domingo, 6 de setembro de 2015

Vimanas: as máquinas voadoras dos “ANTIGOS”. Parte 1


Vimana é um veículo voador mitológico, descrito na literatura antiga da Índia. Referências a veículos voadores são comuns nos textos hindus antigos,que, inclusive, descrevem seus usos na arte da guerra. Independentemente de serem capazes de voar na atmosfera terrestre, consta que as vimanas também viajam pelo espaço e sob a água. Descrições contidas nos Vedas e na literatura indiana recente falam de vimanas de várias formas e tamanhos:

Nos Vedas: o sol e várias outras divindades são levadas em suas peregrinações por carruagens voadoras, com rodas e puxadas por animais, geralmente cavalos (a carruagem do deus védico Puchan é puxada por bodes)

O "agnihotra-vimana", com dois motores (?). (Agni significa fogo em sânscrito).

O "gaja-vimana", com mais motores (?) (Gaja significa elefante em sânscrito).

Outros tipos possuem denominações baseadas em animais, como o martim-pescador, o Íbis e outros.


Alguns teóricos alternativos atribuem às vimana evidências de civilizações tecnologicamente avançadas do passado. Outras explicações são dadas pelas Teoria dos astronautas antigos. Há ainda aqueles que estabeleceram ligações das máquinas voadoras com a lenda dos Nove Homens Desconhecidos. David Hatcher Childress fala sobre elas em seu livro "Vimana Aircraft of Ancient India & Atlantis"(Vimana - Aeronáutica da Índia Antiga e da Atlântida),citadas também em obras anteriores como "Lost Cities of China, Central Asia & India"(Cidades Perdidas da China, Índia e Ásia Central).

Etimologia e uso

A palavra origina-se do sânscrito e parece ser vi-mana = "separado — mensurado". O significado da palavra parece ter sido modificado nesta sequência:
Uma área de terra medida e separada para ser usada para fins sagrados.
Templo.
O palácio de um deus.
No Ramayana: o palácio voador de Rāvana, chamado de Pushpaka.
Em escritos indianos recentes: outros veículos voadores, e às vezes vimana, é usada como um termo poético para fazer referência a veículos comuns terrestres.

Outros significados

Desenho de um corte Vertical de um Vimana descrito no livro hindu Ramayana
Na maioria das línguas indianas modernas, a palavra vimana significa uma aeronave comum, real.

As torres piramidais características dos templos do sul da Índia chamam-se "Vimanans".
O livro budista Vimānavatthu (Histórias de Vimanas, em Pali) usa a palavra "vimana" com um significado diferente: "um pequeno trecho de um texto usado como inspiração para um sermão budista".

As características do gnosticismo moderno


Louis Althusser foi o exemplo acabado da mente gnóstica, o superlativo absoluto simples do gnosticismo teórico do século XX. Althusser defendeu sempre o estalinismo e o “marxismo científico” ― mesmo depois de Karl Popper ter demonstrado, através do princípio da falsificabilidade, que o marxismo não é uma ciência (assim como a psicanálise não é uma ciência) porque não é possível a sua refutação (1), mesmo depois do relatório K. ter oficialmente exposto os crimes estalinistas, mesmo depois das denúncias e dúvidas de Merleau Ponty e Sartre em relação ao sistema soviético, mesmo depois da verificação dos Gulag e do testemunho de Soljenitsyne, mesmo depois da evidência do fracasso económico da URSS… e mesmo depois da queda do muro de Berlim!

Para Althusser, o marxismo eliminou a distinção entre o sujeito e o objeto (mas não eliminou o sujeito de Althusser) e ele viu na teoria de Karl Marx aquilo a que ele chamou de “prática teorética”, que consiste no desfasamento entre o conhecimento e o objeto a conhecer ― segundo o conceito dele em relação ao pensamento de Karl Marx, todo o processo de conhecimento é realizado no mundo do pensamento e sem qualquer contato com o objeto real a conhecer; Althusser recusa a verificação empírica das teorias científicas (“ciência” aqui entendida segundo o método positivista das ciências da natureza), exatamente em reação ao princípio da falsificabilidade de Karl Popper. Althusser fechou-se no seu mundo e no seu dogma, e de tal forma que perdeu o juízo e acabou por estrangular a sua mulher em 1980.

Uma das características da mente gnóstica moderna é a constante insatisfação com a realidade que se traduz em uma perene tentativa de escapar à realidade. Normalmente, o drogado mete heroína na veia para fugir à realidade; o gnóstico revolta-se sistematicamente contra a realidade, seja ela qual for…

Em função da sua permanente insatisfação com a realidade, o gnóstico moderno atribui essa sua insatisfação à “maldade do mundo”, ou à “imperfeição do mundo”. Para o gnóstico, o mundo pode e deve ser perfeito ― ele acredita que é possível a salvação em relação a essa maldade (ou a essa imperfeição) do mundo dentro do espaço-tempo que condiciona a nossa existência. Essa radical e alienante insatisfação em relação ao mundo leva o gnóstico à convicção profunda de que o mundo é essencialmente mau, o que o leva ao desejo de salvação terrena através do conhecimento das estruturas internas desse mundo maldito e tenebroso.
No intuito de se conseguir a salvação do Homem neste mundo, o gnóstico defende que a única forma de a conseguir é através da mudança da ordem do ser através de um processo histórico (ver «A ideia de “progresso” e do “presente autoritarista”»), ou seja, alterar a essência e a natureza humana através de imposições de fora para dentro em relação ao ser humano (vulgarmente chamadas de “engenharias sociais” a que assistimos hoje na esquerda portuguesa).
As engenharias sociais ― que traduzem a crença na mudança da ordem do ser através de um processo histórico ― são, para o gnóstico moderno, possíveis através do esforço humano, nem que seja à custa do sacrifício ― e mesmo da eliminação física ― de centenas de milhões de pessoas. A mente revolucionária ou gnóstica esteve na origem de cerca de 200 milhões de vítimas só no século XX ― mais do que todas as vítimas de convulsões sociais e guerras entre o século III a.C e o século XIX. Nesse sentido, e através das engenharias sociais, a mente gnóstica acredita que possui a fórmula mágica ou o conhecimento necessários para tornar possível a salvação do Homem na Terra e a criação de um paraíso celestial terrestre.
(1) O conhecimento científico, embora verificando dados que se tornam quase certos, produz teorias que são científicas precisamente porque não são certas: as teorias científicas são sistemas de ideias que trazem consigo a possibilidade da sua refutação e constituem crenças de um grau superior ― crenças que transportam a dúvida no seu próprio princípio.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Fascismo e Nazismo

"Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor." Winston Churchill

 

Fascismo e Nazismo

O que é totalitarismo?

O totalitarismo é uma forma de organização do Estado na qual todo o poder se concentra nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, organizadas sob a forma de partido único. Esse partido conta geralmente com uma base de massas, mas apenas seus dirigentes têm poder de decisão. Os líderes intermediários ocupam postos na hierarquia do governo, de tal forma que a máquina do partido se confunde com o aparelho do Estado. Essa superposição entre a organização partidária e a administração do Estado só é possível porque o grupo no poder suprime todas as liberdades individuais e coletivas e instala um regime de terror total contra a nação. O Estado totalitário, portanto, é um Estado policial que exerce uma vigilância permanente sobre a vida cotidiana dos cidadãos, controlando até mesmo a vida pessoal e familiar dos indivíduos. Trata-se de um caso extremo de autoritarismo. Uma de suas principais características é o grande uso dos meios de comunicação de massa para difundir a ideologia do regime, exaltar o governo e a figura do líder. O chefe de um regime totalitário é o depositário de toda a ideologia, sendo encarado como um indivíduo excepcional, dotado de qualidades quase sobrenaturais.

 

Fascismo italiano

Aliados das nações vencedoras da Primeira Guerra Mundial, os italianos ficaram insatisfeitos com os resultados do conflito. Além das perdas materiais e humanas sofridas (cerca de 670 mil mortos e 1 milhão de feridos), a Itália não obteve as compensações territoriais desejadas, não conseguiu, por exemplo, anexar nenhuma das antigas colônias alemãs na África nem mesmo regiões mais próximas nos Bálcãs. Nessas circunstâncias, difundiu-se entre a população da Itália um profundo ressentimento contra as grandes potências democrático-liberais da Europa, ao qual vinha somar-se uma crescente insatisfação social em razão da inflação, da carestia e do desemprego decorrentes da guerra. Entre 1919 e 1920 cerca de 3 milhões de trabalhadores urbanos participaram de greves. Em Turim e outras cidades industriais, os operários ocupavam fábricas e tentavam colocá-las em funcionamento. O movimento foi reprimido, mas a sensação de que o governo havia perdido o controle da situação se generalizava entre as classes médias. Em meio a essas condições, em 1919 um ex-combatente chamado Benito Mussolini (1883-1944) fundou um grupo nacionalista de extrema direita conhecido como Fascio de Combattimento. Seu símbolo, um feixe de varas (fascio) atado à lâmina de um machado, havia sido também um dos emblemas do Império Romano. Com ele, Mussolini queria dizer que era preciso reconquistar o antigo poderio de Roma. Os Fasci de Combattimento espalharam-se pela Itália divulgando suas idéias ultranacionalistas, anticomunistas e antiliberais. Eles lutavam pela instauração de um governo forte e autoritário capaz de esmagar os grupos de esquerda (comunistas e socialistas) e de pôr um fim às greves e manifestações operárias, vistas por Mussolini como desordem.

Com cerca de 320 mil adeptos no início dos anos 1920, os Fasci de Combattimento contavam com milícias armadas e uniformizadas com camisas negras, que espalhavam o terror pelo país. Os integrantes dessas milícias, conhecidos como camisas-negras, assassinavam militantes de esquerda, dissolviam manifestações operárias e intimidavam políticos de orientação democrática, tudo sob os olhares complacentes do governo. Em 1921 os Fasci di Combattimento se unificaram em torno da autoridade de Mussolini e se constituíram em Partido Nacional Fascista. Sua base de apoio era formada, sobretudo por desempregados, ex-combatentes, pessoas das classes médias, além de industriais e proprietários de terra temerosos de que a Itália se transformasse em palco de uma revolução comunista. Nas eleições parlamentares de 1921, 35 fascistas foram eleitos deputados. Entre eles, Mussolini. Em 1922, numa demonstração de força, cerca de 30 mil camisas-negras, sob a chefia de Mussolini, invadiram a capital italiana, ocupando prédios públicos e estações ferroviárias. O episódio ficou conhecido como Marcha sobre Roma. Dois dias depois, o rei Vítor Emanuel III convidou Mussolini para ocupar o cargo de primeiro-ministro. O fascismo chegava ao poder. Entre 1922 e 1925 Mussolini governou juntamente com outras forças políticas. Gradativamente, porém, ampliou seus poderes e se impôs como verdadeiro ditador. O Parlamento perdeu sua autoridade e os partidos políticos, com exceção do Partido Nacional Fascista, foram extintos. Os prefeitos e chefes locais perderam seus cargos e foram substituídos por seguidores de Mussolini. Também foi criada uma polícia política secreta para perseguir opositores do regime, o que levou 300 mil pessoas a se refugiarem no exterior; o governo implantou forte censura aos meios de comunicação e suprimiu o direito de greve. Todas as organizações que não fossem fascistas tornaram-se ilegais. No início dos anos 1930, o duce (guia), como era conhecido Mussolini, já centralizava todo o poder.

                Os fascistas acreditavam ser fundamental doutrinar as crianças e jovens. Nas escolas e universidades os professores eram obrigados a exaltar as realizações do regime e aspectos da vida do duce. Também foram criadas organizações que promoviam festas, competições, acampamentos, atividades ao ar livre e que transmitiam aos jovens a ideologia fascista. Mussolini valeu-se dos meios de comunicação de massa para conquistar o apoio da população.  Para tanto, utilizou amplamente jornais, rádios e documentários que divulgavam os feitos de seu governo e cultuavam sua figura, mostrada como a de um homem enérgico, atlético e trabalhador.

Dois outros aspectos da política fascista contribuíram para sua afirmação entre a população italiana. O primeiro foi a intervenção maciça do Estado nas atividades econômicas. Isso ocorreu principalmente após o crash da Bolsa de Nova York, em 1929. Para debelar a crise, o Estado fascista lançou um amplo programa de obras públicas (estradas, pontes, etc.) e incentivou a produção de armas. Essas medidas fizeram baixar o desemprego. O segundo aspecto dessa política foi a instituição, em 1927, da Carta del Lavoro (Carta do Trabalho), na qual se combinavam concessões aos trabalhadores com medidas de controle policial sobre eles. A Carta estabelecia, por exemplo, o seguro contra acidentes de trabalho e a jornada de oito horas, mas proibia as greves e extinguia os sindicatos. Em 1935 Mussolini ordenou a invasão da Etiópia, único país africano, ao lado da Libéria, ainda não dominado pelos europeus. No ano seguinte, interveio na Guerra Civil Espanhola, enviando tropas em apoio às forças do general Francisco Franco (veja o boxe A Guerra Civil Espanhola). Os princípios fascistas não ficaram restritos à Itália. Com a consolidação do governo de Mussolini, começaram a surgir ditaduras de direita também em outros países da Europa, como Portugal, Hungria e Polônia. Foi nesse contexto que, em 1933, o nazismo chegou ao poder na Alemanha.

 

Os princípios do fascismo

Mussolini se definia como reacionário, antiparlamentarista, antidemocrático, antiliberal e anti-socialista. A doutrina fascista tinha aspectos originais. Seus princípios básicos eram:

 

v  Estado totalitário assentado sobre a força da massa popular, encarnada na mística do chefe;

 

v  Existência do indivíduo apenas como fração do Estado, em cuja grandeza devia encontrar sua própria exaltação;

 

v  Extinção da luta de classes: o Estado promoveria a solidariedade entre patrões e empregados, visando a maior produtividade; busca da grandeza italiana, num constante apelo às glórias do Império Romano, com exaltação da importância da guerra na formação das pessoas;

 

v  Identificação entre Estado, chefe de Estado e Partido Fascista.

 

Nazismo

                Ao terminar a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha entrou em uma crise de grandes proporções. Estimulados pela consolidação da Revolução Russa de 1917, os trabalhadores alemães saíam às ruas, os soldados se amotinavam. Com a abdicação do imperador Guilherme II, dois dias antes do armistício que pôs fim ao confronto mundial, líderes da oposição proclamaram a República e constituíram um governo provisório liderado pelo Partido Social-Democrata (socialista moderado). Em janeiro de 1919, operários, soldados e marinheiros tentaram tomar o poder por meio de uma insurreição armada. A frente da rebelião colocaram-se os socialistas da Liga Espartaquista, liderados por Rosa Luxemburgo (1871-1919) e Karl Liebkenecht (1871-1919). A revolta fracassou e, os dois líderes foram presos e executados. Nesse mesmo ano realizaram-se eleições para uma Assembléia Constituinte, reunida na cidade de Weimar. Nascia, assim, a chamada República de Weimar (1919-1933), primeira experiência democrática da história da Alemanha. Os primeiros anos da nova República foram extremamente difíceis. O país não tinha dinheiro para pagar as indenizações de guerra e sofria uma das maiores inflações de todos os tempos. O preço das mercadorias subia várias vezes no mesmo dia. Em abril de 1922, por exemplo, um dólar valia mil marcos; em setembro do ano seguinte, era equivalente a 350 milhões de marcos.

                A economia alemã só voltou a se estabilizar a partir de 1924, graças à injeção de capitais norte-americanos. Entretanto, a população continuou insatisfeita com os termos dos tratados de paz que puseram fim a Primeira Guerra Mundial. Esse sentimento de orgulho nacional ferido estimulou a formação de grupos ultranacionalistas que propunham a instauração de um governo forte, capaz de unificar os alemães e lutar pela recuperação da grandeza nacional.  Um desses grupos era o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (que, em alemão, daria origem à expressão nazista), formado em 1919. Liderado pelo austríaco Adolf Hitler (1889-1945), suas fileiras eram compostas por comerciantes arruinados pela crise, desempregados, ex-militares, etc. Da mesma forma que os fascistas italianos, os nazistas alemães também se organizavam em grupos paramilitares. Suas milícias eram conhecidas como SA, sigla em alemão para “tropas de assalto”. Além de reprimir violentamente os comunistas e os socialistas, as SA garantiam a segurança dos comícios nazistas.  Em novembro de 1923, inspirado na Marcha sobre Roma de Mussolini, Hitler tentou dar um golpe de Estado na cidade de Munique. A tentativa ou putsch de Munique, como ficou conhecida, fracassou e Hitler foi preso. Na cadeia, onde ficou por um ano, escreveu o livro Mein Kampf (Minha luta), no qual sistematizou a ideologia nazista. No livro, Hitler defendia a superioridade dos povos arianos, considerados puros pelos nazistas e dos quais descenderiam os alemães, sobre judeus, eslavos, ciganos, negros e outros grupos humanos. Para Hitler, os judeus seriam, juntamente com os comunistas, culpados por quase todos os males do mundo. O livro defendia ainda o direito dos alemães a um “espaço vital” ou seja, um território na Europa que reunisse os povos germânicos num só império.

                No início, o apoio a Hitler era pequeno. A partir de 1930, porém, a Grande Depressão iniciada com o crash da Bolsa de Nova York arruinou as classes médias e causou o desemprego de milhões de trabalhadores alemães. A crise aumentou ainda mais o sentimento de humilhação que atingia a população alemã desde 1918. Muitas pessoas passaram a ansiar pelo aparecimento de um líder carismático capaz de resgatar a “honra nacional” e de colocar a Alemanha outra vez entre as grandes potências. Com sua exaltação da “raça ariana”, Hitler parecia a muitos ser esse líder predestinado. O Partido Nazista passou, então, a crescer vertiginosamente. Assim, entre 1930 e 1932, o número de deputados nazistas no Parlamento alemão aumentou de 170 para 230. No ano seguinte, o presidente da Alemanha, marechal Paul von Hindenburg, convidou Hitler para ocupar o cargo de chanceler (primeiro-ministro) de seu governo. Morto Hindenburg em agosto de 1933, Hitler o substituiu no cargo de presidente e assumiu o título de Führer (chefe), dando início ao Terceiro Reich alemão (o Primeiro Reich foi o Sacro Império Romano-Germânico; e o Segundo, o da unificação alemã conquistada por Bismarck em 1870).

               

O terror nazista

 

Senhor absoluto do poder, Hitler anulou a Constituição de 1919, instituiu a censura e suspendeu os direitos e as garantias civis. Membros da Gestapo, a polícia secreta alemã, e das SS, tropa de elite nazista, passaram a perseguir, prender e torturar líderes religiosos, ciganos, homossexuais, judeus, líderes sindicais, comunistas e opositores em geral. Alcoólatras, doentes mentais e deficientes físicos eram internados à força e submetidos a cirurgias de esterilização. Muitos intelectuais, cientistas e artistas contrários ao nazismo viram-se obrigados a exilar-se no exterior, como o físico Albert Einstein (1879-1955), o dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956), o escritor Thomas Mann (1875-1955), e muitos outros. Os que decidiam permanecer corriam o risco de ser enviados a campos de concentração. Em 1933 havia nesses campos 40 mil presos políticos. A partir de 1934, o anti-semitismo tornou-se política oficial do Estado. Os judeus não podiam mais trabalhar em órgãos públicos, seus bens foram confiscados e eles ficaram proibidos de se casar com pessoas consideradas arianas. Além do terror, a propaganda sob os cuidados do ministro Joseph

Goebbels (1897-1945) teve papel fundamental para a consolidação do nazismo. A ideologia nazista era transmitida por meio de documentários cinematográficos, programas de rádio, pôsteres e cartazes. Os comícios de Hitler, que reuniam milhares de pessoas, eram minuciosamente preparados para demonstrar a grandeza do Führer e do povo alemão. Essa doutrinação também envolvia as crianças na sala de aula. Desde pequenas, elas aprendiam a ter orgulho de pertencer à raça ariana e a venerar e prestar obediência ao Führer. Com a recuperação econômica do país, a popularidade do regime cresceu. Essa recuperação foi obtida pela intervenção do Estado, que promoveu a realização de obras públicas, impulsionou a indústria de armamentos e estabeleceu formas de planejamento econômico. Grandes capitalistas internacionais e nacionais também ajudaram financeiramente o governo nazista.

Entusiasmado com o crescimento econômico, Hitler passou a violar as determinações do Tratado de Versalhes, que pôs fim a Primeira Guerra Mundial: remilitarizou a Alemanha e colocou em prática uma política expansionista. Abria caminho, assim, para a Segunda Guerra Mundial.

 

Juventude doutrinada

                Os meninos eram alistados aos 10 anos de idade: depois de passar por certas provas esportivas, entravam no Deutsch Jungvolk (Jovem Povo Alemão) por um período de quatro anos, ao longo do qual seus progressos físicos e ideológicos eram registrados em cademetas. Já as meninas, aos 10 anos entravam nas Jungmädel (Jovens virgens). No primeiro ano, meninos e meninas deviam estudar os “Deuses e heróis dos germanos”; no segundo, os “grandes alemães" (de Frederico, o Grande, a Bismarck); no terceiro, "Vinte anos de combate pela Alemanha” (os “anos de luta” do nazismo) no quarta, enfim, “Adolf Hitler e seus companheiros de luta” Aos 14 anos, os jovens entravam nas Juventudes Hitleristas; aos 18, outras estruturas do partido os esperavam: Frente do Trabalho, SA ou SS. A formação ideológica dos 14 aos 18 anos prosseguia por melo de cursos versando desde"o combate pelo Reich” até a “obra do Führer: Esses temas eram difundidos também pelas transmissões radiofônicas dedicadas à juventude.

                A suástica, uma espécie de cruz com os braços voltados para a direita foi adotada como emblema oficial do partido nazista e do Terceiro Reich. Ela foi criada séculos antes de Cristo, na Índia, por uma civilização indo-européia (os arianos), da qual, na concepção do nazismo, os alemães seriam descendentes.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Clio, Musa da História e da criatividade


Clio é uma das musas gregas que habitam o monte Hélicon, segundo a mitologia. A cultura do Ocidente está profundamente marcada pelo legado helênico, ou seja, pelos costumes e ensinamentos deixados pelos homens da Grécia Antiga. Esta, por sinal, é considerada o berço da civilização, de lá veio a ideia de organização e também a de democracia, tão citada atualmente. Na mitologia grega havia as musas, que eram deusas irmãs que viviam no monte Hélicon. Segundo a tradição, eram nove musas, filhas de Zeus com Mnemósine e que recebiam a assistência de Apolo para presidir as artes e as ciências e inspirar os governantes a estabelecer a paz entre os homens.

As musas eram festejadas a cada quatro anos no monte Hélicon e na Piéria. Inicialmente, inspiravam os poetas, mas, depois, passaram a influenciar todas as artes e ciências. Segundo Homero, as nove musas são: Clio, Euterpe, Talia, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia e a líder de elas, Calíope. A mitologia grega alegava que as musas eram virgens ou, pelo menos, não casadas.

Entre essas nove musas está Clio, a musa da história e da criatividade. É conhecida por divulgar e celebrar as realizações. Por sua eloquência, ela é a fiadora das relações políticas entre homens e nações. As representações feitas pelos artistas de Clio a demonstra como uma jovem mulher coroada de louros que carrega na mão direita uma trombeta e na mão esquerda um livro de Tucídides. Em algumas ocasiões, as representações de Clio indicam que ela porta um pergaminho e uma pena, mas esses são atributos mais identificados com sua musa irmã Calíope.

O nome Clio significa “Proclamadora”. Ela é a grande deusa da História para os Historiadores. Embora seja uma referência ilustrativa, possui a capacidade de chamar para uma reflexão nos múltiplos domínios da História. Se considerarmos o livro que carrega em suas mãos, de Tucídides, nos remetemos a escrita da História, ou seja, nos atentamos para a historiografia e como se dá o relato das realizações. Por outro lado, há o outro objeto que Clio porta em suas mãos, que é a trombeta. Este sim é o responsável pela anunciação, o que pode-se entender como a fama do acontecimento, a fama da História.

domingo, 30 de agosto de 2015

A História da Batalha de Poitiers ou Tours


Batalha de Poitiers

Seis anos antes da derrota do exército muçulmano em Constantinopla, de 717 a 718, uma pequena força árabe conseguiu passar pela costa norte da África, cruzou o Estreito de Gibraltar e conquistou toda a Espanha visigótica. Parecia bem possível que os exércitos árabes que estavam na Espanha seguissem para o norte e se juntassem a seus semelhantes contra os bizantinos na Ásia Menor e em Constantinopla. Atento a esse perigo, os francos, moradores da Gália (atual França), procuraram um líder e um novo estilo de guerrear que pudesse resistir aos árabes.

Carlos Martel (688? – 741), também conhecido como Carlos, o Martelo, desenvolveu uma falange de infantaria tipo barreira, composta de uma força armada de veterenos francos que lembrava a falange usada pelos gregos de Alexandre, o Grande (356 – 323 a.C.). Martel vigiava atentamente as montanhas dos Pireneus que marcavam a fronteira entre França e Espanha. Em 732, Martel soube do avanço de um grande corpo de tropas árabes, a maior parte a cavalo. Alguns comentaristas dizem que o líder árabe, Abderrahman Ibu Abdillah, atravessou os Pireneus até a França com oitenta mil homens; muitos historiadores dizem que o número é exagerado, já que ele não teria conseguido alimentar um grupo tão grande.

Martel e suas tropas francas encontraram o inimigo árabe/mouro em Cenon, a meio caminho entre Tours e Poitiers. Martel dispôs seus homens em uma firme falange, usando lanças e espadas para repelir ataques de cavalaria do inimigo. Os árabes estavam acostumados a lutar com energia e a vencer as batalhas rapidamente. Eles haviam derrotado muitos de seus inimigos por meio de sua audácia e da crença de que Alá os guiava nos combates. Os homens de Martel se mantiveram firmes contra os ataques dos cavaleiros árabes, que usavam armas leves mas eram altamente motivados. Comentaristas árabes declaram que a batalha durou dois dias, enquanto os registros cristãos alegam que ela continuou por sete dias. Os soldados de infantaria de Martel conseguiram resistir aos ataques e os árabes acabaram por recuar, deixando para trás os tesouros que haviam pilhado em suas conquistas no sul da França. Ibu Abdillah foi morto na batalha e seus homens se retiraram para a Espanha. Embora posteriormente tenham ocorrido alguns ataques contra a costa sul da França (atual Riviera), os árabes não comandaram nenhuma outra grande invasão. A vitória de Martel garantiu que a Europa central não fosse tomada pelos muçulmanos.