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domingo, 31 de maio de 2015

Fenomenologia


Franz Brentano, mestre de Husserl.

Fenomenologia (do grego phainesthai - aquilo que se apresenta ou que se mostra - e logos - explicação, estudo) afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser estudados em si mesmos – tudo que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação". Os objetos da Fenomenologia são dados absolutos apreendidos em intuição pura, com o propósito de descobrir estruturas essenciais dos atos (noesis) e as entidades objetivas que correspondem a elas (noema).

Edmund Husserl (1859-1938) - filósofo, matemático e lógico – é o fundador desse método de investigação filosófica e quem estabeleceu os principais conceitos e métodos que seriam amplamente usados pelos filósofos desta tradição. Ele, influenciado por Franz Brentano- seu mestre - lutou contra o historicismo e o psicologismo. Idealizou um recomeço para a filosofia como uma investigação subjetiva e rigorosa que se iniciaria com os estudos dos fenômenos, como estes aparentam à mente, para encontrar as verdades da razão. Suas investigações lógicas influenciaram até mesmo os filósofos e matemáticos da mais forte corrente oposta, o empirismo lógico. A Fenomenologia representou uma reação à eliminação da metafísica, pretensão de grande parte dos filósofos e cientistas do século XIX.

Husserl foi professor em Gotinga e Friburgo em Brisgóvia, e autor de “Ficar Sem Estudar" – 1906. Contrariamente a todas as tendências no mundo intelectual de sua época, quis que a filosofia tivesse as bases e condições de uma ciência rigorosa. Porém, como dar rigor ao raciocínio filosófico em relação a objetos tão variáveis como as coisas do mundo real?

O êxito do método científico está no estabelecimento de uma "verdade provisória" útil, que será verdade até que um fato novo mostre outra realidade. Para evitar que a verdade filosófica também fosse provisória Husserl propõe que ela deveria referir-se às coisas como se apresentam na experiência de consciência, estudadas em suas essências, em seus verdadeiros significados, de um modo livre de teorias e pressuposições, despidas dos acidentes próprios do mundo real, do mundo empírico objeto da ciência. Buscando restaurar a "lógica pura" e dar rigor à filosofia, argumenta a respeito do principio da contradição na Lógica.

No primeiro volume de “Investigações lógicas” - 1900-01, sob o título Prolegomena, Husserl lança sua crítica contra o Psicologismo. Segundo os psicologistas, o princípio de contradição seria a impossibilidade de o sistema associativo estar a associar e dissociar ao mesmo tempo. Significaria que o homem não pode pensar que A é "A" e ao mesmo tempo pensar que A é "não A". Husserl opõe-se a isto e diz que o sentido do princípio de contradição está em que, se A é "A", não pode ser "não A". Segundo ele, o princípio da contradição não se refere à possibilidade do pensar, mas à verdade daquilo que é pensado. Insistiu em que o princípio da contradição, e assim os demais princípios lógicos, têm validez objetiva, isto é, referem-se a alguma coisa como verdadeira ou falsa, independentemente de como a mente pensa ou o pensamento funciona.

Em seu artigo “Filosofia como ciência rigorosa" -1910-11- Husserl ataca o naturalismo e o historicismo. Objetou que o Historicismo implicava relativismo, e por esse motivo era incapaz de alcançar o rigor requerido por uma ciência genuína.

A redução Fenomenológica

 fenomenologia é o estudo da consciência e dos objetos da consciência. A redução fenomenológica, "epoche", é o processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos, etc. constituem nossas experiências de consciência.

Husserl propôs que no estudo das nossas vivências, dos nossos estados de consciência, dos objetos ideais, desse fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não a objetos do mundo externo à nossa mente. O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa. A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.

O Noesis é o ato de perceber e o Noema é o objeto da percepção – esses são os dois pólos da experiência. A coisa como fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa, e refere-se à conclamação "às coisas em si mesmas" que fizera Husserl. "Redução fenomenológica" significa, portanto, restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência de consciência, desconsiderar o mundo real, colocá-lo "entre parênteses", o que no jargão fenomenológico não quer dizer que o filósofo deva duvidar da existência do mundo como os idealistas radicais duvidam, mas se preocupar com o conhecimento do mundo na forma que se realiza e na visão do mundo que o indivíduo tem.

Consciência e Intencionalidade

Vivência (Erlebnis) é todo o ato psíquico; a Fenomenologia, ao envolver o estudo de todas as vivências, tem que englobar o estudo dos objetos das vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a referência a um objeto. A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. Essa intencionalidade é a essência da consciência que é representada pelo significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto.

Em “A Psicologia de um ponto de vista empírico"- 1874 - Franz Brentano afirma: "Podemos assim definir os fenômenos psíquicos dizendo que eles são aqueles fenômenos os quais, precisamente por serem intencionais, contêm neles próprios um objeto". Isto equivale afirmar, como Husserl, que os objetos dos fenômenos psíquicos independem da existência de sua réplica exata no mundo real porque contêm o próprio objeto. A descrição de atos mentais, assim, envolve a descrição de seus objetos, mas somente como fenômenos e sem assumir ou afirmar sua existência no mundo empírico. O objeto não precisa de fato existir. Foi um uso novo do termo "intencionalidade" que antes se aplicava apenas ao direcionamento da vontade.

A Redução Eidética

Reconhecido o objeto ideal, o noema, o passo seguinte é sua “redução eidética”, redução à ideia. Consiste na análise do noema para encontrar sua essência. Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas em si mesmas, pois em toda experiência de consciência estão envolvidos o que é informado pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que é informado. Portanto, dando-se conta dos objetos ideais, uma realidade criada na consciência não é suficiente - ao contrário: os vários atos da consciência precisam ser conhecidos nas suas essências, aquelas essências que a experiência de consciência de um indivíduo deverá ter em comum com experiências semelhantes nos outros.

A redução eidética é necessária para que a filosofia preencha os requisitos de uma ciência genuinamente rigorosa de claridade apodítica, a certeza absolutamente transparente e sem ambigüidade - requisitos antes mencionados por Descartes. Os objetos da ciência rigorosa têm que ser essências atemporais, cuja atemporalidade é garantida por sua idealidade, fora do mundo cambiável e transiente da ciência empírica.

Por exemplo, "um triângulo". Posso observar um triângulo maior, outro menor, outro de lados iguais, ou desiguais. Esses detalhes da observação - elementos empíricos - precisam ser deixados de lado a fim de encontrar a essência da ideia de triângulo - do objeto ideal que é o triângulo -, que é tratar-se de uma figura de três lados no mesmo plano. Essa redução à essência, ao triângulo como um objeto ideal, é a redução eidética.

A Intuição do Invariante

Não importa para a Fenomenologia como os sentidos são afetados pelo mundo real. Husserl distingue entre percepção e intuição. Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu significado. A intuição eidética é essencial para a redução eidética. Ela é o dar-se conta da essência, do significado do que foi percebido. O modo de apreender a essência, Wesensschau, é a intuição das essências e das estruturas essenciais. De comum, o homem forma uma multiplicidade de variações do que é dado. Porém, enquanto mantém a multiplicidade, o homem pode focalizar sua atenção naquilo que permanece imutável na multiplicidade, a essência - esse algo idêntico que continuamente se mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o Invariante".

No exemplo do triângulo, o "Invariante" do triângulo é aquilo que estará em todos os triângulos, e não vai variar de um triângulo para outro. A figura que tiver unicamente três lados em um mesmo plano, não será outra coisa, será um triângulo. Não podemos acreditar cegamente naquilo que o mundo nos oferece. No mundo, as essências estão acrescidas de acidentes enganosos. Por isso, é preciso fazer variar imaginariamente os pontos de vista sobre a essência para fazer aparecer o invariante.

O que importa não é a coisa existir ou não ou como ela existe no mundo, mas a maneira pela qual o conhecimento do mundo acontece como intuição, o ato pelo qual a pessoa apreende imediatamente o conhecimento de alguma coisa com que se depara – que também é um ato primordialmente dado sobre o qual todo o resto é para ser fundado. Husserl definiu a Fenomenologia em termos de um retorno à intuição, Anschauung, e a percepção da essência. Além do mais, a ênfase de Husserl sobre a intuição precisa ser entendida como uma refutação de qualquer abordagem meramente especulativa da filosofia. Sua abordagem é “concreta”, trata do fenômeno dos vários modos de consciência.

A Fenomenologia não restringe seus dados à faixa das experiências sensíveis, pois admite dados não sensíveis (categoriais) como as relações de valor, desde que se apresentem intuitivamente.

Redução Transcendental

Embora tenha trabalhado até o final de sua vida na definição do que chamou Redução Transcendental, Husserl não chegou a uma conclusão clara. Basicamente seria a redução fenomenológica aplicada ao próprio sujeito, que então se vê não como um ser real, empírico, mas como consciência pura, transcendental, geradora de todo significado.

Para o fenomenólogo, a função das palavras não é nomear tudo que nós vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões recorrentes em nossa experiência. Identificam nossos dados dos sentidos atuais como sendo do mesmo grupo que outros que já tenhamos registrado antes. Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo de experiências; a palavra "mesa" descreve todos os vários dados dos sentidos que nós consultamos normalmente quanto às aparências ou às sensações de "mesa". Assim, tudo que o homem pensa, quer, ama ou teme, é intencional, isto é, refere-se a um desses universais (que são significados e, como tal, são fenômenos da consciência). E por sua vez, o conjunto dos fenômenos, o conjunto das significações, tem um significado maior, que abrange todos os outros, é o que a palavra "Mundo" significa.

Fenomenologia e Fenomenalismo
A fenomenologia não pode ser confundida com o Fenomenalismo, pois este não leva em conta a complexidade da estrutura intencional da consciência que o homem tem dos fenômenos. A Fenomenologia examina a relação entre a consciência e o Ser. Para o Fenomenalismo, tudo que existe são as sensações ou possibilidades permanentes de sensações, que é aquilo a que chamam fenômeno. O fenomenólogo, diferentemente do fenomenalista, precisa prestar atenção cuidadosa ao que ocorre nos atos da consciência, que são o que ele chama fenômeno.

Outros Pensadores

Max Scheler - um dos grandes expoentes da fenomenologia

Max Scheler

O mais original e dinâmico dos primeiros associados de Husserl, no entanto, foi Max Scheler (1874-1928), que havia integrado o grupo de Munique quem realizou seu principal trabalho fenomenológico com respeito a problemas do valor e da obrigação. Ampliou a idéia de intuição, colocando, ao lado de uma intuição intelectual, outra de caráter emocional, fundamento da apreensão do valor.

Heidegger

Discípulo de Husserl, Heidegger dedicou a ele sua obra fundamental " Ser e Tempo" -1927, mas logo surgiram diferenças entre ele e o mestre. Discutir e absorver os trabalhos de importantes filósofos na história da Metafísica era, para Heidegger, uma tarefa indispensável, enquanto Husserl repetidamente enfatizou a importância de um começo radicalmente novo para a filosofia, queria colocar "entre parênteses" a história do pensamento filosófico - com poucas exceções como Descartes, Locke, Hume e Kant.

Heidegger tomou seu caminho próprio, preocupado que a fenomenologia se dedicasse ao que está escondido na experiência do dia a dia. Ele tentou em “ Ser e tempo” descrever o que chamou de estrutura do cotidiano, ou "o estar no mundo", com tudo que isto implica quanto a projetos pessoais, relacionamento e papeis sociais, pois que tudo isto também são objetos ideais. Em sua crítica a Husserl, Heidegger salientou que ser lançado no mundo entre coisas e na contingência de realizar projetos é um tipo de intencionalidade muito mais fundamental que a intencionalidade de meramente contemplar ou pensar objetos. E é aquela intencionalidade mais fundamental a causa e a razão desta última.

Merleau-Ponty

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), outro importante representante do Existencialismo na França, foi ao mesmo tempo o mais importante fenomenólogo francês. Suas obras, “A Estrutura do comportamento” (1942) e “Fenomenologia da percepção” (1945), foram os mais originais desenvolvimentos e aplicações posteriores da Fenomenologia produzidos na França.

Em sua tentativa de aplicar a Fenomenologia ao exame da existência humana, como fez Heidegger, Sartre e outros autores franceses desenvolveram uma linguagem sofisticada, recheada de termos que caíram no gosto dos acadêmicos, mas se tornaram um obstáculo ao entendimento da doutrina inclusive entre os próprios intelectuais.

Sartre Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Segue estritamente o pensamento de Husserl na análise da consciência em seus primeiros trabalhos, “A Imaginação” (1936) e “O Imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação” (1940), nos quais faz a distinção entre a consciência perceptual e a consciência imaginativa aplicando o conceito de intencionalidade de Husserl.

No seu “A Filosofia do Existencialismo”, de 1965, Sartre declara que "a subjetividade deve ser o ponto de partida" do pensamento existencialista, o que mostra que o existencialista é primeiramente um fenomenólogo. A negação de valores e o convite ao anarquismo implícitos na doutrina atraíram os pensadores de Esquerda e afastaram os conservadores de Direita.

A Fenomenologia e Outras Filosofias

O Empirismo

Galileu (1564-1642), é apontado como um dos fundadores do Empirismo pelo fato de aplicar aos objetos de estudo a experimentação, algo que possui seu limiar na atitude de Galileu em apontar sua luneta para o espaço, descobrindo posteriormente a não-existência das esferas celestes, tal qual determinavam as premissas de Aristóteles. Desta forma, Galileu lançou sua teoria com carência de provas (embora sua teoria fosse consistente e embasada no seu experimento) passando posteriormente por sessões da Inquisição Católica a fim de dirimir as dúvidas em relação ao sistema Aristotélico. A nova atitude naturalista de Galileu de dúvida e observação, inspirou Francis Bacon (1561-1626) a criar tábuas para o controle da experimentação e o estabelecimento de leis científicas, o que levou rapidamente o homem a novos conhecimentos no campo da astronomia, da química e da física. A mesma atitude de observação e interpretação natural levada ao estudo da mente e do conhecimento, deu origem à Corrente Empirista, que haveria de afetar profundamente a filosofia e criar o Positivismo, ou seja, o tratamento científico de todos os fatos e fenômenos, inclusive em Política.

John Locke

O filósofo empirista procurou no seu Essay Concerning Human Understanding (1690) demonstrar que todas as idéias são registros de impressões sensíveis (ou são derivadas de combinações, de associações entre essas idéias de origem sensível), e criticou o pensamento de Descartes (1596-1650) de que existiriam algumas idéias que seriam inatas - que o homem teria no espírito ao nascer -, como, por exemplo, a idéia de perfeição. Segundo John Locke, alguma coisa é enviada pelos objetos e é captada por nossos sentidos e dão causa à formação das idéias. Este pensamento é a base da teoria corpuscular da luz.

David Hume

Ainda mais contundente que seu predecessor, Locke, Hume negou o valor do raciocínio dedutivo e denunciou que a relação de causa e efeito não é suficiente como conhecimento, pois nada encontramos entre causa e efeito senão que um acidente costumeiramente se segue a outro. Estamos habituados a chamar o primeiro acidente de causa apenas porque ele sempre acontece antes do segundo que chamamos de efeito. Ou seja, um efeito não remonta necessariamente a sempre uma mesma causa. "O Sol nasce todos os dias", logo "O Sol nascerá amanhã". Segundo Hume, nada nos garante que NECESSARIAMENTE o sol nascerá amanhã. Entretanto, através do hábito, tomamos uma crença (belief) de que isso acontecerá.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho: de alma nobre e sombria.


"O dever do piloto de caça é patrulhar seu setor nos céus e abater todo avião inimigo naquela área. O resto não importa."                                                                                                                
 Manfred von Richthofen

O maior piloto de caças militares de todos os tempos, o alemão Manfred von Richthofen, abateu 80 aviões inimigos de seu país na 1ª Guerra Mundial. Suas principais máquinas de guerra foram o Albatros e o triplano Fokker DR 1, que voava a até 165 km/h. Com ele, Manfred ganhou destaque na Força Aérea Alemã e, quando foi nomeado líder de seu esquadrão, pintou a nave com um vermelho brilhante para ser reconhecido de longe pelos oponentes. Nascia assim o famoso apelido. Ao sobrevoar o norte da França em 1918, o Barão Vermelho se desgarrou da esquadrilha para perseguir um caça inglês e acabou sozinho em território inimigo, sob fogo duplo, vindo do ar e da terra. Os britânicos comemoraram a morte do temido rival, porém sepultaram-no com honras de herói de guerra.

Não importa a nacionalidade, o conflito ou o número de vitórias, ninguém se iguala à sua fama na História da Aviação Militar. A lista de grandes ases existentes é gigantesca mas, com certeza, não só podemos dizer que nenhum deles têm o mesmo apelo que o jovem prussiano, mas também que ele foi a sua principal inspiração. Mas quem era esse homem que, há quase noventa anos atrás, tornou-se a primeira lenda da aviação e era chamado pelos seus adversários como o "Barão Vermelho"?

Manfred von Richthofen é um desses heróis cuja vida parece tirada de um roteiro de filme. Disciplina, orgulho, habilidade para caçar, espírito nato de liderança e patriotismo teutônico eram características que, combinadas neste homem, elevaram-no ao um patamar de fama que ultrapassou sua própria vida. "Maldito seja você, Barão Vermelho" freqüentemente rosnava o personagem Snoopy, nos desenhos animados da "Turma do Minduim". Longe de ser um personagem de tira cômica, Richthofen foi o mais eficiente piloto de caça da I Guerra Mundial, metodicamente derrubando pelo menos 80 inimigos, antes dele mesmo tombar em um desfecho típico das óperas de Wagner.



O Barão Vermelho tinha a alma sombria

A cintilante luta aérea das trincheiras lamacentas da Primeira Guerra Mundial, um avião se destacou com a cor mordaz e desafiadora de Marte e o nome de Manfred von Richthofen (1892-1918), o Barão Vermelho, o piloto de combate mais famoso de todos os tempos. A sua lenda o transformou, além de uma das figuras mais emblemáticas do conflito que comemora o centenário do seu início, em um paradigma de piloto de caça cavalheiro, tão temido quanto admirado e respeitado por seus inimigos. No entanto, e como só acontece com os mitos, há grandes rachaduras na personalidade real do famoso piloto, campeão dos céus na Grande Guerra, com 80 vitórias confirmadas. Agora, a publicação, na Espanha, de suas memórias de guerra "O avião vermelho de combate" (Macadán) e de uma extensa biografia de 600 páginas (Almuzara), do entusiasta J. Eduardo Caamaño, que mergulhou na monumental bibliografia sobre Von Richtofen - especialmente nos livros do grande especialista Peter Kilduff - para colocar à disposição do leitor um relato completo da sua vida e aventuras (inclusive as listas e as coordenadas das suas vítimas e desenhos dos aviões que pilotou e derrubou), que permite observar um indivíduo em toda sua dimensão, com facetas inquietantes, desagradáveis e hostis.

O retrato real de Manfred von Richtofen é o de um jovem (começou a carreira de piloto de caça aos 23 anos e encerrou da pior forma, com a morte, aos 25), militarista, arrogante, ambicioso e muito mais cruel do que a sua reputação sugere. Muita arrogância, sede de glória, coragem e técnica e muito pouco de humanidade ou compaixão. Para o Barão Vermelho, cuja imagem ensanguentada cortando os céus era a última coisa que muitos rivais viram, voar significava a extensão dos prazeres da caça terrestre de animais, pela qual era fanático desde criança. No ar, transformou-se com muita alegria em um falcão implacável, a joia escarlate no poleiro do Kaiser.


Nem em seu livro - escreveu apenas outro, um manual de combate, Reglement für Kampfflieger - nem nos relatórios ou nas cartas encontramos a sutileza, a reflexão, a comiseração, a poesia ou a literatura, dos grandes pilotos de guerra escritores como Salter, Richard Hillary - autor de O último inimigo - ou Saint Exupéry.

"Sou um caçador por natureza", escreve Von Richtofen no O avião vermelho de combate. "Quando derrubo um inglês, minha paixão pela caça se acalma por pelo menos quinze minutos." É difícil conciliar esse comentário frívolo à realidade dos aviadores, uivando em suas quedas desesperadas enquanto são consumidos como tochas em seus aviões incendiados. E o Barão acrescenta: "Caçadores precisam de troféus." Assim justifica um de seus costumes - além de matar pessoas - que mais causa aversão: sua obsessão por recolher ou arrancar elementos dos aviões que derrubava, metralhadoras, pás de hélices e especialmente os números de identificação que arrancava como terríveis lembranças das suas vitórias. Com eles, decorou um quarto na sua casa. Alguém pode se perguntar como conseguia se sentir confortável sentado ali, entre recordações do destino fatal de tantos aviadores, e não perceber o espectro da morte que também o assombrava. Quando o derrubaram - já convertido em lenda -, em uma assustadora imitação do seu costume, as mãos ávidas dos soldados aliados arrancaram lembranças da sua máquina voadora e do seu corpo inerte, inclusive as suas botas. Desde a sua primeira morte, Von Richtofen encomendou em um joalheiro uma taça de prata, uma para cada inimigo abatido.

Certamente, ver tantas mortes ao seu redor, e mesmo a sua, tão próxima, começaram a transformá-lo. Escreveu, então, um breve texto, Gendanken in unterstand, Reflexões no meu refúgio, não publicado até 1933 - como parte do seu livro -, no qual aponta que pensa em escrever uma continuação do O avião vermelho de combate, cujo tom já é mais insolente, em que explica que a guerra não é tão divertida, nem heroica, mas um assunto "muito sério e triste." Confessa que sente angústia cada vez que volta de um combate e a vida parece sombria. Nesse crepúsculo, mais digno e humano, é onde brilha de verdade a luz do Barão Vermelho.



Avião pequeno e ágil

Richthofen foi também um dos primeiros a pilotar um triplano Fokker, que estreou nas frentes de batalha no outono europeu de 1916. Era um avião de caça pequeno, tendo como principal arma sua agilidade e velocidade de decolagem. Em manobras, era impossível colocá-lo em mira, mas, se seguisse um rumo fixo, tornava-se alvo fácil. Foi isso o que provavelmente acabou com Richthofen.
A Força Aérea alemã perdeu 7.700 pilotos na Primeira Guerra Mundial. Réplicas do triplano Fokker (que Von Richthoffen havia mandado pintar de vermelho para provocar seus adversários) estão expostas na maioria dos museus de tecnologia e aviação do mundo. "Manfred von Richthofen" virou nome de esquadras, quartéis, praças e ruas no país.

Carreira curta

O Barão construiu sua reputação destruindo inimigos entre 1916 e 1918 Manfred passou o início da 1ª Guerra, em 1914, na cavalaria, fazendo reconhecimento de território. Em 1915, conseguiu transferência para a Força Aérea. Depois de treinar como observador e bombardeador, estreou como piloto em 1916.

Último solo

Manfred von Richthofen morreu em combate, às vésperas de fazer 26 anos
1. Manhã de 21 de abril de 1918. O Barão treina seu primo mais novo, Wolfran, para futuros combates quando se depara com uma patrulha de cinco aviões Sopwith Camel da RAF, a Real Força Aérea britânica
2. Com a briga iniciada nos céus, tropas entrincheiradas dos Aliados - inimigos dos alemães - observam o Barão em perseguição a um de seus caças, pilotado pelo tenente Wilfrid May. Quando o Barão se prepara para atacar, outro Camel, guiado pelo capitão Roy Brown, mergulha para interceptá-lo

3. O Barão Vermelho dispara várias vezes e o canadense Wilfrid May escapa com manobras em ziguezague. Enquanto isso, o Fokker vermelho é abatido por tiros disparados por Roy Brown e pela artilharia terrestre

4. O corpo de Von Richthofen é examinado por uma junta de médicos Aliados. A causa da morte é uma bala vinda das trincheiras. O projétil entrou abaixo da axila direita e subiu pelo peito, causando danos mortais ao coração e aos pulmões

5. A RAF reconhece o inglês Roy Brown como quem derrubou o maior ás da 1ª Guerra, mas o artilheiro australiano Robert Buie reivindica ter feito o disparo. Após uma reconstituição feita em 1998, o verdadeiro autor do tiro é revelado: o australiano Cedric Popkin, que morreu sem saber da proeza.


Herói Homenageado até pelo Inimigo

Depois de uma licença no Natal de 1917, que passou caçando com o irmão Lothar na floresta de Bialowicka, von Richthofen retomou definitivamente sua carreira de piloto de caça, mas mantendo o "espírito esportivo". Quando ele abateu o 2nd Lieutenant H. J. Sparks - sua 64ª vitória - ele enviou para o inglês hospitalizado, uma caixa de charutos.

           

sábado, 3 de janeiro de 2015

Miguel Reale – Cronologia


            Seguindo nossos estudos trago nesta postagem a cronologia de Miguel Reale, um brasileiro que contribuiu com suas ideias para o desenvolvimento de nossa sociedade. Foi poeta, jurista, filosofo e educador, reconhecido no Brasil e no exterior por suas obras e palestras. Recebeu dezenas de prêmios e condecorações nacionais e internacionais. Fundou ao lado de Plínio Salgado a Ação Integralista Brasileira, o primeiro partido político no Brasil que atingiu todos os territórios da nação.

1910 – Nasce Miguel Reale na cidade de São Bento de Sapucaí em 6 de novembro.

1930 - Ingressa no bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

1932 - Adere à Revolução Constitucionalista de 1932, ingressando no Batalhão Ibrahim Nobre, junto com seus colegas de curso, participando das batalhas ocorridas no sul do estado.

1932 - Inaugura, ao lado de Plínio Salgado, a Ação Integralista Brasileira, movimento cultural a princípio, mas que se tornaria político, sendo um de seus principais dirigentes.

1933 – Escreve sua obra “O Estado Moderno”.

1934 – Escreve “A Política Burguesa”.

1934 – Formou-se em Direito na Universidade de São Paulo.

1935 – Escreve “O ABC do Integralismo”.

1941 – Tornou-se professor Catedrático de Direito da Universidade de São Paulo.

1942-1944 - Membro do Conselho Administrativo do Estado.

1947 - Secretário da Justiça do Estado de São Paulo. Cria a primeira Assessoria Técnico-Legislativa do Brasil.

1949 - Funda o Instituto Brasileiro de Filosofia, o qual presidiu até sua morte em 2006.

1954 - Funda a Sociedade Interamericana de Filosofia, da qual foi duas vezes presidente.

1975 – A partir desse ano ocupou a cadeira 14 da Academia Brasileira de Letras.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Santos Dumont – Cronologia


            Dando seguimento ao nosso estudo sobre os grandes brasileiros, Homens e mulheres que fizeram a diferença entre a realidade de suas épocas, uma diferença que ecoa até os dias de hoje por meio de suas ideias e invenções que ajudaram o Brasil a crescer e continuar crescendo.  Nas próximas postagens continuarei trazendo outros nomes, alguns bem conhecidos de todos nós, outros nem tanto. Mas isso não os diferencia no fato de terem sido grandes pessoas que não se importaram em ir contra aquilo que era considerado absoluto e correto, mas seguiram em frente para o bem do Brasil e de toda a civilização humana.

1873 – Julho, 20. Nasce Alberto Santos Dumont, no lugar denominado Cabangu, cuja cabeça de comarca se chmava João Gomes, mudando depois para Palmira, Minas Gerais. Seu pai era o engenheiro Henrique Dumont e a mãe, d. Francisca Santos Dumont.

1874/79 – Vai morar com a família em Casal, fazenda de café do avô materno, que o pai administra, e que fica perto de Valença, Estado do Rio de Janeiro.

1879 – Muda-se, com a família, para Arinvdeúva, fazenda de café que o pai adquire, próxima a Ribeirão Preto, São Paulo.

1888 – Vê, pela primeira vez, um balão cativo na capital de São Paulo. O balão devia fazer parte de alguma exposição, ou possivelmente pertencia a algum aeronauta, profissional de parque de diversão.

1890 – O pai torna-se hemiplégico e vende a fazenda, que possuía cerca de 5 milhões de cafeeiros.

1891 – Aos 18 anos, viaja com a família para a França, a bordo do ‘Elbe’, onde o pai pretende curar-se da hemiplegia frequentando as termas de Lamalou-les-Bains. Visitando com o pai, em Paris, uma exposição de máquinas no Palácio da Indústria, descobre um motor a petróleo. Novembro, pelo ‘Portugal’, regressa com a família ao Brasil e vai residir uma casa da rua Helvetia, em São Paulo.

1892 – É emancipado pelo pai, que também lhe entrega uma fortuna em títulos. Acompanhado dos pais, volta à Europa, onde pretende estudar em Paris. Mas Henrique Dumont, chegando a Portugal, sente-se pior de saúde e volta ao Brasil. Agosto, 30. O pai falece no Rio de Janeiro. Promove, no velódromo de Parc des Princes uma corrida de mototriciclos.

1897 – Descobre, numa livraria do Rio, o livro de Lachambre e Machuron: André au Pôle Nord em Ballon. Volta a Paris e pela primeira vez sobe em balão esférico, pertencente à firma Lachambre et Machuron.

1898 – Em Vaugirard sobe com passageiros em balão esférico. Torna-se um voluntário piloto de balão, para a firma Lachambre et Machuron. Encomenda à mesma firma um pequeno balão para seu próprio uso, a que dá o nome de ‘Brasil’. Descobre o motor do triciclo a petróleo. Participa da corrida de automóveis Paris-Amsterdã, em carro adaptado com motores de triciclo. Constrói  o seu primeiro balão dirigível, o ‘Santos Dumont n.°1’. Setembro, 18. Experiência mal sucedida com o ‘Santos Dumont n.°1’.Setembro, 20. Navega pela primeira vez no ‘Santos Dumont n.°1’, tendo descida acidentada em Bagatelle, com ameaça do balão dobrar-se ao meio.

1899 – Maio, 11. Ensaio fracassado com o ‘Santos Dumont n.°2’ que se dobra ao meio no momento da elevação. Novembro, 13. No ‘Santos Dumont n.°3’ faz uma feliz ascensão, partindo do Campo de Marte, contornando a torre Eiffel, descendo no Parc des Princes. Manda construir em Saint-Cloud um hangar para os seus balões.

1900 – Agosto, 1.°. Termina a feitura do ‘Santos Dumont n.°4’. A comissão Científica do Aeroclube concede-lhe o ‘prêmio de Encorajamento’, de 4 mil francos. Com o dinheiro do prêmio, instituiu o ‘Prêmio Santos Dumont’, como incentivo aos pesquisadores da aerostação de dirigíveis.

1901 – Julho, 12. No ‘n.°5’ voa sobre Longchamps e contorna a torre Eiffel. Julho, 13. Concorrendo ao Prêmio Deutsch, de 100 mil francos, ao contornar a torre Eiffel um golpe de vento violento o atira contra as árvores do parque Rothschild. Agosto, 8. Insistindo na prova Deutsch, o balão perde gás e vai cair, explodindo sobre as paredes de um edifício do Trocadero. Preso às cordas e à quilha do balão, é retirado, ileso, pelos bombeiros. Outubro, 19. No ‘Santos Dumont n.°6’ ganha o Prêmio Deutsch, partindo de Saint-Cloud, contornando a torre Eiffel e voltando ao ponto de partida no espaço de 29 minutos e 30 segundos (30 minutos era o tempo estimado para a prova).

1902 – Janeiro, 29. Sobe no ‘n.°6’ em Monte Carlo, onde passa uma temporada naquela cidade. A convite do príncipe Dino, que mandou construir no blulevar de La Condamine um aeródromo e hangar para os seus balões. Fevereiro, 14. Acidente com o ‘n.°6’, que soçobra nas águas da baia de Mônaco. Primavera-verão. Visita Londres, Nova York e São Luis. Falece, em Portugal, sua mãe, d. Francisca Santos Dumont. Constrói neste ano os dirigíveis n.°s 7, 9 e 10.

1903 – Julho, 14. No dirigível ‘n.°7’, chamado de La Balladeuse, toma parte na grande parada militar de 14 de Julho.

1904 – Escreve Dans l’Air (Os Meus Balões). Recebe do governo francês a comenda de Cavaleiro da Legião de Honra.

1905 – Escreve artigo para a revista Je Sais Tout. Projeto do Santos Dumont n.°11. Agosto. Ascensão, em Trouville, do ‘Santos Dumont n.º14. numa corrida de lanchas na Côte d’Azur, toma conhecimento do motor ‘Antoinette’, e seu fabricante, Levavasseur.

1906 – ‘Santos Dumont n.°12, helicóptero, 2 hélices. ‘Santos Dumont n.°14’. Constrói um tipo de aeroplano aquático com asas do tipo de  ‘papagaio celular de Hargrave’. Experimenta o aparelho como planador, conseguindo, para isso, prendê-lo a uma corda e esta a um barco-automóvel, que o impulsiona. Constrói novo aparelho – um biplano – e para testar seu equilíbrio e direção, prende-o sob o dirigível ‘n.°14, desprendendo, depois, deste. Mas o biplano fica conhecido por ’14-Bis”. Setembro, 7. Campo de Bagatelle. Consegue elevar-se no biplano por um segundo. Setembro, 13. Campo de Bagatelle. Faz no biplano (’14-Bis’) um pequeno voo de 8 metros. Setembro, 30. Participa da Taça Gordon Bennet para balões livres, mas ferindo o braço numa transmissão teve que aterrissar perto de Bernay. Outubro, 23. Campo de Bagatelle. Consegue elevar-se do solo a uma altura de cerca de um metro e a uma distância de 60 metros, ganhando a Taça Archdeacon, ofertada ao piloto que em sua máquina, e por seus próprios recursos, conseguisse voar através de um percurso de 25 metros. Novembro, 12. Campo de Bagatelle. Novamente pilotando o seu ’14-Bis’ consegue voar 220 metros.

1907 – Março, 21. Sobe no ‘n.º 15, biplano do tipo celular. Abril, 4. O ’14-Bis’ é inutilizado em desastre. Agosto, 10. Sobe no balão ‘Aigle’ com pilotos do Aeroclube de França e os amigos brasileiros Antônio Prado Júnior e senhora, d. Eglantina. Constrói o monoplano ‘n.°19’. Constrói o monoplano, ‘n.°20’, conhecido por ‘Demoiselle’.

1908 – Exposição da ‘Emoiselle’ no Salão da Aeronáutica.

1909 – Passeia com sua ‘Demoiselle’ pelos céus da França.

1910 – Abandona a aeronáutica. Deixa de voar.

1913 – É erguido em Saint-Cloud monumento em sua homenagem.

1914/15 – Passa-o entre Brasil, Europa e novamente Brasil. A convite dos Estados Unidos viaja para Washington, para participar de um congresso científico.

1916 – Parte para o Chile a fim de participar de Conferência Pan-Americana a realizar-se em Santiago. Julho. Vai à Argentina, para o centenário da Assembleia de Tucuman.

1917 – Em Petrópolis constrói a casa ‘Encantada’.

1918 – O sítio de Cabangu, em Minas Gerais, lhe é doado pelo governo brasileiro. Na ‘Encantada’. Na ‘Encantanda’ escreve o livro ‘O que Vi, o que nó Veremos’.
1920 – Volta a Paris.
1922 – Manda erguer um túmulo para seus pais e para si mesmo, no Cemitério de São João Batista, do Rio de Janeiro. O túmulo é uma réplica do ícaro de Saint-Cloud.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Rui Barbosa – Cronologia



            Venho através desta nova empreitada trazer aos leitores do CHH uma coleção de postagens que tratam da cronologia da vida de grandes brasileiros. Iniciarei o trabalho trazendo até vocês Rui Barbosa. Um homem que se preparou para ser doutor, mas a sua maior vocação era a política, pois a medicina parecia uma ciência exata demais para o seu temperamento apaixonado.

1849 – Nasce Rui Barbosa em Salvador, Bahia, em 5 de novembro.

1865 – Forma-se no Ginásio Baiano do Dr. Abílio Borges. Faz um discurso de grande sucesso. Parte para o Recife, a fim de cursar a faculdade de direito.

1866 - Morre Maria Adélia, mãe de Rui. Troca de Recife por São Paulo, onde continua o curso jurídico.

1870 – Termina o curso, a 28 de outubro. Até 1872 mora em Plataforma, enfermo, e pouco trabalha na advocacia.

1872 – Começa a colaborar no Diário da Bahia, de Manuel Dantas.

1873 – Vai a Paris e a Enghiens-les-Bains tratar da saúde abalada desde o fim do curso.

1874 – Morre João José Barbosa de Oliveira, pai de Rui. Rui trabalha na Santa Casa de Misericórdia, no Diário da Bahia e no escritório de advocacia, para pagar as dividas do pai, que assume espontaneamente.

1875 – Bate-se contra o serviço militar obrigatório. Morre Maria Rosa, sua noiva, a 8 de dezembro.

1876 – Fica noivo de Maria Augusta Viana Bandeira. Casa-se Brites, irmã de Rui. Rui vem para o Rio tentar a fortuna. Traduz e prefacia O Papa e o Concílio. Volta a Bahia e casa-se, em dezembro, com Maria Augusta.

1877 – É publicado O Papa e o Concílio. Regressa à Bahia para tentar a carreira política.

1878 – Rui é eleito deputado provincial pelo Partido Liberal.

1879 – É eleito deputado geral e parte para o Rio de Janeiro. Morre Brites na Bahia. Defende o Gabinete de Sinimbu contra o ataque de Silveira Martins. Grande sucesso. Discursa sobre a eleição direta.

1880 – Saraiva assume o poder e escolhe Rui para elaborar o projeto de reforma eleitoral.
1881 – O projeto de Rui é aprovado tornando-se conhecido como Lei Saraiva. Pronuncia o Elogio do Poeta na comemoração do decenário da morte de Castro Alves. É reeleito deputado geral pela Bahia por pequena margem de votos.

1882 – Martinho Campos sucede Saraiva. Rodolfo Dantas, filho de Manuel Dantas e amigo de Rui, é ministro do Império. Rui trabalha no seu parecer sobre a reforma do ensino. Caí o Ministério em julho. Rui apresenta á Câmara seu parecer e retira-se temporariamente da vida política. Casa-se Rodolfo Dantas.

1883 – Concentra-se no trabalho no escritório de advocacia que mantém com Rodolfo Dantas e Sancho Pimentel.

1884 – Manuel Dantas é o novo chefe do governo. Rui é preterido na formação do Ministério. Rui líder do governo na Câmara. É apresentado à Câmara o projeto de emancipação dos escravos sexagenários, de autoria de Rui. O projeto não passa. Dissolvido o Parlamento, Rui disputa a reeleição com Inocência Góis e perde.

1885 – Dantas cai. Saraiva é o novo chefe do governo. Rui critica a vacilação de Saraiva no caso da lei dos sexagenários. Compromete-se  cada vez mais com a luta abolicionista. O escritório de advocacia progride bastante. Rui começa a saldar definitivamente as dívidas do pai. Candidata-se novamente à Câmara e é outra vez derrotado.

1886 – Dedica-se ao estudo e á família. Continua como escritório de advocacia. Morre José Bonifácio, o Moço. Rui é o orador da sessão cívica promovida em São Paulo. Enorme sucesso.

1888 – Agrava-se a Questão Militar. Cotegipe, que sucedera a Saraiva, demite-se. Sobe ao poder João Alfredo. Em 13 de maio é abolida a escravatura no Brasil. Rui assume a direção do Diário de Notícias, onde trabalha com Azevedo, seu grande amigo, daí em diante.

1889 – Congresso do Partido Liberal. As teses de Rui são derrotadas e Rui é desde 1888 o maior propagandista da federação. João Alfredo cai e é substituído pelo visconde de Ouro Preto. Rui é convidado para o Gabinete, mas não aceita por não constar no programa do governo a ideia da federação. Cresce a conspiração republicana. O marechal Deodoro da Fonseca aceita liderar o movimento. Rui é chamado a conspirar. Em 15 de novembro é proclamada a República. Instala-se o Governo Provisório. Rui é o ministro da Fazenda.

1890 – Grandes reformas financeiras de Rui. As alterações são muito criticadas. Rui trabalha no projeto da Constituição. Em 15 de novembro instala-se a Constituinte.

1891 – Renúncia coletiva do Ministério, em janeiro. Em fevereiro é aprovada a Constituição. Deodoro é eleito presidente da República. Seu vice é o marechal Floriano Peixoto. Em 23 de novembro, pressionado, o presidente renuncia, Floriano assume.

1892 – Começam os atos arbitrários de Floriano. Rui o combate na imprensa e nos tribunais.

1893 – revolta da Armada, liderada por Custódio de Mello. Rui é obrigado a se exilar em Buenos Aires, e depois em Londres.

1894 – Prudente de Morais é eleito e toma posse na Presidência. Morre Floriano.

1895 – Rui volta ao Brasil. É eleito para o Senado.

1896 – Rui defende-se no Senado de acusações sobre sua alegada desonestidade no Ministério da Fazenda. É reeleito para o Senado, pela Bahia, contra o desejo de Prudente. Toma posse Campos Sales, sucessor de Prudente de Morais.

1898 – Lança o jornal A Imprensa.

1901 -  Cessa a publicação do jornal. Rodolfo Dantas morre em Paris. Morre Francisco de Castro, médico particular e grande amigo de Rui.

1902 – Apresenta ao Senado o Parecer sobre a redação do projeto de Código Civil. Trava a esse propósito grande polêmica com Carneiro Ribeiro. Lança a Réplica, que consagra como o conhecedor da língua. Toma posse Rodrigues Alves. É o mais brilhante dos períodos presidenciais da República Velha. Rui o apoia. Rui estreita sua amizade com Pinheiro Machado, homem forte do regime.

1903 – Colabora com Rio Branco na questão de fronteiras com a Bolívia.

1904 – Início da vacinação obrigatória, sob a direção de Oswaldo Cruz. Rui é contra. Levanta-se a Escola Militar contra a vacinação. Atuação firme do marechal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, evita a queda do governo.

1905 – Forma-se a coligação para impedir que Rodrigues Alves indique seu sucessor. Pinheiro Machado é o líder. Rui o acompanha.

1906 – É eleito Afonso Pena. Rui aproxima-se do novo presidente.

1907 – Segunda conferência da Paz em Haia. Atuação destacadíssima de Rui.

1908 – Começam a registrar-se divergências entre Afonso Pena e Rui quanto à sucessão.

1909 – Pinheiro Machado aceita a candidatura de Hermes da Fonseca à Presidência. Rui rompe com Pinheiro. Morre Afonso Pena. A Presidência é ocupada pelo vice, Nilo Peçanha. A candidatura de Rui é lançada pela Bahia e por São Paulo. Começa a campanha civilista.

1910 – Hermes é fraudulentamente eleito. Rui inicia violenta oposição.

1914 – Sobe à Presidência Venceslau Brás. Começa a Primeira Guerra Mundial. Rui toma posição ao lado dos aliados.

1916 – Pinheiro Machado é assassinado pelas costas no Hotel dos Estrangeiros. Rui representa o Brasil nos festejos do centenário da Independência da Argentina. Denuncia a neutralidade frente à guerra, em discurso de enorme repercussão.

1917 – O Brasil entra na guerra. Festeja-se o Jubileu Cívico de Rui Barbosa.

1918 - Termina a guerra. Rodrigues Alves é mais uma vez eleito para a Presidência. Morre antes de tomar posse.

1919 – Rui concorre à sucessão de Rodrigues Alves. É derrotado por Epitácio Pessoa. Em novembro vai à Bahia apoiar o candidato a governador, o juiz Paulo Fontes. A intervenção militar no Estado, decretada pelo governo federal, impede a vitória certa.

1920 – Paraninfo dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo. Escreve a Oração aos Moços.