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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A HISTÓRIA DO JOGO DE XADREZ.

Jogo apontado em geral como o mais intelectual dos praticados no mundo. Em seus movimentos, lembra a figuração de táticas militares, e o objetivo único é a “morte do rei, através de uma jogada que se generalizou para representar imposições indefensáveis: o xeque-mate, do persa shah mat (“rei morto”).

O xadrez é de origem muito antiga, que se atribui tanto ao Rei Salomão como aos sábios mandarins contemporâneos de Confúcio. Foi através da Pérsia que chegou à Europa, espalhando-se então por todo o mundo e adquirindo organização internacional, que se encontra sob direção superior da Fédération Internationale des Échecs, com sede em Estocolmo, na Suécia.

No Brasil, o xadrez existe desde 1808, quando D. João VI ofereceu à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, um exemplar do primeiro trabalho impresso sobre a matéria, de autoria de Lucena. Data de 1880 a realização do primeiro torneio oficial. No âmbito nacional, esse jogo é orientado pela Confederação Brasileira de xadrez, que congrega as federações dos clubes estaduais. Na capital do Estado de São Paulo, o xadrez está oficializado como ensino desde 1960, mediante decreto que instituiu no curso municipal as séries funcionais de administrador, instrutor e secretário-bibliotecario.

Você quer saber mais?

Benton, Hemingway Helen. Encyclopaedia Britannica Editores Ltda, Rio de Janeiro, 1975.

Fédération Internationale des Échecs

http://www.fide.com/

Confederação Brasileira de xadrez

http://www.cbx.org.br/

A AÇÃO MULTIFORME DAS TREVAS

O espírito do mal não declara abertamente o que pretende destruir. Finge-se moralista, fala a linguagem do pansexualismo freudiano, pregando a libertação dó indivíduo dos recalques que diz perniciosos à saúde. Finge-se salvador das classes oprimidas nas quais destila o ódio, que nada constrói. Diz-se até defensor da religião, por cuja liberdade afirma bater-se e assim consegue de muitos perigosa complacência. Anuncia-se o grande libertador: liberta os filhos do respeito aos pais e os pais das obrigações perante os filhos; os cônjuges da fidelidade recíproca e dos laços do matrimônio; os ricos do dever de acudir aos pobres; e todos e cada um do amor do próximo e de Deus. É ele, o eterno rebelado, que entra nas vossas casas, sob a forma dos livros da literatura corrente — a brochura divulgadora da ciência barata, o romance a esvurmar misérias subjetivas contagiosas, a poesia dissimulando na decomposição expressional um subromantismo corruptor, o ensaio crítico, sociológico ou político, deitando o fumo da confusão, as revistas ilustradas exaltando o nudismo das estrelas de cinema e a exibição da alta sociedade a acender nas cabecinhas oxigenadas ou platinadas uma sede de luxo entontecedora.

É ele quem pontifica nos teatros, utilizando-se da técnica mais eficaz para impressionar o subconsciente com a sugestão de quadros e atitudes deletérios de que se vestem as teses de rótulo meritório; é ele quem prepara certos trechos de filmes cinematográficos de requintado realismo sincronizado contra o qual os espíritos mais fortes dificilmente conseguem reagir; é ele quem desenvolve o conceito da moral utilitária, baseada no falso direito da satisfação dos apetites individuais; é ele quem se erige em advogado dos direitos da mulher, pretendendo torná-la competidora ridícula do homem no exercício de atividades inadequadas, inspirando-lhe repúdio à proteção paterna ou conjugai, a fim de colocá-la, pelas condições fisiológicas que estruturam os peculiares instrumentos da sua sensibilidade, numa posição indefesa que a conduz à queda fácil, à degradação do espírito e do corpo e à escravização deprimente cujo epílogo é a disponibilidade compulsória e o desprezo geral quando soar o fim da mocidade e dos encantos físicos.

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Salgado, Plínio. Primeiro Cristo, Editora Voz do Oeste/MEC, São Paulo, 1979.

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sábado, 29 de janeiro de 2011

Misericórdia quero, e não sacrifício.

Jesus, um exemplo de bom pastor!

"Eu sou o bom pastor; o bom pastor da a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e os lobos as arrebata e dispersa." Jo 10:11-12

Quando pensamos em religiões, pensamos em algo que venha nos aproximar de Deus, em algo que nos aproxime de uma espiritualidade perdida no interior de nossas almas. Mas, muitas vezes ao invés disso encontramos questões de interesse puramente financeiros e capitalistas. Atualmente diversas igrejas auto denominadas cristãs tem se aplicado arduamente em técnicas que visam seu crescimento por meio da aquisição de bens financeiros de seus membros.

Algumas igrejas usam trechos bíblicos sem contexto e levam seus membros a doarem grandes partes de seus salários, para suas instituições financeiras (na minha humilde opinião não há condição de serem chamadas igrejas, pois se aproximam muito mais de bancos) .Seus membros chegam ao ponto de doarem suas propriedades, como casas, sítios e veículos. Só que a questão mais relevante é a mesma que ocorre nos grandes bancos, quem as/os mantém são as pessoas que menos bens possuem, que chegam a deixar de pagar suas contas pessoais para doarem para estas instituições financeiras que se auto denominam igrejas. Muitos fiéis tem sua luz, telefone e água cortadas para sacrificarem para a instituição financeira que diz ser uma igreja.

Como em qualquer lugar de atuação humana, nessas igrejas existe uma ”elite” de membros que vão até as emissoras de televisão mostrar suas “bênçãos” adquiridas pelo sacrifício, mas na verdade não passam de histórias sem contexto. Quando estudei vários casos constatei que eram em sua grande maioria empresários que já possuíam toda uma estrutura de vida financeira, empresarial e social em meio à elite política, industrial ou comercial de suas cidades.

Estes membros que são as “elites” nas igrejas financeiras doam também valores volumosos para a igreja, mas por serem poucas pessoas dessa "elite", suas doações não chegam nem perto dos valores doados pelas massas de fieis pobres.

Não estou afirmando que os membros das igrejas cristãs não devem AJUDAR a manter os ministérios, mas estou afirmando que existe uma diferença entre doação e EXPLORAÇÃO.

Jesus, um exemplo de misericórdia!

"E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar, assustaram-se dissendo: é um fantasma. E gritaram, com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu; não temais. E respondeu-lhe Pedro e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, decendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentido o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento." Mt 14:26-32

O Novo Testamento é repleto de citações que afirmam que os cristãos devem ajudar-se mutuamente, mas não é o que ocorre nas igrejas financeiras, onde a Igreja fica com todas as ofertas, votos e sacrifícios e direcionam esse dinheiro para construir templos suntuosos para receber a “elite” dos membros e com o objetivo de atrair mais pessoas influentes da sociedade e para tanto justificam aos membros pobres que os belos templos são para seu conforto!

Um dos pontos que acho mais interesse diz respeito a quem tem que arcar com a ajuda social não é a instituição Igreja, mas sim os trabalhadores da obra que nada mais são do que membros com função nos ministérios. Eles sim tiram de seus bolsos dinheiros para ajudar outros membros com passagem de ônibus, rancho e tudo mais, pois são a linha de frente da igreja. Os trabalhadores da obra não recebem ajuda de custo nenhuma por parte da igreja financeira, pelo contrario além de serem membros participarem dos sacrifícios, ofertas e votos, são eles que trabalham na obra da igreja financeira e por isso ajudam o povo necessitado com seus próprios salários que são ganhos vindos de seus empregos honestos.

Obs. Não estou citando nenhuma igreja em particular, estou falando sobre uma postura dentro das igrejas.

Não rejeito a necessidade de oferta e dízimos, mas afirmo que existe diferença entre doação e exploração.

Digo que os cristãos devem ajudar-se mutuamente e pensar menos em enriquecer instituições financeiras que se auto intitulam igrejas.

Não estou afirmando que dentro das igrejas que dão ênfase na questão financeira não existem sacerdotes fieis, honestos, homens aplicados à obra da qual foram incumbidos e com humildade e respeito a liderança levam seu trabalho com sinceridade.

Estou afirmando que os problema esta nos altos escalões das igrejas financeiras!

"Ide, porém, e prendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento." Mt 9:13

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Oswaldo Tagliavini e sua máquina de fazer idéias.

Oswaldo Tagliavini nasceu em 25 de outubro de 1918, em Matão, interior de São Paulo. Filho mais novo dos imigrantes italianos Virgilio Odorico Angelo Tagliavini (1869-1951) e de Adele Rossi (1869-1948). Em 21 de agosto de 1934, foi fundado o Núcleo Integralista de Matão, Oswaldo Tagliavini, por sua, vez prestou juramento no mesmo dia. “Eram umas vinte pessoas que iniciavam a marcha gloriosa do integralismo em Matão”.

Mais tarde ele mesmo afirmava: “(...) abraçava de corpo e alma o ideal integralista, jurando trabalhar sem descanso por Deus, pela Pátria, e pela Família, podia dar expansão ao meu entusiasmo jovem, sacrificando mesmo meu futuro.”

Entretanto, Oswaldo Tagliavini foi um entusiasta ferrenho do ideário italiano, até abandonar suas simpatias fascistas, em prol do integralismo. Infelizmente a filosofia política de Mussolini era falha, e não poderia mesmo subsistir. Era a política de Estado acima do Homem e muitas vezes contra o Homem, ao invés de ser o Estado ao Serviço do Homem, como o Integralismo de Plínio Salgado sempre preconizou. Ele afirma que sua vida foi transformada apartir do dia em que começou a ler os documentos doutrinários integralistas, afastando-se cada vez mais daquilo que dantes o atraíra, e criando em seu coração uma mística completamente diferente daquela que o cosmopolismo havia criado em seu espírito.

“Estou escrevendo o mesmo que milhares e milhares de filhos de italianos e alemães poderiam repetir desmentindo historiadores, sociólogos, jornalistas e até teólogos, ignorantes desses fatos reais ou que usaram e ainda usam sua inteligência, para caluniarem e deturparem um movimento cívico-cultura (Ação Integralista Brasileira) que poderá ser apresentado como o maior e mais serio das três Américas.”

Pois como afirma Plínio Salgado em carta datada de 10 de dezembro de 1934, dirigida aos integralistas da cidade de Jaboticabal aonde houve a formatura de 1.300 milicianos em 8 de dezembro de 1934 da qual havia ele sido convidado para ser paraninfo. Nela Plínio Salgado explica sua ausência: “(...) É justamente porque o nosso movimento difere do italiano e do alemão que devemos libertar-nos definitivamente da adoração dos homens, que é ainda um remanescente de uma época morta. A humanidade Nova abandonará os últimos prejuízos das idolatrias. A idolatria da Massa, na Rússia, como a idolatria do Homem, na Alemanha ou na Itália, como a idolatria do voto, nas liberais-democracias, são todos resíduos de um século morto. Nos somos os primeiros homens do século XX, já vos afirmei. Não me envelheçais, focalizando a minha personalidade.”

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Ferreira, Marcos. O Integralismo na Cidade de Matão: Oswaldo Tagliavini e sua máquina de fazer ideias, Rio de Janeiro, 2007.

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Leia mais sobre o Ação Integralista Brasileira

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sem espaço, direita brasileira busca identidade.

Um nacionalista jamais esquece de seus heróis

Karla Correia

Os vinte anos de ditadura militar e os reflexos do período na sociedade brasileira, somados a uma seqüência de governos auto-intitulados "de esquerda" - em especial os dois mandatos consecutivos de Luiz Inácio Lula da Silva, marcados pela alta popularidade do chefe de governo e pela bandeira dos programas sociais - provocaram um radical encolhimento no espaço ocupado pela direita no espectro partidário do País.

Nos Estados Unidos pós-11 de setembro e na União Européia o conservadorismo voltou ao poder, duas décadas depois do emblemático ano de 1968, auge da resistência ao regime militar, em nível nacional, e dos protestos ligados a movimentos de esquerda, em todo o mundo. No Brasil, esse mesmo pensamento murchou. E empobreceu o debate político. Ao menos no que diz respeito à representação partidária, à sua presença dentro do Congresso. "De repente, ninguém é de direita, todo mundo é centro, ironiza o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), um dos raros baluartes da chamada extrema-direita no Parlamento.

A carga pejorativa sobre a direita em comparação à celebração da esquerda seria, em parte, reflexo da ditadura militar, acredita o deputado. Direita era quem estava a favor do regime autoritário e anti-democrático. Já a esquerda ficou identificada com quem se opôs ao comando implementado pelo golpe de 1964, defendeu os direitos humanos e filosofou sobre programas sociais. Muito embora esse bloco tenha pegado em armas para lutar pela ditadura do proletariado, observa Bolsonaro.

"Esse pormenor, entretanto, é esquecido e a idéia que se passa é que os esquerdistas, na época, defendiam a democracia. Nada mais incorreto", reclama o deputado.

A mudança de nome do Partido da Frente Liberal (PFL) que, no ano passado, mudou para Democratas (DEM), ilustra a resistência que políticos brasileiros têm, hoje, em assumir uma orientação mais inclinada à direita do espectro ideológico. Mesmo mantendo intactos a estrutura partidária, ideário e principais líderes, a legenda antes conhecida como PFL mudou para se livrar da imagem ligada à direita - mais particularmente com a Arena, partido que serviu de sustentáculo do regime militar, nos anos de chumbo - e com o liberalismo. Expurgado do nome da legenda, mas ainda defendido por ela.

Para Dom Bertrand de Orleans e Bragança, membro da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Prosperidade (TFP) e coordenador do movimento Paz no Campo, contraponto ruralista ao Movimento dos Sem-Terra (MST), a transformação do PFL em DEM dá a medida do vácuo que existe na representação política do pensamento conservador. "Não há no Congresso, hoje, nenhum parlamentar que possa ser considerado como um expoente do pensamento de direita."

Segundo ele, muito dessa ausência do pensamento conservador é reflexo do que seria uma tática da esquerda de colar na direita a identificação com movimentos como o nazismo e o fascismo. "O que é uma total inverdade." "O nazismo sempre foi uma expressão do socialismo, do comunismo, um regime que matou milhões de pessoas em todo o mundo. O resultado dessa contra-propaganda de esquerda foi o gradual esvaziamento da direita na representação partidária. Os políticos hoje podem até defender a livre iniciativa, a propriedade privada e o Estado mínimo. Mas têm vergonha em assumir essas bandeiras como pensamento conservador".

Rachaduras

Se a representação política anda esvaziada, a movimentação de grupos de direita na chamada sociedade civil organizada anda bem viva, embora desunida. Rachada por uma briga entre dois grupos pelo controle da organização desde a morte de seu fundador, Plínio Corrêa de Oliveira, a TFP, tem entre suas principais bandeiras a defesa da propriedade. O que coloca a organização em posição diametralmente oposta a movimentos em defesa da reforma agrária, tópico tratado com zelo nos programas de governo do presidente Lula e também de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

A reforma agrária, contudo, é defendida pelos membros do novo movimento integralista, que ressuscitou parte do ideário do partido fundado em 1932 por Plínio Salgado, identificado com a extrema-direita durante o primeiro governo de Getúlio Vargas. Na corrente inversa da TFP, pregam a desapropriação de terras improdutivas em um ritmo muito mais intenso do que o praticado nos governos Lula e FHC, e conduzido pelos trabalhadores rurais.

"A reestruturação do modelo de produção rural é essencial para manter a paz no campo e garantir a ocupação do território nacional, preservando a soberania territorial", observa Sérgio de Vasconcellos, membro do movimento, que tem conquistado mais membros abaixo dos 30 anos. Corrente política ultra-nacionalista, o integralismo também atraiu os skinheads, que aos poucos abandonaram os emblemas nazistas para abraçar uma ideologia que consideram 100% nacional.

"Os jovens estão sem muitas referências e à cata de um rumo para seguir. Além disso, a esquerda já cumpriu seu papel histórico. As ideologias costumam obedecer a um movimento pendular e, agora, é o conservadorismo que está em ascensão. A juventude sabe interpretar esse movimento e o segue", diz Dom Bertrand. Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo (ligada ao PT) em 2004 parece confirmar a interpretação. O Perfil da Juventude Brasileira, divulgado um ano depois da chegada do PT ao poder, mostrou 21% dos jovens entre 15 e 24 anos declarando-se como de direita e 16%, de esquerda. Nada menos que 80% se declararam contra o aborto, 75% favoráveis à redução da idade penal para 16 anos, 81% contra a liberação do uso de maconha. E 45% disseram desconhecer o significado da palavra socialismo.

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O CONTROLE DO FOGO.

Diante do fogo os homens paravam para refletir

Alguns acreditam que a civilização humana começou quando o homem conseguiu produzir e controlar o fogo para seu benefício. Antes disso, o fogo era visto como algo terrível e destruidor. Eventualmente, humanos, em diversas partes do planeta, descobriram que pequenos fogos controlados, ou fogueiras, podiam trazer conforto quando fazia frio e ajudar a enxergar no escuro. Passaram a reunir-se ao redor de fogueira. Logo descobriram que alimentos preparados no fogo tinham melhor gosto e duravam mais, e também que o fogo ajudava durante a caça e servia como defesa contra predadores. Por volta de 500.000 a.C., métodos pra se criar fogo foram descobertos quase ao mesmo tempo em várias partes do mundo. Os métodos mais antigos incluem diversas técnicas de fricção, como esfregando dois gravetos. Na América do Norte, as tribos iroquois e inuit (esquimós) desenvolveram instrumentos bastante eficientes que criavam fogo com facilidade.

Com o controle do fogo, o homem pôde amenizar as duras condições de vida impostas por uma natureza muitas vezes hostil e dar um passo decisivo na luta pela sobrevivência. Os alimentos passaram a ser cozinhados. A iluminação e o aquecimento dos locais frios e escuros tornaram mais fácil a permanência nas cavernas. A defesa contra os animais ferozes tornou-se mais eficaz. O fabrico de instrumentos aperfeiçoou-se. A utilização do fogo provocou ainda alterações físicas, demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades.

Nossos ancestrais levaram milhares e milhares de anos para conseguir o domínio do fogo. Não foi tarefa fácil. O ato “ridiculamente simples” de acender um fósforo representa a luta e o esforço de milhares de indivíduos ao longo de milhares de anos. Não é possível precisar as circunstâncias exatas em que se deu esse grande passo da humanidade. É provável que não tenha sido um evento isolado. É mais plausível supor que o domínio do fogo tenha sido conquistado e perdido várias vezes ao longo das gerações e em lugares e circunstâncias diferentes.

Da fogueira ao paínel solar

Isso não importa num sentido mais amplo, podemos perfeitamente retratar essa grande conquista pela história de Uga, “o deus dos macacos”. A luta do homem com a natureza hostil e contra seus próprios temores do desconhecido de ter sido fenomenal. Não fosse a coragem ou curiosidade de um Uga ou, quem sabe, um raio fortuito (;)) é que quase certo que você não estaria hoje lendo essa página. É provável inclusive que você sequer existisse ou fosse, ainda, apenas um outro Uga, ou talvez nem isso.

Foi o fogo que deu ao homem pré-histórico o poder de realmente dominar outros animais. Foi graças ao fogo que o homem pôde sair de seu ninho seguro para desbravar o planeta. Foi o fogo que permitiu ao homem sobreviver aos rigores do tempo. Foi o fogo que permitiu ao homem desenvolver uma tecnologia, fundir metais, vidros e cozer alimentos. Sem o fogo, continuaríamos eternamente na pré-história ou, quem sabe, teríamos sido simplesmente extintos por animais mais fortes e adaptados ao meio.

Parece estranho, quase um absurdo, que uma simples tocha de madeira tenha feito tamanha diferença. Mas é exatamente esse o ponto. São as pequenas diferenças que fazem o grande mistério do Universo.

Você quer saber mais?

Biehl, Luciano Volcanoglo. A Ciência Ontem, Hoje e Sempre, Canoas: Editora da Ulbra, 2008.

Popper, Karl. A Miséria do Historicismo. São Paulo: Cultrix, 1980.

Capra, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1997.

Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1986.

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A REDESCOBERTA DO EGITO

A Pedra de Rosetta encontra-se no Museu Britânico.

A redescoberta do Egito faraônico inicia-se com duas datas precisas: 1789 e 1824. Antes disso não se sabia absolutamente nada a respeito desse periodo.

Napoleão no Egito

A primeira das duas datas (1798) corresponde à extraordinária expedição do general Napoleão Bonaparte no Egito. Com surpreendente visão de longo alcance, além de um corajoso exército, levou consigo um excelente grupo de técnico e de homens entendidos no assunto, munidos de livros, duzentas caixas de instrumentos científicos e duas tipografias completas, visto que em todo o Egito não existia nada disso. Ao todo cento e sessenta e sete “cientistas civis”, compreedendo naturalistas, botânicos, cartógrafos, engenheiros, astrônomos geólogos, historiadores e, pelo que consta, desenhistas e arqueologos. Esse douto esquadrão recebeu o apelido de “Asnos”.

Champollion e os hieróglifos

Jean-François Champollion (1790 – 1832)

Entre os objetos recolhidos durante a expedição napoleônica havia uma estela fendida, com aparência totalmente insignificante, Deu-a casualmente a um oficial do Gênio, um tal Bouchard, que a passou a um dos “Asnos”.

Na estela três inscrições, a primeira em hieróglifo; a segunda em demótico; a terceira em grego – que indicava tratar-se de uma oferta sacerdotal feita por Ptolomeu V Epifane – constituía a chave para decifrar as duas primeiras.

Constatou-se logo que o documento era de excepcional interesse e por ordem pessoal de Napoleão a estela foi imediatamente reproduzida e litografada, sendo que depois de várias cópias foram enviadas a vários especialistas de línguas mortas.

Gastaram-se quinze anos para a interpretação de pelo menos a parte em demótico. O mérito disso cabe ao suceco J. D. Akerblad (1814). Mas os hieróglifos resistiam, inflexíveis. Como para a história, existiam apenas duas fontes de referência: a primeira eram os Hieroglyfhica, obra de Orapolo Nilótico que parece ter vivido no século IV d. C. Parecia antigo, dizia ser egípcio e portanto não havia motivo de se contestar quanto à autoria de sua obra que, no entanto, infelizmente se tornou inaceitável, embora tivesse algumas intuições certas.

Surgiu, posteriormente, a segunda fonte com a obra de P. Athanasius Kircher, este de indiscutível e vasta cultura; mas a sua Lingua Aegyptiaca restituta, publicada em Roma (1643), era de tal modo estranha que levou seus alunos a proclamar, e sem hesitação, que num obelisco em Roma está inciso um hino à Santíssima Trindade.

Infelizmente, as dispensões destes dois ilustres estudiosos desencadearam todos aqueles que as tinham como boas. Somente a dois não atribuíram nenhum valor, desde o início. O primeiro foi o inglês Thomas Young, o qual seguiu pelo caminho certo, mas que, não encontrando, afinal, uma confirmação para o seu trabalho apenas por motivo de um erro banal de transcrição, deu-se por derrotado.

O outro foi o grande Jean-François Champollion (1790 – 1832). Champollion foi um verdadeiro gênio da linguagem, iniciou o estudo das línguas orientais com onze anos, já conhecendo paralelamente todas as européias, e aos dezenove anos se tornara professor de história em Grenoble.

Está claro que a estela encontrada, a qual se chamou “Estela de Rosetta”, se tornasse a sua obsessão. E entregou-se a ela de corpo e alma, intensamente em concorrências com os mais ilustres peritos e jamais abandou a terrível empresa que aos poucos tinha desencorajado os outros. Procedeu por etapas: na sua Lettre à M. Dacier, lida na Academia Real ao 27 de setembro de 1822, anunciava a primeira descoberta sobre o uso do alfabeto fonético do qual os egípcios se serviam para escrever os nomes dos reis gregos e dos imperadores romanos.

Dito nestes termos, não parece muito : mas derrubava o conceito difundido por Orapollo, de que a escrita hieroglífica seria apenas ideográfica. E finalmente, em 1824 (esta foi a data mais importante para a redescoberta do Egito) vinha a lume o seu Précis du système hièroglyphique des anciens Egyptiens.

Embora ainda rudimentar, a chave era finalmente encontrada. Todavia, continuava ainda sem solução o problema mais importante; seria necessário entender aquilo que agora se podia ler, isto é, renascer uma língua morta a pelo menos dezoito séculos.

Também isso se dedicou Champollion até a morte, que lhe ocorreu por enfarte quando contava apenas quarenta e dois anos. A sua Gramática egípcia e o seu Dicionário, publicados postumamente (1834-1845 lançaram as bases para este cansativo renascimento que durará mais ou menos por um século.

Você quer saber mais?

A. Arborio Mella, Federico. O Egito dos Faraós (L’Egitto Dei Faraoni), Editora Hemus, São Paulo, 1981.

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Identidade Social.

A Psicologia Social estuda o comportamento social , os comportamentos que individualizam, o ser humano é estudar o comportamento de indivíduos no que ele é influenciado socialmente como à família. Esta influência histórica-social se faz sentir primordialmente, pela aquisição da linguagem. As palavras através dos significados atribuídos por um grupo social por uma cultura, determinam uma visão de mundo, um sistema de valores e consequentemente, ações, sentimentos e emoções decorrente que se apreende quando reforçado.

“O doce ou o dinheiro o sorriso ou a expressão de desagrado podem ou não contribuir para um processo de aprendizagem, dependendo do que eles significam em uma dada sociedade. Assim também, aquilo que deve ser apreendido é determinado socialmente.”

É muito difícil encontrar comportamentos humanos que não englobam comportamentos sociais; Estudar a relação essencial entre o indivíduo e a sociedade, esta entendida historicamente, desde como seus membros se organizam para garantir sua sobrevivência até seus costumes, valores e instituições necessárias para à continuidade da sociedade.

História não é estática, pois gera transformações fundamentalmente qualitativas. Como o homem se torna agente da história, ou seja, como ele pode transformar a sociedade em que vive. Através do grupo ou grupos a que pertencemos e como nos, nesta convivência vamos definindo a nossa identidade social.

Assim desde o primeiro momento de vida, o individuo está inserido num contexto histórico, pois as relações entre o adulto e a criança recém-nascida seguem um, modelo ou padrão que cada sociedade veio desenvolvendo e que considera correta.

E quando se fala em “dar o direito” significa que a sociedade tem normas e ou leis que institucionalizam aqueles comportamentos que historicamente vêm garantindo a manutenção desse grupo social.

Algumas regras são consideradas de “bom-tom” , outras são rígidas, consideradas imperdoáveis se desobedecidas passíveis de punição por autoridades institucionalizadas.

“O que expõe o homem ao perigo de perder a liberdade é o abuso ou o mau uso que dela se faz. Sempre existem riscos na liberdade. Na servidão, o único risco é se libertar”.

Estas normas são o que basicamente, caracteriza os papeis sociais, e que caracteriza os papeis sociais, e que determina as relações sociais!

Para existir um chefe tem que ter outros que ajam como chefiados. Em relação a todas as relações humanas existem expectativas de comportamentos mais ou menos definidos e quanto mais a relação social for fundamental para a manutenção do grupo e da sociedade, MAIS PRECISAS E RÍGIDAS SÃO AS NORMAS QUE A DEFINEM.

Afinal, se nós apenas desempenhamos papéis, e tudo que se faz tem uma determinação social, onde ficam as características que individualizam cada um de nós?

Podemos fazer todas as variações que quisermos, desde que as relações sejam mantidas, isto é, aquelas características do papel que são essenciais para que a sociedade se mantenha tal e qual.

Você quer saber mais?

Lane, T. Maurer. O que é Psicologia Social, Editora Brasiliense, São Paulo, 1981.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Islândia a terra dos Vikings.

Museu Viking, Hella, Islândia

A imagem mais popular a respeito dos Vikings é a de imensos guerreiros saqueadores, matando e pilhando nas costas européias com seus capacetes de chifres (esta última, uma fantasia criada no séc. XIX1). Uma avassaladora quantidade de estudos e publicações vem revisando essa imagem nas últimas décadas, concedendo uma outra faceta à antiga cultura nórdica. Em especial, o livro Viking Age Iceland é um dos mais promissores representantes dessa tendência. Escrito por Jesse L. Byock, professor de Escandinávia Medieval na Universidade da Califórnia, que já publicou dezenas de estudos em revistas especializadas, além de consultoria para enciclopédias, documentários de televisão e reportagens jornalísticas sobre o tema.

A obra em questão é um verdadeiro compêndio dos estudos de Byock desde a década de 1970, inseridos dentro da mais atualizada historiografia. O autor consegue congregar diversas áreas do conhecimento, como Arqueologia, Antropologia, História, Literatura e Geografia Física. O livro é fartamente ilustrado com muitos recursos gráficos, como mapas e croquis, que além de facilitarem na identificação dos pontos tratados no texto, acabam proporcionando uma interessante comunhão entre a perspectiva geográfica e histórica.
A principal problemática do livro é tentar solucionar a contradição levantadapor James Bryce em 1901: como a sociedade islandesa conseguiu tornar-se criativa e independente politicamente, sob condições totalmente desfavoráveis? Para esse intento, foi utilizado como principal elemento teórico a noção de cultura do antropólogo Melville Herskovits. Para Byock, o foco cultural da Islândia teria sido a lei, a sua estrutura jurídica e suas dependências para soluções legais. Graças à lei coletiva, os Vikings conseguiram vencer seus obstáculos, criar uma sociedade original e um Estado independente.

O capítulo inicial concede uma visão conceitual da História Viking, principalmente a origem das migrações partindo da Escandinávia do século IX d.C., que não obedeciam a nenhuma política organizada. Uma das mais importantes contribuições do autor nesse momento, é a respeito da palavra Viking. Através de farta documentação, Byock consegue esclarecer definitivamente a sua origem etimológica: não era um termo que designava toda as etnias escandinavas (como se pensava desde o Setecentos), mas somente aplicado aos aventureiros, piratas e colonizadores que saíam além mar. Mas o que unificava culturalmente os nórdicos? A religião e a língua (Old Norse), e no caso dos imigrantes instalados na Islândia, as futuras Sagas. Escritas como uma espécie de “socorro” aos recentes moradores do inóspito, com formas coerentes de senso, definindo quem eles eram, seus valores tradicionais – importantes para a auto-imagem dos migrantes que vinham de terras diferentes e distantes. Segundo Jesse Byock, as Sagas constituem verdadeiras aberturas na História para observar a vida privada, social, os valores e a cultura material dos primeiros Vikings no Atlântico Norte. Sem serem contos folclóricos ou puramente romances, as Sagas são descrições realistas sobre os confrontos entre os fazendeiros e seus chefes.

Tratando dos conflitos e situações de crise, as Sagas narram tanto virtudes quanto defeitos, assim como banalidades ou humores da vida cotidiana. A partir do segundo capítulo, “Resources and Subsistence”, o historiador inicia sua meticulosa reconstituição do cotidiano dos primeiros islandeses. Mais do que em outras regiões, os Vikings da Islândia tiveram que adaptar-se às severas condições do ambiente geográfico encontrado. Isso pode ser constatado nas técnicas de construção das habitações, os tipos de materiais e o modo de vida dentro das moradias ao longo do ano. Byock concede especial atenção ao mais famoso sítio arqueológico da Islândia – Stöng – cujas casas originais foram reconstituídas em 1974. As habitações de Stöng foram feitas com revestimento de tepe, originando grande aquecimento interno, fator primordial de sobrevivência naquelas paragens. Este sítio foi muito bem preservado devido à erupção do vulcão Hekla em 1104, constituindo-se numa espécie de Pompéia Viking. Além da cultura material, o autor também percebeu a relação entre fatores sociais e impacto ambiental, uma tendência muito atual
na arqueologia mundial, à exemplo das pesquisas nos sítios da Ilha da Páscoa (Pacífico) e Meso-América (especialmente os Maias). No terceiro capítulo, “Curdled Milk and Calamities”, Byock examina as dificuldades da vida no Atlântico Norte. Os problemas mais comuns eram a fome e o surgimento de doenças contagiosas. Uma das alternativas que os migrantes encontraram para escapar dessas crises foi as Hreppar, associações de comunidades visando a cooperação mutua das famílias de fazendeiros. A coleta de produtos alternativos do mar, como algas marinhas (söl) e peixes garantiam a sobrevivência da comunidade. A discussão da estrutura da sociedade escandinava é um do pontos fortes da análise de Byock, examinada nos capítulos 4 a 15. Quem ocupava uma posição estratégica na sociedade islandesa eram os goðar, os chefes. Estes eram encarregados de facilitar a redistribuição da riqueza, a transferência de propriedades e terras, alianças, organizar festas e banquetes, presidir a cultos religiosos, recolher taxas e tributos.

Ocasionalmente ocorriam disputas entre os goðar pelo controle de uma região, encerradas muitas vezes pelo Althing (assembléias), fóruns para encontros dos homens livres e aristocratas. Essas assembléias extinguiram os chefes com poderes supremos ou coercitivos – os reis, típicos da Escandinávia medieval - resolvendo todos os interesses dos fazendeiros. Com a presença do Althing, até o goðar atuava como igual dentro dessa sociedade. Mesmo assim, as situações de conflito existiam. As comunidades nórdicas da Islândia conservaram culturalmente os valores militares da terra de origem, somadas às realidades da nova paisagem, e quando envolvidos em disputas mantinham a postura dos guerreiros Vikings. Os tipos de conflitos mais comuns eram os combates (warfares), ocorridos em pequena escala, a nível individual ou familiar, e que só desapareceram da Islândia no fim do Estado livre (século XIII). O motivo para o surgimento dos combates era a vingança de sangue - parentes ou amigos tentando vingar alguma morte. Essas animosidades chegavam a durar várias gerações, mas algumas vezes consistiam apenas em trocas de insultos contra a honra e acabavam em indenizações para a família da vítima. Quando o confronto era resolvido pelo Althing, as punições variavam entre o banimento da ilha até a morte. Um famoso banido por assassinato foi Erik, o vermelho, que acabou colonizando posteriormente a Groelândia. Também quem não seguia as regras da sociedade podia ser banido
pela assembléia.

Outro aspecto muito original da sociedade islandesa tratado por Byock foi o casamento. Quando a mulher casava, não abandonava sua linhagem familiar. Ela continuava ligada ao parentesco original, assim como seus filhos (ambos submissos ao pai da família). Para beneficiar a política do clã, muitos casamentos eram arranjados para favorecerem alianças. Mas se a união não produzia filhos ela estava encerrada. Muitas mulheres islandesas casavam diversas vezes, e nem a idade ou a perda da virgindade era um empecilho. Apesar de citar pesquisas especializadas como as de Nanna Damsholt, o autor não chegou a aprofundar o papel da mulher na sociedade Viking.

Do mesmo modo, quando trata da religião, Jesse Byock acaba sendo muito superficial. Em seu livro, ele explorou apenas os aspectos mais importantes, como alguns atributos de deidades. O mais importante deus do Atlântico Norte foi Thor (deus do trovão, das tempestades), muito cultuado pelos fazendeiros e navegadores. Seu nome está conectado a enorme número de pessoas e lugares. Outro deus muito popular é Freyer (deus da fertilidade e sexualidade). Já Odin é o deus dos guerreiros e aristocratas, adorado por uma elite reduzida. Os Vikings islandeses também acreditavam em espíritos guardiões chamados Landvaettir, presentes em diversas regiões da ilha. Infelizmente o autor não aprofundou o tema do paganismo na Islândia, sendo que em três páginas, somente duas são dedicadas a citar o texto original da escavação do túmulo pagão de Patreksfjord, na década de 1960 por Thórr Magnússon. A religião é explorada em maiores detalhes por Byock nos quatro últimos capítulos da publicação, que analisam o período de conversão da ilha ao cristianismo. Inicialmente, as tentativas de conversão foram frustadas, como a empreendida pelo rei norueguês Olaf Tryggvason, sendo que muitos santuários e imagens das divindades foram destruídos. Posteriormente, durante a assembléia nacional do ano 1000, foi adotado na legislação o cristianismo como religião oficial. Pela importância atual da Islândia no renascimento dos cultos pré-cristãos no século XX e pela popularidade da mitologia Viking, Byock afastou-se de uma interessante possibilidade teórica, ao deixar de refletir sobre a religião nos primeiros séculos de ocupação da ilha. Por exemplo, a mulher escandinava pagã podia divorciar-se e ter propriedades, algo impensável no mundo cristão medieval. Como a transição para o cristianismo afetou essa tradição na sociedade islandesa? De qualquer maneira, a obra Viking Age Iceland de Jesse Byock é uma ótima referência aos medievalistas, tanto pelas suas propostas metodológicas quanto pela importância que o tema dos escandinavos vem adquirindo nos últimos tempos. Mas também é uma valiosa contribuição aos sociólogos, arqueólogos e historiadores do direito. “By then the Vikin Age was long past”. Com certeza a imagem que fazemos sobre os nórdicos está cada vez mais distante do pensamento oitocentista, o que nos aproxima ainda mais da Idade Média e suas possibilidades de novos estudos.

Johnni Langer
Doutor em História - UFPR. Professor da Universidade do Contestado (SC),
e Faculdades Integradas de Palmas (PR)

Você quer saber mais?

BYOCK, Jesse L. Viking Age Iceland. London: Penguin Books, 2001. Ilustrado, 448p.

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