Estrutura de pedra com ângulo escalonado. Imagem: Verdureiro Eliel.
Coisas que precisam ser
ditas sobre o sitio arqueológico de Natividade da Serra, a chamada
"Pirâmide”.
Não sei por que tanto desinteresse em
esclarecer o caso das ruínas de Natividade da Serra. Quatro pessoas
de diferentes especialidades visitaram o local e chegaram a conclusões
semelhantes. O achado foi noticiado através do jornalista Julio Ottoboni
em 2004, que percebeu sua importância e raridade.
O geólogo do INPE Paulo Roberto Martini
fez um relatório onde diz claramente que aquilo é obra , com
características semelhantes a outras do sudoeste americano. Sudoeste americano
é o sul do continente americano, America do Sul. O oeste são os
Andes, que fique bem claro. Parece que poucos notaram a exatidão da afirmação,
ainda que por enquanto, hipótese.
Logo depois esteve no local o professor
e arqueólogo Luiz Galdino que pesquisou durante 45 anos vastas áreas do Brasil
e sítios pré-históricos, concluiu que é um sitio pré-colombiano e o associou a
um dos ramais do Peabiru, o caminho que unia os Andes com a costa atlântica
,principalmente com a área de São Vicente, más que também tinha
outros ramais. Galdino desenvolveu o assunto no seu livro "Peabiru , os
Incas no Brasil”, editora Estrada Real, 2003.
Pedra angular cortada por intervenção humana Pré-colonial. Imagem: Verdureiro Eliel.
Finalmente estive no local e fiz
observações durante cinco dias e concluí que se trata de um sitio
pré-colombiano. Sendo arquiteto e havendo trabalhado 40 anos na área de
patrimônio cultural e arqueologia, expliquei que os blocos e lajes achados no
local , foram obtidos por método de polimento, sem ferramentas de aço,
método tipicamente andino. Disse que a localização do sitio também dava a ideia
dessa origem. E descartei uma origem”colonial” para ele. Mostrei a similitude
dos padrões das pedras talhadas com locais dos Andes, em função das proporções
e tipologia.
Estas conclusões não podem ser
verificadas com mais exatidão porque nenhum de nos contou com informações de escavações
técnicas . Na verdade quem escavou alguma coisa, e muito, foi o proprietário,
mas enterrou quase tudo o que não foi destruído. Tirou fotos e achou objetos ,
mas não mostra. E agora nega a existência do sitio.
Caso alguém ainda não tenha
percebido, uma equipe interdisciplinar examinou o local e chegou a
conclusões pontuais. Faltou um arqueólogo, más os que foram chamados a
dar opinião não quiseram se envolver. Há varias explicações para isso. De
qualquer maneira nesta primeira fase de pesquisa seriam desejáveis,más não
essenciais. Uma vez que não temos condições de fazer escavações por falta de
apoio legal.
Os vestígios são evidentes para qualquer
um que conheça um pouco de arquitetura pré-histórica sul-americana, e não
dependa do ganha pão nem da boa vontade do IPHAN-SP. Não foi surpresa a
falta de manifestação sobre o caso, inicialmente, por parte do IPHAN-SP,
e a posterior afirmativa de que o sitio não é sítio arqueológico “nem histórico
nem pré-histórico”. Está claro que o IPHAN-SP não tem condições praticas nem
técnicas de examinar o local convenientemente.Trata-se de um órgão burocrático,
com muitos compromissos, inclusive políticos. E já tem a opinião(
MAL) formada de que no Brasil não existe arquitetura pré-colombiana digna
de nota. Consequentemente faz como o avestruz , enfiando a cabeça no buraco e
achando que as coisas deixaram de existir, por ser ele, em teoria, a autoridade
no assunto. Dependendo da ajuda desse tipo de organismo muita coisa
no Brasil nunca vai ser identificada. Podemos ter certeza de que vários
sítios similares ao de Fazenda Palmeiras já foram destruídos sem que a opinião
publica toma-se conhecimento.
Arqueólogos da USP analisam estruturas enterradas. Imagem: Verdureiro Eliel.
As ruínas da chamada Cidade Labirinto
e as da Serra da Muralha, em Rondônia estão esperando uma identificação
oficial correta. Na primeira há algumas pedras talhadas que poderiam dar
uma identificação, ainda que a maioria das pedras sejam irregulares e sem
tratamento algum.
Muitos sítios devem ter sido
destruídos em épocas passadas inclusive antes da existência do IPHAN.O
cidadão apenas medianamente instruído não tem condições de perceber
entre um sitio arquitetônico “colonial” ou um sitio pré-histórico e
normalmente usou e usa suas pedras como material de construção.
Arquiteto
Carlos Pérez Gomar
Pirâmides no Brasil? Monólitos de construção piramidal desaparecem após
descoberta.
Além de um amontoado de pedras, esse também é o mais novo mistério da arqueologia brasileira e coloca sob discussão a historia atual da ocupação do território brasileiro no período pré-descobrimento. Imagem: Verdureiro Eliel.
Arqueólogo da USP diz que achado pode
revelar a presença de culturas antigas e muito avançadas.
Curitiba – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estuda uma
estrutura feita de granitos, que pode vir a ser a primeira pirâmide do Brasil.
O geólogo e especialista em sensoriamento remoto, Paulo Roberto Martini, chegou
a uma conclusão inicial. Essa composição de rochas foi feita pelo homem. O
monumento foi descoberto por acaso, numa fazenda no município paulista de
Natividade da Serra, nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. São
imensas pedras cortadas e empilhadas na forma de degraus até seu topo. “Ainda é
cedo para afirmar algo de concreto, mas estamos diante de uma construção feita
por uma civilização primitiva avançada”, destaca o cientista.
Basta ter contato com os milhares de blocos graníticos recortados e
distribuídos na encosta de um morro para que surjam inúmeros questionamentos.
Que cultura seria está ? Em quanto tempo fizeram essa edificação ? Por que e
quando foi construída? Perguntas que dificilmente serão respondidas de pronto,
mas que prometem gerar um turbilhão de dúvidas, polêmicas e especulações. Imagem: Verdureiro Eliel.
O local fica próximo a um riacho, que poucos metros à frente deságuam no Rio
Paraibuna. Os imensos blocos graníticos, cortados com precisão, continuam
parcialmente empilhados. Com o tempo acabaram por perder o traço construtivo
original, mais inclinado e no formato de uma grande escada ascendente. Os
imensos tijolos podem ser visto na superfície. Uma boa parte se encontra
soterrada pela erosão e outra ainda sustenta a estrutura em largas paredes.
Vários, porém, se deslocaram com a ação do tempo. As chuvas e o peso das rochas
recalcou o terreno, fazendo-os escorregar ou mesmo criar pequenos
empilhamentos.
Basta remover um pouco da terra acumulada para se desvendar uma complexa
armação. As pedras, geralmente em formato retangular, variam de 1 a 2 metros de
comprimento, de 0,40 a 0,70 metro de espessura por 0,80 a 1 metro de largura.
Foram assentadas bem unidas e os vãos – quando existiam – foram completados com
pedras menores e fixadas por uma mistura de barro, semelhante a argamassa. Duas
faces do monumento estão recobertas pela mata. Nestes locais se encontram
centenas de pedras, tendo as raízes das árvores tendo movimentado diversas
delas.
Numa tentativa de desvendar maiores detalhes do monumento, uma das faces acabou
sendo alvo de escavações sem qualquer critério feitas pelos empregados da
fazenda, incluindo a remoção de grandes pedras com o uso de tratores de esteira.
A lateral da esquerda ainda não foi mexida. Entretanto, outro aspecto
intrigante está nos ecos que podem ser provocados. As batidas de um vergalhão
de ferro dentro dos buracos que surgiram é possível ouvir a ressonância.
Provavelmente o efeito do som refletido numa câmara existente no interior da
pirâmide. Usando a barra de ferro como instrumento improvisado foi capaz também
de se ter uma noção da largura da parede. Provavelmente ela ultrapasse a um
metro.
Técnica desconhecida
Entretanto, o intrigante é que essa região era habitada pelos índios Tamoios,
que desconheciam a tecnologia empregada no corte de blocos de pedra e sequer
tinham a tradição de criar monumentos neste estilo. Segundo moradores do lugar,
outras construções semelhantes se encontram numa propriedade vizinha. Essas,
porém, estão recobertas pela Mata Atlântica e o acesso é dificultado pela densa
vegetação.