Horror story: An
Allegory of War, c1608 by Frans Francken the Younger (Bridgeman Art Library).
O presente
trabalho visa elaborar um paralelo entre as opiniões dos autores citados no
texto “A crise do século XVII” (Eric. J. Hobsbawm, A. D. Lublinskaya, H. R.
Trevor-Roper), e por meio deste apresentando suas opiniões convergentes e
divergentes. Seguirei iniciando minha linha de análise por texto de cada autor
e sua relação com os demais autores.
O texto “A
crise geral da economia europeia no século XVII” de Eric J. Hobsbawm tem por
base as teorias marxistas e parte do pressuposto de que a crise não foi
paralela em toda a Europa, mas distingue-se em algumas regiões houve estagnação
e em outras não. Em alguns lugares da Europa houve crescimento e em outros
houve crise. Para Eric J. Hobsbawm, a existência ainda de relações feudais
impediram o desenvolvimento do capitalismo na Europa, sendo esse um dos
principais motivos da Crise do século XVII da qual o mesmo demonstra provas
incontestáveis da ocorrência da Crise.
“O raciocínio geral pode ser resumido no
seguinte: para que o capitalismo se implante, a estrutura da sociedade feudal
ou agrária deve passar por uma revolução.”
Eric J. Hobsbawm
Já em contrapartida podemos observar no texto
“A crise geral do século XVII” de H. R. Trevor-Roper, uma perspectiva
antimarxista da visão da Crise do século XVII. Ele nos mostra em seu texto que
a crise do século XVII não foi uma crise de produção devido à estagnação como
propôs Eric Hobsbawm, porque somente a Inglaterra que possuía as forças
capitalistas triunfantes da Europa neste período, pois a antiga estrutura foi
destruída e uma nova forma de organização econômica estabelecida. Dentro desta
organização segundo H. R. Trevor-Roper, o capitalismo moderno, industrial pode
desenvolver-se e desse modo sofrer as consequências plenas da crise que atingia
a Europa nesse momento da história.
“Consequentemente, enquanto outros países
não fizeram qualquer progresso imediato em direção ao capitalismo moderno, na
Inglaterra a antiga estrutura foi destruída e uma nova forma de organização
econômica foi estabelecida, Dentro desta organização, o capitalismo moderno,
industrial, pode atingir seus resultados surpreendentes: não era amais a
empresa capitalista ‘adaptada à estrutura geralmente feudal’; era a empresa
capitalista, a partir de sua base
insular recém-conquistada, ‘ transformando o mundo’”.
H. R. Trevor-Roper
Mesmo
afirmando ter a Crise do século XVII ter alcançado plenamente somente a
Inglaterra devido ao seu desenvolvimento capitalista adiantado em relação às
outras nações ele acaba por concordar com Eric J. Hosbawm ao afirmar que de fato,
não se conseguiu a transformação em lugar algum sem um pouco de revolução.
Apresento agora as opiniões da autora A. D. Lublinskaya em seu texto “A teoria
da revolução geral na Europa do século XVII”. Ela critica as teorias de uma
generalização da crise entre as nações da Europa e apoia suas teorias em
consideração da situação de cada nação em particular.
“Destes três países (Inglaterra, Holanda e
França), cuja revolução capitalista se opera no começo do século XVII, a França
não somente ocupa um lugar menor, como é o único Estado cujo desenvolvimento
capitalista experimenta realmente grandes dificuldades.”
A.
D. Lublinskaya
No aspecto
de uma crise do capitalismo em particular, A. D. Lublinskaya discorda com Eric
J. Hobsbawm que afirma que a crise ocorreu em cada nação devido ao
desequilibrado desenvolvimento do capitalismo, como enquanto a Inglaterra era
estagnada pela crise a Suécia, Rússia e outras regiões menores desenvolviam-se.
“As potências ibéricas, a Itália e a Turquia
apresentavam um evidente retorocesso. Quanto a Veneza, encontrava-se a ponto de
transforma-se num centro turística(...) Mais ao norte, o declínio da Alemanha
era evidente, embora de forma alguma irremediável. Na Polônia báltica, a
Dinamarca e a Hansa declinavam. (...) Por outro
lado, as potências marítimas e suas dependências – Inglaterra,
Províncias Unidas, Suécia – assim como a Rússia e outras regiões menores como a
Suiça pareciam se desenvolver a invés de estagnar. Enquanto a Inglaterra,
encontrava-se em pleno avanço. A França encontrava-se em uma situação
intermediária (...).”
Eric J. Hobsbawm
A autora Lublinskaya concorda com Hobsbawm que o
capitalismo é um dos centros do evento da crise do século XVII, mas que este
não é o responsável pela mesma como nos tenta demonstrar Hobsbawm em seu texto.
Pois a autora estima que não é uma crise de produção capitalista a que se
registra no século XVII, mas uma luta econômica e política – entre os países
onde o capitalismo se desenvolve de maneira desigual.
Em relação ao texto do autor Trevor-Roper, Lublinskaya
nos guia em sua crítica de que as teorias da crise geral do século XVII e da
crise do capitalismo em particular de onde tirou a maioria de suas conclusões
da economia inglesa e holandesa. Ele sublinhou mais o ritmo lento, a seu juízo,
deste processo até nos países desenvolvidos.
“De qualquer maneira, as cortes
reconheceram-na como a sua crise. Algumas cortes procuraram reformar-se foi
então que as velhas cidades-estados, particularmente Veneza, embora agora em
decadência, tornaram-se o modelo admirado, primeiro para a Holanda e
depois para a Inglaterra.”
H. R. Trevor-Roper
Lublinskaya concorda com
Trevor-Roper sobre a importância do envolvimento dos acontecimentos na Holanda,
Inglaterra e França para exemplificar os eventos da crise do século XVII, ainda
que de formas distintas como vemos a autora citar:
“A evolução capitalista na França durante o
período examinado está muito influenciada pelo capitalismo dos países vizinhos,
principalmente da Holanda e da Inglaterra. Estes três Estados caminham para a
sociedade burguesa (...).”
A.
D. Lublinskaya