Os soldados sulistas perguntavam que arma era aquela “que se carregava aos domingos e atira a semana inteira”. Era o Henry, o pai da Winchester 66 que se vê acima na imagem. Imagem: Revista Mensal de Cultura, Enciclopédia Bloch, ano 1, número 1/ maio de 1967, pg.74.
A
carabina Winchester, modelo 1866 é a
carabina mais famosa do mundo. Ela pertence à história do Oeste dos Estados Unidos, quase da mesma forma que a ferrovia, como
instrumento de progresso e da presença do homem branco na terra dos ‘peles-vermelhas’. Somente outra a
supera: o revólver de seis balas, carga
dupla, em suas numerosas versões. Se o revólver – no caso específico o modelo Paterson, do Colt – foi o
primeiro instrumento eficiente do homem contra as investidas e as flechas dos
índios, a Winchester foi à arma que completou a bagagem do colono, do cowboy, do caçador, por seu poder e volume de
fogo.
Carabina Winchester, modelo 66. Imagem: Revista Mensal de Cultura, Enciclopédia Bloch, ano 1, número 1/ maio de 1967, pg.74.
A
História da Winchester começa pelo menos 10 anos antes de seu aparecimento. E se
do ponto de vista comercial e industrial esta história é clara e simples, do
técnico ela o é um pouco menos. Desde a metade 1850, apareceram vários fuzis
interessantes nos Estados Unidos: o Colt,
com tambor, o Sharps, de cartucho de papel e recarga, o Hunt e o Jennings.
Com estes dois últimos, estamos ainda na pré-história da Winchester, que
manterá, do Hunt e do Jennings, apenas o princípio do carregador tubular sob o
cano. No resto – mecânica e cartucho – se diferenciará de forma substancial.
O
mistério técnico do princípio de carregamento e disparo da Winchester começa
com uma pistola de repetição fabricada
por Horace Smith e Daniel B. Wesson (os fundadores da Smith & Wesson), nos
anos 1854/55. A pistola possuía um tambor tubular sob o cano, mas o sistema
que impulsionava o cartucho na câmara de explosão tinha muito pouco parentesco
com o do Hunt e do Jennings. Entretanto, era igualzinho ao sistema de outra
pistola de repetição de carregador
tubular: a Venditti, fabricada, segundo afirmam alguns estudiosos, no fim de 1848, em Langusi, província de
Salerno (Itália), sob a rubrica de um certo Venditti.
Eis o detalhe de um fuzil Colt, pertencente ao Museu de Pusterla, na Italia. Ele recebia o cartucho pelo tambor, era muito caro e bem construído, mas tinha um defeito grave: quando disparava, o cartucho costumava explodir, prejudicando o atirador. Por essa razão, não conseguiu se impor no Oeste, onde a arma era a única garantia. Imagem: Revista Mensal de Cultura, Enciclopédia Bloch, ano 1, número 1/ maio de 1967, pg.76.
Plagiando
ou não o Sr. Venditti – a história nada esclarece e tampouco se interessa por
essas sutilezas comerciais –a verdade é que a Winchester estava prestes a
nascer. Em 1855, Smith & Wesson
venderam a sua fábrica, e entre os compradores não havia um só que
entendesse de armas: eram sete fabricantes de relógios, dois padeiros, dois farmacêuticos,
três fabricantes de carroças, um fabricantes de sapatos, o proprietário de uma
empresa de mineração e um fabricante de camisas. Este último se chamava Oliver H. Winchester, e era dentre os
sócios, o que possuía maior faro comercial.
Henry, o fuzil-pai
da Winchester.
A
nova fábrica tomou o nome de Volcanic
Arms Company, e instalou sua sede em New Haven, Connecticut. Além de pistolas, nos anos seguintes começou a fabricar fuzis e carabinas, com a característica
do aro alongado, típica dos vários modelos de Winchester nos primeiros anos
do século XX.
O Remington Rolling Block. Imagem: Revista Mensal de Cultura, Enciclopédia Bloch, ano 1, número 1/ maio de 1967, pg.76.
Estas
armas usavam um projétil diferente da pistola Hunt, já que possuíam a espoleta aplicada à base. Mas a produção da Volcanic era
pouco satisfatória e a causa estava no
cartucho. Em 1857, uma audaciosa
operação financeira fez Winchester o dono de toda a fábrica, começando
sua fortuna e a da arma que leva seu nome.