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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Bem-vindo ao inferno Guantánamo


Prisioneiros em Guantánamo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Numa base militar no caribe, fica a prisão mais dura do mundo. suspeitos de terrorismo são levados para lá e podem ficar presos para sempre, sem direito a julgamento. Dos 166 detentos, 130 estão fazendo greve de fome. E um deles conta, pela primeira vez, como as coisas são por lá. Conheça a vida no pior lugar da Terra.

Reportagem de Larry Siems, da Slate. Edição e tradução: Bruno Garattoni
Mohamedou Ould Slahi se apresentou voluntariamente à polícia de seu país natal, a Mauritânia, em 20 de novembro de 2001. Foi preso, e uma semana depois, a pedido do governo dos EUA, transferido para a Jordânia. Slahi era acusado de ligações com um atentado frustrado no aeroporto de Los Angeles, em 1999. Por sete meses, foi interrogado pelas autoridades jordanianas, que não acharam nada que o incriminasse. Insatisfeita, a CIA buscou Slahi e o levou até uma base militar americana no Afeganistão.
Em 4 de agosto de 2002, ele foi encapuzado, algemado, drogado e colocado num voo com 30 outros detentos, para uma viagem de 36 horas até a base de Guantánamo, em Cuba, onde está até hoje. Slahi escreveu um livro de 466 páginas contando sua história. Partes dele acabam de ser divulgadas, e você irá ler a seguir. Os trechos cobertos por uma tarja preta foram censurados, antes da liberação do texto, pelo governo dos EUA. As passagens em laranja foram adicionadas pela SUPER para facilitar a compreensão do caso.

O interrogatório

Os gritos dos outros presos me acordaram.
Enquanto os guardas serviam comida, nós nos apresentávamos. Não podíamos ver uns aos outros, mas era possível ouvir as vozes. "Eu sou da Mauritânia." "Eu sou da Palestina." "Síria." "Arábia Saudita."
"Como foi o voo?"
"Eu quase congelei até morrer", gritou um cara. "Eu dormi a viagem toda", respondeu [Techo censurado].
Nós nos chamávamos pelos números de identificação que tínhamos recebido. O meu era 760. Na cela à esquerda estava [Techo censurado], de [Techo censurado]. Na cela à direita, havia um cara de [Techo censurado]. Ele falava mal árabe e dizia que tinha sido capturado em Karachi (Paquistão), onde frequentava a universidade. Nas celas em frente à minha, colocaram dois sudaneses.
O café da manhã foi modesto, um ovo cozido, um pedaço de pão duro e uma outra coisa que não sei o nome. Foi minha primeira refeição quente desde a Jordânia. O chá foi reconfortante.
Eu considerei a chegada a Cuba uma bênção, e disse aos meus irmãos. "Como vocês não estão envolvidos em crimes, não têm o que temer. Eu vou cooperar, porque ninguém vai me torturar." Eu erroneamente acreditava que o pior tinha passado. Eu confiava demais no sistema judicial americano.


Prisioneiros são humilhados e torturados pela "acusação de Terrorismo". Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

"[Techo censurado]", disse um dos soldados enquanto segurava longas correntes nas mãos. A palavra [Techo censurado] é um código, significa que você será levado para um interrogatório. Eu prudentemente obedeci às ordens, e eles me levaram até o interrogador. O nome dele era [Techo censurado], e ele vestia um uniforme do Exército dos EUA. Falava árabe decentemente, com um sotaque de [Techo censurado]. Ele me disse que é de [Techo censurado] e costumava trabalhar como intérprete para os [Techo censurado].
[Techo censurado] era um cara amigável. Ele queria que eu contasse mais uma vez toda a minha história. Quando cheguei à parte sobre (o que tinha passado) na Jordânia, ele disse que sentia muito!
"Esses países não respeitam os direitos humanos. Eles até torturam gente." Me senti confortável por essa crítica a métodos cruéis de interrogatório; significa que os americanos não fariam algo do tipo.

Depois que [Techo censurado] terminou suas perguntas, me mandou de volta (à cela).
Eles obviamente viam o quão doente eu estava. Eu parecia um fantasma (registros oficiais indicam que Slahi, de 1,70 m, pesava apenas 49 quilos ao chegar à base). No meu segundo ou terceiro dia em Guantánamo, eu desmaiei. Os médicos me tiraram da cela. Vomitei tanto que fiquei completamente desidratado. Recebi primeiros socorros e uma sonda intravenosa. Foi terrível, eles devem ter colocado algum remédio ao qual sou alérgico. Minha boca secou, e minha língua ficou tão pesada que eu não conseguia falar para pedir ajuda. Com gestos, pedi aos guardas que tirassem a sonda, e eles tiraram.
Mais tarde, os guardas me levaram de volta à cela. Eu estava tão doente que não conseguia subir na cama. Dormi no chão o resto do mês. O médico me prescreveu Ensure (suplemento nutricional) e um remédio para hipertensão. Quando eu tinha crises de nervo ciático, os guardas me davam Motrin (anti-inflamatório). Embora eu estivesse fisicamente muito fraco, os interrogatórios não pararam.
Nos primeiros meses em Guantánamo, Slahi foi interrogado por agentes do FBI e da Marinha, que utilizavam métodos tradicionais. Mas, em maio de 2003, começou seu "interrogatório especial" - termo que os militares americanos utilizam para se referir ao uso de técnicas mais fortes, que incluem certos tipos de tortura. Slahi foi transferido para a solitária.
A escolta apareceu na minha cela. "Mexa-se."
"Para onde vou?"


Prisioneiros sendo torturados em Guantánamo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

"Não é problema seu", disse com raiva o guarda [Techo censurado]. Mas ele não era muito esperto, pois tinha anotado meu destino em sua luva. [Techo censurado] era (um lugar) reservado para os piores presos da base. Se você fosse transferido para [Techo censurado], muitas pessoas deveriam ter autorizado, talvez (até) o presidente dos EUA. As únicas pessoas que eu conhecia que tinham passado algum tempo em [Techo censurado] eram [Techo censurado] al Kuwaiti e outro detento de [Techo censurado].
Ao chegar ao bloco, a coisa começou. Tiraram todos os meus objetos, exceto por um colchonete e um cobertor muito fino, pequeno e velho. Fui privado dos meus livros. Fui privado do meu Corão. Fui privado do meu sabonete. Fui privado da minha pasta de dentes. Fui privado do rolo de papel higiênico que eu tinha.

E se houvesse guerra civil no Brasil? Rebeldes teriam de atacar pontos de infra-estrutura estratégicos até chegar a Brasília. Nada fácil!


 Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Nem uma nova Constituição, nem a independência de um Estado, tampouco um movimento religioso. O que motivaria um conflito armado no Brasil seria algo não muito criativo em se tratando de guerra: petróleo. Em 2012, a proposta de redistribuição dos royalties da produção da commodity levou 200 mil pessoas a se manifestarem no Rio de Janeiro. O Estado, sozinho, produz 74% do petróleo nacional. Se houver a redistribuição, o Rio diz que perderá R$ 77 bilhões em arrecadação até 2020. 

A discussão é longa, polêmica e ainda tramita no Congresso. Se a coisa ficasse séria e os Estados produtores de petróleo se juntassem contra o resto, teríamos, na verdade, uma guerra entre rebeldes civis e militares. Isso porque dificilmente as Forças Armadas, que respondem à presidente e não aos Estados, se voltariam contra o governo federal menos de 30 anos depois da redemocratização do País. Um novo golpe militar não seria bem visto pela comunidade internacional, haveria represálias. Então, sem o apoio militar, os rebeldes teriam de se virar com táticas de guerrilha e tentar atacar locais estratégicos. Nada impossível, ainda mais se eles angariassem mais aliados descontentes. 

Em 2008, o Movimento dos Atingidos por Barragens invadiu a hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Chegaram à sala de operações e por pouco não deixaram muita gente sem luz. Para evitar ataques assim, surgiu o Projeto Proteger, que deve ter um investimento de R$ 9,6 bilhões do governo. Mas as dificuldades dos rebeldes iriam além. Seria preciso chegar a Brasília. E o Planalto Central não tem uma Sierra Maestra, com as florestas e montanhas estratégicas que ajudaram os cubanos a tomar Havana em 1959, por exemplo. Então, mais uma vez na história, o governo central derrotaria os revoltosos.


Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A infame Unidade Bacteriológica 731 (UB-731)


Complexo da Unidade 731 em Harbin. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial como os amigos Construtores tem observado, temos sido constantemente informados sobre o uso de armas químicas e biológicas por diversas nações ao longo dos anos. O que muitos não sabem é que seu emprego já estava bem à frente do front de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Usados contra civis, mulheres, crianças e idosos sem nenhuma piedade. As armas biológicas adoeciam a população alvo e depois levavas a mais variedades de horríveis mortes.

            Um livro chamado “Unidade Bacteriológica 731”, foi publicado no Japão, depois da Segunda Guerra, por um homem chamado Akiyama Hiroshi, que havia sido membro da unidade. Segundo este livro, havia um grupo de edifícios com cerca de quatro quilômetros de circunferência, e o principal tinha quatro vezes o tamanho do Edifício Marunouchi, no Japão. Havia por volta de 3.000 empregados que criavam dezenas de milhares de ratos. Tinha ainda 4.500 incubadoras, onde criavam quantidades astronômicas de pulgas e produziam 300 quilos de germes de peste bubônica por mês.


Experiência de hipotermia, usando como cobaias prisioneiros chineses sob vigilância de soldados japoneses. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Havia uma prisão onde 400 ou 500 prisioneiros de guerra ou patriotas chineses e antijaponeses esperavam para serem usados nas experiências. Alguns eram chineses, outros soviéticos, ou ainda cidadãos da República da Mongólia. Não se referiam a eles como homens, mas como “lenha”. Pelo menos seiscentos eram torturados até a morte todos os anos, e os experimentos realizados neles eram de uma crueldade indescritível. Alguns eram esfolados vivos; alguns postos em refrigeração para experiências e os ossos de suas mãos continuavam tremendo mesmo depois de a carne estar congelada; outros eram deitados em mesas de operação como sapos, enquanto uma equipe os dissecava; outros eram amarrados a estacas apenas com suas roupas de baixo, enquanto bombas de germes eram explodidas na sua frente; e outros eram bem alimentados e daí infectados com germes, e se isto não os matasse, o experimento era repetido até que morressem.

            Quando estava nessa Unidade 731, o autor ouviu dizer que os germes criados ali eram mais poderosos que qualquer outra arma, e poderiam matar 100 milhões de pessoas, uma cifra da qual o exército japonês se orgulhava.

            Quando o Exército Soviético chegou a Harbin, essa unidade tentou esconder todos os traços dos seus crimes. Os japoneses envenenaram todos os prisioneiros sobreviventes, planejando queimá-los e enterrar as cinzas numa grande cova. Como os executores estavam em pânico, não queimavam os cadáveres completamente nem conseguiram enterrar todos. Puxaram então os cadáveres semi-queimados, separaram a carne dos ossos, queimaram a carne e colocaram os ossos numa máquina pulverizadora. Finalmente, os edifícios principais foram explodidos.

           

Arábia, o refúgio dos deuses gregos.


Antes da ascensão do islamismo, credos politeístas encontraram na Península Arábica um local para continuar existindo, preservadas das grandes religiões que acreditavam em um deus único, como o cristianismo triunfante.

Por volta do século V, os habitantes da região do Mediterrâneo tinham se convertido ao cristianismo. O panteão de deuses da Grécia e de Roma era só lembrança do passado. E, pelo jeito, os velhos deuses estavam mesmo na hora de se aposentar. O historiador Plutarco, sacerdote do templo de Delfos, lamentava-se, no século 2, que Apolo se calara: não respondia mais às consultas oraculares feitas por ele. Até os cultos de deuses "importados", como o da egípcia Ísis e do persa Mitra, estavam em baixa. Em 394, um pequeno grupo de devotos de Ísis fez a última procissão em homenagem à deusa pelas ruas de Roma.

As religiões pagãs tinham sido varridas do mapa? Não. No século V, na Península Arábica, os deuses greco-romanos sobreviviam. Em Failaka (no atual Kuwait), festivais populares eram organizados em devoção ao deus Poseidon (o Netuno dos romanos) e à deusa Artemis (Diana). A deusa Minerva (Al-Lat) tinha adoradores na Arábia, na Síria e na Palestina. "Até o século 4, quase todos os habitantes da Arábia eram politeístas", diz o professor de Oxford Robert G. Hoyland, autor de Arabia and the Arabs - From the Bronze Age to the Coming of Islam ("Arábia e os Árabes - Da Era do Bronze à Vinda do Islã"). "Al-`Uzza (Afrodite) era cultuada no Sinai e na Arábia", diz James E. Montgomery, professor de História Árabe da Universidade de Cambridge, autor de Arabic Theology, Arabic Philosophy: From the Many to the One ("Teologia Árabe, Filosofia Árabe: do Múltiplo ao Uno"). 

Como aconteceu essa assimilação? Bem, não foi só da Grécia e de Roma que os árabes pegaram deuses emprestados. "Hoje se acredita que as divindades árabes eram formas locais, adaptadas, das divindades do mundo antigo do Mediterrâneo", registrou Timothy Winter, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, no ciclo de palestras A Crash Course in Islamic History (Breve Curso de História Islâmica). Os árabes assimilaram os deuses dos povos vizinhos, adaptando-os à sua religião. A deusa Al-Lat, como vimos, era Minerva (nome romano da grega Atena) sob disfarce, mas nem tão disfarçada assim: em Cartago, a mesma deusa usava o nome de Allatu. "Muitas das divindades da Antiguidade ocidental poderiam ser facilmente intercambiáveis", diz a historiadora Mary Beard, autora de Religions of Rome ("Religiões de Roma"). No século 5 a.C., isso já tinha despertado a atenção de Heródoto. Em seu périplo por terras árabes, o historiador observou um pacto entre dois chefes tribais feito em nome de Dionísio (o Baco romano). "Os árabes chamam Dionísio de Orotal", escreveu Heródoto nas Histórias (430 a.C.).

Um caso ilustrativo é fornecido pelas observações do general romano Aelius Gallus. Em 26 a.C. ele foi enviado ao sul da Arábia para costurar acordos comerciais com os reinos da região (chamada de Arabia Felix, "feliz"). Os romanos cobiçavam o incenso e as especiarias. Gallus, em seu diário, não deixou de notar a semelhança entre os deuses locais e o panteão romano. "O nosso Júpiter aqui é Dhu'Shara", espantou-se.

Ídolos na caaba

O panteão árabe era bem pobre em termos de causos mitológicos. A origem da religião, ou religiões, da Arábia pré-islâmica está envolta em um manto de obscuridade. "Nós praticamente não possuímos informações sobre os mitos e narrativas que decodificariam a religião da Arábia pré-islâmica", diz Hoyland. "Muitos autores greco-romanos escreveram tratados sobre a Arábia e as coisas dos árabes, mas infelizmente eles foram perdidos, ou deles só sobraram fragmentos." Os dados completos disponíveis são provenientes da historiografia islâmica, posterior. Tal como os primeiros autores cristãos (Eusébio de Cesareia, Santo Agostinho, Tertuliano), os muçulmanos viram o passado pagão - romano ou árabe - sob o prisma da religião nascente. Reza a lenda (exposta no Livro do Gênesis, na Bíblia), que os árabes descenderiam de Ismael, o filho de Abraão com a concubina Hagar, a serva egípcia de sua esposa, Sara. Quando Sara deu à luz Isaac, obrigou o marido a expulsar a serva e o primogênito. Hagar e o menino erraram pelo deserto, até chegarem ao árido vale de Meca, onde se estabeleceram.

A religião original da Arábia seria estritamente monoteísta, baseada na crença no Deus Uno, ensinada por Abraão a Ismael. Segundo a história islâmica, a Caaba - "A Casa de Deus", prédio de forma cúbica no coração de Meca - teria sido construída por Abraão e Ismael. Na obra O Livro dos Ídolos, do século 9, que trata do politeísmo árabe, é dito que o primeiro descendente de Ismael a adulterar a religião de Abraão foi um certo Al-Harith, guardião da Caaba. Ele retornou a Meca com um ídolo de pedra e pediu sua intercessão junto a Deus. Com o tempo, a presença de Deus tornou-se tênue no imaginário local, e os ídolos, que antes serviam de ponte entre os homens e Deus, usurparam a posição divina. Viraram deuses, no plural. No século 3, segundo Al-Azraqi, autor das Crônicas da Meca Gloriosa, 400 ídolos de pedra haviam sido erigidos ao redor da Caaba, homenagem aos mais diversos deuses da Arábia e dos povos vizinhos. Essa é a versão dos historiadores muçulmanos, que enfatizaram, em suas narrativas, um monoteísmo mítico em Meca. Os vestígios arqueológicos, no resto da Arábia, apontam à anterioridade das religiões politeístas na região.

Ascensão do Islã

Graças à Caaba, Meca teve, antes do Islã, importância na vida religiosa árabe. Era uma espécie de Aparecida, que atraía romeiros à cidade. Os líderes de Meca davam boas-vindas a todas as divindades e religiões. A cidade funcionava como uma espécie de ONU multicultural do paganismo antigo. Cada tribo tinha o seu próprio santuário ali. Ao contrário da imponente estatuária romana, os ídolos árabes eram bem modestos. A estátua de Al-Lat em seu templo oficial, em Ta'if, era fruto da reforma de uma panela de pedra, utilizada por um judeu para cozinhar mingau. "Muitas vezes, os ídolos eram somente uma pedra polida", diz Ibn Al-Kalbi.

A vida religiosa não estava restrita a Meca. Cada cidade tinha seu deus. Em Hegra, no norte, os habitantes diziam-se "filhos de Manat", que os gregos chamavam de Tyché - a Fortuna dos romanos. Em Mleiha, nos atuais Emirados Árabes, o deus popular era Kahl. Em Palmira, na Síria, o culto era à deusa Bel. Os templos religiosos pré-islâmicos não diferiam, em sua arquitetura simples, da casa de um árabe afluente da época, em cuja sala de estar erigia-se um pequeno altar dedicado ao deus, ou deuses, da predileção do proprietário. Leite, vinho, cereais, carne de camelo e de ovelha eram depositados diante do altar. Junto à Caaba, em Meca, costumava-se sacrificar camelos. "Os árabes possuíam deidades auxiliares, chamadas mundhat, que cuidavam da proteção dos vilarejos, das casas e até das pessoas individualmente", diz Hoyland. Esses entes sobrenaturais não seriam muito diferentes do que hoje se chamam "anjos".

Na época do surgimento do Islã, no século 7, há indícios de declínio econômico na Península Arábica. O comércio de incenso, vindo do Iêmen, sofreu um baque com a concorrência marítima dos romanos, pelo Mar Vermelho, estabelecida após a missão do general Gallus (que foi na verdade uma rasteira nos mercadores árabes). Um segundo golpe, ainda mais duro, foi sentido com a ascensão do cristianismo, que praticamente aboliu, no Mediterrâneo, o uso religioso do produto, associado ao paganismo. Na época de Mao-mé, o sul da Arábia era uma pálida imagem do passado. Meca tinha uma economia pequena.

O advento do Islã representou o fim do paganismo. Na história do apostolado de Maomé (por volta de 609 a 632 d.C.), os senhores políticos de Meca tentaram dissuadi-lo de sua missão religiosa. Em 622, em reunião na Câmara do Conselho da cidade, chefes de diversos clãs decidiram assassiná-lo. Para sacramentar a decisão, fizeram um banquete, sacrificando animais num altar a Al-`Uzza. O atentado falhou, motivando a Hégira, o êxodo de Maomé a Medina, que marca o início do calendário islâmico.

Em 630, o exército comandado pelo Profeta conquistou Meca. Os ídolos em volta da Caaba foram queimados. Maomé enviou missões militares para demolir os principais templos da península, como o de Al-`Uzza em Nakhla. Lá, o general Khalid bin Walid, um brilhante estrategista militar, conhecido como a "Espada do Islã", não se contentou em destruir o templo. Segundo Waqidi, cronista das campanhas militares dos primórdios do Islã, Khalid viu surgir dos escombros uma mulher nua. Os fios da sua cabeleira, de tão longos, iam quase até o chão. Ela fitou o general, impávida, imóvel, majestosa. Khalid diz ter sentido um calafrio à sua visão. Era a sacerdotisa de Al-`Uzza. "Nós negamos a ti, e não à veneração!", gritou ele. A cavalo, avançou em disparada contra ela, sacou a espada e a decapitou. Era o fim dramático da última representante de Afrodite na Arábia. Nem os deuses duram para sempre.

Divino trio

Na história da Arábia pré-islâmica, três deusas estiveram no centro da devoção popular: Manat, Al-Lat e Al-`Uzza. Segundo o antigo historiador Ibn Al-Kalbi, elas seriam as divindades mais antigas da região. Manat representava a sábia anciã, e seria uma adaptação da deusa grega Tyché (Fortuna para os romanos). Al-Lat, figura materna, uma versão local de Atena (Minerva em Roma). E Al-`Uzza, a adolescente, um sincretismo com a deusa Afrodite (Vênus).

domingo, 13 de outubro de 2013

Soldados brasileiros aliados aos norte-americanos invadiram à República Dominicana em 1965 temendo a ascensão e uma ditatura comunista.


Durante a ditadura, país invadiu República Dominicana em 1965, junto com forças norte-americanas, para evitar a volta de esquerdista ao poder.

O golpe militar ainda não havia completado um ano em 23 de maio de 1965. Os militares brasileiros, que contaram com apoio e financiamento norte-americano, tinham a primeira oportunidade de devolver o favor. Sob a presidência do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o Brasil enviou cerca de 1,3 mil militares para participar, ao lado de tropas dos EUA e de outros países, da invasão da República Dominicana, um pequeno país caribenho que divide a Ilha de Santo Domingo com o miserável Haiti e que em sua história foi governado por um dos mais sórdidos ditadores latino-americanos, Rafael Trujillo. Havia o temor de que o país se transformasse em "uma nova Cuba". A República Dominicana, onde fica a capital mais antiga da América, Santo Domingo, é vizinha da ilha dos irmãos Castro. Além do Brasil, participaram da invasão, cujo objetivo oficial era "manter a ordem e proteger os estrangeiros", outras ditaduras, o Paraguai (sob Alfredo Stroessner) e a Nicarágua (sob Anastácio Somoza), secundadas por soldados hondurenhos e policiais costa-riquenhos.

A invasão foi uma grande inflexão na Política Externa Independente (PEI), que havia caracterizado a diplomacia brasileira nos governos civis de João Goulart e Jânio Quadros. Saía de cena o reforço ao diálogo Sul-Sul com os países mais pobres e a independência em relação às grandes potências, EUA e União Soviética, e entrava o alinhamento automático aos norte-americanos, vistos como líderes na defesa da civilização ocidental contra o comunismo. A intervenção deixou o Brasil com a péssima fama de nação subserviente, subimperialista e "gendarme" dos EUA.

"O Brasil esperava conseguir ganhos com essa política, que não se confirmaram", diz o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Tullo Vigevani. O jornalista José Maria Mayrink, que esteve em Santo Domingo um ano após o ataque militar como repórter do Jornal do Brasil, chegou a ver muros pichados com a frase "brasileiros, go home", na reedição da sentença sempre atribuída aos "ianques norte-americanos" em suas intervenções em países latino-americanos.

A ditadura brasileira recém-instalada, ainda sem o domínio da linha-dura, que viria a partir de 1968 com o Ato Institucional número 5 (o famigerado AI-5), esperava ter dos Estados Unidos o reconhecimento do Brasil como líder inconteste na América do Sul, além de vantagens comerciais e investimentos em suas Forças Armadas. Isso não ocorreu. Os generais brasileiros Hugo Panasco Alvim e Álvaro da Silva Braga foram escolhidos, em uma concessão especial dos EUA, como os comandantes nominais das tropas, que incluíam 21 mil marines. Mas o general Bruce Palmer Jr., vice-comandante do destacamento, respondeu em uma entrevista à imprensa de seu país que no caso de receber uma ordem do superior brasileiro ou de Washington não hesitaria em seguir a determinação norte-americana.

A declaração de Palmer gerou um grande mal-estar nas tropas da Força Interamericana de Paz (FIP), nome oficial do exército multinacional que atuou sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA). O então embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon - personagem importante na preparação do golpe de 1964 -, apressou-se a negar a informação. O chefe da sucursal da agência de notícias Associated Press no Rio de Janeiro, Frank Butto, confirmou a declaração do oficial norte-americano depois de se comunicar com a matriz, em Nova York, contrariando o embaixador, que então preferiu se calar. O saldo da intervenção que durou 16 meses, depois de vários combates com grupos dominicanos de esquerda, liderados pelo coronel Francisco Caamaño, defensor da volta do presidente deposto Juan Bosch (veja quadro ao lado): quatro militares brasileiros mortos e seis feridos. Entre os norte-americanos, 44 foram mortos e 200 ficaram feridos, tal como cinco paraguaios. Estima-se em 1,7 mil os civis dominicanos mortos.

Big stick

Os soldados latino-americanos eram comandados pelo coronel Carlos Meira Matos, um dos principais ideó-logos do regime militar. O episódio foi o batismo de fogo da Faibras - Força Interamericana do Brasil, que atualmente exerce suas funções no Haiti, o vizinho da República Dominicana. Hoje, no entanto, trata-se de uma delegação da Organização das Nações Unidas (ONU), de caráter pacífico, ao contrário da dos anos 1960, que recebeu críticas de vários países. Imediatamente após a determinação da OEA de que se formasse a força multinacional, o governo uruguaio foi o primeiro a denunciar o que chamou de "uma forma de intervenção armada em um país soberano". Para seu chanceler, Luiz Zaglio, a ação lembrava o período do big stick (grande porrete). A expressão foi criada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, para falar dos vizinhos latino-americanos, nos anos 20: "Fale macio, carregue um grande porrete e você irá longe".

Chile, Peru, México, Venezuela e Argentina (para ficar apenas nos paí-ses latino-americanos) se mostraram contrários à intervenção na política interna dominicana. Até mesmo a própria OEA, em seu estatuto, condenava a prática de invadir países para impor políticas de terceiros, de acordo com o artigo 15 da Carta da entidade: "Nenhum Estado ou grupo de Estados têm o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro".

Em 15 de junho de 1965, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que, no dia anterior, os soldados brasileiros haviam trocado tiros com forças de Francisco Caamaño, os constitucionalistas, como eram conhecidos. O incidente, sem feridos de parte a parte, não teve repercussões, segundo a OEA, e foi qualificado como "violação da cessação de fogo" na linha que as tropas mantinham na Avenida Pasteur, que dividia o setor constitucionalista da zona internacional de segurança, mantida por tropas brasileiras. "Os soldados comuns, os recrutas, eram menosprezados pela população dominicana, e morriam de medo de uma situação de risco real, ao contrário dos fuzileiros navais, esses sim profissionais", afirma o jornalista Mayrink.

O repórter acabou encarregado, depois de voltar da República Dominicana, de avisar à família do cabo brasileiro José Elias Bastos, que vivia no Rio de Janeiro, da morte do rapaz. "Acabei dando a notícia antes do Exército, que enviou um telegrama", afirma Mayrink. "Quando cheguei à casa dele e comecei a perguntar, a família logo desconfiou que havia ocorrido algo grave com o parente." Em sua reportagem sobre a intervenção, o jornalista contou um episódio no qual um soldado brasileiro foi ferido a tiros por jovens de motocicleta, mas sobreviveu. Entrevistado por ele, um motorista de táxi resumiu a relação da população com os brasileiros. "Os dominicanos gostam dos brasileiros porque eles se definem. Eles sorriem para nós quando sorrimos para eles e dão tiros quando damos tiros. Os norte-americanos são mais frios e não reagem, mas depois vêm com tudo em cima da gente", afirmou o motorista.

A vice-cônsul da República Dominicana em São Paulo, Francia Martinez, afirma que todos os soldados estrangeiros, tidos como invasores, eram odiados. "Não tínhamos como diferenciar brasileiros de norte-americanos. Eles usavam fardas iguais", diz ela, que era estudante na Universidade Autônoma de Santo Domingo, um dos focos de revolta. "Perdi muitos amigos. Era um tempo muito difícil, mas todos os jovens levantaram-se contra a ocupação, assim como haviam feito contra a ditadura de Trujillo". Rafael Trujillo, que governou o país com mão de ferro entre 1930 e 1961, foi morto, e em seu lugar assumiu Juan Bosch, um professor com ideais de esquerda, que ficou sete meses no cargo, até ser derrubado por militares, no episódio que levou à intervenção.

Uma longa disputa

Depois do assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo, em 1961, o fundador do Partido Revolucionário Dominicano, Juan Bosch, foi eleito presidente. Ao assumir, em fevereiro de 1963, Bosch iniciou um programa de distribuição de terras e nacionalização de empresas estrangeiras. Sete meses depois, foi derrubado por um golpe de estado liderado pelo general Elias Wessin, líder de um grupo de extrema-direita. Em 24 de abril de 1965, um grupo de militares de esquerda sob a liderança do coronel Francisco Caamaño, que adotou o nome de "constitucionalistas" e defendia a volta de Bosch ao poder, se insurgiu contra o governo, que foi derrubado. Instado por líderes políticos e militares, entre os quais Wessin, Washington preparou uma intervenção na crise dominicana.

sábado, 12 de outubro de 2013

Preservar a nossa história através da monitorização da qualidade do ar

Sarcófago egípcio. Imagem: Photos.com,  Thinkstock.

Atualmente nossos amigos Construtores e visitantes tem tido a oportunidade de conhecer mais sobre a nossa História, a História da Humanidade através desse humilde trabalho, mas que possuí grandes objetivos com a minimização do “Analfabetismo histórico”. Sendo um de seus maiores objetivos presar pelo valor humano de modo a respeitar cada individuo e suas características únicas como oportunidades de desenvolver um estudo histórico baseados em fatos e discutido de forma clara e objetiva. Sem estabelecer barreiras intelectuais que limitem a compreensão dos temas abordados somente a uma pequena parcela da sociedade. Primeiramente para podermos aprender com a história, devemos preservá-la. Uma das melhores maneiras de fazer isso é ter certeza de que os artefatos são mantidos em um ambiente protegido.

Temperatura e umidade são rotineiramente monitorados e controlados em museus, arquivos e depósitos para proteger artefatos de deterioração. No entanto, a corrosão é acelerada dramaticamente por poluentes do ar, que muitas vezes não são monitorados adequadamente.

O objetivo do projeto MUSECRR financiado pela UE foi desenvolver métodos eletrônicos para a medição contínua do ar induz por corrosão, Esses AirCorr Registradores de corrosão , como são conhecidos , permitem o monitoramento simples , em tempo real e confiável de diversos metais e ligas.

Os parceiros do projeto desenvolveram Registradores AirCorr com quatro partes principais: um registrador eletrônico , um sensor de metal , uma interface de comunicação e um programa de software amigável para interpretação das medidas.

De MUSECORR (Proteção do patrimônio cultural através do monitoramento de corrosão em tempo real). Sistema de monitoramento AirCorr tem proporcionado muitas grandes vantagens. Tempo de resposta rápida, de alta precisão, tamanho pequeno e uma ampla gama de sensores tornam-no incrivelmente eficiente. Sua longa vida útil e software também o tornam uma ferramenta ideal, para a preservação do patrimônio cultural, quartos limpos, a proteção da eletrônica, transporte e armazenamento, engenharia civil, detecção de poluição e de pesquisa corrosão.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Thonis-Heracleion: Tesouros surpreendentes da Atlântida Perdida do Egito há 1.300 anos agora são revelados.


Estela ordenada por Nectanebo I encontrada em Thonis-Heracleion sendo tirada do fundo do Mediterrâneo. Imagem: http://seriouslyforreal.com

Arqueólogos redescobriram uma cidade egípcia envolta em mitos, engolida pelo Mar Mediterrâneo e enterrada na areia e na lama por mais de 1.200 anos. Conhecida como Heracleion para os antigos gregos e Thonis para os antigos egípcios, a cidade foi encontrada em 2000 pelo arqueólogo subaquático francês Franck Goddio e sua equipe do Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática, depois de um levantamento geofísico de quatro anos.

As ruínas da cidade perdida estavam 9,4 metros abaixo da superfície do Mar Mediterrâneo, em Aboukir Bay, perto de Alexandria. Vários artefatos surpreendentemente bem preservados foram recuperados, e contam um pouco da história do povo que lá viveu.


Esta estela foi ordenada pelo faraó Nectanebo I, que viveu entre 378 e 362 aC. É quase idêntica à estela de Náucratis, que fica no Museu Egípcio do Cairo. Imagem: http://seriouslyforreal.com

Porto da era clássica

Durante a escavação de 13 anos de Thonis-Heracleion, emocionantes descobertas arqueológicas ajudaram a descrever uma cidade antiga que não era apenas um centro comercial internacional vital, mas, possivelmente, um importante centro religioso.
A pesquisa sugere que Thonis-Heracleion serviu como uma porta de entrada obrigatória para o comércio entre o Mediterrâneo e o Nilo.


Uma das descobertas mais importantes na área do templo foi esta capela monolítica, pois serviu como uma chave para identificar o resto da cidade. Imagem: http://seriouslyforreal.com

Até o momento, 64 naufrágios e mais de 700 âncoras foram descobertos a partir da lama da baía. Outros achados incluem moedas de ouro, pesos de Atenas (que nunca foram encontrados em um site egípcio) e tábuas gigantes inscritas em egípcio e grego antigos. Os pesquisadores pensam que esses artefatos apontam a proeminência da cidade como um centro de comércio movimentado.

Também foi analisada uma variedade de artefatos religiosos na cidade submersa, incluindo esculturas de pedra de cerca de 5 metros de altura, que provavelmente adornaram o templo central da cidade, e sarcófagos de pedra calcária que se acredita terem contido animais mumificados.

Especialistas se maravilharam com a diversidade de objetos localizados e com o quão bem eles estavam preservados. “A evidência arqueológica é simplesmente impressionante”, disse Sir Barry Cunliffe, arqueólogo da Universidade de Oxford (Reino Unido).


A deusa Ísis era adorada como mãe e esposa, bem como patrona da natureza e da magia. Imagem: http://seriouslyforreal.com

Apesar de toda a excitação sobre a escavação, um mistério sobre Thonis-Heracleion permanece em grande parte sem solução: por que exatamente a cidade afundou?

A equipe de Goddio sugere que o peso de grandes construções em uma região de barro e solo de areia pode ter feito a cidade afundar após um terremoto. Segundo Goddio, pode levar mais 200 anos antes de os cientistas descobrirem todos os segredos da cidade perdida.

Acompanhe mais fotos da descoberta de Thonis-Heracleion.


Os pesquisadores descobriram uma estátua de 5,4 m que representa o deus Hapi, que era o deus das inundações do Nilo e um símbolo da fertilidade e da abundância. A estátua decorava o templo de Heracleion. Imagem:  http://seriouslyforreal.com/ 


Artefatos descobertos colocam em xeque a questão da diáspora africana.


Os artefatos de pedra encontrados em Omã provavelmente foram feitas por blocos lascados de sílex, com formas triangulares distintas. Esta é a primeira vez que esta tecnologia de ferramentas de pedra especial foi encontrada fora da África. Imagem/Créditos: Yamandu Hilbert.

Existe quase um consenso, entre os arqueólogos, de que o Homo sapiens surgiu na África, entre 200 mil e 100 mil anos atrás. Existe quase um consenso, entre os arqueólogos, de que o Homo sapiens surgiu na África, entre 200 mil e 100 mil anos atrás. A maioria dos cientistas aceita que o início da diáspora foi pela costa do continente, local por aonde chegariam até a península arábica. Mas uma série de descobertas arqueológicas pode redefinir essa visão.

Pesquisadores da Universidade de Birmingham (Inglaterra) descobriram artefatos de pedra em mais de cem sítios arqueológicos no Omã, país localizado a sudeste da Arábia Saudita. Estes objetos, segundo estimativas, datam de pelo menos 100 mil anos atrás, período no qual não deveria haver (segundo as teorias que prevalecem hoje) nenhum agrupamento humano fixo longe do litoral.

Essa descoberta muda a ideia de como os primitivos africanos teriam saído do continente pela primeira vez. Com essa descoberta, admite-se que talvez eles tenham migrado pelas quentes e áridas regiões do interior do norte africano e da península arábica, e não pelas áreas mais amenas da costa. Eles explicam que essa teoria sempre foi mais aceita por ser mais lógica, mas não há reais evidências arqueológicas disso.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

É oficialmente confirmada pela CIA a existência da Área 51.


Mapa da Área 51. Imagem: Popsci.  

Durante muito tempo, o governo americano negou a existência de uma base chamada Área 51 — um advogado da Força Aérea chegou a dizer a um juiz federal, em 1995, que “não há nome para a operação próxima a Groom Lake”.

Isto acabou recentemente. A CIA, agência de inteligência dos EUA, atendendo a uma solicitação amparada pelo FOIA, Freedom of Information Act (“Ato de Liberdade de Informação”) americano, tornou público um documento de cerca de 400 páginas sobre a Área 51. Agora, a base – que ostenta placas afirmando que “O Uso de Força Letal é Autorizado” contra invasores – está oficialmente no mapa.



Esta é uma imagem de satélite da Área 51, no Sul de Nevada, um destacamento remoto da Base da Força Aérea de Edwards, fotos coletadas em 26 de fevereiro de 2013. Imagem: Washington Post.

O documento também cita a finalidade da Área 51: ela era base do avião espião U-2. Alguns dos objetivos das missões dos U-2, como o sobrevoo da China nos anos 1962 a 1975 para auxiliar a Índia, também são citados nos relatórios. Como não havia satélites espiões na década de 1950 e início da década de 1960, as missões de sobrevoo eram comuns, mas precisavam ser mantidas em segredo.


 Os U-2 Spyplanes. A esquerda o original U-2, com uma envergadura de 80 metros, e à direita o U-2R com uma envergadura de 103 pés. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.


Revolta com a mecanização tem nova interpretação


Desenho publicado em 1812 mostrando trabalhadores comandados pelo lendário General Ned Ludd destruindo uma tecelagem. Imagem: Britsh Museum.  

A preocupação com a dominação das máquinas não é de hoje. Nos tempos de escola, aprendemos que o movimento ludista foi um movimento operário contrário à mecanização do trabalho que estava acabando com os trabalhos de muitos operários. Por isso, os ludistas invadiram fábricas e destruíram máquinas. E dois dos incidentes mais notórios aconteceram há exatos 200 anos, quando 150 rebeldes invadiram o Moinho de Rawfold e assassinaram o proprietário local, William Horsfall, perto do condado de York, Inglaterra.

Para historiadores de todo o mundo, a revolta foi divisora de águas, na qual a classe trabalhadora se fez presente e fez as outras classes sentirem sua força política pela primeira vez. Isso acabou levando a posteriores reformas, como a criação dos sindicatos, por exemplo.

Contudo, uma recente pesquisa de Richard Jones sugere que não foi bem assim. Segundo ele, o ludismo é celebrado pelos motivos errados. Ele defende que o movimento não representava as verdadeiras preocupações das classes operárias, mas somente as preocupações de profissionais mais privilegiados, que tinham interesses locais.
Na indústria têxtil, investigada pelo estudo, por exemplo, de um milhão de empregados, os aderentes ao movimento nunca passaram 12 mil.

“Para os historiadores, o ludismo é encarado como um fenômeno social histórico”, explica Jones. “Os ludistas eram vistos como trabalhadores que se faziam ouvir, mas esses não eram os grandes grupos de trabalhadores, mas sim os mais intelectualizados desses grupos.”

O foco de Jones recaiu sobre o condado de York, aonde ele examinou testemunhos orais, documentos legais, papéis do parlamento e relatórios. De acordo com ele, os grupos envolvidos nas quebras das maquinarias sempre variavam de 4 a 10 pessoas, e a rebelião não se tornou um movimento nacional, pois era diferente de lugar para lugar. Em Nottinghamshire, por exemplo, não havia violência. Os trabalhadores só removiam as engrenagens. Mas, em Lancashire, pelo contrário, houve ondas de movimentos radicais, que levou a greves maduras e bem organizadas.