domingo, 28 de outubro de 2018

Dinastia Tudor: a era de ouro da monarquia inglesa

Personagens emblemáticos como Henrique VIII, Mary, a Sanguinária, e Elizabeth, a Virgem, deram à Inglaterra um brilho inédito, marca de um período áureo repleto de tensões religiosas, lutas pelo poder e problemas conjugais.


Henrique Tudor não herdou a coroa da Inglaterra, ele a conquistou. Derrotou Ricardo III na Batalha de Bosworth Field, o último episódio da guerra travada durante 30 anos entre a casa real de Lancaster e a de York. A chamada Guerra das Rosas causou estragos nas famílias nobres do reino, de modo que Henrique Tudor acabou sendo o herdeiro da casa de Lancaster. Pelo lado da mãe, Lady Margaret Beaufort, Henrique pertencia aos Lancaster. Mas pelo lado do pai, o galês Edmund Tudor, ele não tinha nenhum sangue Plantageneta. Buscando antepassados gloriosos, Henrique diria ser descendente de Cadwaladr, filho de Cadwallon, poderoso rei galês do século VII, e reivindicaria o legado do lendário rei Artur, ancorando assim as raízes Tudor no mais antigo solo inglês.

O verdadeiro fundador da casa de Tudor foi Owen, um jovem senhor galês, bonito, corajoso e inteligente, que se tornara famoso por seu romance com Catarina de Valois, viúva de Henrique V, e pelo importante papel que desempenhou na Guerra das Rosas. Owen e Catarina tiveram cinco filhos, entre os quais Edmund, pai de Henrique VII. Mas, apanhado pelo turbilhão sangrento da guerra fratricida, Edmund Tudor morreu antes do nascimento do filho. Henrique foi educado, instruído e treinado na arte da guerra por seu tio Jasper, conde de Pembroke, que fora o arquiteto da conquista da Inglaterra e do País de Gales pelos Lancaster.
O Parlamento o recebeu como um novo Josué, enviado por Deus para libertar o povo da tirania. Henrique Tudor, no entanto, estava consciente da fragilidade das suas pretensões à coroa. Sua linhagem era boa, porém havia quem estivesse mais perto do trono do que ele. Por precaução, ele mandou levar para a Torre de Londres Eduardo, conde de Warwick, um menino simplório de 10 anos de idade, fi lho de George de York, duque de Clarence. Prudente, escolheu como conselheiros homens de valor selecionados entre os York e entre os Lancaster, e, para consolidar a legitimidade da sua descendência, casou-se com Elizabeth de York, a fi lha mais velha de Eduardo IV. Teriam sete filhos, dos quais quatro sobreviveriam: Arthur (1486-1502), Margareth (1489-1541), Henrique (1491-1547) e Mary (1496-1533). A descendência da dinastia estava garantida.
O rei queria que Arthur nascesse em Winchester, um dos prováveis locais do castelo do rei Artur e capital de Camelot, e foi ali, também, que ele foi confiado aos maiores mestres do momento. Naquela época, os casamentos selavam alianças políticas. Com apenas 3 anos de idade, Arthur estava noivo de Catarina, fi lha de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Para o rei Tudor, uma aliança com a Espanha era a melhor maneira de contrabalançar o poder da França, da qual a Inglaterra ainda possuía somente Calais. Para pôr um fim às disputas com seus turbulentos vizinhos escoceses, Henrique VII casou sua fi lha Margareth com o rei James IV, vinte anos mais velho que ela, enquanto a jovem Mary estava destinada a partilhar a vida e o leito do velho rei da França, Luís XII, de quem ficaria rapidamente viúva.
Na política interna, Henrique VII tomou medidas eficientes, apoiando-se em três classes poderosas: a gentry (nobreza sem título), os yeomen (pequenos proprietários rurais não nobres) e os comerciantes. Reorganizou o exército e promoveu o comércio e a navegação. Concluiu um tratado comercial com a Holanda (Magnus Intercursus), primeiro marco da política dos tempos modernos: a conquista dos mercados estrangeiros. Ele participou também das mais importantes descobertas marítimas do seu tempo. Rei pacífico e parcimonioso, encheu novamente os cofres do Tesouro real. A recuperação financeira do reino foi espetacular. O casamento de Arthur e Catarina de Aragão foi celebrado em novembro de 1501. No entanto, Arthur era frágil e morreu alguns meses mais tarde. Henrique VII decidiu unir seu segundo filho, Henrique, à jovem viúva, para preservar a aliança com a Espanha e evitar devolver o dote.

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Você quer saber mais? 

CRÉTÉ, Liliane. Dinastia Tudor: a era de ouro da monarquia inglesa. História Viva, São Paulo, edição 110, dezembro de 2012.




























Afinal, o que é inteligência?




Isaac Asimov
Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos. A média era 100. Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal. (Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police).
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez. Ele adorava contar piadas. Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”

Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.

Construindo História Hoje é mais Brasil!


Viva ao Brasil!

domingo, 21 de outubro de 2018

As melhores histórias da mitologia Asteca, Maia e Inca.



Comecei agora a ler o livro “As melhores Histórias da Mitologia Asteca, Maia e Inca de A.S Francini e é incrível tal como a mitologia Asteca (Mexica) a similaridade de seus mitos com personagens e inclusive histórias presentes na Europa e Oriente Médio. Histórias sobre um dilúvio universal que extinguiu a última civilização humana anterior a nossa, águas de um rio que se abrem para o povo sagrado passar (etnia quiche Maia), um rei asteca monoteísta que prega o fim dos sacrifícios humanos e o culto a um único Deus, o mesmo constrói um templo sem ídolos dedicado ao deus único e espiritual. Um deus branco chamado Votan pelos maias (tal qual o Wotan germânico), o deus civilizador Quetzalcoatl (para os Astecas) e Kukulcan (para os Maias) um deus que veio de Tula no oriente pelo mar e para lá retornou prometendo voltar. Tula a cidade que ninguém consegue localizar seja na geografia mitológica ou factual. 
São tantas as similaridades com histórias que conhecemos serem baseadas no Velho Mundo que chega a ser um disparate não considerar um contato anterior a 1492, seja pelos Vikings ou outro povo. Uma grande "coincidência" foi que a chegada de Hernaz Cortez  na América Central coincidiu com o ano do retorno de Quetzalcoatl, a serpente emplumada, um deus asteca que prometeu retornar ao seu povo após partir. Isso se deu no ano de 1519 da era Cristã que coincidiu com o calendário asteca de 52 anos cíclicos!

Leandro Claudir Pedroso


domingo, 7 de outubro de 2018

Música tema do Construindo História Hoje



Música de banda militar escocesa tocada com gaitas de fole e tambores durante o festival de verão em Edinburgh na Inglaterra em 2013. Música tema do Construindo História hoje!

Mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. (Continuação)!




Para os egípcios, o maior mistério de todos era a “transformação” (o número nove) do Criador de Não visto para Visto, o Um que se manifesta como muitos. Essa transformação foi revelada através de sucessivos estágios: Atum (ou Rá) em Heliópolis, Ptah em Mênfis, Toth em Hermópolis e Amun em Tebas. Segundo o Papiro de Qenna do Museu de Leyden, escrito durante a décima oitava dinastia:

“Os deuses ao todo são três: Amun, Rá e Ptah, que não têm iguais. Aquele cuja natureza (literalmente, “cujo nome”) é um misterioso, sendo Amun; Rá é a cabaça, Ptah o corpo. Suas cidades na terra, estabelecidas para sempre são: Tebas, Heliópolis e Mênfis (estáveis) para sempre. Quando uma mensagem vem do céu, é ouvida em Heliópolis, repetida em Mênfis para Ptah, e transformada em carta escrita com letras de Toth (em Hermópolis) para a cidade de Amun (Tebas)”.

Essa ideia de mensagem representa o progresso da “transformação” de Céu para Terra. Porque Heliópolis era considerada o “ouvido do coração”, foi lá que a mensagem do ouvida. Nos textos sagrados, como o Sol era tido como o coração do sistema solar, então Heliópolis era o coração do Egito, a cidade do Sol. O nome Heliópolis, como é usado nos textos funerários, significa “a origem absoluta das coisas”, o que não quer dizer que isso se referia estritamente à cidade física de mesmo nome. Quando se diz em textos egípcios: “vim de Heliópolis” ou “vou para Heliópolis”, significa que “eu procedo do início” ou “estou retornando para a Fonte”.

Segundo os ensinamentos em Heliópolis, o Um que iniciou a “transformação“ é Atum, cujo nome significa “tudo” e “nada” e representa o potencial de criação imanifesto. Atum é “um” com Nun, que é o oceano cósmico e indefinível. O primeiro ato de Atum foi se distinguir de Nun, conforme é descrito na mitologia egípcia. Assim que Atum (o Todo ou Absoluto) tomou consciência de si, emergiu de Nun como a colina primordial e criou Shu, o princípio de espaço e ar, e Tefnut, o princípio do fogo, que, segundo os textos da Pirâmide de Saqqara, ele cuspiu para a existência (os textos da Pirâmide de Saqqara são um conjunto de hieróglifos, datando da quinta e da sexta dinastias do Antigo Império, aproximadamente 2350 a 2175 AEC, e que foram inscritos nas paredes das pirâmides, embora se acredite que tenha sido composto muito antes, por volta de 3000 AEC).

Em outra versão, ele se autocriou projetando o seu coração, formando os oitos princípios primários conhecidos como a Grande Enéade de Heliópolis. A Grande Enéade era composta pelos nove grandes deuses osirianos: Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Seth e Néftis. O termo também é usado para descrever o grande conselho de deuses e também como uma designação coletiva para todos os deuses. Osíris, Ísis, Seth e Néftis representam a natureza cíclica da vida, morte e renascimento, sendo que nada disso é dissocidado de Atum, segundo os Textos da Pirâmide.

Atum representa a “Causa” inescrutável. Pode ser pensado em termos do conceito ocidental de deus. A partir dele tudo foi criado. Está no topo da Enéade. Dele, todos os demais princípios do universo emanam. De Atum nasceram Shu (ar/vento) e Tefnut (água/umidade), os elementos mais importantes para a vida, representando o estabelecimento da ordem social. Shu apresenta o principio da Vida e Tefnut, o principio da ordem. De Shu e Tefnut, foram criados Geb e Nut, terra e céu. De Geb nasceu o Sol. Quando Nut e Geb encontraram Tefnut, ocorreu a escuridão. De Nut e Geb nasceram Osíris, Ísis, Seth e Néftis.

A aplicarmos os quatro princípios (umidade, dualidade, conciliação e o conceito de matéria), Osíris representa a encarnação e reencarnação, vida e morte, que é renovação. Seth é o princípio de oposição, ou antagonismo.

Esses acontecimentos da criação têm lugar fora dos limites do tempo terreno, além da esfera temporal. Ocorrem no céu, não na terra. De acordo com Schwaller, esses mistérios não são para serem entendidos pelos processos de raciocínio da inteligência mental. É um mistério que não é compreendido pela mente racional e só pode ser percebido pelo que os simbolistas chamam de “inteligência do coração”. Trata-se de fato, do mistério primordial de deus e sua criação, Atum, que se tornou um, dois, e assim por diante até chegar a oito.

“Eu sou Um que se transformou em
Dois. Eu sou Dois que se transformou em Quatro. Eu sou Quatro que se transformou em Oito. Depois disso eu sou Um”.

Sarcófago de Pentamon, Museu do
Cairo, [artefato] n°1160.

Essa manifestação ou proliferação de um em muitos, que ocorreu em Heliópolis, é o princípio abstrato da criação. Em Mênfis, Ptah leva mais longe essa abstração e traz para a Terra fogo do céu. Em Hermópolis o fogo divino começa a interagir com o mundo terreno. Em Tebas, a reiteração desses três processos é combinada em um, representado pela tríade de Amun.

Segundo John Anthony West, em Serpent in the Sky, a Grande Enéade emana do Absoluto, ou “fogo central”. Os nove neteru (princípios) são contidos pelo Um (o absoluto), que se torna tanto um e dez, e é a simbólica semelhança da unidade original. A Grande Enéade é a repetição e um retorno à fonte, que é vista na mitologia egípcia como Hórus, o divino filho que vinga o assassinato e desmembramento do seu pai, Osíris.

Os egípcios propugnavam uma filosofia holística, natural, que descrevia a criação do homem não como um ser lançado num mundo perigoso e violento, mas como a encarnação do divino num sentido espiritual. O homem era o Cosmo e o papel do indivíduo era de perceber isso, para alcançar a eternidade. Pitágoras compreendeu essa filosofia e descreveu-a de maneira muito coerente em seus escritos e ensinamentos. Os egípcios falavam disso na forma de mitos que encerravam uma verdade espiritual.


Leandro Claudir Pedroso

Referências:

MALKOWSKI, Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens Pré-históricas. São Paulo: Cultrix, 2010.


Mitologia egípcia com misticismo numérico.



A história mítica de Hórus e Seth caracteriza as estruturas rítmicas da dualidade. Das menores parcelas da realidade – o próton e o elétron – à vida orgânica e a nós, humanos, homens e mulheres – há um ritmo constante de dualidade na vida natural. É assim que o mundo funciona, tanto o animado quanto o inanimado. O próton atrai o elétron para criar uma realidade física. O macho e a fêmea, de toda a vida animal, são atraídos um pelo outro para assegurar a continuidade da vida. A dualidade está contida dentro da unidade absoluta. Eis o significado do número dois. Todo o ser humano experimenta essa dualidade já que o mundo natural reflete isso com a divisão em macho e fêmea de toda vida orgânica. Contudo, essa divisão deve encontrar conciliação, como fizeram Hórus e Seth. Essa conciliação é representada no número três.

O número três representa a relação e a conciliação entre a causa absoluta (um) e a dualidade (dois) que ela cria de si mesma. Existe meramente em um plano espiritual. Com esse decreto filosófico existe uma inegável associação entre causa e dualidade. Podemos entender isso como o que poderíamos chamar de “efeito”. Esforçamo-nos a valer para afetar pessoas e acontecimentos, muitos de nós por meio de preces ou pensamentos positivos quando as ações diretas não são ou não podem ser bem-sucedidas. Os antigos egípcios comportavam-se do mesmo modo. Em vez de chamar de prece ou pensamento positivo, eles chamavam a isso de magia.

O número quatro, representando a ideia do mundo material, era recorrente no simbolismo egípcio – as quatro regiões do céu, os quatro filhos homens de Hórus, o quatro filhos de Geb, os quatro canopos nos quase os órgãos dos mortos eram depositados no funeral. Segundo o mito egípcio, Geb se casou com sua irmã Nut, a deusa do céu, sem a permissão do poderoso deus sol, Rá. Rá ficou zangado com Nut e Geb que forçou o pai deles, Shu, o neter do ar, a separá-los: por isso a terra é separada do céu. Além disso, Rá proibiu que Nut tivesse filhos em qualquer mês do ano. Felizmente, Toth, o divino escriba, decidiu ajudar e induziu a Lua a jogar damas com ele, sendo que o prêmio era a luz da Lua. Toth ganhou tanta luz que a lua foi obrigada a acrescentar cinco novos dias ao calendário oficial. E Nut e Geb tiveram quatro filhos: Osíris, deus dos mortos, Seth, deus do caos, Ísis, deusa mãe e feiticeira, Néftis, deusa do lar.

O entendimento do número cinco, ou vida, pelos egípcios, pode ser visto no conceito do homem consciente, unido com o Absoluto e alcançando unidade com a Causa (deus). Ele se tornaria uma estrela, e “se tornaria um na companhia de Rá”. Nos hieróglifos, o símbolo para estrela era desenhado com cinco pontas. Visto como sagrado em diversas culturas, o pentagrama e o pentágono também refletem o valor místico do cinco.

Os egípcios escolheram simbolizar os fenômenos temporais e espaciais com o número seis, o número do mundo material, do tempo e do espaço. O seis representa, as divisões básicas temporais, como às 24 horas do dia, os trinta dias do mês, e os doze meses do ano, todos múltiplos de seis. O seis também é visto no cubo egípcio, o símbolo de volume, com suas seis direções de extensão (para cima, para baixo, para a frente, para trás, para a esquerda, para a direita). O faraó assentava-se em seu trono, que era um cubo, onde o homem é colocado inequivocamente na existência material.

O número sete, significando a união entre o espírito e a matéria, é expresso na pirâmide, que é uma combinação da base quadrada – simbolizando os quatro elementos – e os lados triangulares – simbolizando os três modos de espírito (4 lados na base + 3 lados triangulares = 7). Não é apenas simbólica, mas também é prevalecente em outras culturas do antigo Oriente.

O Xamã da Ásia central acreditava que a “árvore cósmica” tinha sete ramos e que também havia sete céus planetários. Era um conceito em que o Xamã, em sua busca ritualista, subiria ao céu ao longo do eixo do mundo. Segundo Mircea Eliade, em Shamanism: Archaic Technique of Ectasy, a árvore cósmica é uma ideia arcaica e universa. O mito do arco-íris, com suas sete cores sendo a estrada dos deuses e a ponte entre o céu e a terra, existia tanto nas crenças religiosas da Mesopotâmia quanto na tradição japonesa. As sete cores do arco-íris também foram incorporadas na ideia e no simbolismo dos sete céus. Tradições como essas são encontradas na Índia e na Mesopotâmia, e também no judaísmo.

Durante o Médio Império, o número oito era retratado na Ogdóadaoito entidades que formam outra variação da mitologia egípcia da criação. Embora esses seres fossem adorados principalmente em Heliópolis, aspectos da criação eram combinados com alguns mitos. Cada entidade ou aspecto é um membro de um par masculino/feminino (ou marido/ mulher), e cada par representa um aspecto do caos primordial do qual o mundo físico foi criado.

Nun e Naunet representam as águas primordiais; Kuk e Kauket, a escuridão infinita; Hu e Hauhet, o espaço vazio; e Amum e Amaunet, os poderes secretos da criação. Os deuses eram normalmente representados com homens com cabeças de cobras, e as deusas como mulheres com cabeças de rãs. Eles construíram uma ilha no vasto vazio em que o ovo “cósmico” foi colocado. Desse ovo veio Atum, o deus sol, que iniciou o processo de criação do mundo, que corresponde ao mundo físico como a humanidade o experimenta. Às vezes, a Ogdóada era representada como babuínos anunciando o primeiro nascer do sol, mostrando sete dos deuses da Ogdóada e Hórus, o falcão representando o deus Ra-Harakhty. O lugar referido como “ilha da chama” viu o nascimento do deus Sol e também era chamado de Khemenu, ou Cidade dos Oito. Os gregos a chamavam de Hermópolis.

Continua...


Leandro Claudir

Referências:

MALKOWSKI, Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens Pré-históricas. São Paulo: Cultrix, 2010.



Mitologia e Lendas brasileiras, Boitatá: a Cobra de Fogo!



As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Os deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido à vida e ao mundo.
Boitatá
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como Fogo que Corre.
Também conhecido como "fogo que corre", o boitatá, no folclore brasileiro, é uma grande cobra de fogo. Este bicho imaginário foi citado pela primeira vez em 1560, num texto do padre jesuíta José de Anchieta. Na língua indígena tupi, "mboi" significa cobra e "tata" fogo.
A lenda no Norte e Nordeste 
De acordo com a lenda, o Boitatá protege as matas e florestas das pessoas que provocam queimadas. O Boitatá vive dentro dos rios e lagos e sai de seu “habitat" para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas. De acordo com esta lenda, o Boitatá possui a capacidade de se transformar num tronco de fogo.
A lenda no Sul 
Numa lenda do sul do Brasil, a explicação para o surgimento da Cobra de Fogo está relacionada ao dilúvio (história bíblica que fala sobre a chuva que durou 40 dias e 40 noites). Após o dilúvio, muitos animais morreram e as cobras ficaram rindo felizes, pois havia alimento em abundância. Como castigo, a barriga delas começou a pegar fogo, iluminando todo o corpo.
Em 1560 registrou o Padre José de Anchieta:

    "Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza." (in: Cartas, Informações, Framentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio de Janeiro, 1933).

No folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas.

A causa desse mito pode ser explicada com uma reação química, ossos de animais, como bois, cavalos etc. que são ricos em fósforo branco, que é um material inflamável (diferente do fósforo vermelho que é usado como medicamento), se aglomeram em um lugar, o osso começa a se decompor, e sobra apenas o fósforo. Quando um raio ou faísca, entra em contato com os ossos semi-decompostos causa uma enorme chama.

A palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de fogo (tata), sendo Mbãetata em sua lingua original. Pensaram entao, em juntar as duas palavras (mboi e tata) para transforma-las neste mito: Boitatá.

Na obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com este nome que descreve bem o que seja a lenda. Há registro de que a primeira versão da história foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo tupi Mbaetatá - coisa de fogo.

A ideia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, "Veio a imagem da marcha ondulada da serpente". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura aparece da seguinte maneira: um touro de "pata como a dos gigantes e com um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".

A versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa região, narra a lenda que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão.

Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar. E de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.
Ainda hoje, esta lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada, inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”, de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio Boitatá.
A serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá com a Mula-sem-cabeça”, onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários seres do nosso folclore. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão, "Uaná, um curumim entre muitas lendas", em que a serpente, também comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações divertidas como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo, conseguiu colocar uma foto sua na internet.Apesar do tamanho gigante, a serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”.
Também José Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no gênero feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens, quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.
Explicação científica:
Pesquisadores afirmam que esta lenda está associada aos incêndios, que ocorrem espontaneamente em função da queima de gases oriundos da decomposição de material orgânico.

Referências:





Anchieta, José de. Carta de São Vicente (X), em Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões, v.3 das Cartas jesuíticas. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1933, p.128

Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954 | 9ª edição: Rio de Janeiro, Ediouro, sd | Geografia dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.143-147

 Lopes Neto, João Simões de. Contos gauchescos e lendas do sul. 3ª ed. Porto Alegre, Globo, 1965.

 Magalhães, Couto de. O selvagem. Rio de Janeiro, Tipografia da Reforma, 1876, p.138

• Silveira, Valdomiro. Mixuangos. Rio de Janeiro, 1937




Mitologia e Lendas brasileiras, Curupira.




É um mito bem antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta em 1560. Ele protege a floresta e os animais, espantando os caçadores que não respeitam as leis da natureza, isto é, que não respeitam o período de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário para a sua sobrevivência e lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma predatória.
Assim como o boitatá, o Curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.
Além disso, dizem que o curupira gosta de sentar nas sombras das mangueiras e se deliciar com os frutos, mas se ele sentir que está sendo vigiado ou ameaçado, logo começa a correr a uma velocidade tão grande que os olhos humanos não conseguem acompanhar.

Muitos dizem que existem curupiras que se encantam com algumas crianças e a levam embora para longe dos seus pais por algum tempo, mas são devolvidas quando atingem mais ou menos os sete anos de idade.

Com isso, as crianças "sequestradas" e posteriormente devolvidas, nunca voltam como eram, em razão do fascínio que passam a sentir pela floresta onde viveram.

Para proteger os animais, o curupira usa mil artimanhas, procurando sempre iludir e confundir os caçadores, utilizando gritos, assobios e gemidos, fazendo com que o caçador pense que está atrás de um animal e vá atrás do Curupira, e este faz com que o caçador se perca na floresta.

Ao aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores. Assim, ele vê se elas estão fortes para aguentar a ventania. Se perceber que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto.

O Curupira também pode encantar os adultos. Em muitos casos contados, o Curupira mundia os caçadores que se aventuram a permanecer no mato nas chamadas horas mortas. O encantado tenta sair da mata, mas não consegue. Surpreende-se passando sempre pelos mesmos locais e percebe que está na verdade andando em círculos. Em algum lugar bem próximo, o Curupira está lhe observando: "estou sendo mundiado pelo Curupira", pensa o encantado.

Daí só resta uma alternativa: parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer dele uma bolinha. Deve-se tecer o cipó muito bem, escondendo a ponta de forma que seja muito difícil desenrolar o novelo. Depois disso, a pessoa deve jogar a pequena bola bem longe e gritar: "quero te ver achar a ponta". A pessoa mundiada deve aguardar um pouco para recomeçar a tentativa de sair da mata.

Diz a lenda que, de tão curioso, o Curupira não resiste ao novelo. Senta e fica lá entretido tentando desenrolar a bola de cipó para achar a ponta. Vira a bola de um lado, de outro e acaba se esquecendo da pessoa de quem malinou. Dessa forma, desfaz-se o encanto e a pessoa consegue encontrar o caminho de casa.
O Curupira solta assovios agudos para assustar e confundir caçadores e lenhadores, além de criar ilusões, até que os malfeitores se percam ou enlouqueçam, no meio da mata. Seus pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, vão na direção errada. Para que isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de suas artes e deixa de dar suas pistas falsas e chamados enganosos.
Sendo mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Em algumas versões das histórias, o Curupira possui pelos vermelhos e dentes verdes e anda montado em porcos catetos. Em outras versões, têm grandes orelhas ou é totalmente calvo. Pode ou não portar um machado e, em uma versão, chega ser feito do casco de jabuti.

Referências:




 FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.513

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.513




MENORAH (CANDELABRO SAGRADO)



A Menorah significa candelabro. Presume-se que a primeira Menorah tenha sido feita para o Tabernáculo no Deserto pelo artista e artesão Bezalel, obedecendo às instruções de Moisés. Na Menorah há 7 lumes de lâmpadas, uma haste central e 3 braços que saem de cada lado.
O Livro Sagrado afirma que a forma, o desenho e os detalhes da Menorah foram inspirados por revelação do céu. Na Menorah, como já afirmamos havia sete braços ao todo: uma haste central e três braços que saíam de cada lado. Cada um dos sete tinha uma tigela para o óleo, que era retirada diariamente pelos sacerdotes para limpeza e recomposição do óleo. Ela era impressionantemente grande, de ouro puro e de desenho altamente decorativo.
Naturalmente, o fogo e a iluminação sempre tiveram papel muito importante nos ritos religiosos. Quando o Templo foi destruído, a Menorah tornou-se o principal símbolo artístico e decorativo da fé judaica. A razão pela qual a Menorah de sete braços nunca foi usada como parte ou ornamento do ritual até os tempos modernos foi à proibição rabínica da reprodução e uso de quaisquer dos ornamentos do templo. (MENTIRA) O BRASÃO DE ISRAEL É UM  MENORAH. PORQUE ELE NÃO FICOU NA BANDEIRA?
Porém a Menorah também tem um significado oculto como já afirmamos. Pareceu-nos bastante claro que o Candelabro é um Simbolograma da Criação. Pesquisando o Livro Sagrado sobre o assunto, encontramos em Êxodo 25: 31/40: "O Senhor disse a Moisés: Farás um candelabro de ouro puro, e o farás de ouro batido, com o seu pedestal e sua haste. ...seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três do outro . . Estes braços formarão um todo com o candelabro, tudo formando uma só peça de ouro batido . . .Cuida para que se execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte".
O texto mostra claramente que o candelabro é apenas uma imagem, uma sombra das realidades celestiais, como foi revelado a Moisés quando estava para construir o tabernáculo. Mas que verdades eram estas que estavam expressas no Candelabro?
Reportando-se à Cabala e ao Sepher Yezirah (Livro da Criação) em busca de respostas às indagações. Tal qual "o místico da criação", quis entender a atuação do Criador, penetrar no inexplicável mistério de como e porque, o Divino acorda de uma inatividade e começa a exteriorizar tudo quanto há em seu pensamento.
O Sepher Yezirah ensina que "Os dez sephirot (números) e as 22 letras do alfabeto hebraico, constituem as 32 misteriosas sendas da Divina Criação e considera o idioma hebraico. Isto porque existe uma incrível correspondência entre a realidade e o valor numérico das palavras hebraicas.
No hebraico, as letras do alfabeto servem também como números, portanto cada palavra e cada sentença têm o seu valor numérico correspondente. Estes 32 elementos perfazem a totalidade dos caminhos (sendas) da sabedoria da Criação. Vejamos como: 32 = 25
2 (dois) é o número da criação; símbolo do processo em que o 1 (Um), Deus, coloca algo fora de si. 5 (cinco) são os dedos da mão, representando a plena capacidade de criar. Então 32 é a criação completa em seus caminhos totais. 1 (um) é Deus, o sopro divino, a origem de tudo 2 (dois) é quando o sopro faz surgir o outro. Este outro vaza pelos 32 caminhos da criação. 3 (três) é a resultante da ação do 1 sobre o 2, é a água primordial, a matéria de tudo. 4 (quatro) é o antípodo de 3; é o fogo primordial. Os números de 5 a 10 são as dimensões do espaço que vão dar forma a toda a criação: 
5 (cinco): Altura; 6 (seis): Profundidade; 7 (sete): direção Leste; 8 (oito) direção Oeste; 9 (nove) direção Sul; 10 (dez) direção Norte. Então, temos, a partir dos dez números, a matéria e a forma de tudo o que surgirá. 
Para a continuação, precisamos do alfabeto hebraico. Ele está dividido em 3 (três) letras matrizes, 7 (sete) letras duplas e 12 (doze) letras simples, ou seja: uma trindade, uma heptata e uma duodecada. 
Estas letras misteriosas encontram sua expressão no universo, no ano e no homem. 

As 3 (três) letras matrizes são: Aleph, Mem e Shin. Estas letras formam: 

no UNIVERSO: ar, água e fogo; 

no ANO: frio, umidade e calor; 

no HOMEM: coração, corpo e cabeça.
Elas representam os 3 (três) elementos universais , no universo, é éter; no ano, umidade e, no homem, sopro vital. no universo, é o grande abismo de que surge a criação; no ano, frio; e, no homem, o líquido amniótico em que está imerso o embrião humano. , no universo, é fogo etéreo; no ano calor; e, no homem, o fogo do intelecto. 
As 7 (sete) letras duplas (com 2 sons) representam: 

* no UNIVERSO, os 7 (sete) astros (Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua); 

* no ANO, os 7 (sete) dias da semana; 

* no HOMEM, os 7 (sete) portais dos sentidos: 2 olhos, 2 ouvidos, 2 narinas e 1 boca.
Num paralelismo entre o macro e o micro cosmos, estas letras representam no mundo humano, determinados valores e seus contrários, a saber: Sabedoria - Insensatez Riqueza - pobreza , Fecundidade - esterilidade , Vida - morte , Domínio - dependência ,Paz - guerra ,Beleza - feiúra. E, finalmente, existem 12 (doze) letras simples que simbolizam:
no UNIVERSO, as 12 constelações de Zodíaco; no ANO, os 12 meses; no HOMEM, as 12 partes do corpo: 1 cabeça, 1 pescoço, 1 peito, 1 abdômen, 2 pernas, 2 pés, 2 braços e 2 mãos.
Representam também os fenômenos básicos da vida: fala, pensamento, andar, visão, audição, coito, olfato, sono, raiva, degustação e riso.
Façamos agora uma analogia entre a Criação tal qual acabamos de ver e o Candelabro de 7 (sete) braços. 
O Candelabro é formado por: a) uma base; b) um eixo central; c) seis braços (três de cada lado do eixo); d) 12 esferas (situadas nos braços).
A base é tríplice, as quais simbolizam os 3 (três) elementos que os antigos consideravam primordiais: AR, ÁGUA e FOGO. Simbolizam também a Santa Trindade Superior.
A vida (base), é uma expressão de Deus, o Cosmo (braços), é outra. A vida e o Cosmo em seu conjunto, "carregam" Deus.
O eixo central é Deus. Ele é Um. Tudo está ligado a Ele. 
Procuremos agora na figura do candelabro, os 10 números e as 22 letras, que perfazem os 32 caminhos (sendas) da Sabedoria da Criação.
Os números:
de 1 a 3 estão representados pelo números de planos da base; 4 é o número das esferas do eixo central; 5 é o número de frações resultantes da divisão das quatro esferas do eixo central; 6 pelas esferas situadas à esquerda e á direita do eixo central (formam dois triângulos que sobrepostos, formam o hexágono de Salomão); 7 pelas chamas. São os 6 dias da Criação, mas o dia de repouso (obra acabada); 8 pelo octógono dos planos da base; 9 é a soma das frações dos braços laterais (formadas pelas esferas) 9 + 9 = 18 = 9.; 10 é 1, é o eixo, é Deus, ao qual tudo está ligado e ao qual tudo retorna. As 3 letras matrizes estão simbolizadas na base; As 7 letras duplas, nas chamas As 12 letras simples, nas 12 esferas dos braços (= signos do zodíaco). Do começo ao fim o candelabro mostra-se unificado ao tema do Sepher Yezirah:
Agora, imaginemos a figura do candelabro invertida (lembrando que ele é a imagem das coisas celestiais. Diz o Sepher Yezirah: 

"De três letras matrizes provêm três elementos primordiais: ar, água e fogo. Destes 3 progenitores emanaram os 7 (sete) astros, como prole; e destes astros, suas hostes e doze pontos oblíquos ou signos do zodíaco".
As testemunhas fiéis destas asserções são: a trindade, a heptada e a duodecada. Diz ainda: 
"Ele, Deus, é Um acima de três, três estão acima de sete, sete estão acima de doze, e todos estão ligados".
Façamos uma análise desta frase: "Ele é um acima de três". Lembra que Deus transcende nossa capacidade de análise. Ele é infinito, absoluto, a fonte de emanação de tudo que se segue.
Três representa os aspectos do Infinito Ser; os aspectos transcendentes de Sua Natureza. É também o campo do espaço sideral onde se movem 3 (três) astros da oitava Superior: Netuno, Urano e Plutão ou Vulcano, cuja influência se faria sentir somente quando a humanidade tiver atingido um estágio superior de evolução.
Três estão acima de Sete. Os sagrados sephirot superiores que constituem o mundo Superior, ou a Trindade Superior, transcendem as dimensões do espaço, à própria Terra.
Situam-se anteriormente aos dias da Criação, aos astros que influenciam toda a vida terrena. 
Os 7 (sete) elementos conhecidos como "dias" ou astros, são capazes de poderes e influência incalculáveis, pois regem também as letras duplas do alfabeto hebraico, que expressam as oposições da vida.
Sete estão acima de Doze. Significa que as dimensões do espaço apresentam pontos oblíquos que alteram sua força, assim como a escala musical tem sustenidos e bemóis que modificam os tons. Diz ainda o Sepher Yezirah 
Há 22 letras e 10 números, pelos quais, o Eu Sou, Yah, o Senhor das Hostes, Todo Poderoso e Eterno, concebeu, ordenou e criou através de 3 Sepharim (a base), todo o seu reino, e por meio dela, forma Ele, criaturas primordiais, e todas aquelas que serão formadas no porvir.
O Candelabro encontrando em alguns templos Martinistas é pois, o símbolo da vida, de Deus e Sua Criação, que sustenta o Divino e orna Seu Santuário, imagem do verdadeiro tabernáculo, erigido pelo Senhor e não pelos homens. 
Maimonides escreveu: "Alguns homens lutam pela riqueza; outros gostariam de ser fortes e sadios; outros ainda, almejam fama e glória. Mas os sábios aplicam seu coração à sabedoria, a fim de que, sabendo, possam compreender o propósito de suas vidas e conduzir seus destinos, antes que advenham as trevas". 
A vã pesquisa entre as coisas exteriores é abandonada e toda a energia do Maçom é dirigida para seu próprio âmago, a fim de que, sua sagrada e inata herança, por tanto tempo negada, possa novamente ser reclamada, completa e em toda a sua beleza, pois agora, a chave secreta há tanto oculta ao homem, resplandece como um farol nas trevas da noite. 

Ele é Um acima de três 

três estão acima de sete 

sete acima de doze
 
e tudo está ligado 

Na verdade, esta é a batalha que travam todos os Martinistas. Enquanto estivermos perdidos na floresta dos erros e distantes das leis naturais e do caminho do meio, mais fortemente as trevas envolverão nossa existência. Portanto é necessário aos buscadores da Luz, cada vez mais dedicação, trabalho e humildade no desempenho de nossas obrigações.

Referências: