Físicos conseguiram pela primeira vez obter átomos de antimatéria, em uma conquista que poderá levar a uma maior compreensão sobre a origem do Universo.
A organização de pesquisa nuclear europeia (Cern) conseguiu capturar 38 átomos de anti-hidrogênio em um campo magnético por um sexto de segundo - tempo suficiente para começar a estudar as suas estruturas.
Átomos de anti-hidrogênio já haviam sido produzidos anteriormente, em 2002, mas eles eram destruídos instantaneamente quando entravam em contato com matéria normal.
A equipe responsável pela pesquisa declarou à revista Nature que a possibilidade de estudar a antimatéria desta maneira permitirá a comprovação de alguns princípios da física antes impossíveis de serem atingidos.
A antimatéria é um "espelho" da matéria normal, da qual é composta a maior parte do Universo. Uma antipartícula tem uma massa idêntica à de sua partícula correspondente, mas com carga elétrica inversa.
Um dos grandes mistérios da física é por que uma parte imensamente maior do Universo é feita de matéria em vez de antimatéria. As leis da física não fazem distinção entre as duas, e quantidades iguais de ambas podem ter sido criadas quando o Universo surgiu.
Captura complicada
A produção de partículas de antimatéria como posítrons - o "espelho" dos elétrons - e antiprótons em laboratório se tornou algo comum, mas reuni-las em átomos de antimatéria sempre foi algo bem mais complicado.
Enquanto a captura de átomos normais pode ser feita com campos elétricos ou magnéticos, fazer o mesmo com átomos de anti-hidrogênio requer um tipo muito específico de campo.
"Átomos são neutros - eles não têm carga líquida - mas eles têm uma pequena propriedade magnética", disse à BBC o professor Jeff Hangst da Universidade de Aarhus (Dinamarca), um dos colaboradores do projeto para captura de anti-hidrogênio.
"Você pode imaginá-los (os átomos) como pequenas agulhas de bússola, que podem ser desviadas usando campos magnéticos. Nós construímos uma 'garrafa magnética' muito forte em volta onde produzimos o anti-hidrogênio e, se eles não estiverem se movendo muito rapidamente, eles são capturados."
Além de Hangst, também participaram da pesquisa os físicos Rob Thompson e Makoto Fujiwara, da Universidade de Calgary (Canadá).
A equipe comprovou que, dos cerca de 10 milhões de antiprótons e 700 milhões de posítrons, 38 átomos estáveis de anti-hidrogênio foram formados.
O próximo objetivo é obter mais destes átomos, e que durem mais tempo, para que possam ser estudados mais precisamente.
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