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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

A Revolução de 1923 e o Castelo de Pedras Altas!

A Revolução de 1923 foi um dos conflitos mais significativos na história política do Rio Grande do Sul, envolvendo disputas entre facções políticas rivais que disputavam o poder no estado. Aqui estão mais detalhes sobre o contexto, os atores principais, os eventos e as consequências:

Contexto Histórico

A Política do Rio Grande do Sul: Desde a Proclamação da República, o Rio Grande do Sul era governado pelo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), sob a liderança de Júlio de Castilhos e, posteriormente, Borges de Medeiros. Este último ocupou o cargo de governador por cinco mandatos consecutivos (1898–1908 e 1913–1928), consolidando um governo centralizador e autoritário.

O Castilhismo: O PRR seguia os princípios de Júlio de Castilhos, que defendia uma política de forte intervenção estatal e a manutenção do poder centralizado no partido. Essa hegemonia gerava insatisfação em setores da sociedade que clamavam por mais participação política e renovação no governo.

Eleições de 1922: Borges de Medeiros foi reeleito em um processo marcado por denúncias de fraudes eleitorais. A oposição, liderada por Assis Brasil, não aceitou o resultado, alegando falta de legitimidade no processo.

Principais Fações

Republicanos Borgesistas (PRR): Liderados por Borges de Medeiros, representavam a elite agrária e política do estado, com base de apoio nos setores mais conservadores e ligados ao governo.

Liberais Assisistas: Liderados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, eram contrários ao continuísmo e defendiam a alternância de poder, o voto secreto e uma maior abertura política. Contavam com apoio de diversos grupos descontentes, como estancieiros, pequenos agricultores e setores urbanos.

O Conflito

Início da Revolta: A Revolução começou em janeiro de 1923, quando forças opositoras a Borges de Medeiros pegaram em armas para contestar sua reeleição. Os conflitos foram especialmente violentos no interior do estado, com grandes batalhas em regiões como a Campanha, os Campos de Cima da Serra e as Missões.

Estratégias Militares:

Os Borgesistas contavam com o apoio do governo federal e estavam melhor armados, com tropas organizadas.

Os Assisistas adotaram táticas de guerrilha, com tropas compostas principalmente por estancieiros e peões armados.

Prolongamento do Conflito: A guerra tomou proporções preocupantes, causando grande instabilidade no estado. Apesar da superioridade militar dos Borgesistas, a resistência dos Assisistas manteve o conflito em impasse.

O Tratado de Pedras Altas (14 de dezembro de 1923)

Conciliação: Após meses de enfrentamentos, foi negociado um acordo de paz no Castelo de Pedras Altas, residência de Assis Brasil. A mediação foi feita por líderes políticos de ambos os lados, incluindo representantes do governo federal.

Termos do Tratado:

Borges de Medeiros permaneceu no governo até o fim do mandato, mas renunciou à ideia de reeleições consecutivas no futuro.

Introdução do voto secreto no Rio Grande do Sul, uma das principais demandas dos liberais.

Anistia aos envolvidos no conflito.

Reconhecimento da necessidade de reforma política no estado.

Consequências da Revolução

Política Estadual: O tratado marcou o fim do continuísmo de Borges de Medeiros, mas o PRR continuou dominando a política estadual até a Revolução de 1930.

Impacto Nacional: O conflito destacou as fragilidades do sistema político brasileiro na Primeira República, especialmente no que se refere ao coronelismo e à ausência de mecanismos democráticos efetivos.

Legado:

A Revolução de 1923 é vista como um precursor das reformas políticas que culminariam na Revolução de 1930.

Consolidou a figura de Assis Brasil como um defensor do republicanismo e do voto secreto, valores que se tornariam fundamentais na política brasileira posterior.

Você quer saber mais?

LIMA, Hermes Vargas. A Revolução de 1923: História e Política no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Edipucrs, 1998.

SOUZA, Juremir Machado de. História Regional da Infâmia: O Destino dos Borges de Medeiros e Assis Brasil no Imaginário Político Sul-Rio-Grandense. Porto Alegre: L&PM, 2001.

BRASIL, Joaquim Francisco de Assis. Discursos Parlamentares e Textos Políticos. Porto Alegre: Corag, 1982.

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