica de Hórus e Seth
caracteriza as estruturas rítmicas da dualidade.
Das menores parcelas da realidade – o
próton e o elétron – à vida orgânica e a nós, humanos, homens e mulheres – há um ritmo constante de dualidade na vida
natural. É assim que o mundo funciona, tanto o animado quanto o inanimado. O próton atrai o elétron para criar uma
realidade física. O macho e a fêmea,
de toda a vida animal, são atraídos um pelo outro para assegurar a continuidade
da vida. A dualidade está contida dentro da unidade absoluta. Eis o significado do número dois.
Todo o ser humano experimenta essa dualidade já que o mundo natural reflete
isso com a divisão em macho e fêmea de toda vida orgânica. Contudo, essa
divisão deve encontrar conciliação,
como fizeram Hórus e Seth. Essa conciliação é representada no número três.
O número três
representa a relação e a conciliação entre a causa absoluta (um)
e a dualidade (dois) que ela cria de si mesma. Existe meramente em um plano espiritual. Com esse decreto
filosófico existe uma inegável associação entre causa e dualidade. Podemos
entender isso como o que poderíamos chamar
de “efeito”. Esforçamo-nos a valer para afetar pessoas e
acontecimentos, muitos de nós por meio de preces ou pensamentos positivos
quando as ações diretas não são ou não podem ser bem-sucedidas. Os antigos
egípcios comportavam-se do mesmo modo. Em vez de chamar de prece ou pensamento
positivo, eles chamavam a isso de magia.
O número quatro,
representando a ideia do mundo material, era recorrente no simbolismo egípcio – as
quatro regiões do céu, os quatro filhos homens de Hórus, o quatro filhos de
Geb, os quatro canopos nos quase os órgãos dos mortos eram depositados no
funeral. Segundo o mito egípcio, Geb se casou com sua irmã Nut, a deusa do céu,
sem a permissão do poderoso deus sol, Rá. Rá ficou zangado com Nut e Geb que
forçou o pai deles, Shu, o neter do ar, a separá-los: por isso a terra é
separada do céu. Além disso, Rá proibiu que Nut tivesse filhos em qualquer mês
do ano. Felizmente, Toth, o divino escriba, decidiu ajudar e induziu a Lua a
jogar damas com ele, sendo que o prêmio era a luz da Lua. Toth ganhou tanta luz
que a lua foi obrigada a acrescentar cinco novos dias ao calendário oficial. E
Nut e Geb tiveram quatro filhos:
Osíris, deus dos mortos, Seth, deus do caos, Ísis, deusa mãe e feiticeira, Néftis, deusa do lar.
O entendimento do número
cinco, ou vida, pelos egípcios, pode ser visto no conceito do
homem consciente, unido com o Absoluto e alcançando unidade com a Causa (deus).
Ele se tornaria uma estrela, e “se
tornaria um na companhia de Rá”. Nos hieróglifos, o símbolo para estrela era
desenhado com cinco pontas. Visto
como sagrado em diversas culturas, o pentagrama
e o pentágono também refletem
o valor místico do cinco.
Os egípcios escolheram
simbolizar os fenômenos temporais e espaciais com o número seis, o
número do mundo material, do tempo e do espaço. O
seis representa, as divisões básicas temporais, como às 24 horas do dia, os trinta
dias do mês, e os doze meses do ano,
todos múltiplos de seis. O seis também é visto no cubo egípcio, o símbolo de volume, com suas seis direções de extensão
(para cima, para baixo, para a frente, para trás, para a esquerda, para a
direita). O faraó assentava-se em seu
trono, que era um cubo, onde o homem é colocado inequivocamente na
existência material.
O número sete, significando
a união entre o espírito e a matéria, é expresso na pirâmide, que
é uma combinação da base quadrada – simbolizando os quatro elementos – e os
lados triangulares – simbolizando os três modos de espírito (4 lados na base + 3 lados triangulares =
7). Não é apenas simbólica, mas também é prevalecente em outras culturas do
antigo Oriente.
O
Xamã da Ásia central acreditava que a
“árvore cósmica” tinha sete ramos
e que também havia sete céus
planetários. Era um conceito em que o Xamã, em sua busca ritualista,
subiria ao céu ao longo do eixo do mundo. Segundo Mircea Eliade, em Shamanism:
Archaic Technique of Ectasy, a árvore cósmica é uma ideia arcaica e universa. O
mito do arco-íris, com suas sete cores
sendo a estrada dos deuses e a ponte entre o céu e a terra, existia tanto nas
crenças religiosas da Mesopotâmia
quanto na tradição japonesa. As sete
cores do arco-íris também foram incorporadas na ideia e no simbolismo dos sete
céus. Tradições como essas são encontradas na Índia e na Mesopotâmia, e também
no judaísmo.
Durante o Médio Império, o número
oito era retratado na Ogdóada – oito entidades que formam outra variação da mitologia egípcia da
criação. Embora esses seres fossem adorados principalmente em Heliópolis, aspectos da criação eram
combinados com alguns mitos. Cada entidade ou aspecto é um membro de um par masculino/feminino (ou marido/ mulher),
e cada par representa um aspecto do
caos primordial do qual o mundo físico foi criado.
Nun e Naunet
representam as águas primordiais; Kuk
e Kauket, a escuridão infinita; Hu
e Hauhet, o espaço vazio; e Amum
e Amaunet, os poderes secretos da criação. Os deuses eram normalmente representados com homens com cabeças de
cobras, e as deusas como
mulheres com cabeças de rãs. Eles construíram uma ilha no vasto vazio em
que o ovo “cósmico” foi colocado. Desse ovo veio Atum, o deus sol,
que iniciou o processo de criação do
mundo, que corresponde ao mundo físico como a humanidade o experimenta. Às
vezes, a Ogdóada era representada
como babuínos anunciando o primeiro nascer
do sol, mostrando sete dos deuses da Ogdóada e Hórus, o falcão representando o deus Ra-Harakhty. O
lugar referido como “ilha da chama” viu o nascimento do deus Sol e também era
chamado de Khemenu, ou Cidade dos Oito. Os gregos a
chamavam de Hermópolis.
Continua...
Leandro Claudir
MALKOWSKI,
Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens Pré-históricas.
São Paulo: Cultrix, 2010.
Mitologia e Lendas brasileiras, Boitatá: a Cobra de Fogo!
As lendas são
estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos.
Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da
fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou
sobrenaturais.
Os mitos são
narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da
antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de
explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas
do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e
alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Os deuses,
heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar
sentido à vida e ao mundo.
Boitatá
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como Fogo que Corre.
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como Fogo que Corre.
Também conhecido
como "fogo que corre", o boitatá, no folclore brasileiro, é uma
grande cobra de fogo. Este bicho imaginário foi citado pela primeira vez em
1560, num texto do padre jesuíta José de Anchieta. Na língua indígena tupi, "mboi" significa cobra e
"tata" fogo.
A lenda no Norte
e Nordeste
De acordo com a
lenda, o Boitatá protege as matas e florestas das pessoas que provocam
queimadas. O Boitatá vive dentro dos rios e lagos e sai de seu “habitat"
para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas. De acordo com esta
lenda, o Boitatá possui a capacidade de se transformar num tronco de fogo.
A lenda no
Sul
Numa lenda do sul
do Brasil, a explicação para o surgimento da Cobra de Fogo está relacionada ao dilúvio (história bíblica que
fala sobre a chuva que durou 40 dias e 40 noites). Após o dilúvio, muitos
animais morreram e as cobras ficaram rindo felizes, pois havia alimento em
abundância. Como castigo, a barriga delas começou a pegar fogo, iluminando todo
o corpo.
Em 1560 registrou o Padre José de
Anchieta:
"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior
parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer
cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se
vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente
os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com
certeza." (in:
Cartas, Informações, Framentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio
de Janeiro, 1933).
No
folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os
campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar
também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e
florestas.
A
causa desse mito pode ser explicada com uma reação química, ossos de animais,
como bois, cavalos etc. que são ricos em fósforo branco, que é um material
inflamável (diferente do fósforo vermelho que é usado como medicamento), se
aglomeram em um lugar, o osso começa a se decompor, e sobra apenas o fósforo.
Quando um raio ou faísca, entra em contato com os ossos semi-decompostos causa
uma enorme chama.
A
palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de
fogo (tata), sendo Mbãetata em sua lingua original. Pensaram entao, em juntar
as duas palavras (mboi e tata) para transforma-las neste mito: Boitatá.
Na
obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com este nome que
descreve bem o que seja a lenda. Há registro de que a primeira versão da
história foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo
tupi Mbaetatá - coisa de fogo.
A
ideia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, "Veio a imagem da
marcha ondulada da serpente". Foi essa imagem que se consagrou na
imaginação popular Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem
dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece
deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura
aparece da seguinte maneira: um touro de "pata como a dos gigantes e com
um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".
A
versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa região, narra a lenda
que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma
enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram
para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que
vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em
busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na
escuridão.
Decide
comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los
vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo
transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo,
boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu
muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem
encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até
enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar
parados, sem respirar. E de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra
apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas
matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor
das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa,
protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura,
sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.
Ainda
hoje, esta lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada,
inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por
exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”, de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta
história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio
Boitatá.
A
serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá
com a Mula-sem-cabeça”, onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários
seres do nosso folclore. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o
ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações
como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão,
"Uaná, um curumim entre muitas lendas", em que a serpente, também
comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações
divertidas como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo,
conseguiu colocar uma foto sua na internet.Apesar do tamanho gigante, a
serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”.
Também
José Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no gênero
feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens,
quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais.
Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de
boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.
Explicação científica:
Pesquisadores
afirmam que esta lenda está associada aos incêndios, que ocorrem
espontaneamente em função da queima de gases oriundos da decomposição de
material orgânico.
Referências:
Anchieta,
José de. Carta de São Vicente (X), em Cartas, informações, fragmentos
históricos e sermões, v.3 das Cartas jesuíticas. Rio de Janeiro,
Civilização brasileira, 1933, p.128
Lopes Neto, João Simões de. Contos gauchescos e lendas do sul. 3ª ed. Porto Alegre, Globo, 1965.
Magalhães, Couto de. O selvagem. Rio de Janeiro, Tipografia da Reforma, 1876, p.138
• Silveira, Valdomiro. Mixuangos. Rio de Janeiro, 1937
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