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sábado, 16 de novembro de 2013

Música e dança no Antigo Egito


A primeira grande cultura a infundir a música em sua sociedade foi o Egito Antigo. Todos os tipos de celebrações eram cheios de música e dança. Como qualquer festa havia dançarina, cantores e músicos tocando flautas, harpas, tambores, címbalos e tamborins.

Durante os festivais e festas religiosas, a dança e a música era uma prática bastante difundida. Em muitas pinturas nos interiores de tumbas e em papiros podemos ver cenas interessantes de mulheres tocando e dançando. A importância da música no Antigo Egito pode ser facilmente comprovada pelo número de instrumentos musicais espalhados nas coleções dos museus por todo o mundo.

A dança foi muito mais do que um passatempo no Antigo Egito. Durante o período Pré-Dinástico encontramos figuras femininas de Mulheres e Sacerdotisas dançando com os braços erguidos no alto da cabeça. O ato da dança teve um caráter de muita importância no Antigo Egito no que diz respeito a rituais religiosos e celebrações.

As mulheres dançavam geralmente reverenciando deuses, como o deus da inundação Hapy, a fim de garantir uma boa colheita.

Rituais de dança são vistos nos afrescos das tumbas e revelam que homens e mulheres raramente dançavam juntos.

As dançarinas que acompanhavam os funerais foram conhecidas como MU DANCERS, elas usaram coroas vermelhas e um tipo de vestimenta diferenciada. Eram contratadas especialmente para estas ocasiões e realizavam danças próprias para funerais.
Gostaria de obter mais informações sobre dança no Antigo Egito , leia o livro : Ancient Egyptian Dances de Irena Lexova. Este livro traz uma boa fonte de referencia sobre este assunto.

A imagem da acrobata é uma figura bastante conhecida no Egito Antigo, ela mostra a dançarina usando apenas uma faixa na cintura fazendo uma performance bastante complicada.

A Cidade de Heracleion foi descoberta


A cidade Perdida de Heracleion foi descoberta. Franck Goddio e mergulhadores de sua equipe estão inspecionando a estátua de um faraó. A estátua colossal é de granito vermelho e as medidas de mais de 5 metros. Foi encontrado perto do grande templo do afundado Thonis-Heracleion e remontado no local. A cidade Heracleion estava afundada no mar Mediterrâneo há 1.200 anos. Acreditava-se que era uma lenda, até que foi descoberto por acidente em 2001 A cidade de Heracleion, foi o local onde o templo de Cleópatra foi inaugurado, era um dos centros comerciais mais importantes da região do Mediterrâneo antes de desaparecer no que é hoje a Baía de Aboukir.

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O Templo de Karnak


O Templo de Karnak ou Carnaque tem este nome devido a uma aldeia vizinha chamada El-Karnak, mas no tempo dos grandes faraós esta aldeia era conhecida como Ipet-sut ("o melhor de todos os lugares").

Designa o templo principal destinado ao Deus Amon-Rá, como também tudo o que permanece do enorme complexo de santuários e outros edifícios, resultado de mais de dois mil anos de construções e acrescentos. Este complexo abrange uma área de 1,5 x 0,8 km. Existiam várias avenidas que faziam a ligação entre o Templo de Karnak, o Templo de Mut (esposa de Amon) e o Templo de Luxor. Além disso, não muito longe, fica o templo de Montu, sendo que o de Khonsu (um dos templos mais bem conservados do Egito) está dentro do próprio complexo.

Foi iniciado por volta de 2200 a.C. e terminado por volta de 360 a.C. O Templo de Karnak era naquela altura o principal local de culto aos deuses de Tebas, entre os quais: Amon, Mut e Khonsu, atingiu o seu apogeu durante a XVIII dinastia, após a eleição de Tebas para capital do Egito. No maior templo do Egito nenhum pormenor era descurado, e durante a XIX dinastia trabalharam no templo cerca de 80 000 pessoas. O templo esteve submerso nas areias egípcias durante mais de mil anos, antes dos trabalhos de escavação começarem em meados do século XVIII, a enorme tarefa de restauro e conservação continua até aos nossos dias.

Atualmente é um dos locais mais procurados pelos turistas que visitam o Egito e pode ser admirado à noite um espetáculo de luz e som.

Os monumentos de Karnak, à margem direita do Nilo, no Alto Egito, próximo a Luxor, integrando sítio histórico de Tebas, representam o conjunto arquitetônico mais imponente do Egito, embora não poucas de suas construções hajam desaparecido, por efeito da pilhagem secular de que foram vítimas. Vestígios do Médio Império atestam a importância de Karnak já a essa época histórica. Até o fim da civilização egípcia, Karnak se manteve como centro religioso do Império: seu deus (sob a forma solarizada de Amon-Rá) e seus sacerdotes adquirem um poder prodigioso, que chega a ameaçar a própria instituição faraônica.


Templo de Amon-Rá

A construção mais importante do conjunto de Karnak é o grande templo de Amon-Rá, cujo plano, muito complexo, testemunha numerosas vicissitudes da história dos faraós. O grande eixo este-oeste é balizado por uma série de pátios e pilones; medindo 103m de largura por 52m de profundidade, a célebre sala hipostila encerra verdadeira floresta de 134 colossais colunas em forma de enormes papiros. Com 21m de altura e diâmetro de 4 m, essas colunas não dão, apesar de maciças, impressão de peso; os nomes de Seti I e Ramsés II aí se vêem inscritos, repetidos indefinidamente. Numerosos edifícios secundários completam o grande templo de Amon-Rá: capelas de Osíris, templo de Ptah, templo de Opeth etc. A parte S do complexo é chamada Luxor. Os anais de Tutmés III, nas paredes, registram 20 anos de conquistas e arrolam as plantas e animais exóticos que o faraó trouxe da Ásia.

Ramsés II: O Complexo de Abu Simbel


Templo de Ramsés II


O templo foi construído por Ramsés II para comemorar sua vitória na batalha de Kadesh (ca. 1274 aC). É dedicado ao culto de Ramsés próprios (os faraós eram considerados deuses) e as divindades mais importantes do antigo Egito, Amon, Rá e Ptah. Estes três deuses tinham o seu capital e ao longo da história do antigo Egito foram altamente reverenciado. Rá era o chefe do Grupo dos nove de Heliópolis, Amon chefe da Tríade de Tebas e do grande deus Ptah de artesão Mênfis. Ao lado dos três representa Ramsés como o quarto grande deus do Egito. A construção do templo começou em 1284 para aproximadamente. C. e durou cerca de 20 anos, até 1264 a. C.


Ele é um dos seis templos construídos ou escavado na rocha, que foram construídas na Núbia durante o longo reinado de Ramsés II. O objetivo do templo era impressionar os vizinhos ao sul e reforçar a influência da religião egípcia na região. A fachada do templo é de 33 metros de altura por 38 metros de largura e é guardado por quatro estátuas sentadas, cada uma das quais é de cerca de 20 metros de altura, esculpida diretamente na rocha. Todas as estátuas representam Ramsés II, sentado em um trono com a coroa dupla do Alto e Baixo Egito. A estátua do lado esquerdo da entrada foi danificada por um terremoto, dividindo. Com a deslocalização do templo foi discutido sobre a possibilidade de reconstruir ou não, de finalmente se decidir, uma vez que estava indo embora. Você também pode ver muitas estátuas menores ao pé das quatro estátuas principais, representando vários membros da família do rei, sua mãe, sua esposa e alguns de seus descendentes.


O interior do templo tem um layout semelhante à maioria dos templos do antigo Egito, com salas menores com o aproximar do santuário. O primeiro quarto contém oito estátuas de Ramsés elevados a Deus, tomando a forma de Osíris. Estas estátuas estão ligados às colunas. Nas paredes você pode ver impressões com cenas das vitórias egípcios na Líbia, Síria e Núbia. O santuário contém três estátuas de deuses Rá, Ptah, Amon e Ramsés, todos sentados. O templo foi construído em tal direção que os dias 21 de outubro e 21 de fevereiro (61 dias antes e 61 dias após o solstício de inverno, respectivamente) sol penetrou no santuário, localizado na parte de trás do templo, e iluminar o rostos de Amon Rá e Ramsés, deixando apenas o rosto do deus Ptah no crepúsculo, ele era considerado o deus das trevas. Diz-se que estas datas correspondem aos dias do aniversário do rei e sua coroação, embora sem dados comprobatórios. Após o deslocamento do templo, verificou-se que o fenômeno solar ocorre uma diferença de dias a partir de Outubro original 22 e 20 de fevereiro (60 dias antes e 60 dias após o solstício).

Devido à construção da barragem de Assuã para criar Lago Nasser e o conseqüente aumento do nível do Nilo era necessário realocar vários templos, incluindo aqueles que estavam na beira do rio. Uma equipe internacional importante tratado de grandes blocos e remontado em um lugar seguro todo o templo, como um quebra-cabeça gigante. Em 1959, ele iniciou uma campanha internacional de angariação de fundos para salvar os monumentos da Núbia, como alguns deles estavam em perigo de desaparecer sob a água, como resultado da construção da barragem de Assuã. Os países participantes foram recompensados com alguns pequenos templos da Núbia. O salvamento dos templos de Abu Simbel começou em 1964 e custou a soma de US $ 36 milhões. Entre 1964 e 1968, os templos foram desmontados para ser reconstruída em uma área próxima, 65 metros de altura e cerca de 200 metros de distância. No entanto, este projeto, o templo continua a deteriorar-se por causa da erosão causada pelo vazamento das águas do Lago Nasser.


Templo de Nefertari

Enquanto o Grande templo de Abu Simbel é um templo com estatuária excessiva e de tamanho exorbitante, o templo de Nefertari parece ser baseado no templo funerário da rainha Hatshepsut (1520 aC.). O templo é muito simples e construído em dimensões bastante inferiores às do templo de Ramsés.

O pequeno templo de Abu Simbel, localizado 150 metros a norte do templo maior, foi construído em honra à sua esposa preferida, Nefertari, e é dedicado à deusa do amor e da beleza, Hathor. A fachada do templo representa no total seis estátuas, de dez metros cada uma, todas com a perna esquerda mais à frente da direita em posição de marcha. Duas delas são de Nefertari (uma de cada lado da entrada) e cada uma dessas estátuas está ladeada por duas estátuas de Ramsés. A ordem dos colossos da esquerda para a direita é a seguinte:  


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

124 anos de República. E o que temos a comemorar?


Novamente as emissoras de televisão irão fazer as mesmas pesquisas perguntando ao brasileiro comum das grandes cidades se ele sabe o que está se comemorando neste feriado de 15 de novembro. E, mais um ano seguido, teremos milhares de pessoas sem saber o motivo deste feriado. Mas, se antes eu criticava, agora dou total razão a estas pessoas.

Por que temos que lembrar e comemorar esta data? O que tanto temos a festejar no 15 de novembro, feriado em comemoração à “Proclamação da República”?

Acredito que os atuais dias da nossa prematura República não são os mais promissores e muito menos os mais admirados pelos brasileiros. Escândalos de corrupção assolam todos os níveis políticos e todos os três poderes da República brasileira. Novos velhos políticos, que antes andaram pela direita, hoje caminham de braços dados com pseudo-comunistas da disfarçada esquerda. Velhos apoiadores da ditadura militar defendem a irrestrita democracia e total liberdade de expressão, enquanto os perseguidos pelo regime totalitário, que colocaram em risco a própria vida em prol da liberdade individual, de imprensa e política são os primeiros a colocar “a liberdade de expressão como o maior problema do Brasil”. Quanta ironia!

Mas esta “ironia” republicana se arrastou nos seus 124 anos de história. Na escola, com certeza você aprendeu que Marechal Deodoro acordou um belo dia e resolveu “dar liberdade ao povo”, proclamando a República. Mas ninguém lhe contou que o ocorrido não foi uma proclamação e sim um golpe de Estado. Deodoro, era amigo do Imperador, tanto que nem teve a coragem de entregar-lhe a carta de deposição, e confessou anos mais tarde que ter instalado o sistema republicano foi um grande erro. Mas o erro de Deodoro foi repetido por diversas vezes.

Se perguntarem qual a característica mais marcante desses anos de República, poderíamos responder acertadamente que foi o período com maior número de golpes e contragolpes da história do país. Nunca tantos Presidentes foram depostos por grupos políticos que não concordavam com sua linha de atuação. A marca de nossa história republicana foi a instabilidade, tanto política, quanto econômica. Começou com Deodoro, passou por Getúlio em 1930, outro golpe dele próprio em 1938 quando instaurou o Estado Novo, a sua deposição em 1945 e, por fim, o golpe militar em 1964 do qual ficamos 20 anos sob um regime ditatorial militar.

Aliás, está aí mais um ponto que aprendemos na escola: a de que a República implantada em 1889 nos trouxe liberdade e democracia. Pois, vale então recorrer à história novamente. Durante os quase 50 anos em que D. Pedro II esteve no poder, nenhum jornal foi censurado, nenhum jornalista foi preso ou torturado por escrever contra o governo e contra o Imperador. Ao assumir, uma das primeiras medidas de Deodoro foi estabelecer um órgão de censura aos veículos de comunicação, exercendo uma repressão ferrenha aos jornais e jornalistas que fossem contrários às medidas do governo. Floriano Peixoto, nosso 2º presidente utilizou de práticas nada ortodoxas para “colocar na linha” os opositores de sua forma de governar.

Esta repressão e censura seguiu por toda a história. Getúlio, que subiu no poder “nos braços do povo”, como gostava de dizer, foi o primeiro a decretar uma ditadura no país, fechar jornais, rádios, prender escritores, jornalistas, políticos e extirpar os partidos de oposição. E tudo se repetiu alguns anos mais tarde com o regime militar, onde sofremos o mais duro golpe à liberdade individual e ao direito de expressão. Foram os famosos “anos de chumbo”. O que mais me espanta é ver alguns dos maiores opositores da ditadura militar defendendo a criação de órgãos que regulamentam o trabalho da imprensa e colocando a liberdade de expressão como “problema” do Brasil. O que essas pessoas aprenderam com o passado? O que elas têm tanto a temer?

Realmente, quando olho para trás e vejo tudo o que foi feito nesses 124 anos, desde aquele 15 de novembro, quando Deodoro resolveu derrubar a Monarquia e mudar o regime do país, sou obrigado a refletir quanto tempo perdemos com a mesquinharia de governantes que estavam mais preocupados com a manutenção do seu poder político do que com os interesses do país.

Quantas oportunidades perdemos de nos transformar em um país de primeiro mundo, respeitado verdadeiramente no exterior, com uma população bem assistida pelo Estado, minimamente instruída e capaz de fazer esta mesma reflexão? Mas, o que mais me preocupa é pensar no futuro e questionar quantos anos e oportunidades teremos que perder para repensarmos o caminho que estamos trilhando.

Para efeito de comparação, há alguns outros números interessantes. Se considerarmos o valor per-capita, ou seja, quanto cada cidadão deveria pagar para manter o “luxo” de seus governantes, teremos os britânicos gastando cerca de US$ 1,21, enquanto os brasileiros dispondo nada menos de US$ 1,65. Vale ressaltar que o Reino Unido é composto por 60,6 milhões de pessoas e o Brasil por mais de 184 milhões, ou seja, três vezes mais contribuintes.

Aonde está o luxo que muita gente enxerga nos sistemas monárquicos? Onde está aquele rei que esbanja o dinheiro do povo, sem compromisso algum com as contas públicas? Com certeza está no sistema republicano presidencialista do Brasil.

A tal “res publica”


Por Abdon Marinho

Hoje, 15 de novembro, é feriado, comemora-se a proclamação da República, fato ocorrido há 124 anos. Em termos históricos, temos uma república, digamos, adolescente. Para a maioria da população, inclusive para aqueles que formaram um engarrafamento de 309, as 18 horas de ontem na cidade de São Paulo, seja apenas mais um feriadão, o último do ano, antes dos festejos natalinos e da virada do ano.

Em anos anteriores escrevi sobre isso. Hoje acordei mais reflexivo. Como diz o amigo Diogo, há motivo para comemorar um golpe? Não. Decerto que não. Não temos como mudar a história. Temos como refletir sobre ela. Qual o legado dos últimos 124 anos? O saldo é positivo, negativo, empatamos? O que tem sido a República brasileira ao longo dos anos?

O Brasil tem umas coisas engraçadas. Alguns historiadores sustentam por exemplo, que Deodoro da Fonsêca, era monarquista e que D. Pedro II, o imperador que sofreu o golpe (?) era republicano. A partir desta equação ilógica nasceu o modelo político que temos hoje, uma república presidencialista. Ela tem sido boa para o Brasil? Temos bons exemplos e motivos para nos orgulhar desde a sua proclamação aos dias de hoje? Ou para festejar?

Não vou aqui abrir esse debate, demandaria muitas linhas e já me disseram que lêem textos longos. Apenas suscito a reflexão. O que se propõe é o pensar sem amarras, a análise histórica sem preconceitos, sem os tabus que nos incutiram desde sempre. E124 anos é um espaço de tempo relativamente curto para se analisar, é possível estabelecer um olhar crítico sobre os acontecimentos. Desde o golpe da proclamação (?) em 1889. Basta dizer que já em 1891 tivemos o golpe da renúncia de Deodoro; em 1930 o golpe de Vargas, em 1945 a redemocratização; em 1964 o golpe militar, em 1969 o golpe dentro do golpe; em 1985 a nova república. Só para citar os principais e emblemáticos acontecimentos. Em meio a tudo isso os momentos estanques de uma democracia vacilante.

Hoje, olho o quadro político nacional e não posso conter a insatisfação. O que temos? Uma nação sem qualquer projeto de futuro onde as eleições e não o interesse público é que dão as cartas. Em torno do interesse eleitoral deste ou daquele aliado se acha lícito sangrar os cofres públicos. Cadê o zelo pela “coisa pública”, pela “res publica”. Querem só um exemplo? a máfia dos fiscais de São Paulo, fazem tudo para que o tal escândalo não chegue ao gestor anterior, aliado de primeira hora dos donos do poder. Basta dizer que a própria presidente da nação foi a sede do partido para receber o apoio do indigitado. Movem céus e terras para estancar o estrago. Os malfeitores do atual governo não podem nem dizer que herdaram o armário da propina do governo anterior. Sobre os mensageiros falarei noutro post.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Resenha: História Militar do Mundo Antigo - Guerras e representações


Este livro dos organizadores Margarida Maria de Carvalho; Pedro Paulo Funari; Claudio Umpierre Carlan; Érica Cristhyane Morais da Silva, é o resultado do estudo da guerra na qual possui larga tradição e continua mais atual do que nunca. Nos últimos anos, as abordagens sobre a guerra multiplicaram-se. Como diz Heráclito, A guerra é o pai de todas as coisas. O tema da guerra e da vida militar permanece central para a reflexão sobre a vida em sociedade. Desse modo, a História Militar do Mundo Antigo é constituída de três volumes, fundamentando-se em debates atuais considerados como objetos a partir de novas perspectivas. A obra aqui analisada é o volume 2.

Não é objetivo do livro realizar uma apologia a guerra, mas ampliar a noção de documento ao analisar a cultura material de uma sociedade, através do ponto de vista militar.

No mundo antigo nem todos os cidadãos eram poetas, mas todos eram soldados. Antes de mais nada, o cidadão Greco- romano era um soldado, pronto para entrar em combate, quando sua cidade precisasse. Desde a mais remota infância, tinha todo o treinamento militar disponível. Era preparado para a arte da guerra, sabia usar a lança, a espada e o escudo. Usava também a inteligência como estratégia. Cada arma tinha sua função específica e simbólica.

O estudo da História Militar está na origem da própria disciplina histórica, tanto como gênero literário antigo, como no período moderno. Durante toda a Antiguidade, História e Guerra estiveram sempre ligadas, tanto na literatura em língua grega como latina. A História política não podia prescindir de uma atenção particular aos conflitos militares. Nas últimas décadas, o interesse pela História militar encontrou novos temas, ênfases e interesses, da vida sexual às identidades sociais, do colonialismo às relações de gênero, simbolismo às subjetividades.

História Militar do Mundo Antigo possui 270 páginas que congrega, a partir de eixos temáticos, o que há de mais consolidado e inovador na ciência brasileira e uma mostra da interação internacional, com capítulos de grandes referências dos estudos da História Militar do Mundo Antigo.

No campo da escrita da história ocorreram mudanças no decorrer das últimas décadas do século XX, com a ampliação do conceito de documento histórico e a adoção da perspectiva multidisciplinar, que é cada vez mais necessária pela própria natureza diversa da documentação.

A importância da música para a vida militar pode ser atestada tanto na pedagogia para a formação do cidadão-soldado, quanto na rotina militar, nos exercícios ou propriamente na guerra. Mesmo que o Mundo grego tenha construído uma significação peculiar do uso da música no universo da guerra, este costume deixou alguns vestígios nas sociedades posteriores, deixando como legado cultural para o mundo moderno a instituição das bandas militares e dos gêneros musicais marciais.

Para compreender a guerra não basta pensarmos nos condicionantes sociais, políticos e militares. É preciso ir além e perceber a presença do fator religioso e de outros aspectos do imaginário, como a influência da música sobre a vida no mundo da polis, contribuindo para o disciplinamento físico e espiritual dos cidadãos.

A teoria militar tem despertado o interesse de cientistas sociais em diferentes áreas de atuação, o fato ratifica que o tema sobre a guerra ainda permanece atual. O confronto da guerra, entendida como evento trágico, tem sido tema de interesse, ao longo do tempo, de cientistas políticos, filósofos e historiadores ao qual concluem que a guerra configura-se como um fenômeno que faz parte da história da humanidade.

Segundo Norberto Bobbio, podemos dizer que existe um estado de guerra quando dois ou mais grupos políticos encontram-se entre si em uma relação de conflito cuja solução esta confiada ao uso da força. Por mais que a guerra, em todas as suas formas, suscite horror e indignação, não podemos riscá-las das relações dos homens porque ela faz parte da história da humanidade. (BOBBIO, 2000:513/ 2005:511).

A nossa civilidade, nos leva a afirmar que talvez não seríamos aquilo que somos sem todas as guerras que contribuíram para a nossa formação. O binômio guerra-paz permanece como parte do imaginário social de toda a humanidade.

A tendência atual seguida pelas críticas aos modelos normativos é que de um lado, a história militar, especialmente aquela produzida pela historiografia de tradição inglesa, enfatiza a indispensabilidade das fontes (por vezes esquecida) em resposta às questões surgida no âmbito do que se convencionou chamar de pós-moderno. Por outro, torna-se cada vez mais comum e preocupante, embora ainda não de modo tão difuso na história militar, o aparecimento do historiador interessado mais com as condições de narração histórica do que propriamente com o produto ao qual a história se dedica.

Nos dias que correm, a mídia vende a imagem de que uma guerra- qualquer guerra é vencida pelo lado que dispuser de maior inteligência, nos faz crer, ou tenta fazê-lo, que a aquisição de inteligência vence guerras ou, ao menos, batalhas.

Através de estudos sobre o uso da inteligência militar por dois dos maiores generais do mundo antigo (César e Alexandre) - é possível compreender que mesmo nos tempos mais recentes, um dos lados em conflito dispunha de inteligência à vontade e isso não lhe assegurou a vitória.

Consideramos, contudo, que o fenômeno da guerra constitui um campo de investigação por direito próprio, ou seja, que a guerra é um objeto de estudo passível de ser explorado.

Guerras cada vez mais longínquas e fronts muitas vezes simultâneos levaram os romanos a pôr em ação forças superiores às quatro legiões tradicionais e anuais do exército consular, prorrogando tanto o tempo de serviço se seus legionários quanto os comandos de seus generais, a fim de assegurar a unidade estratégica de uma mesma guerra.

Que a religião e a guerra estavam em íntima relação em Roma é algo de que temos várias comprovações nas práticas sociais e políticas romanas. As interpretações mais recentes do papel e da natureza dos rituais apoiam a tese de que ocupavam um papel central na cultura e no funcionamento da sociedade (SCHEID, 1993).

Podemos entender que o colégio sacerdotal arcaico, os fetiale, situava-se na interseção entre o direito, a religião e a guerra mesmo após o principado, pois a atividade religiosa da elite romana manteve-se conectada com os rituais tradicionais ao longo de séculos. Conseqüentemente, o estudo dos rituais romanos é tema de grande interesse para o historiador da antiguidade. Os rituais devem ser vistos sempre em relação com as ideias e a crenças sobre o passado da urbs, formando um ele entre o passado e o futuro. Dessa forma, os rituais não somente representavam e definiam a identidade romana; em certo sentido, a constituíam.

Em uma conhecida passagem do Digesto (I, 5, 4), lemos que os escravos (servil) são assim chamados porque os generais costumavam conservar (servare) os cativos para venda, e não matá-los. Esse esclarecimento etimológico encontrou uma duradoura recepção na história intelectual da escravidão, desde, pelo menos, Santo Agostinho (Cidade de Deus, XIX, 15).

Embora uma guerra não torne necessariamente o cativo em escravo a venda posterior realiza essa transformação -, é comum, nas histórias sociais de Roma, uma equação imediata entre guerra e escravidão, transmitindo a impressão de que a guerra era a principal fonte de escravos.

A associação entre guerra e escravidão, e sua correspondente noção do escravo como cativo, encontra seus antecedentes nas fontes gregas e latinas, que apresentam a atividade bélica como uma das origens da escravidão.

A documentação romana permitia deduzir a ideia de que a escravidão era acima de tudo, uma instituição de ordem essencialmente internacional, no sentindo de que as duas noções de escravo e de estrangeiro se confundiam: o escravo nada mais é do que um estrangeiro sem direitos (Lévy-Bruhl, 1960).

A escravidão colocou-se como uma necessidade para suprir uma mão-de-obra que antes era provida internamente por um campesinato dependente. Embora se careça de estudos mais específicos para o caso de Roma, há elementos que indicam que a presença de escravos nos exércitos romanos se fazia notar.

A escravidão, cuja ubiqüidade nas sociedades antigas ainda estimula debates e controvérsias. Ainda mais quando os escravos ousam invadir um domínio ideologicamente circunscrito a cidadãos: a guerra.

A reflexão que proponho acerca da História militar de Roma está fundamentada em um amadurecimento das discussões nas últimas décadas e na sua importância para abrirmos possibilidades novas maneiras de se pensar o poder e influência do exército romano nas regiões conquistadas.

Escritos por pessoas das mais diferentes categorias sociais, os grafites são registros impares dos humores dos habitantes de Pompéia, pois explicitam suas paixões e ódios, seus amores e desavenças, suas piadas, suas ironias, seus desejos e sonhos. Tem como base a cultura material, ou seja, as ânforas olearias e seus selos, as lápides funerárias, lamparinas, relevos de mármore, indicando que a Arqueologia é uma ferramenta fundamental para se pensar outras maneiras de se aproximar do exército romano em períodos no qual não estão em campos de batalha.

Refletir sobre as particularidades das relações de gênero, econômicas e sociais abre a possibilidade de focarmos em uma multiplicidade de aspectos do cotidiano e construirmos outras interpretações acerca da presença militar nas fronteiras romanas, pensando a vida dos moradores das áreas mais distantes do centro do Império a partir de seus sentimentos, conflitos e contradições.

De acordo com a tradição romana, para se evitar a cólera dos deuses, um esforço militar para ser bem sucedido devia estar inserido no bellum istum, ou seja, pautado por motivos considerados justos: expulsão do inimigo, vingança por uma injustiça sofrida e entre outros casos. O aspecto religioso fazia parte de todas as instâncias da vida na Roma Antiga e não poderia deixar de estar presente na guerra. Assim a guerra envolvia um ritual muito complexo.

O desenvolvimento da arqueologia, da etnologia e da história das religiões e o aprofundamento do conhecimento da Antiguidade propiciaram a descoberta de mundos estranhos ao universo clássico e uma visão distinta do homem a partir de comparações resultando em explicações diferentes.