quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Um breve resumo da Pré-história

Autor: Leandro Claudir Pedroso

Idade da Pedra

Paleolítico: 2,5 m.a.a (milhões de anos atrás) até 12 mil AP (Antes do Presente). Surgimento do Homo habilis (primeira espécie humana) na África. Termina com a substituição da economia baseada em caça, pesca e coleta para produção de alimentos e criação de animais.

Paleolítico Inferior: 2,5 m.a.a até 300 mil AP.

Inicia com o surgimento do Homo habilis, e termina com o surgimento do Homo sapiens neanderthaliensis.

Homo habilis, desenvolve cultura material e sistemática. Capacidade craniana de 750 cc (centímetros cúbicos), pesavam em torno de 40 Kg. Sua indústria lítica era a Olduvaiense, eram necrófagos (carniceiros).

Homo erectus, também surge na África neste período. Instrumentos líticos, ossos de animais, estruturas de habitação, produção de instrumentos, vida em sociedade. Surgiu a 1,5 m.a.a até 300 mil AP, possuía uma capacidade craniana de 1100 cc e tinha uma estatura de 1,70 m. Sua indústria lítica era a Acheulense, confecção de instrumentos (lanças endurecidas), expansão para regiões mais frias, defesa contra predadores, agregador social. Dominaram em 1,4 m.a.a. Caminhavam grandes distâncias, cozinhavam tubérculos, nem todos os grupos erectus utilizavam o fogo e nem todos tinham lanças com pontas endurecidas.

Principal atividade do Paleolítico Inferior era a obtenção de alimentos, caça, coleta de frutas, raízes, tubérculos e sementes.

Paleolítico Médio: 300.000 AP até 40.000 AP.

Inicia com o surgimento do Homo sapiens neanderthalensis (desenvolve-se na Europa e Oriente Médio) em torno de 300.000 AP. Neste período também surge o Homo sapiens arcaico (África e Ásia). A característica deste período que justifica o sapiente no nome das espécies hominídeas é a Cultura Imaterial (religiosidade).

Também surgiu na África nesta mesma época o Homo sapiens sapiens, há mais ou menos 10.000 anos AP. Sem grandes distinções culturais até as mudanças climáticas da transição do Pleistoceno para o Holoceno teve que se adaptar, seu processo cultural fica significativo a partir de 40.000 AP no início do Paleolítico Superior.

Homo sapiens Neanderthalensis:  1,65 m de altura, 1450 cc de capacidade craniana (mesmo do sapiens sapiens), utilizava a técnica de lascamento Levallois e Mustierense.

Homo sapiens arcaico: iniciou o Paleolítico Médio com sua indústria lítica vinculada a Acheulense (do Homo erectus), mas gradativamente passou para a Mustierense, no Norte da África usou a Ateriense. Praticavam necrofagia. Tinham as mesmas características físicas do Homo sapiens neanderthalensis, com a diferença de serem mais altos e menos corpulentos. Caçavam animais de pequeno porte e sepultavam seus mortos. Sua economia era baseada na caça, coleta e pesca. No final do Paleolítico Médio a caça já estava especializada, caçavam manadas de herbívoros. Seus acampamentos eram próximos de água e afloramentos rochosos, onde retiravam matéria prima para seus instrumentos, utilizavam também grutas como acampamentos. Em sítios a céu aberto construíam cabanas rusticas, havia divisão de tarefas por meio do sexo, homens caçavam e mulheres coletavam, cuidavam de seus feridos e enfermos. Possuíam um elevado grau de consciência social e solidariedade, tinham agrupamentos familiares presentes no Paleolítico Superior, mas poderiam existir desde o Médio.      

A cultura imaterial define o Paleolítico Médio, neste período os grupos humanos sapiens sepultavam seus mortos e mais ou menos em 100.000 A.P começaram a preparar os corpos para sepultamento, estabeleceram locais específicos para sepultamento (cemitérios) no fundo de cavernas, realizavam ritos fúnebres com oferendas de flores.

Neste período houve o desenvolvimento de arte móvel com objetos decorados. O Homo sapiens sapiens conviveu por 60.000 anos com os Neanderthais e os Sapiens arcaicos. Mas com o domínio dos Sapiens sapiens os outros grupos humanos foram desaparecendo até a extinção.

Paleolítico Superior: 40.000-12.000 AP

O Homo sapiens sapiens é a espécie dominante, sua produção tecnológica está vinculada as mudanças ambientais, e justamente a produção tecnológica lítica é o marco deste período. Os humanos começaram a observar o ciclo da vida dos animais e plantas, os grupos de caçadores-coletores já dominavam técnicas de cultivo e pastoreio, mas por várias razões não viviam delas. Sua economia era baseada inicialmente na caça e progressivamente complementada com a pesca e coleta de mariscos.

Culturas:

Cultura Chatelperronense (Europa): de transição para o Paleolítico Superior, instrumentos elaborados incluíam buris, facas, cinzéis e outras ferramentas leves.

Cultura Aurinhacense (Oriente Médio, Ásia, Norte da África): 40.000 A.P, relacionada também ao homem de Cro-magnon.

Cultura Gravettense: relacionada a arte rupestre e arte móvel.

Cultura Salutrense (Oeste da Europa): 20.000 – 15.000; período mais frio da última glaciação. Objetos finamente talhados, pontos bifaciais feitos com percussão talha lítica e pressão descamação, as batidas eram feitas com bastões de chifres ou madeiras.

Cultura Madalenense: pontas de projeteis microcristalinos, surgimento dos propulsores de lança (azagaia). Os povos desta cultura estocavam sementes. Utilizavam as úmidas cavernas como locais de rituais, cozinhavam alimentos, mas também ingeriam crus, possuíam assentamentos de curta duração, o esquartejamento da caça indicava a distribuição de carne e a solidariedade social, possuíam adornos corporais.

Arte rupestre ou parietal (pintura de paredes): era o suporte para ritos religiosos, eram realizadas em abrigos sob rochas e cavernas.

No final do Paleolítico Superior já tinham o domínio das técnicas de domesticação de plantas e animais.

Mesolítico: 30.000 – 9.000 AP

Período de transição da economia baseada na caça, pesca e coleta, para a produção de alimentos e criação de animais. Esse processo de transição ocorreu ainda o Paleolítico Superior, por isso muitos pesquisadores preferem usar o termo Paleolítico Superior Final.

Neolítico: 12.000 – 5.000 AP

Inserção de ferramentas e instrumentos que facilitam agricultura e pastoreio. Produção de alimentos e domesticação de animais, passam a viver de agricultura e pastoreio, coleta e caça completam a economia. O Mesolítico havia sido concluído, a transição foi efetivada para a agricultura.

A transição do Pleistoceno para o Holoceno gerou mudanças climáticas, alterando flora e fauna, tais mudanças influenciaram diretamente o modo de vida do homem.

Produção de alimentos

Processo muito gradativa, quando ocorre a transição caçador-coletar para produção de alimentos, vislumbramos um novo período. Domesticação de plantas começou com o conhecimento. Difusão da agricultura e muitos casos fruto da dispersão dos agricultores e não pela propagação de ideias. Caçadores coletores eram botânicos por experiência com enorme conhecimento botânico. Muitos grupos apesar de terem condições de ampliar a produção de alimentos, optaram por continuar com a economia baseado na caça e coleta.

Domesticação de animais

Observação e conhecimento das espécies caçadas. Domesticar não significa amansar e sim alterar a genética, o habitat e o comportamento do animal.

Domesticação preferencial de animais mais jovens.

Castração dos considerados ineptos.

Selecionar os que irão cruzar.

Etapas da domesticação: 1- cativeiro, 2- criação.

Não tinham apenas em mente a obtenção de carne para consumir, mas também em ter mais peles, lãs, leite e outros derivados destes.

O motivo que levou estes grupos a necessidade de capturar e depois criar animais deve estar relacionada a redução da caça do final do Pleistoceno, ocasionada pela mudança climática.               

Diante das espécies caçadas, começaram a criar os animais. Começou como um complemento e foi aos poucos se tornando a economia principal. Os caçadores do Paleolítico Superior já eram botânicos e zoológicos experientes, mas tinham outras alternativas para se alimentar na caça coleta que ainda era abundante. Tecelagem, polimento de certos artefatos líticos. Agora o estilo de vida sedentário predominava.

Da produção de alimentos aos Estados

Agricultura

Pastoreio

Olaria

Tecelagem

Polimento de artefatos líticos.

Sedentarismo.

Aldeias com crescente divisão entre categorias sociais. Surgiram especialistas, resultado direto do sedentarismo e da divisão de tarefas (criador de animais, oleiro, tecelão etc). Divisão do trabalho relacionado ao sexo. Mulheres trabalhavam olaria, cestaria e até certo momento a agricultura, com a invenção do arado, a agricultura e criação de animais passou a ter atividade do homem. O chefe a ser o monarca, passando a ter funções militares e com cargo hereditário. A agricultura pós fim a solidariedade, substituída pela competição e pela posse de maior número de recursos. Cada agricultor com seu campo, gado, casa e utensílios. Sepultamentos dentro da casa, não mais em cemitérios comuns. Junto a propriedade privada veio a pilhagem, roubo, guerras e saques. Surge a classe de guerreiros profissionais.

O desenvolvimento das aldeias para cidades foi determinado por três fatores: Primeiro foi uma serie de invenções e avanços técnicos posteriores a produção de alimentos, como irrigação, drenagem, arado, meio de transporte aperfeiçoado. Segundo foi o fim da autossuficiência da aldeia neolítica. E terceiro a concentração de poder econômico e político nas mãos da classe militar e sacerdotal.

Você quer saber mais?

PUHL, Juliane Maria. Pré-história. Canoas: Ed. Ulbra, 2013.

COTRIM, Gilberto. História Geral: Brasil e Geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História. São Paulo: Editora Ática, 1999. 

     

domingo, 9 de agosto de 2020

A REDESCOBERTA DO EGITO

 

A esfinge só foi completamente desenterrada entre 1925 e 1936, durante escavações lideradas por Émile Baraize.

A

 redescoberta do Egito faraônico inicia-se com duas datas precisas: 1789 e 1824. Antes disso não se sabia absolutamente nada a respeito desse período. A primeira das duas datas (1798) corresponde à extraordinária expedição do general Napoleão Bonaparte no Egito. Com surpreendente visão de longo alcance, além de  um corajoso exército, levou consigo um excelente grupo de técnico e de homens entendidos no assunto, munidos de livros, duzentas caixas de instrumentos científicos e duas tipografias completas, visto que em todo o Egito não existia nada disso. Ao todo cento e sessenta e sete “cientistas civis”, compreendendo naturalistas, botânicos, cartógrafos, engenheiros, astrônomos geólogos, historiadores e, pelo que consta, desenhistas e arqueólogos. Esse douto esquadrão recebeu o apelido de “Asnos”.

Champollion e os hieróglifos

Entre os objetos recolhidos durante a expedição napoleônica havia uma estela fendida, com aparência totalmente insignificante, Deu-a casualmente a um oficial do Gênio, um tal Bouchard, que a passou a um dos “Asnos”. Na estela três inscrições, a primeira em hieróglifo; a segunda em demótico; a terceira em grego – que indicava tratar-se de uma oferta sacerdotal feita por Ptolomeu V Epifane – constituía a chave para decifrar as duas primeiras. Constatou-se logo que o documento era de excepcional interesse e por ordem pessoal de Napoleão a estela foi imediatamente reproduzida e litografada, sendo que depois de várias cópias foram enviadas a vários especialistas de línguas mortas.

Gastaram-se quinze anos para a interpretação de pelo menos a parte em demótico. O mérito disso cabe ao sueco J. D. Akerblad (1814). Mas os hieróglifos resistiam, inflexíveis. Como para a história, existiam apenas duas fontes de referência: a primeira eram os Hieroglyfhica, obra de Orapolo Nilótico que parece ter vivido no século IV d. C. Parecia antigo, dizia ser egípcio e portanto não havia motivo de se contestar quanto à autoria de sua obra que, no entanto, infelizmente se tornou inaceitável, embora tivesse algumas intuições certas. Surgiu, posteriormente, a segunda fonte com a obra de P. Athanasius Kircher, este de indiscutível e vasta cultura; mas a sua Lingua Aegyptiaca restituta, publicada em Roma (1643), era de tal modo estranha que levou seus alunos a proclamar, e sem hesitação, que num obelisco em Roma está inciso um hino à Santíssima Trindade.

Infelizmente, as dispensões destes dois ilustres estudiosos desencadearam todos aqueles que as tinham como boas. Somente a dois não atribuíram nenhum valor, desde o início. O primeiro foi o inglês Thomas Young, o qual seguiu pelo caminho certo, mas que, não encontrando, afinal, uma confirmação para o seu trabalho apenas por motivo de um erro banal de transcrição, deu-se por derrotado. O outro foi o grande Jean-François Champollion (1790 – 1832). Champollion foi um verdadeiro gênio da linguagem, iniciou o estudo das línguas orientais com onze anos, já conhecendo paralelamente todas as européias, e aos dezenove anos se tornara professor de história em Grenoble.

Está claro que a estela encontrada, a qual se chamou “Estela de Rosetta”, se tornasse a sua obsessão. E entregou-se a ela de corpo e alma, intensamente em concorrências com os mais ilustres peritos e jamais abandou a terrível empresa que aos poucos tinha desencorajado os outros. Procedeu  por etapas: na sua Lettre à M. Dacier, lida na Academia Real ao 27 de setembro de 1822, anunciava a primeira  descoberta sobre o uso do alfabeto fonético do qual os egípcios se serviam para escrever os nomes dos reis gregos e dos imperadores romanos.

Dito nestes termos, não parece muito : mas derrubava o conceito difundido por Orapollo, de que a escrita hieroglífica seria apenas ideográfica. E finalmente, em 1824 (esta foi a data mais importante para a redescoberta do Egito) vinha a lume o seu Précis du système hièroglyphique des anciens Egyptiens. Embora ainda rudimentar, a chave era finalmente encontrada. Todavia, continuava ainda sem solução  o problema mais importante; seria necessário entender aquilo que agora se podia ler, isto é, renascer uma língua morta a pelo menos dezoito séculos.

Também isso se dedicou Champollion até a morte, que lhe ocorreu por enfarte quando contava apenas quarenta e dois anos. A sua Gramática egípcia e o seu Dicionário, publicados postumamente (1834-1845 lançaram as bases para este cansativo renascimento que durará mais ou menos por um século.

Você quer saber mais? 

A.Arborio Mella, Federico. O Egito dos Faraós (L’Egitto Dei Faraoni), Editora Hemus, São Paulo, 1981. 

http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_image.aspx?image=an16456b.jpg&retpage=26981



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Castelo, residência do senhor feudal

Reconstituição do castelo de Coucy (Aisne), séc. XIII -XV, com seu torreão de 31 m de diâmetro e 60 m de altura, importante testemunho da arte medieval. Fonte: Larousse Cultural.

Conhecida como residência feudal fortificada, defendida por fosso, muralhas e torres, assim eram os castelos na idade média. Com a queda império romano e vácuo deixado pelo poder central, as grandes propriedades latifundiárias têm sua importância aumentada, e devido a independência econômica e jurídica a “villa” se torna um local de proteção fortificada. As cidades perderam sua importância e o “castellum” se torna o último refúgio da população. Na França do século X o castelo é o herdeiro da “villa” possuindo seu próprio reduto o torreão, além de outros edifícios murados, sendo edificado em alvenaria só a partir do século XI, para resistir aos incêndios provocados em batalha. A partir do século XIV o castelo se torna um reduto de lazer, devido ao progresso da artilharia perdeu sua função de local de segurança.

Torreão ou torre central

Torre larga e ameada que constitui o reduto de um castelo; bastilhão, a parte mais forte do castelo onde o senhor feudal se refugiava em caso de cerco. Era a área mais segura do castelo e não tinha portas ou janelas na parte inferior. Com paredes grandes e grossas, era o abrigo perfeito em caso de cerco. Normalmente o torreão era mais alta que a parede.

Muro

Os castelos estavam cercados por um muro, que era a fortificação defensiva que cercava o castelo inteiro. Muitas vezes, as paredes eram cercadas por um fosso, para dificultar a invasão dos invasores. As paredes podiam atingir 12 metros de altura e 3 metros de espessura. Para torná-los mais expelíveis, fossos foram construídos em torno deles para impedir a passagem dos atacantes. No início, as paredes dos castelos eram de madeira, mas a partir do século IX a pedra começou a ser usada para a formação de paredes. Os muros serviam para fazer com que os invasores perdessem tempo tentando escalá-los.

Torre

Torres de defesa poderiam ser construídas ao longo das muralhas. Para comunicar as torres da muralha, um pequeno corredor foi feito se juntando a elas, conhecido como estrada redonda. Além disso, para proteger a parede, às vezes era feita uma parede inferior à sua frente, conhecida como ante muralha.

As torres são as projeções colocadas ao longo da parede, com a função de proteger o castelo. Nas torres escondiam os defensores do castelo para defendê-lo de possíveis ataques. Muitas das torres tinham buracos, conhecidos como saeteras ou fendas. Os parafusos eram os buracos dos quais as armas lançadas. Pelo contrário, as abrasões eram os buracos usados ​​para armas de fogo. As torres eram conectadas umas às outras por corredores estreitos ao longo da parede, conhecida como estrada redonda ou adarve. Eles foram aprimorados criando saliências conhecidas como construtores, que tinham uma abertura no fundo para derramar água fervente ou atacar com flechas. Enquanto isso, as tropas defensivas do castelo poderiam atacá-los das torres.

Fosso

Chamado de “fosso”, esse detalhe arquitetônico não era projetado para servir a nenhum tipo de entretenimento ou algo parecido, mas sim como uma forma bastante inteligente de proteger o castelo dos ataques de inimigos. Como mecanismo de defesa, os fossos eram muito eficazes. Alguns fossos cercavam o próprio castelo, enquanto outros fossos podiam cercar vários edifícios ou até mesmo uma pequena cidade.  É importante destacar que os castelos sem fossos eram mais vulneráveis ​​a ataques vindos de baixo, já que os saqueadores frequentemente consideravam que a única maneira de surpreender os habitantes de um castelo era escavar sob o castelo e atacar através de caminhos subterrâneos. Com a criação dos fossos, o processo de escavação sob um castelo se tornou algo quase impossível. Quando os fossos estavam cheios de água, eles geralmente eram profundos o suficiente para dificultar o avanço dos invasores, que relutariam em tentar nadar pois sabiam que ficariam muito vulneráveis ​​aos ataques dos guardas do castelo.

Plantações

As grandes propriedades rurais da época medieval eram divididas em três categorias de terras. A primeira – que englobava a maior parte do solo cultivável, era o chamado manso senhorial, onde tudo o que se produzia pertencia ao senhor feudal, o dono da fazenda. Os servos trabalhavam em todas as terras, mas só podiam tirar seu sustento dos minúsculos lotes que formavam a segunda categoria de terras, o manso servil. O trigo, a aveia, a cevada, a ervilha e a uva eram os alimentos mais plantados.

Você quer saber mais?

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Ed. Nova Cultura Ltda, 1998. pg.1233-1234.

https://maestrovirtuale.com/castelo-medieval-partes-e-funcoes/

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-um-feudo-na-idade-media/

https://www.tricurioso.com/2019/03/05/por-que-os-castelos-medievais-tinham-fossos/

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

A VERDADE HISTÓRICA SOBRE O MITO DOS ANUNNAKIS

Representação do deus sumério Enki no texto sobre a criação dos homens.

Leandro Claudir Pedroso

            Muito se tem falado atualmente sobre os Anunnakis, e teorias das mais diversas são frequentes sobre o tema. Muitas teorias indo além do mito e levando ao extremo dos teóricos alternativos. Mas, realmente oque sabemos historicamente falando sobre esses seres mitológicos, tão importantes para os sumérios, seres que são colocados no mais alto escalão das divindades sumérias. Neste pequeno texto traremos um pouco de luz sobre os abusos escritos e documentários sensacionalistas que não prestam serviço ao conhecimento humano, mas servem unicamente para propósitos egoístas e gananciosos de seus escritores e produtores.

Os Anunnaki são um grupo de divindades sumérias, acádias e babilônicas. O nome é alternativamente escrito "a-nuna", "a-nuna-ke-ne, ou "a-nun-na", ou seja, algo no sentido de "aqueles de sangue real" ou "prole do príncipe". Sua relação com o grupo de deuses conhecido como Igigi não é clara - às vezes os nomes são usados como sinônimos, mas, no mito do dilúvio de Atrahasis, têm de trabalhar para os Anunnaki, rebelando-se após 40 dias e substituídos com a criação dos seres humanos. De acordo com um mito babilônico, os Anunnakis eram filhos de Anu, o céu. Anu, por sua vez, era o filho de Anshar (deus do céu), irmão de Kishar  (deus da terra), respectivamente. Portanto, Anu era neto de deuses lamacentas Lahm e Lahmu , guardiões do templo em Eridu , que teve lugar a criação . O que torna o Anunnaki nos bisnetos dos guardiões do Templo da Criação.

 

Breve genealogia:

Tiamati e Apsu

 

(Tiamati, era uma deusa serpente marinha e Apsu, era o deus das águas doces).

Lahm e Lahmu

 

(Senhores das terras abaixo dos oceanos ou “lodo marinho).

 

Anshar e Kishar

 

(Pais dos primeiros deuses. Anshar,  era o deus do horizonte celeste e Kishar era a deusa do horizonte terreno).

 

Anu e Ki

 

(Anu era o deus do céu e juiz dos homens, Ki era a deusa da terra)

 

Anunnakis

 

(Grupo de divindades dos quais o mais importante é Enlil, deus do ar. De acordo com as lendas, o céu e a terra eram inseparáveis, até o nascimento de Enlil, que dividiu o céu e a terra em dois).

 

 

Enlil , senhor do ar e Anu seu filho e sucessor como chefe do conselho Anunnaki iniciou uma disputa entre ele e seu irmão Enki , o senhor da terra, o deus da sabedoria e de água doce magia, considerado por muitos como um alquimista. Enlil (En = senhor | Lil = ar) vieram de Nippur , enquanto seu irmão Enki (En = senhor | Ki = Terra) fez de Eridu .

Os Igigi’s, os deuses menores, se recusaram a continuar a trabalhar para manter a harmonia do universo e Enki, no Shabat ou Shappatu, criou a humanidade para que esta assuma a responsabilidade para a realização de tarefas que os deuses menores tinham abandonado. Os Anunnaki, e o alto conselho dos deuses e de Anu, foram distribuídos pelo planeta Terra e pelo submundo. Alguns eram o próprio Enki, Asaru, Asarualim, Asarualimnunna, Asaruludu, Namru, Namtillaku ou Tut.

Na mitologia caldeia, os deuses Igigi’s eram deuses menores, mas também na literatura da antiga Mesopotâmia está palavra era usada para designar o conselho supremo dos deuses celestiais. Os Igigi, trabalhavam para os Anunnakis, cavando valas de drenagem e canais. Um dia, cansado, rebelaram-se como as lendas de épicos Enuma Elish e Atrahasis. Depois se tornaram uma espécie de demônios ou entidades do mal.

 Alguns significados mais minuciosos da palavra Anunnaki: 

ANUNNAKI

An = forma reduzida de "anachnu", que significa NÓS

Nu = também significa "céu"

Naki = limpo, puro

Significado: “Nós somos puros”

Ki = Terra

Ampliando o significado para: "Nós do céu, na Terra", ou ainda "Puros do Céu na Terra”.

Jeremy Black e Anthony Green oferecem uma perspectiva ligeiramente diferente sobre os Igigi e Anunnaki, escrevendo que "lgigu ou Igigi é um termo introduzido no período babilônico antigo como um nome para os (dez)"grandes deuses". Embora, por vezes, mantivesse esse sentido em períodos posteriores, desde o período Babilônio Médio é geralmente usado para se referir aos deuses do céu coletivamente, assim como o termo Anunnakku (Anúna) foi posteriormente usado para se referir aos deuses do submundo. No épico de criação, dizem que há 300 lgigu do céu".

Curiosamente, os sumérios tinham uma gradação para os seus deuses: Igigi era classe das divindades dos céus, ou do paraíso – compostos por dez seres, os “grandes deuses”; Anunnaki era o nome dado aos deuses terrestres, aqueles que supostamente viviam entre nós. Entretanto, vale a pena pontuar que na Antiguidade os governantes eram vistos como verdadeiros deuses na Terra. Os faraós do Egito Antigo eram deuses regendo os seres humanos. Os governantes da Pérsia, da Babilônia, da Suméria também tinham tais características entre seus plebeus. O mito cosmogônico dos babilônicos diz que os Anunnaki construíram as coisas da terra, como a organização social humana. Mas os historiadores apontam que esta é apenas uma versão das várias existentes da mesma mitologia. De acordo com um mito babilônico posterior, os Anunnaki eram filhos de Anu e Ki, irmão e irmã deuses.

É interessante conhecermos essas vertentes do conhecimento, uma vez que abrem nossa mente para questionamentos sobre como a humanidade fundamentou seu pensamento moral em cima da religião, e como o próprio homem inventou os deuses com suas semelhanças. Os Anunnaki aparecem no mito da criação babilônico, Enuma Elish. Na versão final ampliada, Marduque, após a criação da humanidade, divide o Anunnaki e atribui-os aos seus postos apropriados, trezentos no céu, trezentos sobre a terra. Em agradecimento, os Anunnaki, os "Grandes Deuses", construíram Esagila, a esplêndida: "Eles ergueram a cabeça de Esagila igualando-a a Apsu. Tendo construído um palco torre tão elevado quanto Apsu, puseram em cima dele uma morada para Marduque, Enlil e Ea." Então, eles construíram seus próprios santuários.

De acordo com o posterior mito babilônico, os Anunnaki eram filhos de Anu e Ki, irmão e irmã deuses, eles mesmos filhos de Anshar e Kishar (Eixo-do-Céu e Eixo-da-Terra, os pólos Celestiais), que por sua vez, foram os filhos de Lahamu e Lahmu ("os enlameados"), nomes dados aos guardiões do templo de Eridu Abzu, o local em que a criação foi pensada para ocorrer. Finalmente, Lahamu e Lahmu foram os filhos de Tiamat(Deusa do Oceano) e Abzu (apsû) (Deus das águas). Os Sumérios creditavam todo seu conhecimento aos Anunnaki.

 

 Você quer saber mais?

LEICK, Gwendolyn: A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology (NY: Routledge, 1998), p. 7. 

JEREMY and Green, Anthony: Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia: An Illustrated Dictionary University of Texas Press (Aug 1992) p.34. 

GWENDOLYN: A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology (NY: Routledge, 1998), p. 85. 

JEREMY and Green, Anthony: Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia: An Illustrated Dictionary University of Texas Press (Aug 1992) p.106.