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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Diferentes formas de governo: de Aristóteles às Ditaduras

Aristóteles.

A mais antiga e célebre concepção das formas de governo e, inexoravelmente, a concebida por Aristóteles. Em seu livro "Política" expõe a base e o critério que adotou: "Pois que as palavras constituição e o governo é a autoridade suprema nos Estados, e que necessariamente essa autoridade deve estar na mão de um só, de vários, ou a multidão usa da autoridade tendo em vista o interesse geral, a constituição é pura e sã; e que s e o governo tem em vista o interesse particular de um só, de vários ou da multidão a constituição é impura e corrompida."

Aristóteles adota, pois, uma classificação dupla. A primeira divide as formas de governo em puras e impuras, conforme a autoridade exercida. A base desta classificação é pois moral ou política.

A segunda classificação é sob um critério numérico; de acordo com o governo, se ele está nas mãos de um só, de vários homens ou de todo povo.
Ao combinar-se o critério moral e numérico Aristóteles obteve:

Formas Puras
MONARQUIA: governo de um só
ARISTOCRACIA: governo de vários
DEMOCRACIA: governo do povo

Formas Impuras
OLIGARQUIA: corrupção da aristocracia
DEMAGOGIA: corrupção da democracia
TIRANIA: corrupção da monarquia


Os escritores políticos romanos acolheram com reservas a classificação de Aristóteles. Alguns como Cícero acrescentaram às formas de Aristóteles uma quarta: a forma mista de governo.

O governo mista aparece para a redução dos poderes da monarquia, aristocracia e democracia mediante determinadas instituições políticas, tais como um Senado aristocrático ou uma Câmara democrática.

Como forma de exemplificação têm-se a Inglaterra, na qual, o quadro político combina três elementos institucionais: a Coroa monárquica, a Câmara aristocrática e Câmara democrática ou popular; tendo assim, um governo misto exercido pelo "Rei e seu Parlamento".

1 Uma Discussão Célebre
  
“(...) na discussão referida por Heródoto, na sua História (Livro III, pag. 80-82), entre três persas- Otanes, Megabises e Dario - sobre a melhor forma de governo a adotar no seu país depois da morte de Cambises.”
  
“(...) A passagem é verdadeiramente exemplar porque, como veremos, cada uma das três personagens defende uma das três formas de governo que poderíamos denominar de “clássicas” - não só porque foram transmitidas pelos autores clássicos mas também porque se tornaram categorias da reflexão política de todos os tempos (razão porque são clássicas mas igualmente modernas). Essas três formas são: o governo de muitos, de poucos e de um só, ou seja, “democracia”, “aristocracia” e “monarquia”.”
  
“Otanes propôs entregar o poder (...): ‘minha opinião é que nenhum de nós deve ser feito monarca’ (...). De que forma poderia não ser irregular o governo monárquico se o monarca pode fazer o que quiser(...).”
  
"O governo do povo, porém, merece o mais belo dos nomes, ‘isotomia’; não faz nada do que caracteriza o comportamento do monarca. Os cargos públicos são distribuídos pela sorte; os magistrados precisam prestar contas do exercício do poder; todas as decisões estão sujeitas a voto popular."
  
“Megabises, contudo, aconselhou a confiança no governo oligárquico: subscrevo o que disse  Otanes em defesa da abolição da monarquia; quanto à atribuição do poder ao povo, contudo, seu  conselho não é o mais sábio. A massa inepta é obtusa e prepotente; nisto nada se lhe compara. De nenhuma forma se deve tolerar que, para escapar da prepotência de um tirano, se caia sob a da plebe desatinada. Tudo o que faz, o tirano faz conscientemente; mas o povo não tem sequer a possibilidade de saber o que faz.”
  “(...) quanto a nós, entregaríamos o poder a um grupo de homens escolhidos dentre os melhores - e estaríamos entre eles. É natural que as melhores decisões sejam tomadas pelos que são melhores.”

 “Em terceiro lugar, Dario manifestou sua opinião (...). Entre as três formas de governo, todas elas consideradas no seu estado perfeito, isto é, entre a melhor democracia, a melhor oligarquia e a melhor monarquia, afirmo que a monarquia é superior a todas. Nada poderia parecer melhor do que um só homem - o melhor de todos; com seu discernimento, governaria o povo de modo irrepreensível; como ninguém mais, saberia manter seus objetivos políticos a salvo dos adversários.”

            “Numa oligarquia, é fácil que nasçam graves conflitos pessoais entre os que praticam a virtude pelo bem público (...) Por outro lado, quando é o povo que governa, é impossível não haver corrupção na esfera dos negócios públicos, a qual não provoca inimizades, mas sim sólidas alianças entre os malfeitores(...), até que alguém assume a defesa do povo e põe fim às suas tramas, tomando-lhes o lugar na admiração popular;(...) torna-se monarca.”

             O capítulo apresenta uma discussão clássica sobre três teorias políticas distintas, a democracia, a oligarquia e a monarquia. A primeira parte do texto, muito bem escrito, leva o leitor a concordar com Otanes e o governo do povo, os bons argumentos denigrem a monarquia e elevam a democracia. Entretanto, logo após, Megabises encontra fortes motivos que levam o leitor a concordar que a oligarquia realmente é a melhor opção de governo, dizendo que no governo do povo, não existe consciência deste no que faz. Além disso, ataca a monarquia com argumentos sobre a prepotência de um tirano no poder. Então Dario entra em cena e manifesta suas palavras que deixam o leitor confuso sobre qual a verdadeira melhor opção. Os argumentos voltam a ser convincentes, mas agora na defesa da monarquia. Dario diz que nada poderia ser mais benéfico do que o melhor dos homens no comando. Ainda afirma que os conflitos de poder na oligarquia levam à monarquia e que no governo dos povos há a aliança de malfeitores.
         

Percebe-se ao final da leitura, que a intenção do autor foi realmente de deixar o leitor pensativo e ponderar os prós e contras de cada um dos três tipos de governo. É uma leitura agradável e pouco extensa, ideal para uma reflexão sobre formas organização política de um estado.
           
  
2 Platão

 “Em várias das suas obras Platão (428-347 a.C.) fala das diversas modalidades de constituição.(...) O diálogo de A República é, como todos sabem, uma descrição da república ideal, que tem por objetivo a realização da justiça entendida como atribuição a cada um da obrigação que lhe cabe, de acordo com as próprias aptidões. Consiste na composição harmônica e ordenada de três categorias de homens – os governantes-filósofos, os guerreiros e os que se dedicam aos trabalhos produtivos. Trata-se de um estado que nunca existiu em nenhum lugar.(...)”

“Todos os estados que realmente existem, os estados reais, são corrompidos – embora de modo desigual. (...)”
 
Diferentemente do capítulo anterior, onde eram expostos os lados positivos e negativos dos assuntos, Platão sucede seqüenciais formas más, a constituição boa não entra na sucessão, apesar de ela existir por si, como modelo. As quatro consituições corrompidas que Platão examina são a timocracia, oligarquia, democracia e tirania. A novidade então para o leitor é a exposição de uma forma de governo que até agora não havia aparecido no livro, a timocracia, que vem de honra. Seria uma forma introduzida por Platão para designar a transição entre a consituição ideal e as três formas ruins tradicionais. O exemplo dado pelo livro de governo timocrático é Esparta, onde guerreiros eram honrados mais do que sábios.
 
Como já foi dito, para as representações tradicionais, há apenas um movimento descendente: a timocracia é a degeneração da aristocracia, pressuposta forma perfeita e assim se segue a degeneração. A pior forma seria a tirania, com a qual o processo degenerativo chega ao ponto máximo.
 
“Cada um desses homens, que representa um tipo de classe dirigente, e portanto uma forma de governo, é retratado de modo muito eficaz mediante a descrição da sua paixão dominante: para o timocrático, a ambição, o desejo de honrarias; para o oligárquico, a fome de riquezas; para o democrático, o desejo de imoderado de liberdade (que se transforma em licença); para o tirânico, a violência.(...)”
 
O autor nesse momento transcreve trechos da obra de Platão que exemplificam os quatro tipos diferentes de homens. O timocrático, oligárquico, democrático e tirânico. São diálogos que objetivamente atacam os sistemas de governo no seu mal evidente.
 
“(...) a corrupção de um princípio consiste no seu “excesso”.A honra do homem timocrático se corrompe quando se transforma em ambição imoderada e ânsia de poder.A riqueza do homem oligárquico, quando se transforma em avidez, avareza, ostentação despudorada de bens, que leva à inveja e à revolta dos pobres. A liberdade do homem democrático, quando este passa a ser licencioso, acreditando que tudo é permitido, que todas as regras podem ser transgredidas impunemente.O poder tirano, quando se transforma em puro arbítrio, e violência pela própria violência.”
 
            O autor também transcreve um trecho da obra O Político, um pequeno diálogo onde um filósofo comenta suas idéias sobre as três formas de governo que na verdade apresentam-se em cinco.
 
“No que diz respeito á tipologia de A república, ela é menos original. Sua única diferença, em comparação com  a tipologia que se tornará clássica, a das seis formas de governo- três boas e três más- é que em O Político a democracia tem um só nome, o que não quer dizer que, diferentemente das outras formas de governo, apresente um único modelo.(...)”
 
“(...) Platão coloca também o problema do confronto entre as várias formas de governo, para avaliar se são relativamente mais ou menos boas (ou más); e sustenta a tese de que, se é verdade que a democracia é a pior das formas boas, é no entanto a melhor das más.(...)”
 
“Outra coisa a observar, (...) é o critério ou critérios com base nos quais Platão distingue as formas boas das más.(...) veremos que esses critérios são, em substância, dois: violência e consenso,legalidade e ilegalidade.As formas boas são aquelas em que o governo não se baseia na violência, e sim no consentimento ou na vontade dos cidadãos; onde ele atua de acordo com leis estabelecidas, e não arbitrariamente.”
 
            Ao fim do capítulo, o leitor percebe que para um melhor entendimento da visão crítica de Platão sobre as formas de governo seria interessante a leitura do livro onde ele expôs as suas teorias na íntegra. Entretanto, o resumo explicativo de Bobbio é de grande ajuda para o esclarecimento rápido das idéias platônicas sobre o assunto.
  
3 Aristóteles 
“A teoria clássica das formas de governo é aquela exposta por Aristóteles (384 – 322a.c.) na Política.” Esta obra está dividida em oito livros, dedicados à descrição e classificação das formas de governo, origem do Estado, crítica às teorias políticas precedentes, mudanças das constituições, estudo das várias formas de democracia e oligarquia e as melhores formas de governo.
 
 “Um tema a respeito do qual Aristóteles não cessa de chamar a atenção do leitor é o de que há muitas constituições diferentes(...)” Nobbio então cita um trecho do sétimo livro de Política em que Aristóteles discorre sobre a teoria das seis formas de governo. Então ele continua, “Com base no primeiro critério, as constituições podem ser distinguidas conforme o poder resida numa só pessoa (monarquia), em poucoas pessoas (aristocracia) e em muitas (“politia”). Com base no segundo, as constituições podem ser boas ou más, com a conseqüência que às três primeiras formas boas se acrescentam e se contrapõem às três formas más (a tirania, a oligarquia e a democracia)” O estranho para o leitor é que Aristóteles utiliza o termo politia para designar o governo de muitos, mas anteriormente cita que politia significa constituição. Entende-se então que politia é um termo genérico. Segundo Aristóteles, constituição “é a estrutura que dá ordem à cidade, determinando o funcionamento de todos os cargos públicos e, sobretudo, da atividade soberana”.
 
            A ordem hierárquica aceita por Aristóteles não difere da de Platão em “O Político”. A axiologia aristotélica segue como: monarquia, aristocracia, politia, democracia, oligarquia e tirania, em ordem decrescente. Novamente vemos a democracia ocupando uma posição intermediária (assim como para Platão), o que sugere que é a mais moderada.
 
            Aristóteles analisa cada as seis formas de governo. Diz que as formas boas são aquelas em que os governantes visam o interesse comum, já as más são aquelas que os governantes visam o interesse próprio.
 
            Nobbio dá uma atenção especial para o chamado despotismo oriental, que é classificado como um tipo de monarquia, embora tirânico. É legítimo e aceito pelos bárbaros. E uma vez que é aceita por todos, não pode ser considerada tirania. Esse acolhimento deve-se ao fato dos orientais bárbaros serem naturalmente servis.
 
            O próximo enfoque do autor é a “politia”. Uma mistura de democracia e oligarquia inclinada para a democracia. O que distingue uma forma de governo de outra nesse caso não seria a quantidade de pessoas, mas sim a qualidade de vida dos governantes. Quem exerce o poder também é importante para diferenciar democracia e politia, na primeira os que governam são os pobres e na última uma miscigenação entre ricos e pobres.
 
            Essa junção de duas formas ruins, é o que faz a politia figurar entre formas boas. A união dos ricos com os pobres possibilita que os segmentos sociais discutam interesses e cheguem à decisões equilibradas, atingindo a esperada paz social.
 
            Aristóteles preocupa-se com o modo de fusão de dois regimes e designa o assunto de engenharia política. Para isso, ele expões uma série de três passos fundamentais necessários para atingir o objetivo de chegar à uma terceira forma de governo melhor que as outras duas:  conciliar procedimentos que seriam incompatíveis, adotar “meios-termos” entre as disposições extremas dos dois regimes e recolher-se do melhor sistema legislativo.
 
            “O princípio que inspira esse regime de ‘fusão’ é o da mediação – ideal de toa a ética aristotélica, fundamentado, como se sabe, no valor eminentemente positivo do que está no meio, situado entre dois extremos.”
 
“Em todas as cidades há três grupos: o muito ricos, muito pobres e os que o ocupam uma posição intermediária. Como admitimos que a medida e a mediania são a melhor coisa, em todas as circunstâncias, está claro que, em matéria de riqueza, o meio-termo é a melhor das condições, porque ne;a é mais fácil obedecer à razão.” Segundo o princípio da mediania quem melhor governa é a classe média, pois ela é a que está mais distante do pergio das revoluções, raramente acontecem conspirações e revoltas entre os cidadãos.
 
            A “politia” é o ponto máximo do texto, pois é onde, no livro, dá início a mistura de teorias de governo, um governo misto, que procura uma aproximação da perfeição. A idéia de que o bom governo é a mistura de diversas formas de governo é um dos grandes temas do pensamento político ocidental. O livro continua com Políbio, cujo enfoque é sobre este governo misto.

 
4 Políbio

  
Norberto Bobbio expõe basicamente as três teses que Políbio trabalha:
  
1. É o uso sistemático da teoria das formas de governo. Existem fundamentalmente seis formas para se governar. Três boas e três más.
 
O Reino ou monarquia, onde um rei legítimo é aceito voluntariamente. A Tirania, degenerada, onde um tirano governa com uso de terror e força.  A aristocracia, onde poucos eleitos os melhores dirigem o povo. A oligarquia, forma degenerada onde os poucos que governam são os mais ricos. A democracia, onde o governo é popular com tradição de respeito, obediência e honra. E a última e degenerada oclocracia, onde o governo é da massa inepta.
   2.  Essas seis formas se sucedem umas às outras de acordo com determinado ritmo, constituindo assim um ciclo, repetido no tempo. É a anaciclose. O ciclo acontece da seguinte maneira:
             
 Reino > Tirania > Aristocracia > Oligarquia > Oclocracia > Reino > Tirania... A passagem de uma forma para outra parece de modo predeterminado, necessária e inderrogável. Não pode deixar de sofrer este processo de transformação. 
3. A tese principal da teoria polibiana das constituições é sem dúvida a de governo misto. Políbio acredita na existência de uma sétima forma. É a preferência do autor e se dá por uma constituição mista, uma síntese das três formas boas de governo. Exemplificada pela constituição romana e pela de Esparta. Para ele, todas as constituições simples acabam por serem todas más, uma vez q tornam-se fracas a ponto de degenerarem e serem, portanto, instáveis, contrariando o princípio que qualifica uma constituição, o valor supremo da ordem. A teoria dos ciclos demonstra que as formas de governo simples são instáveis e por isso são más. A presença simultânea dos três poderes e seu controle recíproco preserva as constituições mistas da degeneração a que estão sujeitos os governos simples, porque impede os excessos.
  
6 Maquiavel
  
A primeira grande novidade no trabalho de Maquiavel já aparece nas primeiras páginas da obra O Príncipe, onde ele diz: “Todos os Estados que existem e já existiram são e foram sempre repúblicas ou monarquias”. A república corresponde à democracia ou à aristocracia, a vontade coletiva presente em uma pessoa jurídica, já a monarquia corresponde ao reino, a vontade de um soberano, uma pessoa física. Para Maquiavel, a causa de não haver formas intermediárias é a que a falta de estabilidade sempre leva ao caminho de uma das duas formas citadas, monarquia ou república.
 
            Maquiavel discorre sobre a classificação dos principados, a primeira distinção prevista no livro é a da hereditariedade dos príncipes, os quais tiveram o poder transmitido com base em uma lei constitucional de sucessão; e os principados novos, os quais conquistaram o poder por quem ainda não era um “príncipe”. Os novos principados são o assunto mais abordado em sua obra “O Príncipe”. Ele distingue as quatro maneiras diferentes como o poder pode ser conquistado. Pela virtu; fortuna; violência ou consentimento dos cidadãos. Os conquistados pela virtu são mais duradouros do que os conquistados pela fortuna. Num certo sentido, todos os príncipes novos são ilegítimos, visto que o poder não lhes foi concebido e sim conquistado. Apesar disso, é visível a diferença na forma que se conquistou esse poder. Entretanto, para Maquiavel, este príncipe ilegítimo que conquista o poder por virtu, por exemplo, não tem conotação negativa e são celebrados pelo mérito atingido.
 
            Maquiavel parece se contradizer ao apoiar a teoria do governo misto. Entretanto essa contradição pode ser entendida pelas diferenças entre o Maquiavel historiador e político e o Maquiavel político, conselheiro de príncipes. E ela pode ser explicada ao vermos que o importante é a estabilidade, e as constituições intermediárias são instáveis, enquanto o governo misto seria e equilibrado e, portanto, estável e duradouro.
 
            Maquiavel comenta em uma de suas frases célebres que a diferença entre dois príncipes consiste na crueldade bem ou mal empregada do príncipe. Se for utilizada em benefício da estabilidade, então é bem utilizada. Já a má utilização leva a um fim miserável. Enfim, os fins justificam os meios.
 
            No livro Discorsi, o qual Maquiavel  afirma no começo de O Príncipe já ter discutido bastante sobre república, percebe-se uma semelhança muito grande com Políbio. A tipologia clássica das seis formas de governo, a teoria dos ciclos e a do governo misto. Entretanto, é possível distinguir as diferenças entre os autores. Maquiavel também vê as formas simples como desvantajosas por causa da instabilidade. Contudo, coloco como improvável a repetição infinita dos ciclos, haja vista o enfraquecimento progressivo da sociedade, o que possivelmente acarretaria em dominação estrangeira. 
 
            Maquiavel, assim como Políbio, elogia o governo misto, exaltando a constituição da república romana. O equilibro dos três poderes, uma mistura estável resistente ao tempo.

            
7 Bodin
  
Jean Bodin (1530 – 1596) escreveu a obra de teoria política mais ampla e sistemática desde a “Política” de Aristóteles. Há diversas semelhanças entre as duas obras, incluindo os temas abordados. Entretanto, Bodin apresenta soluções diversas para os problemas.
 
            Bodin passou para a história das formas de governo como teórico da soberania. Para ele, a soberania significa o poder absoluto e perpétuo que é próprio do Estado.
 
            Segundo Bodin, “Quem é soberano não deve estar sujeito, de modo algum, ao comando de outrem; deve poder promulgar leis para seus súditos, cancelando ou anulando as palavras inúteis dessas leis, substituindo-as – o que não pode fazer quem está sujeito às leis ou a pessoas que lhe imponham poder.”
 
            Contudo, poder absoluto não quer dizer poder ilimitado. Essas leis que regem o soberano são leis naturais e divinas. Outros limites impostos ao soberano são as leis fundamentais do Estado, as hoje chamadas leis constitucionais. Assim, o rei fica impossibilitado de se tornar um tirano. De acordo com este pensamento, percebe-se em Bodin a preocupação com a esfera pública e privada, nesta última, o soberano só poderá inferir caso tenha um motivo-confisco legítimo ou para salvação estatal. É, também, o precursor da divisão entre Estado e Governo.
 
            Bodin acredita na existência de três formas de governo. As clássicas: monarquia, aristocracia e democracia. Não acredita na forma mista e diz que não se deve classificar entre formas boas e más porque essa distinção causaria o surgimento de infinitas formas de governo. Afirma que se reunissem as três formas de governo clássicas, o resultado não seria um governo misto, e sim um governo da democracia. O porquê disso é que ou o povo não tem o poder de legislar (neste caso seria aristocrático), ou este poder está com o povo, formando um Estado democrático.
 
            Através da sua distinção entre governo e Estado, Bodin afirma que as três formas clássicas de Estado podem se combinar com as três formas clássicas de Governo. Monarquia, Aristocracia e Democracia. Cruzando-as, chegamos a 9 diferentes tipos. “Essa variedade de formas de governo tem induzido alguns a erro, ‘levando-os a postular formas mistas de Estado’, sem perceber que o governo de um Estado é coisa bem diferente da sua administração e do modo de governá-lo”.
 
            Essa distinção entre regime e governo, é útil para compreender a realidade complexa dos Estados sem recorrer à teoria do governo misto, que para Bodin, era pura ficção. Também permite compreender o fenômeno das formas degeneradas, que representam não um vício da soberania em si mesma, mas do seu exercício. Cada um dos regimes pode assumir três formas diferentes: real, despótica e tirânica. A real corresponde ao respeito do governante às leis da natureza e seus súditos; a despótica, o governante assenhora os próprios súditos pela guerra justa e pelo direito das armas; e a tirânica, o governante desrespeita as leis da natureza e abusa de seus súditos. Para ele, a corrupção não afeta o Estado e sim o Governo.
 
            Bodin defende a monarquia despótica justificada pela aquisição de servos em “guerra justa”, quando um povo é conquistado por outro e tem a escravidão como castigo ante a morte. Uma crucial diferença com a tirânica é que a despótica é legítima, já a tirânica não.


  8 Hobbes 

“Como Bodin, Hobbes não aceita duas das teses que caracterizaram durante séculos a teoria das formas de governo:  a distinção entre as formas boas e más e o governo misto.”
 
            “Para Hobbes também, como para Bodin, o poder soberano é absoluto. Se não fosse absoluto, não seria soberano(...)”
 
            Entretanto, diferentemente do capítulo anterior, Hobbes não vê limites para o poder do soberano, como as leis naturais e divinas. Ele não nega a existência, mas afirma que não se trata de leis como as positivas, porque não são aplicadas com a força de um poder comum. Ou seja, não há nada que o obrigue a obedecer a essas leis. “O soberano é juiz da conduta de seu súditos,  mas a conduta do soberano é julgada por ele próprio.”. Hobbes nega a diferenciação entre esfera pública e privada. “O direito de propriedade só existe m no Estado, mediante a tutela estatal; no estado de natureza os indivíduos teriam um: ius in omnia – um direito sobre todas as coisas, o que quer dizer que não teriam direita a nada, já que se todos têm direito a tudo, qualquer coisa pertence ao mesmo tempo a mim e a ti. Só o Estado pode garantir, com sua força, superior à força conjunta de todos os indivíduos, que o que é meu me pertença exclusivamente, assegurando assim o sistema de propriedade individual”.
 
            Para Hobbes não se designam nomes diferentes versões boas e más de cada governo, porque essas decisões são relativas de acordo com a opinião que têm os cidadãos a respeito da pessoa dos governantes. Não há critério objetivo para distinguir o rei do tirano.
 
            Sobre a monarquia despótica, Hobbes instiga a pergunta de como se diferenciar uma guerra justa de uma injusta? O que determina a justiça de uma guerra é a vitória, o vitorioso. Esse domínio é alcançado quando o derrotado declara que em trabalhará às ordens do vencedor em troca de sua vida.
 
            “Por que os indivíduos deixam o estado da natureza e dão vida ao estado civil com suas vontades concordes? A razão apresentada por Hobbes, como se sabe, é que sendo o estado da natureza uma situação de guerra de todos contra todos, nele ninguém tem garantia da própria vida: para salvar a vida, os indivíduos julgam necessário assim submeter-se a um poder comum suficiente para impedir o emprego da força particular.(...)”.
 
            “Há quem estime necessária a existência de um poder soberano no Estado, sustentando, contudo que esse poder se concentrasse nas mãos de uma só pessoa, ou de uma assembléia, a conseqüência seria, para os demais, “um Estado de opressão servil”. A fim de evitar esta degradação dos cidadãos à situação de escravos do poder soberano, pensam que pode haver um Estado composto das três formas de governo acima descritas, que seja contudo ao mesmo tempo diferente de cada uma delas. Esta forma de Estado tem o nome de monarquia mista, aristocracia mista ou democracia mista, segundo a forma simples que nela predomine(...)”
             Hobbes pensa que o poder do soberano não pode ser dividido, a não ser pela sua destruição. A crítica ao governo misto é ao mesmo tempo uma crítica à separação dos poderes.   
9 Vico 
            Assim como Políbio, a teoria de Vico também é cíclica. As principais categorias que Vico procura abranger são novamente as três formas clássicas de governo: a aristocracia, a democracia e a monarquia; nessa ordem, diferentemente da tradicional. Vico, se comparado aos autores passados, possui visão progressista, do bom para o melhor, diferente de Platão.
 
            “O governo aristocrático se baseia na conservação, sob a tutela da ordem dos patrícios que o constituiu, sendo máxima essencial da sua política a de que só a patrícios sejam atribuídos os auspícios, os poderes, a nobreza, os conúbios, as magistraturas, comandados e sacerdócios... Constituem condições do governo popular a paridade dos sufrágios, a livre expressão das sentenças e o acesso igual para todos às honrarias, sem excluir as supremas... O caráter do reino, ou monarquia, é o domínio por um só, a quem cabe o arbítrio soberano inteiramente livre sobre todas as coisas”.
 
            A tese de Vico, bastante conhecida, é de que o estado primitivo do homem foi uma “forma bestial”. Uma ausência total de relações sociais, completa inexistência de vida comum, inclusive familiar.
 
            Vico distingue três tipos de autoridade, a monástia, econômica e civil. A primeira fala sobre o homem primitivo, e fica assim caracterizada: “A primeira autoridade jurídica que o homem teve na solidão pode ser chamada de monástica ou solitária. Entendo aqui igualmente por solidão os lugares freqüentados e os desabitados, desde que neles o homem assaltado e ameaçado não possa recorrer às leis para sua defesa... Devido à sua autoridade monástica, o homem se torna soberano na solidão(...)”.
 
            Esse estado de natureza descrito por Hobbes é também aquele em que cada um vive por sua conta, e precisa cuidar da própria defesa, pelo que termina em uma guerra de todos contra todos. Para Vico, porém, o estado bestial é histórico, para Hobbes trata-se de uma hipótese racional.
 
            Entre o estado bestial e o estado de república, Vico considera que houve um estado intermediário, o das famílias. A primeira forma de vida associativa, que começa assim que o homem percebe um poder divino.
 
            Para Vico, após a autoridade monástica, vem a econômica (fase das famílias). Definida assim: “... nasceu a autoridade econômica, ou familiar, pela qual os pais são soberanos em sua família. A liberdade dos filhos depende do arbítrio dos pais, pelo que estes adquiriram o direito de vender os filhos... Os pais têm tutela sobre os filhos como sobre sua casa e todas as suas coisas, de que podem dispor em herança e deixar imperativamente a outrem. A passagem termina assim: As famílias constituíram, assim, um primeiro e pequeno esboço dos governos civis”.
 
            “Com a primeira forma de Estado se origina, depois da autoridade monástica e da econômica, aquela forma mais complexa e completa de autoridade que Vico denomina de “autoridade civil”. A república aristocrática é portanto a primeira forma histórica de autoridade civil. Nela, a condição de desigualdade que justifica o domínio de uma parte sobre outra não é mais a que separa os ‘patri’dos ‘famuli, mas a que divide os patrícios dos plebeus – isto é, os que gozam de direitos privados e públicos e os que não têm um estado jurídico definido.” Então vem a república popular, os fundadores do Estado, união dos chefes de família.
 
            Segundo Bobbio: “O fim da república popular, e a passagem à terceira forma de Estado – o principado, ou monarquia – ocorre graças a razões não diversas das apontadas pelos autores clássicos para explicar a morte natural de todas as democracias, pela degeneração da liberdade em licenciosidade e do antagonismo criativo na contenda destrutiva das facções, com guerra civil. Para Vico o principado surge não contra as liberdades populares, mas para protegê-las do faccionismo, para defender o povo – poder-se-ia dizer – contra si mesmo”. Vico defende a monarquia como a evolução da república popular, a própria república popular protegida contra seus males. 

10 Montesquieu
 
Montesquieu, assim como Vico, procura a existência de leis gerais que guiam a formação e o desenvolvimento da sociedade humana. A diferença reside no fato de que Montesquieu, além do estudo nos estados europeus, também estuda estados extra-europeus. Também estuda as leis ao longo da história, entretanto, é sobretudo espacial ou geográfica. Está interessado pela explicação da variedade das sociedades humanas e seus respectivos governos, não só no tempo, mas no espaço.
 
            Montesquieu afirma que todos os seres do mundo (inclusive Deus) são governados por leis. Uma lei é enunciada sempre que há relações necessárias entre dois seres, de modo que, dado um deles, não pode deixar de existir o outro. A conseqüência disso tudo é que o mundo não é governado por uma “cega fatalidade”.      
 
            “O mundo da inteligência está bem longe de ser tão bem governado como o mundo físico”. Com essa frase, Montesquieu quer dizer que o fato de que o homem se inclina, pela sua própria natureza, a desobedecer às leis naturais, tem uma conseqüência que distingue nitidamente o mundo físico do humano: para assegurar o respeito às leis naturais, o homem foram obrigados a dar-se outras leis (positivas). Montesquieu diz: “De modo geral, a lei é a razão humana enquanto governa todos os povos da terra; e as leis políticas e civis de todas as nações não devem ser senão os casos particulares em que se aplica essa razão humana.” A relação que existe entre lei natural e lei positiva é como a que existe entre um princípio geral e suas aplicações práticas.
 
            Montesquieu distingue três tipos de leis positivas: as que regulam as relações entre grupos independentes, as que regulam as relações entre governantes e as que regulam o relacionamento dos governados entre si. Constituem, respectivamente, o direito das gentes (internacional), o direito político (público) e o direito civil.
 
            O objetivo de Montesquieu com sua obra “O Espírito das Leis” é construir uma teoria geral da sociedade a partir da consideração do maior número possível de sociedades históricas, é explicar a razão de tantas sociedades diferentes, com leis positivas diferentes, culturas, ritos, costumes, se as leis naturais são as mesmas. Os motivos que levam essa variedade de leis positivas, segundo Montesquieu, são físicos, naturais, econômicos, sociais, espirituais e/ou religiosos.
 
            As sociedades são classificadas em três tipos de governo: república, onde o povo detém o poder; monarquia, onde um só é responsável pelo poder, mas é regido por leis; e o despotismo, onde uma só pessoa governa, sem leis. Ele inova ao afirmar que o governo está formulado em dois planos. “A diferença entre a natureza do governo e seu princípio é que a natureza o faz ser o que é, e o princípio o faz agir. A primeira corresponde a sua estrutura particular; o segundo, às paixões humanas que o fazem mover-se.”. 
 
            Assim como Platão, Montesquieu também tem os princípios que inspiram cada uma das três formas. Para a Monarquia, a honra. Para a República, a virtude cívica. Para o Despotismo, o medo.
 
            A virtude para Montesquieu, é o amor da pátria e da igualdade, não uma virtude moral ou Cristã. Mas política. A mola que impulsiona a República. Ama-se a pátria como algo que é de todos.  A honra entende-se o sentimento que nos leva a executar uma boa ação exclusivamente pelo desejo de ter ou manter uma boa reputação. É a mola que impulsiona a Monarquia. O medo do despotismo é o sentimento humano de medo.
 
            Montesquieu inclina-se para a monarquia. “O governo monárquico apresenta uma grande vantagem com relação ao despótico. Como sua natureza exige que o príncipe tenha debaixo de si diversas ordens relativas à constituição, o Estado é mais resistente, a constituição mais inabalável, a pessoa dos governantes mais segura.”.
 
            Essa comparação entre despotismo e monarquia apresenta a monarquia como a forma de governo em que já uma faixa de poderes entre os súditos e o soberano: os “contrapoderes” que impedem o abuso, pelo monarca, da sua própria autoridade.
 
            O governo moderado de Montesquieu deriva da dissociação do poder do soberano e da sua partição com base nas três funções fundamentais do Estado: a legislativa, a executiva e a judiciária. Funções que devem ser designadas para três pessoas diferentes. Ele afirma que a liberdade política se encontra nos governos moderados.
  
11 Despotismo
  
O despotismo aparece pela primeira vez com Aristóteles, Montesquieu, por sua vez,  trabalha com ela de uma forma diferente, separada da monarquia e da república. Não mais como um gênero da monarquia, como Aristóteles, Bodin e Maquiavel trabalharam. A diferença entre despotismo e monarquia, para Montesquieu, está na distribuição dos poderes, que existe nas monarquias, mas não nos regimes despóticos. Montesquieu usa o conceito de escravidão política. Para ele, nos governos despóticos a educação precisa ser servil, no estado despótico, as mulheres não introduzem objetos de luxo, elas mesmas são esses objetos de luxo, vivendo na condição de extrema escravidão. Por isso, em regimes despóticos, onde há escravidão política, a escravidão civil é mais tolerável.
 
Entretanto, a escravidão é apenas um ponto de um conjunto de fatores que distinguem o sistema despótico, como o clima, a natureza do terreno, a extensão territorial, a índole dos habitantes, o tipo de leis, a religião, etc.
 Montesquieu refere-se ao despotismo oriental, da Ásia, e diz que é onde ele surge naturalmente.
Nicolas Antoine Boulanger propõe uma interpretação religiosa, teocrática do despotismo. A origem de todos os males reside na teocracia, que tem produzido no Oriente os governos despóticos.
 
Wittfogel faz uma comparação entre as sociedades policêntricas, caracterizadas por  tensão entre a sociedade civil e a instituição estatal e as sociedades monocêntricas, marcadas pelo predomínio do Estado sobre a sociedade. Também aborda temas tradicionais como o caráter absoluto e total, a durabilidade, a sujeição total dos súditos ao soberano, o terror como instrumento de domínio e o vínculo entre despotismo e teocracia.
 
      

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Conheça Mary Shelley, a autora de Frankenstein (O Moderno Prometeu)!


Mary Wollstonecraft  Shelley (30/08/1797 - 01/02/1851), escritora británica. Nació el 30 de agosto de 1797 en Londres.

Hija del filósofo William Godwin y de la escritora y feminista Mary Wollstonecraft. A los pocos días de su nacimiento su madre ,quien había escrito Vindication of Women Rights, murió de unas fiebres dejando a su marido al cuidado de Mary y de su hermana de tres años y medio Fanny Imlay. Casado Godwin posteriormente con una viuda que ya tenía dos hijas con la que el filósofo alumbraría un nuevo vástago.

En 1814, a los dieciséis años de edad, Mary abandonó su hogar y su país con el poeta Percy Shelley, con el que había iniciado una relación a pesar de estar casado. La pareja viajó a Francia y a Suiza. Perdidamente enamorada de Percy B. Shelley desde la primera vez que lo vio, Godwin, no puso ningún reparo en que corriera tras él. No fue ese el caso de la esposa del poeta quien, humillada, ofendida y embaraza siguió a la feliz pareja hasta La Spezia, localidad de la costa italiana en que se establecieron. A los desarreglos deducibles de semejante situación no tardó en sumarse el mismísimo Byron, siempre afecto a toda clase de desórdenes.

John Clute, en su interesante "Enciclopedia de la Ciencia Ficción", no duda en afirmar que una hermana de Mary, a la sazón también alojada en La Spezia, frecuentaba la cama del lord. En cualquier caso, la comunidad se deshace con los suicidios de una segunda hermana de Mary y de la esposa de Shelley.

Contrajeron matrimonio en 1816, después de que la primera esposa de Shelley se quitara la vida ahogándose. Fruto de esta convivencia fueron varios embarazos y un único hijo, un varón, sólo el pequeño Percy Florence sobrevivió a la infancia.

Creadora del libro que inauguró la ciencia ficción y que aún hoy se erige como uno de los grandes relatos de horror de todos los tiempos; en 1818 publicó la primera y más importante de sus obras, la novela Frankenstein o el moderno Prometeo. Según parece, escribió la historia de Victor Frankenstein por una apuesta. La noche del 16 de junio de 1816, se reunió con Lord Byron y otros en una villa en los alrededores de Ginebra. Encerrados en la casa por una tormenta, se leyeron cuentos de terror para entretenerse. Mary imaginó entonces a Frankestein inspirada en una pesadilla que tuvo a los dieciocho años de edad. Escribió la novela tras una apuesta con Byron, tal y como narra ella misma en el prólogo de la edición de "Frankenstein" de 1831. Esta obra, un logro más que notable para una autora de sólo 20 años, se convirtió de inmediato en un éxito de crítica y público. La historia de Frankenstein, estudiante de lo oculto y de su criatura subhumana creada a partir de cadáveres humanos, se ha llevado al teatro y al cine en varias ocasiones.

No logró tal popularidad con ninguna de sus obras posteriores o la excelencia de esta primera, pese a que escribió otras cuatro novelas, varios libros de viajes, relatos y poemas. Su novela El último hombre (1826), considerada lo mejor de su producción, narra la futura destrucción de la raza humana por una terrible plaga. Lodore (1835) es una autobiografía novelada. Tras la muerte de su esposo, en 1822, Mary se dedicó a difundir la obra del poeta. Publicó así sus Poemas póstumos (1824) y editó sus Obras poéticas (1839) con valiosas y detalladas notas.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

As invenções de Heron de Alexandria - e como poderiam ter revolucionado a Antiguidade.

O grande gênio das máquinas que poderia ter adiantado uma Revolução Industrial em 1700 anos

Costuma-se imaginar a Antiguidade Clássica como uma espécie de estagnação tecnológica. Entre as Guerras Greco-Persas e a queda do Império Romano, são quase 900 anos em que nada de novo parece ter sido criado. Por isso, não deixa de ser inquietante descobrir que já existiam coisas como portas automáticas e motores a vapor. Como isso não levou a uma revolução industrial 1700 anos adiantada?


Muitas obras de Heron de Alexandria, um dos maiores engenheiros e matemáticos da época, sobreviveram por intermédio dos árabes e se tornaram conhecidas no Ocidente na Renascença. "Não sabemos muito sobre sua vida, e estudos acadêmicos foram poucos e esparsos", diz Serafina Cuomo, da Universidade de Cambridge. Heron viveu entre cerca dos anos 10 e 75, e provavelmente tinha um cargo no Mouseion, a primeira grande instituição de ensino do mundo, ligada à Grande Biblioteca de Alexandria.


Precursor de Leonardo da Vinci, Heron inventou máquinas movidas por pesos, manivelas, água ou fogo. Como o gênio italiano, também descreveu equipamentos de guerra, mas sua contribuição foi escassa nesse quesito, pois viveu no auge da Pax Romana, período em que os conflitos se limitavam a insurreições dos povos dominados. A natureza de suas invenções explica por que, afinal, não houve uma revolução industrial na Antiguidade: quase todas são instrumentos para encantar e divertir, e não para substituir o trabalho manual. "No fundo, é simples: não houve revolução industrial porque havia escravidão", resume o historiador Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Propor que máquinas fizessem o trabalho dos prisioneiros implicaria que esses deveriam ser trucidados. "Na guerra, você mata os inimigos ou os poupa para serem escravos. Portanto, era considerado um ato de humanidade preservar a vida de alguém que poderia ter matado você", diz Funari.


ÓRGÃO DE VENTO



Exemplo de pioneirismo na energia eólica, foi baseado no hidraulis, um órgão de água criado por Ctesíbio no século 3 a.C. Nele, o líquido, vindo de aquedutos, era usado para impulsionar o ar através dos tubos, e o músico usava um teclado para controlar as notas. Heron reimaginou o aparelho para funcionar com um cata-vento que movia um pistão. Foi, portanto, não apenas o primeiro órgão a ar mas também a primeira máquina a usar energia eólica. Aparentemente, a tecnologia foi perdida. Os moinhos de vento só surgiram na Europa no século 12.


MOTOR A VAPOR


Ninguém viu função no invento que fundaria o mundo moderno, embora a eolípila (“bola de Éolo”, deus do vento) tenha sido ao mesmo tempo o primeiro motor a vapor e a jato da história. Seu princípio é usado hoje nas turbinas que movem reatores nucleares, usinas termoelétricas e navios. Consistia numa caldeira ligada por tubos a uma esfera. Esta, com dois canos de escape para o vapor, girava rapidamente quando a água fervia. Heron menciona “figuras dançantes”, provavelmente um brinquedo ou decoração de templo movido pela máquina. Fora isso, nem o inventor nem ninguém em sua época parece ter se interessado pelo potencial de transformar calor em movimento, alcançado pela primeira vez na história e a partir do qual seria fundado o mundo industrial, 1700 anos depois.


TEATRO DE AUTÔMATOS


Um dos brinquedos mais impressionantes descritos pelo engenheiro foram os diversos “teatros de autômatos”, plataformas nas quais pequenas figuras, movidas a água, vapor ou pêndulos, executavam ações inspiradas em peças de teatro. Eram como robozinhos encenando uma peça inteira. Em uma dessas engenhocas, Hércules atacava com uma clava um dragão que cuspia água ao ser atingido. O mais complexo era uma coluna que se movia para a esquerda e a direita, com personagens que giravam, espirravam líquido e andavam, representando Nauplius, uma tragédia passada após a Guerra de Troia. O objeto, movido por um peso que afundava lentamente em uma coluna de grãos, tinha até trilha sonora, tocando pequenos sinos e tambores ocultos durante seu movimento, que era programável a partir de mudanças nas cordas internas – novamente, o primeiro exemplo de algo do gênero.


MÁQUINA DE VENDAS

  
O Egito da época de Heron tinha uma forma peculiar de religião, um sincretismo entre divindades gregas e egípcias. Em ambas as tradições, água benta era usada em rituais de purificação. Assim como as máquinas de refrigerante atuais, o primeiro mecanismo automático de vendas dispensava um cálice do líquido abençoado em troca de uma moeda – ela caía numa plataforma, que abria uma válvula por alguns segundos, até escorregar para um depósito, fechando-a novamente.


BOMBA DE PRESSÃO


Com ela, bombeiros romanos passaram a contar com veículos de combate a incêndio. Água encanada já era uma comodidade no mundo greco-romano, mas todo o sistema era baseado na gravidade, com poucas partes pressurizadas. Isso queria dizer que a água só se movia para baixo, um problema grave em cidades como Roma, com edifícios de até 10 andares. Em 64, durante o reino de Nero, o conhecido Grande Incêndio destruiu dois terços dos prédios da capital, com os vigiles, membros das brigadas de combate às chamas, incapazes de atingir os pisos superiores. Foi pensando nisso que Heron inventou a primeira bomba pressurizada.


SERINGA


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Le nuove scoperte di Renzulli Riguardanti il sito Dolmenico Di Monte Sant’Angelo.


 Ancora novità sul fronte delle ricerche condotte nella cosiddetta “Valle dei Dolmen” dall’architetto Raffaele Renzulli, appassionato di archeologia. Appena prima che venga dato alle stampe il libro sui dolmen e sui menhir di Valle Spadella, infatti, l’architetto Renzulli ha effettuato nuove e più interessanti scoperte rese note in esclusiva per i lettori di Newsgargano.  “Nei giorni scorsi – informa l’architetto Renzulli – quelli del solstizio d’inverno,  mi trovavo con alcuni amici nella “Valle dei Dolmen”, nella zona più alta di Valle Spadella, per completare indagini e approfondimenti  riguardanti i camminamenti scavati nella roccia che avevo già recentemente individuato, notando come alcuni di essi confluissero in un unico camminamento evidenziato da un signacolo in pietra o forse un menhir; tale unico camminamento conduce ad un vasto emiciclo che si affaccia sul mare e che è anche la parte più alta di Valle Spadella, forse un ulteriore santuario legato ai riti del sole. Seguendo uno dei percorsi, prima della confluenza, – prosegue Renzulli – e precisamente quello verso ovest, ho notato che esso si allarga evidenziando un numero maggiore di fori, sei o sette, che man mano diminuiscono fino a rastremarsi in un percorso con un unico foro nei pressi della confluenza. Ritengo che questo percorso debba essere un percorso eseguito dall’uomo forse dedicato ai sacerdoti che si avviavano a uno dei tanti luoghi di riti. Neanche si può escludere che questi fori, perfettamente cilindrici, siano innesti di palificazioni.

Mentre tornavo dal sito – spiega sempre Renzulli – notavo al di sotto di una dorsale, un grande sperone di roccia di circa 7-8 metri per 3 metri, spianato dall’uomo e in pendenza, con la punta verso l’alto, che ha attirato la mia attenzione poiché questo sperone era rivolto verso il grande megalite sormontato dal disco ma anche verso il menhir crollato nell’ipogeo sottostante, che bisognerebbe rimettere nel sito d’origine, già individuato, per studiarne il rapporto con il sole, un rapporto che potrebbe essere messo in relazione con gli equinozi.

Di tutta la struttura del grande megalite, vista di profilo, risultava intensamente illuminato solo il grande disco. Ho ritenuto di poter mettere in connessione questo fenomeno proprio con il solstizio d’inverno, momento dell’anno in cui il sole può illuminare di profilo il disco che sormonta il grande dolmen: nei giorni del solstizio d’estate invece il sole illumina frontalmente il disco con l’effetto che ho più volte descritto.

E’ possibile pensare che questi due particolari momenti dell’anno fossero dedicati ai riti propiziatori in onore del sole. Guardando dallo sperone verso il grande megalite si osserva che questo rivela, di profilo, uno spessore costante di circa 90 cm per tutta la lunghezza, comprensiva del grande disco. Tutto ciò non è né casuale, né spontaneo – conclude l’architetto Renzulli – ma nasce dall’espressione comunicativa ed espressiva dell’uomo. Tutta la struttura del grande megalite, nei giorni del solstizio d’inverno è ben visibile nella vallata e sembra una grande torcia investita com’è dal sole che infiamma solo la parte superiore del disco, quando l’intero megalite viene oscurato dall’ombra”.

Esperti e studiosi, comparando esperienze diverse possono spiegare con competenza il rapporto fra i megaliti della montagna garganica e il sole nei giorni dei solstizi d’inverno e d’estate e nei giorni  degli equinozi d’autunno e di primavera. Gli abitanti primitivi del villaggio neolitico avevano sicuramente considerato le caratteristiche del percorso solare nei giorni suddetti e potevano avere deciso di esaltarne l’importanza con riti più ampi e solenni, sottolineando la “presenza” solare sui vari megaliti del sito. Tutte le osservazioni finora evidenziate, tutte le interconnessioni e gli allineamenti delle strutture megalitiche non sono né  casuali né spontanei, come detto, ma nascono dall’intenzione espressiva e comunicativa dell’uomo.

Il fenomeno di grande suggestione può interessare anche esperti internazionali di astrofisica e di archeologia che hanno già deciso di visitare il sito, attratti dai documenti video e fotografici della Valle dei dolmen nonché da questi ultimi ritrovamenti. C’è da dire che la dottoressa Tunzi della Sovrintendenza archeologica della Puglia, avvisata, appunto, di questo mio ultimo “ritrovamento” di cui allego le immagini, si è mostrata molto interessata e si sta ulteriormente attivando per reperire, presso L’Ente Parco e presso Il Comune di Monte Sant’Angelo, i fondi necessari ad avviare le ricerche. Appare forse superfluo far notare come le  recenti scoperte effettuate una ventina di giorni fa da Renzulli siano davvero di grande valore.

“Ora – dice Renzulli  a Newsgargano – c’è bisogno di indagini, osservazioni e studi condotti contemporaneamente da esperti di varie discipline affinchè si riescano a comprendere i tanti messaggi di questi luoghi”. Ma per far questo, occorre che gli enti locali comprendano l’importanza di questo che potrà divenire ( e forse già lo è) un patrimonio culturale di grande valore per il Gargano.

Un ruolo rilevante potrebbe giocarlo l’ente Parco Nazionale del Gargano, il cui presidente, Stefano Pecorella, ha ammesso l’importanza del sito dolmenico pur non potendo pronunciarsi in maniera inequivocabile. Contattato da Newsgargano, Pecorella ha detto che per adesso è prematuro esprimere dei giudizi sulla rilevanza storico-scientifica del sito dolmenico  e che occorrono degli incontri ulteriori con la responsabile della Sovrintendenza ai beni archeologici della Puglia per avere la certezza che si tratti di sito dolmenico e quindi per potere eventualmente destinare agli eventuali scavi  in loco dei fondi finanziati dall’ente di sua competenza.