Venho através desta
nova empreitada trazer aos leitores do CHH uma coleção de postagens que
tratam da cronologia da vida de grandes brasileiros. Iniciarei o trabalho
trazendo até vocês Rui Barbosa. Um homem que se preparou para ser doutor, mas a
sua maior vocação era a política, pois a medicina parecia uma ciência exata
demais para o seu temperamento apaixonado.
1849
–
Nasce Rui Barbosa em Salvador, Bahia, em 5 de novembro.
1865
–
Forma-se no Ginásio Baiano do Dr. Abílio Borges. Faz um discurso de grande
sucesso. Parte para o Recife, a fim de cursar a faculdade de direito.
1866
-
Morre Maria Adélia, mãe de Rui. Troca de Recife por São Paulo, onde continua o
curso jurídico.
1870
–
Termina o curso, a 28 de outubro. Até 1872 mora em Plataforma, enfermo, e pouco
trabalha na advocacia.
1872
–
Começa a colaborar no Diário da Bahia, de Manuel Dantas.
1873
–
Vai a Paris e a Enghiens-les-Bains tratar da saúde abalada desde o fim do
curso.
1874
–
Morre João José Barbosa de Oliveira, pai de Rui. Rui trabalha na Santa Casa de
Misericórdia, no Diário da Bahia e no escritório de advocacia, para pagar as
dividas do pai, que assume espontaneamente.
1875
–
Bate-se contra o serviço militar obrigatório. Morre Maria Rosa, sua noiva, a 8
de dezembro.
1876
–
Fica noivo de Maria Augusta Viana Bandeira. Casa-se Brites, irmã de Rui. Rui
vem para o Rio tentar a fortuna. Traduz e prefacia O Papa e o Concílio. Volta a
Bahia e casa-se, em dezembro, com Maria Augusta.
1877
–
É publicado O Papa e o Concílio. Regressa à Bahia para tentar a carreira
política.
1878
–
Rui é eleito deputado provincial pelo Partido Liberal.
1879
–
É eleito deputado geral e parte para o Rio de Janeiro. Morre Brites na Bahia.
Defende o Gabinete de Sinimbu contra o ataque de Silveira Martins. Grande
sucesso. Discursa sobre a eleição direta.
1880 – Saraiva assume o
poder e escolhe Rui para elaborar o projeto de reforma eleitoral.
1881
–
O projeto de Rui é aprovado tornando-se conhecido como Lei Saraiva. Pronuncia o
Elogio do Poeta na comemoração do decenário da morte de Castro Alves. É reeleito
deputado geral pela Bahia por pequena margem de votos.
1882
–
Martinho Campos sucede Saraiva. Rodolfo Dantas, filho de Manuel Dantas e amigo
de Rui, é ministro do Império. Rui trabalha no seu parecer sobre a reforma do
ensino. Caí o Ministério em julho. Rui apresenta á Câmara seu parecer e retira-se
temporariamente da vida política. Casa-se Rodolfo Dantas.
1883
–
Concentra-se no trabalho no escritório de advocacia que mantém com Rodolfo
Dantas e Sancho Pimentel.
1884
–
Manuel Dantas é o novo chefe do governo. Rui é preterido na formação do
Ministério. Rui líder do governo na Câmara. É apresentado à Câmara o projeto de
emancipação dos escravos sexagenários, de autoria de Rui. O projeto não passa.
Dissolvido o Parlamento, Rui disputa a reeleição com Inocência Góis e perde.
1885
–
Dantas cai. Saraiva é o novo chefe do governo. Rui critica a vacilação de
Saraiva no caso da lei dos sexagenários. Compromete-se cada vez mais com a luta abolicionista. O
escritório de advocacia progride bastante. Rui começa a saldar definitivamente
as dívidas do pai. Candidata-se novamente à Câmara e é outra vez derrotado.
1886
–
Dedica-se ao estudo e á família. Continua como escritório de advocacia. Morre
José Bonifácio, o Moço. Rui é o orador da sessão cívica promovida em São Paulo.
Enorme sucesso.
1888
–
Agrava-se a Questão Militar. Cotegipe, que sucedera a Saraiva, demite-se. Sobe
ao poder João Alfredo. Em 13 de maio é abolida a escravatura no Brasil. Rui assume
a direção do Diário de Notícias, onde trabalha com Azevedo, seu grande amigo,
daí em diante.
1889
–
Congresso do Partido Liberal. As teses de Rui são derrotadas e Rui é desde 1888
o maior propagandista da federação. João Alfredo cai e é substituído pelo
visconde de Ouro Preto. Rui é convidado para o Gabinete, mas não aceita por não
constar no programa do governo a ideia da federação. Cresce a conspiração
republicana. O marechal Deodoro da Fonseca aceita liderar o movimento. Rui é
chamado a conspirar. Em 15 de novembro é proclamada a República. Instala-se o
Governo Provisório. Rui é o ministro da Fazenda.
1890
–
Grandes reformas financeiras de Rui. As alterações são muito criticadas. Rui
trabalha no projeto da Constituição. Em 15 de novembro instala-se a
Constituinte.
1891
–
Renúncia coletiva do Ministério, em janeiro. Em fevereiro é aprovada a
Constituição. Deodoro é eleito presidente da República. Seu vice é o marechal
Floriano Peixoto. Em 23 de novembro, pressionado, o presidente renuncia,
Floriano assume.
1892
–
Começam os atos arbitrários de Floriano. Rui o combate na imprensa e nos
tribunais.
1893
–
revolta da Armada, liderada por Custódio de Mello. Rui é obrigado a se exilar
em Buenos Aires, e depois em Londres.
1894
–
Prudente de Morais é eleito e toma posse na Presidência. Morre Floriano.
1895
–
Rui volta ao Brasil. É eleito para o Senado.
1896
–
Rui defende-se no Senado de acusações sobre sua alegada desonestidade no
Ministério da Fazenda. É reeleito para o Senado, pela Bahia, contra o desejo de
Prudente. Toma posse Campos Sales, sucessor de Prudente de Morais.
1898
–
Lança o jornal A Imprensa.
1901
- Cessa a publicação do
jornal. Rodolfo Dantas morre em Paris. Morre Francisco de Castro, médico
particular e grande amigo de Rui.
1902
–
Apresenta ao Senado o Parecer sobre a redação do projeto de Código Civil. Trava
a esse propósito grande polêmica com Carneiro Ribeiro. Lança a Réplica, que
consagra como o conhecedor da língua. Toma posse Rodrigues Alves. É o mais
brilhante dos períodos presidenciais da República Velha. Rui o apoia. Rui
estreita sua amizade com Pinheiro Machado, homem forte do regime.
1903
–
Colabora com Rio Branco na questão de fronteiras com a Bolívia.
1904
–
Início da vacinação obrigatória, sob a direção de Oswaldo Cruz. Rui é contra.
Levanta-se a Escola Militar contra a vacinação. Atuação firme do marechal
Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, evita a queda do governo.
1905
–
Forma-se a coligação para impedir que Rodrigues Alves indique seu sucessor.
Pinheiro Machado é o líder. Rui o acompanha.
1906
–
É eleito Afonso Pena. Rui aproxima-se do novo presidente.
1907
–
Segunda conferência da Paz em Haia. Atuação destacadíssima de Rui.
1908
–
Começam a registrar-se divergências entre Afonso Pena e Rui quanto à sucessão.
1909
–
Pinheiro Machado aceita a candidatura de Hermes da Fonseca à Presidência. Rui
rompe com Pinheiro. Morre Afonso Pena. A Presidência é ocupada pelo vice, Nilo
Peçanha. A candidatura de Rui é lançada pela Bahia e por São Paulo. Começa a
campanha civilista.
1910
–
Hermes é fraudulentamente eleito. Rui inicia violenta oposição.
1914
–
Sobe à Presidência Venceslau Brás. Começa a Primeira Guerra Mundial. Rui toma
posição ao lado dos aliados.
1916
–
Pinheiro Machado é assassinado pelas costas no Hotel dos Estrangeiros. Rui
representa o Brasil nos festejos do centenário da Independência da Argentina.
Denuncia a neutralidade frente à guerra, em discurso de enorme repercussão.
1917
–
O Brasil entra na guerra. Festeja-se o Jubileu Cívico de Rui Barbosa.
1918
-
Termina a guerra. Rodrigues Alves é mais uma vez eleito para a Presidência.
Morre antes de tomar posse.
1919
–
Rui concorre à sucessão de Rodrigues Alves. É derrotado por Epitácio Pessoa. Em
novembro vai à Bahia apoiar o candidato a governador, o juiz Paulo Fontes. A
intervenção militar no Estado, decretada pelo governo federal, impede a vitória
certa.
1920
–
Paraninfo dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo. Escreve a
Oração aos Moços.
1922
–
Recompõe-se com Hermes da Fonseca. Pensa em “republicanizar” a República”, com
o apoio do exército. Mas é Nilo Peçanha
quem sai candidato à sucessão de Epitácio Pessoa. Marcha do Forte Copacabana
contra a prisão de Hermes. Artur Bernardes é eleito presidente da República.
Rui o apóia.
1923
–
Vai para Petrópolis recuperar-se de enfermidade cerebral. Em fevereiro ainda
participa de reuniões políticas. Tem os primeiros sintomas de paralisia bulbar
em 27 de fevereiro. Morre em 1° de março. O corpo é embalsamado e trazido para
o Rio. O enterro é em 3 de março.
O que acabamos de ler aqui foi a época de Rui Barbosa. De
1849 a 1923, viu ele nascer e morrer o Segundo Reinado, surgir em seu lugar a
República. E teve ainda tempo de profetizar a sua queda. Quando em 1946 cogitou-se
da redemocratização, foi no seu exemplo e no dos que com ele batalharam que as
forças renovadoras do país buscaram inspiração. Vinte anos depois que falecerá
concluía-se sua obra.
Autor: Leandro Claudir. Criador e administrador do Projeto Construindo
História Hoje e Acadêmico de História.
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D’AMARAL, Márcio Tavares. A
Vida dos Grandes Brasileiros – 1. Rui Barbosa. São Paulo: Ed. Três Ltda, 2001.
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