Membros da Fraternidade de Assassinos Thugs, em 1894. Imagem: CSAS.
A
seita se chamava Thag. Seus membros eram os thugs. Os thugs
surgiram na Índia, talvez no século VII, mais provavelmente no XIII. A palavra Thag significa impostor –
eles se fingiam de prestativos auxiliares a viajantes – que eram então roubados
e assassinados, com um ritual complexo, feito em homenagem a Kali, deusa da
destruição. Os Thugs
também tinham ritos masoquistas: se flagelavam, eram dependurados em ganchos
etc.
Behram Jemadar
Os
Thugs foram aniquilados pelos ingleses, no século XIX. O thug mais famoso desta
época foi Behram Jemadar que,
diz-se, presenciou quase 1000
homicídios, tendo matado ele mesmo, com seu lenço branco e amarelo (uma marca
registrada dos thugs), cerca de 250 pessoas. Behram, assim como uma centena de outros Thugs,
foi condenado à morte.
Foi uma fraternidade
secreta de assassinos e ladrões de viajantes, que aparecem na História da
Índia. Os registros indicam que se tornaram operantes a partir do século XVI
(embora possam ter começado bem antes, no século XIII ou VII) até meados do
século XIX.
No livro The
Strangled Traveler: Colonial Imaginings and the Thugs of India (2002), Martine
van Woerkens sugere que as provas da existência do culto dos Thugs no século
XIX, foram em parte produto da "imaginação colonial", originária do
temor dos britânicos pelo interior desconhecido da Índia, com suas religiões e
costumes obscuros e não compreendidos por eles.
O líder do grupo era
chamado de Jamaadaar. A palavra não
se refere somente aos Thugs, mas também a um posto militar designado de "Jemadar " ou "Jamaadar",
que na verdade equivaleria a "tenente"
para os oficiais nativos do exército britânico e depois no Exército da Índia
Independente.
Dentre os bandos Thugs havia Hindus, Sikhs e muçulmanos,
que adoravam a deusa da Morte Kali (ou Durga), a quem chamavam de Bhowanee. Os Sikhs eram poucos,
mas um dos principais líderes, Sahib Khan, era dessa religião. Outro notório
líder foi Behram, a quem se chegou a atribuir e a seu grupo de 30 ou 50
assassinos, a morte de 931 pessoas de
1790 a 1830. Behram nunca chegou a ser julgado pelos seus crimes.
Os grupos de Thugs praticavam
em larga escala roubos e assassinatos de viajantes. O modus operandi era se
disfarçarem de nativos amigáveis e guias até que levassem as comitivas para um
lugar determinado (os locais preferidos eram chamados de beles) e os roubavam e
matavam. Eles praticavam estrangulamentos laçando o pescoço das vítimas com um
lenço amarelo chamado de "Rumaal",
que traziam amarrado na cintura. Em função desse método, eles também eram
chamados de Phansigars. Os
assassinos escondiam os corpos, enterrando-os ou emparedando-os em muros.
Os Thugs procuravam
não deixar testemunhas, armas ou cadáveres nos locais dos crimes. Os grupos
também não se concentravam em uma determinada região, mas agiam por todo o
subcontinente indiano e se estendiam para territórios não dominados pelos
britânicos. Às vezes levavam os filhos
das vítimas para crescerem como Thugs. Até 1830, apenas policiais locais
facilmente corrompíveis eram que estavam designados para os confrontarem.
Os Thugs e seus seguidores
foram proibidos pelo Império Britânico em 1830 graças aos esforços do
funcionário civil William Sleeman, que começou uma ostensiva campanha contra
esses nativos. A organização policial
chamada de "Thuggee and Dacoity Department" foi fundada pelo Governo
da Índia, com William Sleeman assumindo o cargo de superintendente em 1835. Milhares
de homens foram feitos prisioneiros, executados ou expulsos das possessões
britânicas na Índia. A campanha se baseou em informações de espiões disfarçados e Thugs capturados,
que receberam a promessa de proteção e favorecimentos se contassem o que
sabiam. Por volta de 1870 o culto dos
Thugs já tinha se extinguido, mas os "crimes tribais" e a "casta
de assassinos" ainda permaneceram. A polícia continuou a existir como
departamento até 1904, quando foi substituída pela "Departamento Central de
Inteligência Criminal".
Esses
eventos se deram a mais ou menos cerca de 300 anos, os Thugs também se
comunicavam por meio de uma linguagem secreta e de gestos, os quais só eles
sabiam interpretar.
Segundo
mística clássica, a Káli (ou Durga) havia sido confiada a tarefa de destruir o
poder demoníaco que oprimia o mundo, e seus seguidores concluíram que os
peregrinos em adoração a outros deuses deviam ser seus demônios disfarçados de
gente.
Assim,
os thugs (ou Phansigars, estranguladores) faziam amizade com esses grupos e,
logo que ganhavam a confiança deles, estrangulavam-nos com lenços ou laços que
carregavam na cintura. (Segundo o mestre Samael, os altos iniciados da Loja
Negra usam um cinto de tecido especial com sete nós.).
Depois de mortas, as vítimas eram mutiladas por
membros da seita especialmente treinados para isso. As principais vítimas eram mulheres e crianças das castas mais
humildes, e, circunstancialmente, eram sacrificadas nos altares dos templos
de Káli.
Para que não identificassem as vítimas, escavavam
buracos com picaretas consagradas, jogavam terra por cima e dançavam sobre a
superfície para achatá-la.
O ritual terminava com oferendas de açúcar à deusa
Káli e libações sobre a picareta. Por fim, repartiam entre si o que haviam
roubado da vítima.
A seita dos estranguladores teve seu apogeu no
século XIII, com a construção de diversos santuários dedicados a Káli. Nessa época, os Thugs criaram uma
organização tão estruturada (ou maior) que as máfias modernas.
Os thugs geralmente trabalhavam em bandos, ao longo
das estradas e cidades sagradas indianas, como por exemplo, Benares e
Allahabad. Eles geralmente eram acompanhados de auxiliares, denominados Bhurtotes e Shumseeas.
Os thugs raramente viajavam, ficavam confinados a
determinadas regiões, próximas a seus templos sacrificiais, porém, existia uma
variante Thug, que eram os Thugs viajantes, ou Megpoonas.
Esses eram mais difíceis de capturar, pois não
havia um ponto específico onde pudessem ser encontrados. Foram os que mais
destruição causaram ao povo indiano.
Certa vez, Sir Sleeman interrogou um seguidor Thug
sobre se ele realmente havia assassinado centenas de pessoas, por meio do
estrangulamento. Esse Thug disse que não, que não havia assassinado ninguém.
Quem havia matado a essas
centenas de pessoas fora à própria Deusa Káli, utilizando as mãos dele…
Origens dos Adoradores de Káli
Ilustração de 1897, mostrando um grupo da Fraternidade Thug. Imagem: CSAS.
Essa
seita tântrica negativa se estabeleceu na Índia. Káli é a personificação das
forças cósmicas destruidoras, Káli possui dois aspectos, um positivo, que vem a
ser a Mãe Destruidora de todas as trevas interiores do ser humano. Em seu
aspecto negativo é a energia da Kundalini
despertada negativamente, transformando-se na tão temida “cauda dos demônios”, ou Órgão Kundartiguador.
Felizmente,
essa seita de assassinos foi combatida e extinta pelas autoridades britânicas
na Índia. Coube a Sir William Sleeman, entre os anos 1829-1848, a incumbência
de reprimir e destruir a tenebrosa organização Thug.
Sir
Sleeman escreveu um interessante trabalho, intitulado Ramaseena, ou a Linguagem Peculiar dos
Thugs.
Sleeman afirmou ter conhecido textos
que falavam dos thugs na época de Heródoto. Portanto, esta seita é muito
antiga, quem sabe perdendo-se na noite dos tempos.
Foram
condenados por ele cerca de 1.600 Thugs por assassinato.
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