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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Império Inca ou Tawantinsuyo. Parte I.




O deus Solar dos Incas, Viracocha. Imagem: Construindo História Hoje.

A princípio, o Estado instituído por um grupo indígena, que se auto-intitulava “Filhos do Sol” e era liderado por um “cacique” mitológico chamado Manco
Capac,
limitavam-se ao fértil vale de Cuzco e cercanias, territórios do povo de etnia Quíchua.

Assim como os Collas, Chancas, Chimús e outros povos e demais nações contemporâneas, os incas, com seu império ainda em gestação e reduzido à região de Cuzco, lutavam para aglutinar tribos vizinhas e engrandecer seus domínios com a finalidade de ampliar seus campos de cultivo, a fim de assegurar uma produção de alimentos satisfatória para seus súditos.

A expansão incaica, assim como o posterior surgimento do império, foi consequência da própria dinâmica de organização política dos povos andinos. A qualquer momento, um dos pequenos reinos poderia se tornar um pouco mais poderoso e desestruturar o frágil equilíbrio de forças entre os vários grupos indígenas.

Tawantinsuyo o Império dos Quatro cantos. Imagem: construindo História Hoje.

Foram os incas de Cuzco que, por volta de 1438, ao derrotar os Chancas, outra etnia indígena que lutava para se impor na região, logrou dominá-los e, posteriormente, os:  Collas,Chimús,Tumpis,Tallares,Ayavacas,Huancabambas,Bracamoros,Chachapoyas,
Cajamarcas,Conchucos,Huacrachucos,Yaros,Huamallies,Huánucos,Pumpus,Taramas,
Huancas,Yauyos,Chocorvos,Lucanas,Soras,Pocras,Cañas,Canchis,Changos,
Camanchacos,Chirihuanos, Quitenhos e muitos outros povos, formando o Tawantinsuyo, ou Império dos Quatro Cantos do Mundo que, durante a chegada dos espanhóis, se estendia desde o sul da Colômbia até o norte do Chile e noroeste da Argentina em um total de cerca de 4,5 mil quilômetros. Em 1532, os espanhóis desarticularam esse extenso império.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. Parte IV.



Números egípcios. Imagem: O Egito Antigo.

Para Pitágoras, o número mais importante de todos era o dez, constituído da soma de um, dois, três e quatro. Isso é expresso geometricamente como um triângulo referido como “tetraktis sagrada”. A tetraktis, também conhecida com década, é uma figura triangular que consiste de dez pontos distribuídos em quatro fileiras: um, dois, três e quatro pontos em cada uma.

A tetraktis sagrada de Pitágoras. Imagem: Construindo História Hoje.

Os pitagóricos acreditam que as maravilhosas propriedades da tetraktis são a fonte e a raiz da natureza eterna. Em essência, é a expressão da realidade metafísica e o “mundo ideal” de Platão. O juramento pitagórico inclui uma referência à tetraktis; eles juram por:

 “ele que deu à nossa família a Tetraktis, que contém a Fonte e a Raiz da Natureza eterna”.

De acordo com West, a tetraktis grega pode ser vista como a Grande Enéade egípcia manifesta e desmitologizada. Embora não seja necessariamente um avanço em relação ao conceito egípcio da Enéade, a tetraktis grega é uma forma de tentar entender os diversos significados por trás da Enéade.

A forma triangular da tetraktis representa a progressão aritmética da criação do abstrato e absoluto ao concreto e diferenciado. O lado esquerdo do triângulo (1, 2, 4 e 8) simboliza o movimento da vida a partir da unidade absoluta.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. Parte III.



A pirâmide que forma a Grande Enéade de deuses egípcios. "De Um se formam Nove, de todos se forma Dez". Imagem: Mitologia Egípcia Hoje.

Para os egípcios, o maior mistério de todos era a “transformação” (o número nove) do Criador de Não visto para Visto, o Um que se manifesta como muitos. Essa transformação foi revelada através de sucessivos estágios: Atum (ou Rá) em Heliópolis, Ptah em Mênfis, Toth em Hermópolis e Amun em Tebas. Segundo o Papiro de Qenna do Museu de Leyden, escrito durante a décima oitava dinastia:

“Os deuses ao todo são três: Amun, Rá e Ptah, que não têm iguais. Aquele cuja natureza (literalmente, “cujo nome”) é um misterioso, sendo Amun; Rá é a cabaça, Ptah o corpo. Suas cidades na terra, estabelecidas para sempre são: Tebas, Heliópolis e Mênfis (estáveis) para sempre. Quando uma mensagem vem do céu, é ouvida em Heliópolis, repetida em Mênfis para Ptah, e transformada em carta escrita com letras de Toth (em Hermópolis) para a cidade de Amun (Tebas)”.

Essa ideia de mensagem representa o progresso da “transformação” de Céu para Terra. Porque Heliópolis era considerada o “ouvido do coração”, foi lá que a mensagem do ouvida. Nos textos sagrados, como o Sol era tido como o coração do sistema solar, então Heliópolis era o coração do Egito, a cidade do Sol. O nome Heliópolis, como é usado nos textos funerários, significa “a origem absoluta das coisas”, o que não quer dizer que isso se referia estritamente à cidade física de mesmo nome. Quando se diz em textos egípcios: “vim de Heliópolis” ou “vou para Heliópolis”, significa que “eu procedo do início” ou “estou retornando para a Fonte”.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. Parte II.



Ogdoáda egípcia. Durante o Médio Império, o número oito era retratado na Ogdóadaoito babuínos com Hórus, o falcão representando o deus Ra-Harakhty. que formam outra variação da mitologia egípcia da criação. Imagem: Egito Além da Eternidade.

A história mítica de Hórus e Seth caracteriza as estruturas rítmicas da dualidade. Das menores parcelas da realidade – o próton e o elétron – à vida orgânica e a nós, humanos, homens e mulheres – há um ritmo constante de dualidade na vida natural. É assim que o mundo funciona, tanto o animado quanto o inanimado. O próton atrai o elétron para criar uma realidade física. O macho e a fêmea, de toda a vida animal, são atraídos um pelo outro para assegurar a continuidade da vida. A dualidade está contida dentro da unidade absoluta. Eis o significado do número dois. Todo o ser humano experimenta essa dualidade já que o mundo natural reflete isso com a divisão em macho e fêmea de toda vida orgânica. Contudo, essa divisão deve encontrar conciliação, como fizeram Hórus e Seth. Essa conciliação é representada no número três.

O número três representa a relação e a conciliação entre a causa absoluta (um) e a dualidade (dois) que ela cria de si mesma. Existe meramente em um plano espiritual. Com esse decreto filosófico existe uma inegável associação entre causa e dualidade. Podemos entender isso como o que poderíamos chamar de “efeito”. Esforçamo-nos a valer para afetar pessoas e acontecimentos, muitos de nós por meio de preces ou pensamentos positivos quando as ações diretas não são ou não podem ser bem-sucedidas. Os antigos egípcios comportavam-se do mesmo modo. Em vez de chamar de prece ou pensamento positivo, eles chamavam a isso de magia.

O número quatro, representando a ideia do mundo material, era recorrente no simbolismo egípcio – as quatro regiões do céu, os quatro filhos homens de Hórus, o quatro filhos de Geb, os quatro canopos nos quase os órgãos dos mortos eram depositados no funeral. Segundo o mito egípcio, Geb se casou com sua irmã Nut, a deusa do céu, sem a permissão do poderoso deus sol, Rá. Rá ficou zangado com Nut e Geb que forçou o pai deles, Shu, o neter do ar, a separá-los: por isso a terra é separada do céu. Além disso, Rá proibiu que Nut tivesse filhos em qualquer mês do ano. Felizmente, Toth, o divino escriba, decidiu ajudar e induziu a Lua a jogar damas com ele, sendo que o prêmio era a luz da Lua. Toth ganhou tanta luz que a lua foi obrigada a acrescentar cinco novos dias ao calendário oficial. E Nut e Geb tiveram quatro filhos: Osíris, deus dos mortos, Seth, deus do caos, Ísis, deusa mãe e feiticeira, Néftis, deusa do lar.

O entendimento do número cinco, ou vida, pelos egípcios, pode ser visto no conceito do homem consciente, unido com o Absoluto e alcançando unidade com a Causa (deus). Ele se tornaria uma estrela, e “se tornaria um na companhia de Rá”. Nos hieróglifos, o símbolo para estrela era desenhado com cinco pontas. Visto como sagrado em diversas culturas, o pentagrama e o pentágono também refletem o valor místico do cinco.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mitologia egípcia e o conhecimento através dos números. Parte I.



Rá-Atum enfrentando a Serpente Apófis. Imagem: Enciclopédia Larousse.

De acordo com Schwaller de Lubicz, os antigos egípcios usavam deliberadamente a proporção harmônica em sua arte e arquitetura, com base no sistema numérico de pensamento. Era uma visão de mundo abrangente, que incluía a filosofia, a matemática, o misticismo e a teologia.

John Anthony West, um simbolista contemporâneo nos mesmos moldes de Schwaller de Lubicz, acredita que o que atualmente é conhecido como misticismo numérico pitagórico é, na verdade, de origem egípcia, e antecede até mesmo o Egito Antigo.

 Rá-Atum ou Atum. Imagem: Enciclopédia Larousse.

Quando o misticismo numérico é aplicado aos mitos egípcios, torna-se claro que as histórias e a mitologia egípcias são baseadas na compreensão dos números e não no animismo. É uma filosofia, mas não no nosso sentido do termo. Não existem textos explicativos. Mesmo assim, é sistemático, autoconsciente e organizado em princípios que podem ser expressos de maneira filosófica.

Por exemplo, na mitologia egípcia Atum (ou Tum) representa a causa transcendente, o absoluto ou o tudo, o Um, o primeiro e verdadeiro deus e criador que fez o mundo e tudo que nele há. Dentro dele estava o potencial para toda a vida. O nome Atum vem de uma