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domingo, 2 de agosto de 2015

Atlântida: os relatos de Platão em Timeu e Crítias.



Crítias: Então, ouça Sócrates, esta estranha narrativa que, no entanto, certamente é verdadeira, bem como Sólon, que contou a história, e que foi o mais sábio entre os sete sábios. Ele era parente e grande amigo de meu avô, Drópidas, como ele mesmo disse em muitos de seus poemas; e Drópidas disse a Crítias, meu pai, que lembrava e nos contava sobre uma antiga e maravilhosa atuação dos atenienses que caiu no esquecimento, ao longo do tempo e da destruição da Raça Humana, e uma, em particular, que era a maior de todas as Raças, e o relato do que se passou será um testemunho adequado da nossa gratidão a vocês...

Sócrates: Muito bom! E o quê é essa antiga e famosa proeza da qual Crítias falou e que não é mera lenda mas uma ação histórica do Estado Ateniense recontada por Sólon!

Crítias: Eu vou contar uma velha história do mundo que ouvi de homem já bastante idoso; Crítias, na época, tinha quase noventa anos e eu dez anos de idade. Era o "dia de Apaturia", também chamado "dia de registro na juventude" [entrada na adolescência] no qual, de acordo com o costume, nossos pais conferiam-nos prêmios pela declamação de poemas e muitos de nós cantavam poemas de Sólon, que eram novidades naquele tempo. Um de nossa tribo, talvez porque fosse sua real opinião, ou talvez porque quisesse agradar Crítias, disse que na sua opinião [dele] Sólon não era apenas o mais sábio dos homens, porém era também o mais nobre dos poetas. O velho homem, eu me lembro bem, iluminou-se diante disso e falou, sorrindo: "Sim, Amynander, se Sólon tivesse, apenas, como outros poetas, feito da poesia o negócio de sua vida e tivesse completado o relato que trouxe com ele do Egito e não se sentisse compelido, em razão de fatos e perturbações que ele encontrou [instabilidade política] quando voltou a este país, empenhando-se, então, em atender a outras tarefas, [se tivesse escrito o poema sobre a coisas fabulosas que aprendeu no Egito] na minha opinião ele teria sido um poeta tão famoso quanto Homero ou Hesíodo.

E sobre o quê era este poema, Crítias? perguntou alguém."Conte-nos", disse outra pessoa, "conte-nos a história toda e de quem Sólon ouviu essa tradição".

Crítias: Sobre a mais grandiosa ação já empreendida pelos atenienses e que deveria ser muito famosa mas o tempo e a destruição completa dos atores desse drama impediram que história chegasse até nós.

"No Delta Egípcio, o rio Nilo se divide, existe um certo distrito que é chamado Saís, e uma grande cidade do distrito, também chamada Saís, e essa é a cidade na qual nasceu o rei Amasis. Ali os cidadãos têm uma divindade fundadora: os egípcios a chamam de Neith mas eles dizem que é a mesma chamada pelos atenienses de "Atena". Os cidadãos desta cidade gostam muito dos atenienses e dizem que, de alguma forma, se relacionam com o povo de Atenas.

"Sólon, levado por Thrither [um sacerdote egípcio], foi recebido com grandes honras e perguntou aos sacerdotes qual dos mestres era o mais sábios em antiguidades [história antiga]; Sólon descobriu que nem ele nem qualquer outro heleno sabiam qualquer coisa de real valor sobre os tempos antigos.

Em uma ocasião, quando estavam falando de antiguidades, ele [Sólon] começou a discorrer sobre coisas de outros tempos quando nossa parte do mundo, o Phoroneus, que é chamado "o primeiro", e sobre Níobe e depois sobre o Dilúvio; falou sobre a vida de Deucalião e Pirra e traçou a genealogia de seus descendentes, a linha do tempo, as datas dos eventos aos quais se referia.

Thereupon, um dos sacerdotes, que era muito velho, disse: "Oh, Sólon, Sólon, vocês helenos são como crianças e não há homens velhos entre os helenos." – Diante disso, disse Sólon: "O que você quer dizer com isso?"

Quero dizer o que disse; que em termos de mentalidade vocês são muito jovens. Não há entre vocês idéias ancoradas em ciências antigas ou antigas tradições; e eu lhes dizer a razão disso: aconteceram e novamente acontecerão muitas destruições da raça humana deflagradas por muitas causas. Existe uma estória que vocês devem ter preservado, sobre Faetonte, o filho de Hélios, que sem saber conduzir os cavalos, tomou a carruagem de seu pai para percorrer o caminho que Hélios fazia todos os dias e provocou um grande desastre, queimando tudo na face da Terra.

Hoje, isso é uma expressão em forma de mito, mas, de fato, significa o declínio dos corpos que se movem em torno da Terra e nos céus; uma conflagração recorrente, que acontece em longos intervalos de tempo; quando isso acontece, aqueles que vivem nas montanhas e em outros lugares secos, estão mais sujeitos à destruição do que aqueles que vivem à margem dos rios, dos lagos ou do mar. Mas, por outro lado, quando os deuses purgam a terra pela água [e não pelo fogo, como Faetonte],então os pastores, os montanheses, são os sobreviventes e perecem os que vivem nas cidades, próximos aos rios e fontes, a beira-mar; são levados pelas enchentes, submergem no oceano. Mas nesse país, nem nesse tempo nem em qualquer outro a água veio do alto sobre os campos, tendo sempre a tendência de vir de baixo, razão pela qual as coisas preservadas aqui são as mais antigas.

O fato é que a Raça Humana, a população, cresce em certas épocas e decresce em outras e o que sempre aconteceu em seu país e no nosso ou em qualquer outra região da qual tenhamos conhecimento, todos os feitos grandes e nobres ou qualquer outro evento memorável, tudo o que tem sido escrito sobre os acontecimentos do passado, está preservado em nossos templos. Enquanto vocês [gregos] e outras nações mantêm escrituras e somente estes registros que interessam ao estado, no momento presente, ignoram que a pestilência [a catástrofe] pode estar vindo dos céus para dizimar todos e deixar apenas aqueles dentre vocês que são destituídos das letras e da educação e assim, deste modo, vocês têm de começar tudo novamente, como crianças, sem nada saber do aconteceu nos tempos mais antigos, entre nós [o Egito] e entre vocês mesmos [gregos].

As genealogias de vocês, gregos, que você Sólon nos tem contado, são relatos de crianças porque, em primeiro lugar, vocês se lembram de um dilúvio apenas, quando existiram muitos deles; em segundo lugar, vocês ignoram que habitaram em sua terra os homens da mais nobre e bela raça que jamais existiu, raça da qual você e seu povo são os descendentes. Isso é desconhecido por vocês porque muitas gerações de sobreviventes da destruição morreram sem deixar qualquer vestígio. Houve um tempo, Sólon, antes do maior dilúvio de todos, quando a cidade que hoje é Atenas era a primeira nas guerras e proeminente pela excelência de suas leis, pelos feitos notáveis, pela constituição magnífica de seus cidadãos.

Maravilhado, Sólon queria saber mais sobre aquela raça e aquele tempo. "Todos vocês são bem-vindos para ouvir sobre eles, Sólon" – disse o sacerdote – "por você mesmo, pela cidade e, sobretudo, pela glória da deusa que é protetora e civilizadora [educadora] de ambas as cidades [Atenas e Saís]. Ela fundou sua cidade mil anos antes da nossa, recebendo da Terra e Efaistos a semente de sua raça; e depois, fundou a nossa, um fato que está preservado em nossos registros sagrados como acontecido há oito mil anos atrás, como ensinaram os cidadãos de nove mil anos atrás. Eu informarei brevemente a você sobre suas leis e a nobreza de seus feitos conforme as escrituras sagradas deles mesmos. Se você comparar estas leis com as suas próprias verá muitas das nossas leis são contrapartida das suas.

Existe uma casta de sacerdotes, que é separada de todas as outras; depois vêm os artesãos, que exercem suas muitas artes e não se misturam com as outras castas; e também existe a classe dos pastores e dos caçadores bem como a dos agricultores. Você observará que os guerreiros no Egito são separados de outras classes e são comandados pela lei da guerra e são equipados com escudos e lanças e a deusa fala primeiro entre vocês, e então, aos países asiáticos e nós, entre os asiáticos, fomos os primeiros a adotar essas leis.

Sabiamente, você notará o cuidado da lei com o mais puro, buscando e compreendendo toda ordem de coisas, da profecia, a medicina e todos os elementos necessários à vida humana e todo tipo de conhecimento relacionado. Essa ordem de coisas foi estabelecida pela deusa e dada a vocês quando estabeleceram sua cidade; e ela escolheu este lugar da Terra, onde você nasceu, porque ali viu o arranjo harmonioso das estações e viu que aquela terra produziria os mais sábios dos homens.

A deusa, que amava a guerra e a sabedoria escolheu aqueles que seriam semelhantes a ela mesma; e ali vocês se estabeleceram com suas leis, que ainda são as melhores, e excedem toda a raça humana nesta virtude e eram os filhos e os discípulos dos deuses. Grandes e maravilhosos feitos de seu Estado foram registrados em nossa história mas um deles supera a todos em grandeza e valor. Foi quando uma força muito poderosa e agressiva levantou-se contra a Europa e Ásia mas sua cidade pôs um fim ao terror.

Esta força veio do oceano Atlântico, naqueles dias em que o Atlântico era navegável; e existia uma ilha situada em frente ao estreito [estreito de Gibraltar] que vocês denominam Colunas de Hércules. A ilha era maior que a Líbia e a Ásia juntas e era o caminho para outras ilhas através das quais era possível atravessar e chegar ao outro lado do continente que era cercado pelo verdadeiro oceano [passando do Mediterrâneo ao Atlântico]. O mar interior do estreito de Hércules (Gibraltar) era apenas um porto com uma entrada estreita; do outro lado, era o verdadeiro mar e a terra, ali, podia verdadeiramente ser chamada de "continente".

Então, na ilha de Atlantis existiu um grande e maravilhoso império, que tinha leis vigentes em toda a "ilha-continente" e em muitas outras além de partes da Líbia, "dentro" das colunas de Hércules tão distantes do Egito e da Europa quanto do Tirreno [parte ocidental do mar Mediterrâneo]. O vasto poder [de Atlantis] empenhou-se, então, em subjugar de um só golpe nosso país e os seus [as cidades-estado gregas] e toda a terra nos limites do estreito; e então, Sólon, seu país [Atenas] brilhou à frente de todos, na excelência de sua virtude e força, por sua bravura e perícia militar; [Atenas] liderou os helenos; e quando não havia esperança de trégua, quando compelida a estar sozinha, submetida a um grande perigo, Atenas derrotou e triunfou sobre os invasores e manteve à salvo da escravidão aqueles que ainda não tinham sido subjugados e libertou todos os outros que habitavam os limites de Hércules [área do mediterrâneo, estreito de Gibraltar]. Posteriormente aconteceram terremotos violentos e inundações e em apenas um dia e uma noite de tempestades (chuvas) Atlântida e todo o seu povo foram tragados pelo oceano. Esta é a razão pela qual naquela parte, o mar é inavegável, intransponível, porque está saturado de lama.

E eu gostaria de invocar Mnemosine (Memória) porque parte significativa do que tenho para contar depende do favor da deusa das recordações, para que possa recontar tudo o que disseram os sacerdotes e que Sólon trouxe consigo. Deixem-me começar observando que, os nove mil anos que mencionei são um resumo dos anos que tinham se passado desde o começo da guerra entre os que habitavam para além das coluna de Hércules e aqueles que habitavam "dentro" do estreito. De um lado os combatentes da cidade de Atenas e seus aliados; do outro, os reis da Ilhas de Atlantis, que outrora tinham sob seu poder um território maior que a Líbia e a Ásia; território que desapareceu entre tremores de terra e maremotos que tornaram o Atlântico praticamente inacessível. A história se desenrola e entram em cena numerosas tribos bárbaras e Helenos que existiam então. Mas devo ainda descrever os Atenienses tal como eram naqueles dias e seus inimigos e ainda o poder e a forma de governo de cada um. Comecemos pelos atenienses...

Muitos grandes dilúvios aconteceram durante aqueles nove mil anos... Os deuses repartiram entre si toda a Terra em diferentes porções. Ergueram templos, fizeram sacrifícios. Poseidon recebeu a ilha de Atlantis; o deus tinha filhos com uma mortal e instalou, mulher e filhos, em uma parte da ilha; na costa, voltada para o oceano, existia uma planície muito fértil. Próximo, no centro da ilha, havia uma montanha não muito alta. Nesta montanha habitavam os primeiros mortais deste país: um casal, ele chamado Evanor e ela Leucipa. Tinham uma única filha, Cleito.

Quando a donzela se tornou mulher, seus pais morreram e foi por ela que Poseidon se apaixonou e teve filhos com ela. Ela morava na montanha da planície, que foi cercada de canais circulares e concêntricos, alternando faixas de terra e água. Havia três faixas de água e duas de terra... [Os filhos]... eram cinco pares de gêmeos varões. Atlantis foi dividida em dez regiões: o mais velho do primeiro par, chamado Atlas, ficou com a ilha-colina onde morava sua mãe, que era um lugar magnífico e nomeado Atlântica ou Atlântida; e Atlas ficou sendo o rei de todo império. Os outros irmãos foram feitos príncipes por Poseidon. Eles governariam todos os homens. O gêmeo de Atlas, Gades ou Gaderius, ficou com terras interiores das colunas de Hércules.

O segundo par de gêmeos eram Ampheres e Evaernon; o terceiro, Mneseus e Autochthon [Autóctone]; o quarto par de gêmeos, Elasipo e Mestor; e o quinto, Azaes e Diaprepes. Todos estes e seus descendentes foram governantes de numerosas ilhas em mar aberto e também já foi dito que eles migraram para lugares distantes das colunas de Hércules, muito além do Tirreno e do Egito.

Atlas tinha, então, uma família numerosa e honrada e seus descendentes mantiveram o reino por muitas gerações e detinham muitas riquezas, tantas quantas jamais foram possuídas por outros reis e potentados. muitas especiarias eram trazidas de países estrangeiros mas a ilha era auto-suficiente e fornecia tudo que era necessário a uma vida confortável. O subsolo possuía minerais e um precioso metal do qual hoje só resta o nome: orichalcum.

Também havia florestas abundantes de onde se extraía a madeira e campos que alimentavam pessoas e animais domésticos e selvagens. Havia um grande número de elefantes na ilha Atlântica e outros variados tipos de animais, de lagos e montanhas, rios e planícies. [Os atlânticos possuíam também deliciosas] ... fragrâncias, perfumes, extraídos de raízes, ervas, flores e frutas. [Havia pomares ... e templos, palácios, portos, docas. Os palácios no interior da cidadela eram construídos com um templo, dedicado a Cleito e Poseidon no centro, extremamente inacessível e rodeado de ouro; foi o lugar onde nasceram os dez príncipes e onde eram realizados rituais anuais... Todo o exterior do templo era coberto de prata, e os pináculos [torres] de ouro. O interior do templo era de mármore decorado com ouro, prata e orichalcum... estátuas de ouro, como a do próprio deus [Poseidon] em sua carruagem de seis cavalos alados, cercado de Nereidas e golfinhos... Do lado de fora, rodeando o templo, havia vinte estátuas de ouro, representando os príncipes e suas mulheres... Havia fontes de água quente e fria... Havia muitos templos dedicados a muitos deuses... jardins e lugares para o laser. Alguns somente para os homens... [e havia haras, pistas para cavalos]... As docas estavam sempre repletas de naus trirremes e armazéns por onde circulavam mercadores de todo o mundo... ?

sábado, 1 de agosto de 2015

A economia feudal


Uma economia de base agrária

A agricultura era a fonte principal do sustento da população. As aldeias e domínios tendiam a ser autossuficientes. Tendo por base a agricultura de subsistência, a economia feudal também possuía comércio e artesanato.       A unidade agrícola senhorial era chamada de senhorio. Nela produziam-se quase tudo para a sobrevivência dos moradores (alimentos, ferramentas, vestimentas e utensílios domésticos). No senhorio havia celeiros para armazenar colheitas, moinho pra triturar os grãos e fornos para pães.

O senhorio medieval

Manso senhorial: produtos dessa terra eram exclusivos do senhor e nela trabalhavam servos e camponeses. Terras comunais: os produtos destas terras eram tanto dos servos como dos senhores. Constituídas de pastos para os animais, florestas e baldios (terra sem cultivo ou edificações). Manso servil: terras destinadas aos servos. Produziam o que era necessário para sua sobrevivência. Em troca deviam obrigações ao senhor.

A agricultura e o trabalho servil

Os servos, com seu trabalho abasteciam toda a sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, cada imposto tinha um objetivo como segue: Corveia: Cultivo pelos servos do manso senhorial de duas a três vezes por semana sem pagamento e toda produção pertencia ao senhor. Talha: Os servos entregavam ao senhor uma taxa entre 30% e 40% de tudo que era produzido no manso servil. Capitação: Imposto por servo que morava no feudo. Banalidades: O uso da reserva senhorial (fornos e moinho), deviam ser pagas pelos servos por meio de parte de sua produção.

O comércio medieval

Muito fraco, mas praticado durante toda a Idade Média próximos aos castelos. Reduzido uso de dinheiro e prevalência da troca direta de produtos, prática chamada escambo. Houve grande desigualdade no comercio europeu durante a Idade Média, pois na região da Escandinávia e Península Itálica já havia, no século X centros de comércio de longa distância com mercadores europeus e orientais.

Alimentação na época feudal.

Os cereais eram os alimentos mais importantes da dieta dos camponeses. Havia também legumes e verduras que completavam sua dieta. A dos nobres se acrescentava a carne e a variedade. 

Feudo do senhorio medieval

MANSO SENHORIAL: Terras de cultivo, Florestas, Terras para caça, (exclusiva do senhor), Moinhos, Celeiros.

TERRAS COMUNAIS: Pastos, Florestas e Baldios.
MANSO SERVIL: Terras destinadas aos servos, nelas produziam seu sustento.


O Ensino e a Cultura na Europa feudal


A Igreja Católica cumpriu um papel importante na preservação da cultura clássica, no ensino e no desenvolvimento intelectual durante a Idade Média.

O Renascimento Carolíngio: Durante seu reinado, Carlos Magno promoveu um movimento que foi chamado de Renascimento Carolíngio. O principal objetivo era preparar intelectualmente o clero cristão, para que pudesse orientar os fiéis com autoridade e sabedoria. Carlos Magno reuniu conhecedores da cultura antiga, como Alcuíno e Eginhardo. Com a orientação desses estudiosos, a Bíblia foi revista e copiada pelos monges, e os textos gregos, romanos e cristãos serviram de base para desenvolver o ensino. O movimento carolíngio preservou a cultura da Antiguidade clássica e fez dos mosteiros e das escolas palatinas (localizadas no palácio do imperador) centros de difusão do conhecimento antigo.

As transformações no ensino: Até o século X, a Igreja mantinha escolas junto aos mosteiros ou às catedrais. O ensino era voltado, principalmente, à formação eclesiástica e consistia no estudo de textos religiosos, como a Bíblia, e de textos de pensadores cristãos, em especial os de Santo Agostinho. Nas escolas cristãs, estudava-se o trívio (gramática, retórica e dialética) e o quatrívio (aritmética, geometria, astronomia e música). O alcance dela ,porém, era pequeno, pois, em geral, apenas os membros do clero e os filhos dos nobres podiam frequentá-las.

A literatura medieval: do oral ao escrito: A língua escrita utilizada nos primeiros séculos da Idade Média era o latim. Outros idiomas mantiveram-se por séculos como línguas faladas e eram empregados pelos distintos grupos da sociedade medieval. Aos poucos, o latim foi se misturando às diferentes línguas germânicas locais, originando as línguas modernas, como francês, alemão, italiano, espanhol, português e inglês e outras. Elas se afirmaram a partir dos séculos XI e XII, com o desenvolvimento de uma literatura escrita e profana. Essa literatura tinha, por base, antigas histórias, sem autoria definida, que eram transmitidas oralmente de geração em geração. Para a diversão dos frequentadores das cortes dos senhores feudais, exibiam-se os jograis, compostos de recitadores, cantores e músicos ambulantes, contratados pelo senhor. Eles executavam acrobacias, cantavam e tocavam instrumentos musicais, principalmente a viola e o alaúde. Esses artistas levavam uma existência nômade, viajando em caravanas compostas de homens e mulheres que viviam de doações feitas pelos nobres.

As novelas de cavalaria: No século XII, surgiram os primeiros romances, que ficaram conhecidos como novelas de cavalaria. Escritas em versos e em prosa, as novelas adaptavam antigas narrativas orais que abordavam os feitos heroicos e as guerras históricas travadas por Carlos Magno e os doze pares de França, as lendas do rei Arthur e dos cavaleiros da távola redonda ou os amores de Tristão e Isolda. O enredo das novelas de cavalaria apresentava um verdadeiro código de conduta no qual se destacavam o heroísmo, a honra e a lealdade, que eram os ideais da cavalaria medieval. Valorizava-se a ação do cavaleiro, em defesa da honra e a lealdade ao rei e à Igreja. A mulher era o objeto do amor cortês do homem, a dama que deveria ser tratada e amada com respeito e delicadeza. Esses primeiros romances ajudaram a divulgar os valores da sociedade medieval.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Investigando nossa origem:


Quem acompanha o Blogue Construindo História Hoje, sabe que eu como seu administrador, possuo a postura de que tanto a Teoria Criacionista como a Evolucionista seja ensinada nas escolas. Por isso não omito de postar trabalhos que possuem por base a Teoria Evolucionista de Charles Darwin, ainda que discorde dela pela falta de evidências científica que a comprovem.
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Quando surgiu a vida na Terra? Quando apareceram os primeiros seres humanos? Para os cientistas o Universo possui aproximadamente 15 bilhões de anos, o planeta Terra em torno de 4,5 bilhões de anos, o surgimento das primeiras formas de vida datam de 3 bilhões de anos atrás, já os dinossauros perambulavam no planeta entre 230 milhões a 65 milhões de anos atrás. Os primeiros primatas surgiram logo após a extinção dos dinossauros e entende-se que os primeiros hominídeos (nossos ancestrais) apareceram a 7 milhões de anos, os primeiros ancestrais de nossa espécie teriam surgido e se expandido por volta de 1,5 milhões de anos e há apenas 200 mil anos os seres humanos como nós conhecemos sobrevivem. A maioria dos animais primitivos não existe mais. Não conseguiram sobreviver por causa das mudanças climáticas, da disputa por comida e dos ataques de outros animais. Ao longo de milhões de anos foram substituídos por outras espécies, que por sua vez também se extinguiram. Somente os que tiveram descendentes mais adaptados puderam evoluir e sobreviver.

A Teoria da Evolução: A explicação para a evolução das espécies começou a ser dada pelo cientista inglês Charles Darwin (1809-1882), autor da famosa Teoria da Evolução das Espécies. Darwin provou que ao longo de milhares de anos todas as espécies de seres vivos se transformaram, ou seja, evoluíram. Algumas espécies não conseguiram sobreviver e extinguiram-se. Outras espécies foram evoluindo, ou seja, foram se modificando através de milhões e milhões de gerações. Há cerca de 32 milhões de anos surgiram os primatas. São animais mamíferos com capacidade de agarrar coisas com as mãos. Nos dias atuais, os macacos e os seres humanos são considerados primatas. Há 7 milhões de anos, os primatas começaram a evoluir para 2 espécies diferentes. Uma parte deles teve descendentes que deram origem aos macacos. Outra parte desses primatas teve descendentes que evoluíram até se tornarem a espécie humana. Portanto não é verdade que o ser humano evoluiu a partir do macaco. O que acontece é que seres humanos e macacos têm um antepassado comum. Os seres humanos e seus antepassados são chamados de hominídeos. Há dois milhões de anos havia três ou mais espécies de hominídeos. Depois elas desapareceram, substituídas por espécies de hominídeos. Os nossos antepassados hominídeos até que eram bem parecidos com macacos. O Australopitecus tinha um cérebro pequeno como o do chimpanzé, maxilares salientes e era coberto de pêlos. Mas andava sobre dois pés e não tinha uma cauda como os macacos. O fóssil mais antigo de Australopitecus foi encontrado na Etiópia (África) em 1974. Ele tinha 3,5 milhões de anos. Era uma fêmea adulta e recebeu o nome de Lucy. Não se sabe exatamente por que os Australopitecus desapareceram. Mas, centenas de milhares de anos antes de isso acontecer, surgiu outro gênero de hominídeos: o HOMO. O homo tem inteligência, isto é, tem capacidade de raciocinar, de fabricar utensílios, de articular uma linguagem e de se comunicar. Mas estas capacidades foram surgindo aos poucos. Os cientistas constataram que o gênero Homo dividiu-se em 4 espécies distintas (nós pertencemos a uma delas), sendo que uma não gerou a outra e algumas delas podem ter convivido entre si em curtos períodos de tempo. Foram elas: Homo habilis, Homo erectus, Homo Sapiens neanderthalensis, Homo sapiens e Homo Sapiens sapiens.

Pré-história geral: A Pré-História corresponde ao período que vai do surgimento do homem (hominídeo) até a invenção da escrita. O termo Pré-História tem sido criticado, pois pode sugerir que o homem desse período não deva ser incluído na História. Ora, o homem, desde seu aparecimento, é um ser histórico, ainda que ele não utilizasse a escrita. Outras expressões foram propostas para denominar os povos sem escrita, como: povo pré-letrado, povo ágrafo etc. O emprego dessas expressões, entretanto, não se generalizou. Como o termo Pré-História é de uso universal, vamos também empregá-lo, mas conscientes de que esse período integra a História, em sentido amplo.

Fontes para o estudo da pré-história: Atualmente utilizamos diferentes fontes históricas para reconstituir nosso passado, utilizamos documentos escritos ou mesmo fotografias, como fizemos em aula. E se quiséssemos reconstituir a Pré-História, que fontes utilizaríamos? O homem pré-histórico deixou uma série de vestígios de sua existência e de modo de vida: fósseis, instrumentos, pinturas etc. Entre as ciências que pesquisam essas fontes pré-históricas destacam-se a Paleografia Humana e a Arqueologia Pré-Histórica. A Paleografia Humana estuda os fósseis dos corpos dos homens pré-históricos, geralmente ossos e dentes, partes mais resistentes, que se preservaram ao longo do tempo. A Arqueologia Pré-histórica estuda objetos feitos pelo homem pré-histórico, procurando descobrir como eles viviam. Instrumentos de pedra e metal, peças cerâmicas, sepulturas são alguns desses objetos. DIVISÃO DA PRÉ-HISTÓRIA. As fontes pré-históricas indicam que nesse período, existiram diferentes culturas. Deduz-se que os objetos inicialmente tiveram formas variadas e foram feitos de diferentes materiais: madeira, osso, pedra lascada, pedra polida, metal. A partir de constatações dessa natureza, dividiu-se a Pré-História em três grandes períodos: Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, Neolítico ou Idade da Pedra Polida e Idade dos Metais.

Como saber se os hominídeos eram inteligentes? Supõe-se que a inteligência esteja relacionada ao tamanho do cérebro. A medição do espaço interno dos crânios encontrados indicou que o cérebro do Austrophitecus tinha 450 cm³; do Homo habilis, 500 cm³; o do Homo erectus, entre 825 e 1,2 mil cm³ e o do Homo sapiens sapiens, 1,5 mil cm³.  Cultura: modo de vida de cada povo, transmitido de geração a.geração. Abrange tanto a produção material (instrumentos, vestimentas, edificações etc.) quanto a produção a não-material (crenças, artes, ciência, linguagem religião, leis, costumes etc.) do ser humano.   Fóssil: resto ou traço visível da matéria original de um organismo morto há muito tempo.

Os nativos brasileiros e os indígenas da América do Norte.



Os nativos do Brasil: No território do Brasil atual, os portugueses entraram em contato com povos diversos. Havia grande heterogeneidade étnica, linguística e cultural. A maioria dos grupos vivia da coleta, a da caça e da pesca, e alguns praticavam a agricultura. Não há um consenso entre os especialistas sobre a quantidade de nativos que vivia no território hoje pertencente ao Brasil quando ocorreu a invasão portuguesa. Os números oscilam entre 2,5e 5 milhões de pessoas pertencentes a centenas de povos. Cada povo tinha costumes e tradições próprios. De forma geral, pode-se dizer que os grupos se organizava em aldeias fixas ou itinerantes (no caso de grupos nômades), dependendo da etnia.

A visão religiosa era semelhante,  respeitando a diversidade de cada grupo. Cultuavam elementos e algumas forças da natureza como o Sol, a Lua, o trovão, as águas. Organizavam rituais, danças festas, criavam adornos e faziam pinturas corporais e com motivos religiosos. Não havia entre eles a noção de propriedade. A terra e o que nela fosse produzido ou coletado eram bens comuns a todos da mesma aldeia. A aldeias eram organizadas hierarquicamente e havia um chefe, responsável pela tomada de decisões e pela liderança do grupo em caso de guerras. As decisões eram tomadas de acordo com os costumes de cada grupo : alguns consultavam os membros masculinos do grupo ou os homens mais idosos, por exemplo. Alguns grupos relacionavam-se com outros, mantendo contatos pacíficos e por sua vez reunindo-se em festas e rituais. Outros eram considerados inimigos e era para caça, coleta,  agricultura e armazenamento.

As técnicas de produção, dependendo da cultura e do local onde habitam; alguns, por exemplo, usavam cerâmica queimada, outros não. Para os portugueses, o contato com os saberes indígenas foi muito importante. Eram os nativos que conheciam as matas e seus recursos, como as plantas comestíveis ou as que podiam ser usadas como remédios, bem como a localização de fontes de água. O contato inicial dos portugueses foi com os tupis, habitantes do litoral. Por isso, os missionários que fizeram parte da colonização do Brasil elegeram o tupi como língua geral, desconsiderando a imensa variedade linguística  entre os nativos. Muitas manifestações culturais e línguas indígenas, que existiam quando os portugueses fizeram contato com eles, permaneceram entre seu descendentes nos diversos grupos  indígenas atuais. Os tupis se referiram aos demais grupos indígenas como tapuia, que quer dizer “inimigo”. Por isso, os portugueses classificaram os indígenas brasileiros em dois grupos: tupis, os do litoral, e tapuia, os do interior do território. Pelo que se sabe por cronistas e viajantes que estiveram no Brasil nos primeiros séculos da colonização, os indígenas aceitaram melhor os portugueses do que o contrário.

Os indígenas da América do Norte: Centenas de grupos indígenas habitavam a região hoje chamada de América do Norte, antes da chegada dos europeus. E assim, como nos outros lugares do continente, os indígenas norte-americanos também apresentavam grande diversidade étnica e cultural. Estima-se que havia mais de 300 línguas diferentes na região. Havia tribos nômades e sedentários que ocupavam a extensão entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Sioux (ou Dakotas), apaches, comanches iroqueses, cheroquis, algonguinos, cheyennes e crow são alguns dos grupos indígenas norte-americanos. Nas regiões do Ártico, viviam os inuits ou esquimós, com características bastantes distintas dos demais grupos em razão da adaptação a um ambiente extremamente hostil.

A economia desse grupo estava fundamentada na busca pelo que a natureza oferecia, como a caça da foca e de aves, a pesca da baleia e de outros animais de grande porte. Dos animais caçados, aproveitavam a pele para o vestuário, e o marfim e os ossos para a confecção de instrumentos de caça, como pontas de lanças e flechas, além da produção de esculturas. A domesticação do cachorro possibilitou aos esquimós o uso de trenós para locomoção e caça. Cada etnia indígena tinha seu idioma e, entre os grupos diferentes, a comunicação ocorria por meio de sinais. Entre as tribos nômades, uma das formas de obter alimentos era a caça de grandes animais, como antílopes, alces, búfalos e bisões. Dentre os grupos citados, destacavam-se os iroqueses, que ocupavam a área do Grandes Lagos e dos Apaches centrais. Sua organização social era matriarcal. Tinham uma forte estrutura guerreira, o que lhes possibilitou resistir por quase sois séculos à dominação inglesa, dificultando a expansão das colônias.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Introdução aos Estudos Históricos.





O quê é História? História é o que o historiador diz do passado. O passado é diferente de História, toda História é uma construção baseada na interpretação do passado que é feita pelo historiador e os fatos passados podem ser vistos de maneiras diferentes (interpretações).

Tempo Histórico: Tentar compreender o outro de acordo com seu tempo, ou seja, colocar-se na visão do individuo que vivia os acontecimentos tratados naquele período da História. Não podemos entender a visão de um legionário romano do século VI como se ele fosse um soldado do exército do Brasil. Temos que nos colocar no tempo e espaço do individuo histórico.

Fatos Históricos: Marcam a transição de um período para outro. Exemplo: 476 d.C, a queda do Império Romano do Ocidente marcou o inicio da Idade Média (476 d.C – 1492 d.C). Em 1789, a Revolução Francesa marcou o fim da Idade Moderna (1492 d.C, queda de Constantinopla – 1789 d.C, Revolução Francesa) e inicio a Idade Contemporânea (1789 d.C – dias atuais). Não existe uma divisão certa da História o que existe são rupturas e continuidades. Os povos que avançam primeiro se viam no dever de inserir os atrasados no seu meio, o que houve na colonização europeia na África e na América.

Dois argumentos da Teoria História: A História constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo. Esses discursos não criam o mundo, mas dão significado ao mundo. A parte do mundo que a História investiga é o passado. Passado e História são coisas diferentes. Dada à distinção entre Passado e História, como conciliar as duas coisas?  O historiador tenta entender o passado, mas o objeto de investigação está ausente na maioria de suas manifestações, pois só restam vestígios do passado. Contudo, pode muito bem ser que esse esclarecimento sobre a distinção entre passado e História pareça coisa vã. Talvez você pense: “E daí? Que importância tem isso?” Permita-me oferecer um exemplo de por que é importante entender a distinção entre passado e História:

Passado e História: O passado já aconteceu. Ele já passou, e os historiadores só conseguem trazê-lo de volta mediado por veículos muito diferentes, de que são exemplo os livros, artigos, documentários, filmes etc., e não como acontecimentos presentes. O passado já passou, e a História é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos à obra. A História é o ofício dos historiadores. Quando os historiadores se encontram, a primeira coisa que perguntam uns aos outros é: “No que vocês estão trabalhando?” Esse trabalho, expresso em livros, periódicos etc., é o que você lê quando estuda História. Isso significa que a História está, muito literalmente, nas estantes das bibliotecas e de outros lugares. Assim, se você começar a fazer um curso de História espanhola do século XVII por exemplo, não vai precisar ir ao século XVII nem à Espanha; com a ajuda de uma bibliografia (Uma bibliografia é uma lista estruturada de referências a livros ou outros documentos, designadamente artigos de periódicos, com características comuns, como por exemplo, o mesmo autor ou o mesmo assunto), vai, isto sim à biblioteca. É ali que está a Espanha do século XVII, catalogada, pois aonde mais os professores poderiam mandar você estudar? Claro, você poderia ir a outros lugares onde é possível encontrar outros vestígios do passado – por exemplo, aos arquivos espanhóis. Mas, aonde que vá, sempre terá de ler/interpretar. Essa leitura não é espontânea nem natural. Ela é aprendida (ou seja, dotada de significado) por outros textos. A História (historiografia) é uma construção linguística intertextual (feita por meio de vários textos, vindo de fontes diferentes).

Não quero dizer com isso que nós simplesmente inventamos histórias sobre o mundo ou sobre o passado. Pelo contrário ainda que tenhamos essa vasta gama de interpretações, também possuímos o estudo de campo na História, aonde o historiador vai de encontro a locais históricos, sítios arqueológicos e áreas de patrimônio histórico e cultural aonde o mesmo tem acesso a fontes matérias, mas não existirá uma interpretação do passado 100% neutra, pois cada historiador possui suas linhas pensamento e influências de sua própria realidade.


Pré-história do Rio grande do Sul


O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

domingo, 26 de julho de 2015

A Conquista da América



A conquista da América pelos europeus não foi um acontecimento rápido. Foi um longo, continuo processo que durou vários séculos. Sob a visão etnocêntrica do colonizador Europeu, acrescida de outros elementos como a dominação militar a (principalmente no caso dos espanhóis), a religiosidade e desestruturação provocada pelo choque entre culturas tão distintas nas sociedades indígenas da América. A religião influenciou tanto os dominadores, que impuseram suas crenças, quanto os dominados; os astecas, por exemplo, interpretaram miticamente que a chegada dos espanhóis era o cumprimento de presságios e sinal de novos tempos.

As primeiras décadas após a chegada europeia foram as mais marcantes. Estimasse que grande parte da população nativa americana tenha sido dizimada nos primeiros 50 anos, principalmente na América hispânica. Portanto, o contato entre Europa e América pode ser considerado um dos mais violentos da História da humanidade.

A natureza, o clima, os animais, encontrados pelos europeus na América encantavam cronistas e viajantes. E isso fez com que plantas nativas fossem levadas e introduzidas na alimentação de suas metrópoles. O ‘Novo Mundo’ começava a influenciar os costumes do ‘Velho Mundo’.

Ao mesmo tempo a organização de algumas cidades causava espanto, surpresa e admiração como pode ser observado na  cidade de Tenochtitlán.

Já os costumes e modos de vida dos grupos indígenas causavam perplexidade aos que chegavam. Ainda que admirassem alguns aspectos, outros causavam rejeição e foram severamente combatidos como a nudez de alguns grupos. Ou práticas como politeísmo e poligamia. Para a maioria dos europeus os indígenas viviam em um estágio atrasado sem norma e nem religião. Esse discurso foi a base da exploração e do processo de colonização instituído, principalmente, com violência.
Os indígenas foram analisados com base nos parâmetros das cidades europeias e apontados como primitivos, brutos, sem almas e obscenos.  Eram raros os defensores dos indígenas como Frei Bartolomé de Las Casas e o filosofo francês, Montaigne.

A reação dos indígenas foi variada. A chegada de pessoas tão diferentes no modo de vestir agir e falar, deve ter causado  curiosidade e estranheza de maneira geral. Foram amistosos, como nos relatos de Colombo e Cabral. Em alguns casos como entre os astecas os colonizadores foram vistos como deuses, e sua chegada, como o cumprimento de profecias. Houve também, casos de hostilidade revelando que os indígenas resistira a presença estrangeira. Mesmo com reações diferentes quando os nativos perceberam a real intenção dos invasores eles reagiram com lutas. De qualquer maneira a chegada os europeus significou para os nativos perdas do território.

Os espanhóis na América: os espanhóis chegaram a América graças a expansão marítimo-comercial. Ficou explicito nas campanhas de Hernan Cortéz, apartir de 1519, na região do México, mesmo com um menor número de soldados ele massacrou os astecas.
O espanhol Francisco Pizarro em 1527, ele explorou a costa do Peru. E recolheu informações úteis sobres os territórios andinos. Se aproveitando dos conflitos internos pelo trono entre Atahualpa e Huáscar, Pizarro entrou e aprisionou Atahualpa e assim a cidade de Cuzco foi tomada por espanhóis. No entanto a resistência nativa pedurou até 1572 quando o último soberano inca Tupac Amaru, foi executado.

Além disso as doenças-sarampo, varíola e gripe. A violência foi a tônica da conquista. A barbárie cometida pelos conquistadores espanhóis descrita em relatos do Frei Bartolome de Laz Casas. Toda essa violência era justificada pelo que a igreja chamava de Guerra Justa. Era um embate autorizado pela Coroa ou pelos governadores como as guerras travadas em legitima defesa contra os ataque indígenas.