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terça-feira, 13 de agosto de 2013

As aparências enganam: A história do "Pastor Jeremiah Steepek".


"Pastor Jeremias Steepek". Na realidade o homem que aparece na fotografia acima é mostrado em algumas versões dessa história como sendo o pastor Jeremias (Jeremiah), mas não é! Ele é pastor, sim (isso é verdade!), e também ator e palestrante. Seu nome é João Gimenes Reis. Imagem: http://www.guiame.com.br/.

O Fato

Não se sabe ao certo onde essa história surgiu. Tampouco é incerta a autoria dessa parábola, no entanto, é bom deixar claro que ocorreu um fato real semelhante a essa história, um mês antes.

De acordo com o USA Today no dia 23 de julho de 2013, um pastor chamado Willie Lyle – recém-nomeado para a Igreja Metodista Unida em Clarksville, Tennessee – se enrolou em um cobertor e deitou-se ao pé de uma árvore próxima a sua igreja. Despenteado e com a barba por fazer, ele quis mostrar como as pessoas são indiferentes aos sem-teto que sofrem nas ruas. O pastor Willie foi explicando aos seus fiéis como foi a sua experiência como mendigo, durante o culto, enquanto sua filha ia lhe fazendo a barba.

Apesar das diferenças nas proporções (Willie Lyle tinha 200 párocos em sua igreja), é possível que essa situação provocada por Willie tenha inspirado a criação da parábola de Jeremiah Steepek.

A história que se segue apesar de mostrar uma situação interessante, não passa de uma farsa.

A História

O pastor Jeremias Steepek se disfarçou de mendigo e foi a igreja de 10 mil membros onde ia ser apresentado como pastor principal pela manhã. Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam "oi" para ele. Para algumas pessoas, ele pediu moedas para comprar comida. Ninguém na Igreja lhe deu algo. Entrou no templo e tentou sentar-se na parte da frente, mas os diáconos o pediram que ele se sentasse na parte de trás da igreja. Ele cumprimentava as pessoas que o devolviam olhares sujos e de julgamento ao olhá-lo de cima à baixo.

Enquanto estava sentado na parte de trás da igreja, escutou os anuncios do culto e logo em seguida a liderança subiu ao altar e anunciaram que se sentiam emocionados em apresentar o novo pastor da congregação: "Gostaríamos de apresentar à vocês o Pastor Jeremias Steepek". As pessoas olharam ao redor aplaudindo com alegria e ansiedade. Foi quando o homem sem lar, o mendigo que se sentava nos últimos bancos, se colocou em pé e começou a caminhar pelo corredor. Os aplausos pararam. E todos o olhavam. Ele se aproximou do altar e pegou o microfone. Conteve-se por um momento e falou:

“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ “O Rei responderá: ‘Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’."

sábado, 10 de agosto de 2013

O Colapso do “socialismo real” e seus desdobramentos.


O colapso do socialismo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Nesses dias em que grandes mudanças estarão ocorrendo no Projeto Construindo História Hoje, e dentre elas uma reestruturação de layout e afirmação de seus princípios com os estudos históricos, nacionalistas e ampliando nossa visão dos eventos que movimentam a história de nossa civilização Hoje. Lembrando que já são mais de 3 anos de caminhada do Construindo História Hoje desde sua origem. Para darmos inicio a esse novo começo, estarei analisando junto com os leitores o Colapso do socialismo e seus desdobramentos. Boa leitura a todos!
Ah lembrando, não esqueçam de acompanhar o Projeto está semana, pois uma grande novidade está por vir. Aguardo a visita de todos os amigos e simpatizantes.

CHH

Após a morte de Stalin em 1953, os dirigentes da URSS iniciaram o processo de desestalinização do regime. Ou seja a liberação do regime por meio de medidas importantes, como a denúncia dos crimes de guerra cometidos por Stalin, a revisão dos processos da época estalinista, a anistia e libertação de presos políticos e uma busca da coexistência pacífica com os Estados Unidos.

Paralelo a esse processo de reforma iniciado no Partido Comunista, verificou-se que intelectuais, estudantes e operários começaram a questionar o regime e procuraram pressionar no sentido de se ampliarem as reformas. No entanto o Partido não estava disposto a conceder mais do que já fora estabelecido. Desta forma, em alguns países da Europa Oriental, a situação tornou-se crítica, caminhando para uma contestação severa ao regime e provocando violenta repressão por parte da URSS.

Os principais movimentos de contestação ao modelo soviético forma os ocorridos na Polônia e na Hungria, em 1956 e na antiga Tchecoslováquia em 1968, este último conhecido como “A Primavera de Praga”.


Mapa da ex- União Soviética (Clique na Imagem para ampliar). Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Na década de 1980, o nome de Mikhail Gorbachev tornou-se extremamente conhecido em todo o mundo. Era o novo dirigente da URSS, empossado em 1985 e que trazia um discurso diferente daquele dos líderes anteriores. As palavras Perestroika e Glasnost ficaram associadas ao novo líder.

Perestroika: é a reestruturação da economia.

Glasnost: é a designação para abertura política.


Mikhail Gorbachev: Secretário-geral do PCUS e último presidente da ex- URSS.  Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Os motivos para estas mudanças econômicas e políticas estavam, sem dúvida, na estagnação econômica observada na URSS. O desenvolvimento, ao longo desse século, de uma estrutura econômica dominada pela burocracia atingia níveis insuportáveis para a sociedade. Uma ala do Partido Comunista, percebendo que a continuidade do regime estava ameaçada pela insatisfação social, elaborou então o projeto de mudanças que Gorbachev procurou implementar.

            No entanto, a resistências as reformas foram muito grandes, pois muitos setores da burocracia não queriam perder seus privilégios. Os setores militares também demonstraram sua insatisfação, uma vez que Gorbachev havia proposto o desarmamento e a diminuição das tropas na Europa.


 Bandeira da ex- União Soviética. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Os resultados mais concretos dessa luta entre os reformadores e os conservadores pôde ser visto em agosto de 1991, com a tentativa de golpe para tirar Gorbachev do poder. O fracasso do golpe não impediu que várias repúblicas iniciassem um processo separatista. Várias tiveram sua independência reconhecida. O governo tentou desesperadamente, impedir a fragmentação da URSS.

As reformas ressoam no Leste europeu

            As reformas implantadas por Gorbachev tiveram ressonância no Leste europeu. Ali, provavelmente as mudanças já foram maiores do que na própria URSS. O fato marcante é, sem dúvida, a unificação da Alemanha. A parte oriental, que fazia parte do bloco soviético desde 1945. Na Hungria e na Polônia, as reformas trazem o pluripartidarismo e as empresas estrangeiras começam se instalar. Na Romênia e na antiga Tchecoslováquia elege-se novos governos.

Da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas à Comunidade dos Estados Independentes

            Conforme observamos a ascensão de Gorbatchev, em 1985, deflagrou um profundo e rápido processo de mudanças na União Soviética, tanto no plano econômico como no plano político (Perestroika e Glasnost). Estas intensas transformações alteraram inclusive, as relações externas da União Soviética verificando-se uma aproximação com os países ocidentais e, principalmente o fim da Guerra Fria.


Boris Yeltsin, primeiro presidente da Rússia pós URSS. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Todas essas questões provocaram, em linhas gerais, as seguintes consequências

1) Reações dos setores conservadores internos tais como os burocratas do Partido Comunista que tinham o controle do aparelho de Estado e que formavam a chamada Nomenklatura; a linha dura das Forças Armadas, inconformada com a nova política de aproximação com o Ocidente e temerosa dos anseios nacionalistas das várias repúblicas.

domingo, 4 de agosto de 2013

"Pirâmides" no Brasil? Arquiteto analisa vestígios arqueológicos abandonados pelas autoridades.

Estrutura de pedra com ângulo escalonado. Imagem: Verdureiro Eliel.
Coisas que precisam ser ditas sobre o sitio arqueológico de Natividade da Serra, a chamada "Pirâmide”.
Não sei por que tanto desinteresse em esclarecer o caso das ruínas  de Natividade da Serra. Quatro  pessoas de diferentes especialidades visitaram o local e chegaram a conclusões semelhantes. O achado foi noticiado através do jornalista  Julio Ottoboni em 2004, que percebeu sua importância e raridade.

O geólogo do INPE Paulo Roberto Martini fez  um relatório onde diz claramente que aquilo é obra , com características semelhantes a outras do sudoeste americano. Sudoeste americano é o sul do continente americano, America do Sul. O   oeste são os Andes, que fique bem claro. Parece que poucos notaram a exatidão da afirmação, ainda que por enquanto, hipótese.
Logo depois esteve no local o professor e arqueólogo Luiz Galdino que pesquisou durante 45 anos vastas áreas do Brasil e sítios pré-históricos, concluiu que é um sitio pré-colombiano e o associou a um dos ramais do Peabiru, o caminho que unia os Andes com a costa atlântica ,principalmente com a área de São Vicente, más que também   tinha outros ramais. Galdino desenvolveu o assunto no seu livro "Peabiru , os Incas no Brasil”, editora Estrada Real, 2003.
Pedra angular cortada por intervenção humana Pré-colonial. Imagem: Verdureiro Eliel.
Finalmente estive no local e fiz observações durante cinco dias e concluí que se trata de um sitio pré-colombiano. Sendo arquiteto e havendo trabalhado 40  anos na área de patrimônio cultural e arqueologia, expliquei que os blocos e lajes achados no local  , foram obtidos por método de polimento, sem ferramentas de aço, método tipicamente andino. Disse que a localização do sitio também dava a ideia dessa origem. E descartei uma origem”colonial” para ele. Mostrei a similitude dos padrões das pedras talhadas com locais dos Andes, em função das proporções e tipologia.
Estas conclusões não podem ser verificadas com mais exatidão porque nenhum de nos contou com informações de escavações técnicas . Na verdade quem escavou alguma coisa, e muito, foi o proprietário, mas enterrou quase tudo o que não foi destruído. Tirou fotos e achou objetos , mas não  mostra. E agora nega a existência do sitio.
Caso alguém ainda  não tenha percebido, uma equipe interdisciplinar examinou o local e chegou a conclusões  pontuais. Faltou um arqueólogo, más os que foram chamados a dar opinião não quiseram se envolver. Há varias explicações para isso. De qualquer maneira nesta primeira fase de pesquisa seriam desejáveis,más não essenciais. Uma vez que não temos condições de fazer escavações por falta de apoio legal.
Os vestígios são evidentes para qualquer um que conheça um pouco de arquitetura pré-histórica  sul-americana, e não dependa do ganha pão nem da boa vontade  do IPHAN-SP. Não foi surpresa a falta de manifestação sobre o  caso, inicialmente, por parte do IPHAN-SP, e a posterior afirmativa de que o sitio não é sítio arqueológico “nem histórico nem pré-histórico”. Está claro que o IPHAN-SP não tem condições praticas nem técnicas de examinar o local convenientemente.Trata-se de um órgão burocrático, com muitos compromissos,  inclusive políticos. E já tem a opinião( MAL)  formada de que no Brasil não existe arquitetura pré-colombiana digna de nota. Consequentemente faz como o avestruz , enfiando a cabeça no buraco e achando que as coisas deixaram de existir, por ser ele, em teoria, a autoridade no assunto.  Dependendo da ajuda desse tipo de organismo muita coisa no  Brasil nunca vai ser identificada. Podemos ter certeza de que vários sítios similares ao de Fazenda Palmeiras já foram destruídos sem que a opinião publica toma-se conhecimento.

Arqueólogos da USP analisam estruturas enterradas. Imagem: Verdureiro Eliel.
As ruínas da chamada Cidade Labirinto e  as da Serra da Muralha, em Rondônia estão esperando uma identificação oficial  correta. Na primeira há algumas pedras talhadas que poderiam dar uma identificação, ainda que a  maioria das pedras sejam irregulares e sem tratamento algum.
Muitos sítios devem ter sido destruídos  em épocas passadas inclusive antes da existência do IPHAN.O cidadão  apenas medianamente  instruído não tem condições de perceber entre um sitio arquitetônico “colonial” ou um sitio pré-histórico e  normalmente usou e usa suas pedras como material de construção.
Arquiteto Carlos Pérez Gomar
Pirâmides no Brasil? Monólitos de construção piramidal desaparecem após descoberta.
Além de um amontoado de pedras, esse também é o mais novo mistério da arqueologia brasileira e coloca sob discussão a historia atual da ocupação do território brasileiro no período pré-descobrimento. Imagem: Verdureiro Eliel.
Arqueólogo da USP diz que achado pode revelar a presença de culturas antigas e muito avançadas.

Curitiba – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estuda uma estrutura feita de granitos, que pode vir a ser a primeira pirâmide do Brasil. O geólogo e especialista em sensoriamento remoto, Paulo Roberto Martini, chegou a uma conclusão inicial. Essa composição de rochas foi feita pelo homem. O monumento foi descoberto por acaso, numa fazenda no município paulista de Natividade da Serra, nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. São imensas pedras cortadas e empilhadas na forma de degraus até seu topo. “Ainda é cedo para afirmar algo de concreto, mas estamos diante de uma construção feita por uma civilização primitiva avançada”, destaca o cientista.


Basta ter contato com os milhares de blocos graníticos recortados e distribuídos na encosta de um morro para que surjam inúmeros questionamentos. Que cultura seria está ? Em quanto tempo fizeram essa edificação ? Por que e quando foi construída? Perguntas que dificilmente serão respondidas de pronto, mas que prometem gerar um turbilhão de dúvidas, polêmicas e especulações. Imagem: Verdureiro Eliel.

O local fica próximo a um riacho, que poucos metros à frente deságuam no Rio Paraibuna. Os imensos blocos graníticos, cortados com precisão, continuam parcialmente empilhados. Com o tempo acabaram por perder o traço construtivo original, mais inclinado e no formato de uma grande escada ascendente. Os imensos tijolos podem ser visto na superfície. Uma boa parte se encontra soterrada pela erosão e outra ainda sustenta a estrutura em largas paredes. Vários, porém, se deslocaram com a ação do tempo. As chuvas e o peso das rochas recalcou o terreno, fazendo-os escorregar ou mesmo criar pequenos empilhamentos.

Basta remover um pouco da terra acumulada para se desvendar uma complexa armação. As pedras, geralmente em formato retangular, variam de 1 a 2 metros de comprimento, de 0,40 a 0,70 metro de espessura por 0,80 a 1 metro de largura. Foram assentadas bem unidas e os vãos – quando existiam – foram completados com pedras menores e fixadas por uma mistura de barro, semelhante a argamassa. Duas faces do monumento estão recobertas pela mata. Nestes locais se encontram centenas de pedras, tendo as raízes das árvores tendo movimentado diversas delas.

Numa tentativa de desvendar maiores detalhes do monumento, uma das faces acabou sendo alvo de escavações sem qualquer critério feitas pelos empregados da fazenda, incluindo a remoção de grandes pedras com o uso de tratores de esteira. A lateral da esquerda ainda não foi mexida. Entretanto, outro aspecto intrigante está nos ecos que podem ser provocados. As batidas de um vergalhão de ferro dentro dos buracos que surgiram é possível ouvir a ressonância.

Provavelmente o efeito do som refletido numa câmara existente no interior da pirâmide. Usando a barra de ferro como instrumento improvisado foi capaz também de se ter uma noção da largura da parede. Provavelmente ela ultrapasse a um metro.

Técnica desconhecida

Entretanto, o intrigante é que essa região era habitada pelos índios Tamoios, que desconheciam a tecnologia empregada no corte de blocos de pedra e sequer tinham a tradição de criar monumentos neste estilo. Segundo moradores do lugar, outras construções semelhantes se encontram numa propriedade vizinha. Essas, porém, estão recobertas pela Mata Atlântica e o acesso é dificultado pela densa vegetação.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O resistente cérebro do esquilo-do-ártico.


Esquilo-do-ártico. Imagem: Despertai!

Quando um animal hibernante começa a dormir, a temperatura de seu corpo diminui. Até que ponto ela cai? Observou-se que a temperatura corporal de 12 esquilos-do-ártico chegou a -2,9° C, o que parece ser um novo recorde! O normal seria o cérebro dele congelasse a essa temperatura. Como o esquilo-do-ártico consegue essa proeza?

Analise o seguinte: A cada duas ou três semanas durante sua hibernação, o esquilo-do-ártico treme para se aquecer e voltar à temperatura de 36,4° C. Daí demora de 12 a 15 horas para a temperatura voltar a cair. Pesquisadores dizem que esse período de aquecimento, embora curto, faz a diferença para que o cérebro sobreviva. Além disso, durante a hibernação, parece que a cabeça do esquilo permanece levemente mais quente do que o resto do corpo. Durante as experiências com aqueles 12 esquilos, foi constatado que a temperatura do pescoço deles nunca caiu abaixo de 0,7° C.

Quando a hibernação acaba, o cérebro do esquilo retoma sua atividade normal em cerca de duas horas. Uma pesquisa chega a sugerir que o desempenho do cérebro é melhor depois da hibernação! Essa incrível recuperação deixa os especialistas perplexos. Eles dizem que é como se o solo de uma floresta devastada por um incêndio começasse a ter nova vegetação depois de poucos dias.

Os pesquisadores esperam que isso nos ajude a entender melhor o potencial do cérebro humano. O objetivo deles é aprender mais sobre como prevenir e até reverter os danos celulares causados por doenças cerebrais, como o mal de Alzheimer.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Efeito Lazaro. Parte III. Hospitais de SP testam método para tratar pacientes que tiveram ataque do coração.


Os procedimentos básicos de desfibrilação com a aplicação de uma corrente elétrica em um paciente, através de um desfibrilador, um equipamento eletrônico cuja função é reverter um quadro de fibrilação. Imagem: HC/SP.

Uma técnica que permite o resfriamento do corpo em até 5ºC  é utilizada em hospitais de São Paulo para diminuir o risco de sequelas em vítimas de paradas cardíacas. A cada dez pacientes tratados com o novo método no Hospital Municipal Doutor Moysés Deutsch, no M'Boi Mirim, na zona sul, pelo menos oito recuperaram totalmente a consciência e tiveram alta. Nos casos em que o procedimento não foi utilizado, de 60% a 90% das vítimas morreram. Dos sobreviventes, 80% tiveram sequelas. O sistema é adotado desde 2008 no local.

A parada cardíaca interrompe repentinamente o bombeamento de sangue, que leva oxigênio para o resto do organismo. O alto número de mortes está relacionado à ausência de oxigênio no cérebro e ao gasto excessivo de energia por parte das células. Os neurônios morrem quando ficam sem oxigênio por mais de três minutos, o que pode provocar danos irreversíveis a atividades cerebrais e motoras do paciente.

Esses sintomas podem ser evitados baixando a temperatura do corpo de 37ºC para 32ºC, o que gera diminuição do metabolismo (conjunto de reações químicas) do cérebro em 30%, segundo o coordenador da UTI do Hospital do M'Boi Mirim, administrado pelo Hospital Albert Einstein, Antonio Cláudio Baruzzi. A redução de 5ºC só pode ser feita depois que o paciente recuperar os batimentos cardíacos.

Bolsas de gelo são colocadas sobre pescoço, axilas e virilha. Soro gelado pode ser aplicado no paciente, diz Baruzzi. 

– É um procedimento barato que pode salvar vidas. Antes dele, vítimas de parada cardíaca morriam ou ficavam em estado vegetativo.
O paciente é mantido sedado e resfriado na UTI por 24 horas. Após uma análise médica, é iniciado o processo de aquecimento, que pode contar com cobertores ou mantas térmicas e leva mais 24 horas.
Gerente médico da UTI do Hospital Sírio-Libanês, Guilherme Schettino lembra que nem toda vítima de parada cardíaca pode ser submetida à hipotermia.
– Usamos apenas quando a pessoa apresenta alguma disfunção neurológica, como diminuição de consciência ou coma.

domingo, 21 de julho de 2013

Efeito Lazaro. Parte II. Resfriamento do cérebro pode permitir ressuscitação após 5 horas depois de um ataque cardíaco.


Membrana que permite o encontro entre o oxigênio e o sangue, oxigenando (saturando) as Hemoglobinas . Imagem: Medicina Intensiva. 

Pacientes podem ser ressuscitados horas após morte, diz médico: Resfriamento do cérebro 'é chave' para evitar decomposição do órgão, que pode voltar à vida até cinco horas após um ataque cardíaco.
Um médico defende que uma pessoa pode ser ressuscitada várias horas depois de seu coração parar de bater. Será que isto pode mudar a forma como encaramos a morte?

Carol Brothers não consegue se lembrar da hora em que "morreu", há três meses.

"Eu sei que era uma sexta-feira, na hora do almoço, porque a gente tinha acabado de voltar do supermercado", conta a britânica de 63 anos. "Mas não me lembro de ter saído do carro".

Já seu marido David tem memórias muito mais claras daquele dia. Ele abriu a porta de casa e viu a mulher caída no chão, ofegante e pálida.
Carol acabara de sofrer uma parada cardíaca. Por sorte, um vizinho conhecia os procedimentos básicos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e rapidamente começou a pressionar seu tórax repetidas vezes na tentativa de reanimá-la.

Os paramédicos chegaram logo em seguida e, em algum momento entre 30 e 45 minutos depois do ataque cardíaco, o coração de Carol voltou a bater.

"Apesar de 45 minutos ser um tempo enorme que levaria muitas pessoas a acreditarem que ela estaria morta, hoje sabemos que há pessoas que voltaram a vida três, quatro, cinco horas após morrerem e depois disso tiveram vidas normais", diz o médico Sam Parnia, diretor de pesquisa sobre ressuscitação na Stony Brook University, em Nova York.

Muitas pessoas consideram uma parada cardíaca como sinônimo de morte, diz ele. Mas muitas vezes não é o fim.

O efeito de Lázaro 

Parnia é autor do livro Lazarus Effect ("O Efeito de Lázaro", em tradução livre, uma alusão à passagem bíblica que relata que Jesus ressuscitou Lázaro quarto dias após sua morte). Ele explica que, depois que o cérebro para de receber oxigênio por meio da circulação sanguínea, não morre imediatamente, mas entra em estado de hibernação, uma forma de se defender do processo de decomposição.

E o "acordar" desse estágio de hibernação pode ser o momento mais crítico de todos, já que o oxigênio pode se tornar tóxico para o cérebro.

O efeito, compara Parnia, é como o de um tsunami após um terremoto, e a melhor resposta é resfriar os pacientes, de 37ºC para 32ºC.

"A razão pela qual a terapia de resfriamento funciona bem é porque desacelera a decomposição do cérebro", diz Parnia.

E foi nesse momento que Carol Brothers teve sorte. Depois que seu coração voltou a bater, ela foi transferida para um helicóptero, onde um médico a resfriou utilizando pacotes de comida congelada que ela havia acabado de comprar.

Depois de dias em coma na UTI, durante os quais exames sugeriam que ela estava com morte cerebral, Carol acordou.

"Ela me disse três palavras", relembra a filha Maxine. "Estou voltando para casa", teria dito Carol, sussurrando.

Deus ou diabo 

Sam Parnia é fascinado por relatos de pacientes que sentiram a morte de perto.

"Pessoas no mundo todo descrevem experiências semelhantes, mas a interpretação do que eles veem depende muito de sua crença", diz ele.

Essas descrições incluem viagens em túneis iluminados, encontros com figuras angelicais, recordações de eventos passados e, em alguns casos, a sensação de se observar a mesa de cirurgia da perspectiva de quem está "fora do corpo".
O médico está atualmente trabalhando com vários hospitais para investigar relatos desse tipo de experiências "fora do corpo". Como parte do estudo, os pesquisadores posicionaram objetos em prateleiras em salas de operação, que só podem ser observados do alto.