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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Inteligência visual-espacial com base dos estudos de Gardner



Ao longo de uma sequência de artigos, temos vindo a apresentar as sete inteligências definidas por Gardner: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência visual-espacial, inteligência corporal-quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. Cabe agora a vez à inteligência visual-espacial.

À tradicional ideia de 'inteligência', contrapõe-se hoje em dia a ideia de inteligências múltiplas. Gardner, psicólogo norte-americano, refere que, havendo sete inteligências distintas, todos nascemos com todos esses tipos de inteligência. Estes desenvolvem-se ao longo da vida, através da aprendizagem, das experiências, da escolaridade, das oportunidades, das influências. Em função desse desenvolvimento, cada pessoa acaba por possuir áreas mais fortes e outras mais fracas.

Ao longo de uma sequência de artigos, temos vindo a apresentar as sete inteligências definidas por Gardner: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência visual-espacial, inteligência corporal-quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. Cabe agora a vez à inteligência visual-espacial.

Inteligência visual-espacial

Características: Esta inteligência desenvolve-se a partir de um apuramento das perceções sensoriomotoras, que permitem uma boa discriminação das cores, das formas, das texturas, das dimensões e das relações espaciais. Os indivíduos com este tipo de inteligência têm também um bom domínio da coordenação óculo-manual e da coordenação motora, pelo que conseguem recriar as suas experiências visuais sob diferentes formas, incluindo vários tipos de arte. Trata-se de pessoas que frequentemente pensam com imagens e que se lembram facilmente das imagens visuais, dos pormenores do que observam e das relações entre as coisas no espaço.

Vários profissionais fazem grande uso deste tipo de inteligência. Entre eles contam-se os escultores, os pintores, os arquitetos e os jardineiros.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:
- Mostrando filmes e outros materiais audiovisuais sobre as matérias abordadas nas aulas.

- Utilizando posters,desenhos, pinturas, ilustrações e outras formas visuais de exploração de temas nas aulas.

- Ensinando técnicas de estudo visuais, como, por exemplo, a utilização de sublinhados coloridos ou a elaboração de mapas de ideias, gráficos ou esquemas.

- Propondo a criação de um dicionário ilustrado nas línguas estrangeiras, para as áreas vocabulares que vão sendo trabalhadas.

- Levando-os a analisarem o que rodeia um texto antes de iniciarem a sua leitura (título, subtítulos, imagens, gráficos, etc.) e a preverem o seu conteúdo, visualizando mentalmente imagens relativas a ele e aos conhecimentos prévios que têm sobre o assunto.

Com este artigo encerramos a sequência de textos sobre as sete inteligências. Tendo em conta que a inteligência pode ser ensinada, treinada e desenvolvida e que tal depende, entre outros fatores, da existência de oportunidades e de experiências, a responsabilidade da escola e de todos os educadores é grande. Considerando ainda a existência de diferentes tipos de inteligência, a eles cabe a promoção de experiências de aprendizagem diversificadas que proporcionem às crianças e aos jovens verdadeiras oportunidades para o desenvolvimento da(s) sua(s) inteligência(s). Esperamos ter contribuído para facilitar essa tarefa com as sugestões que demos nos artigos publicados.

Bibliografia:

Chapman, C. (1993). If the shoe fits...How to develop multiple intelligences in the classroom. Palatine, Illinois: IRI/Skylight, Inc.

Chapman, C. & Freeman, L. (1997). Multiple intelligences: Centers and projects.Palatine, Illinois: IRI/Skylight, Inc.

Gardner, H. (1993). Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences.London: fontana Press.

Zenhas, A., Silva, C., Januário, C., Malafaya, C., & Portugal, I. (2002). Ensinar a estudar - Aprender a estudar (4.ª ed.). Porto: Porto Editora.

Inteligência lógico-matemática com base nos estudos de Gardner



A consciência de que existem formas diferentes de aprender e de ser inteligente é importante para que os professores possam adequar o ensino à diversidade dos seus alunos e para que estes se conheçam melhor e rentabilizem o seu trabalho adotando um método de estudo conveniente às suas características.

Já reparou que perante um mesmo problema há quem o resolva de forma lógica a partir de uma reflexão cuidadosa, enquanto outros procedem por tentativa e erro e outros ainda quase intuitivamente? Hoje em dia não se fala de inteligência mas sim de várias inteligências com características específicas. Gardner definiu sete inteligências: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática inteligência visual-espacial, inteligência quinestésica, inteligência musical, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal. A consciência de que existem formas diferentes de aprender e de ser inteligente é importante para que os professores possam adequar o ensino à diversidade dos seus alunos e para que estes se conheçam melhor e rentabilizem o seu trabalho adotando um método de estudo conveniente às suas características. Neste artigo debruçar-nos-emos sobre a inteligência lógico-matemática.

Inteligência lógico-matemática

Características:

Números e raciocínio lógico são algo que agrada particularmente a quem possui uma inteligência lógico-matemática desenvolvida. São pessoas caracterizadas pelo gosto e pela competência na interpretação e na categorização dos factos e da informação, no cálculo, no raciocínio lógico e na busca de explicação para tudo. Sentem-se desafiadas perante problemas envolvendo raciocínio, que procuram resolver de forma metódica e persistente. Divertem-se a resolver os "quebra-cabeças" das revistas e dos jornais.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:
Há vários recursos e atividades que estimulam a inteligência lógico-matemática e que, por conseguinte, os professores/educadores podem utilizar com os seus alunos/educandos (e também com eles próprios). Entre eles contam-se: puzzles, jogos, computador, materiais manipulativos, categorização de factos e de informação, analogias, pesquisa, experiências laboratoriais, mnemónicas, mapas de ideias.

Em vários artigos anteriores referimos algumas das atividades enunciadas, particularmente as mnemónicas e os mapas de ideias. As mnemónicas são palavras ou frases criadas com o objetivo de servirem de auxiliares de memória e podem ser criadas pelo próprio aluno (Quem não se lembra da célebre quadra: Trinta dias tem novembro/abril, junho e setembro/Com 28 só há um/Os restantes 31?). Os mapas de ideias são uma das várias formas possíveis de organizar graficamente a informação, articulando-a de forma lógica, constituindo preciosos auxiliares na compreensão da matéria que se estuda e em revisões posteriores.

A prática de diversos jogos é uma forma lúdica de desenvolver a inteligência lógico-matemática. A título de exemplo referiremos o Jogo do Galo, o Quatro em Linha, o Xadrez e o Su Doku. Trata-se de jogos diferentes, com graus de dificuldade variados.

Tarefas que envolvem abstração, tão do agrado de quem tem a inteligência lógico-matemática desenvolvida, podem mostrar-se mais difíceis e menos apelativas para quem tem dificuldades nessa área. Além das atividades já sugeridas para o seu desenvolvimento, o recurso a gravuras, movimento ou materiais manipulativos pode facilitar a resolução de problemas a essas crianças, favorecendo também o sentimento de competência pessoal necessário à criação/ao reforço da autoestima e ao gosto pela aprendizagem.

Se lhe parece que a inteligência lógico-matemática não é o seu 'forte' ou o do seu filho, não desespere. As várias sugestões dadas são apenas algumas atividades e recursos a que pode deitar mão para desenvolver essa área. Por outro lado, certamente terá, como predominante, um dos outros tipos de inteligência de que temos vimos a falar noutros artigos ou de que ainda viremos a falar. Sugerimos a sua consulta.

Inteligência linguística com base nos estudos de Gardner.

Habilidade escrita.

Habilidade comunicativa.

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner apresenta sete tipos de inteligências com características diferentes. A consciência da existência de vários tipos de inteligência, muitos dos quais tradicionalmente não valorizados pela escola, é importante para que os professores e educadores proporcionem experiências de aprendizagem diversificadas e adequadas aos seus educandos.
   
Certamente já teve necessidade de pedir ou de dar informações sobre a forma de chegar do local onde se encontra a um outro. Provavelmente já verificou que diferentes pessoas recorrem a processos diferentes para cumprirem essa tarefa:

- há quem descreva o trajeto utilizando uma linguagem clara e pormenorizada;

- há quem acompanhe a sua explicação com gestos, quase lembrando um sinaleiro;

- há quem desenhe um mapa ou um esquema.

Cada uma destas pessoas pensa e apreende a realidade de uma maneira particular.

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner apresenta sete tipos de inteligências com características diferentes. A consciência da existência de vários tipos de inteligência, muitos dos quais tradicionalmente não valorizados pela escola, é importante para que os professores e educadores proporcionem experiências de aprendizagem diversificadas e adequadas aos seus educandos. Quais são então as inteligências definidas por Gardner?

- Inteligência linguística
- inteligência lógico-matemática
- inteligência visual-espacial
- inteligência quinestésica
- inteligência musical
- inteligência interpessoal
- inteligência intrapessoal.

Neste artigo, deter-nos-emos sobre a inteligência linguística. As restantes serão alvo de atenção mais pormenorizada nos próximos artigos.

Inteligência linguística

Características

Está relacionada com o uso da linguagem. Os estudantes com este tipo de inteligência têm muita sensibilidade para os sentidos das palavras e para a sua manipulação. Manifestam gosto pela leitura e pela escrita. Comunicam bem, oralmente e por escrito. São eficazes na ligação das ideias e têm facilidade na sua transmissão. Pensam utilizando palavras.

Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no desenvolvimento desta inteligência:

- Modelando a utilização de uma linguagem correta.

- Motivando-os a escrever e apoiando o seu trabalho.

- Demonstrando formas eficazes de comunicação.

- Lendo alto para os alunos, com frequência.

- Criando/desenvolvendo o gosto pela leitura.

- Dando aos alunos oportunidades para, individualmente, lerem, escreverem, ouvirem e falarem.

- Promovendo debates sobre assuntos do programa de qualquer disciplina.

- Criando jornais de turma/escola.

- Promovendo correspondência em português com alunos de outras escolas/países lusófonos ou em língua estrangeira com jovens de outros países.

A língua materna é transversal a todo o currículo. Ela está presente em todas as disciplinas. Por conseguinte, as atividades sugeridas são pertinentes em qualquer disciplina. A língua materna está também presente em qualquer contexto da vida quotidiana. É na família que a criança começa a ter contacto com ela. As sugestões dadas são exequíveis igualmente em contexto familiar. Vários artigos anteriores se debruçaram sobre atividades que podem ser realizadas pelos pais com os seus filhos com vista ao desenvolvimento do gosto pela leitura e pela escrita e ao alargamento do vocabulário, fundamentais para o desenvolvimento da inteligência linguística.

A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner




A teoria das inteligências múltiplas foi estudada pelo psicólogo Howard Gardner como um contrapeso para o paradigma da inteligência única. Ele propôs que a vida humana requer o desenvolvimento de vários tipos de inteligências. Portanto, Gardner não entra em conflito com a definição científica de inteligência como sendo “a capacidade de resolver problemas ou fazer coisas importantes”.

Howard Gardner e seus colegas da prestigiada Universidade de Harvard advertiram que a inteligência acadêmica (obtida através de qualificações e méritos educacionais) não pode ser o fator decisivo para determinar a inteligência de uma pessoa. Gardner e seus colegas poderiam dizer que Stephen Hawking não tem mais inteligência do que Leo Messi, mas cada um desenvolve um tipo diferente.

A pesquisa de Howard Gardner identificou e definiu oito tipos diferentes de inteligência. Vamos ver com mais detalhes cada uma das inteligências propostas pela Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner.

Inteligência linguística

A capacidade de dominar a linguagem e se comunicar com outros é importante em todas as culturas. Desde pequeno o ser humano aprende a usar a língua nativa para ser capaz de se comunicar de forma eficaz. A inteligência linguística não só se refere à capacidade de comunicação oral, mas a outras formas de comunicação como a escrita, gestual, etc. Quem domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma inteligência linguística superior. Algumas profissões enfatizam esse tipo de inteligência como, por exemplo, os políticos, escritores, poetas, jornalistas…

Inteligência lógico-matemática

Durante décadas a inteligência lógico-matemática foi considerada um tipo de inteligência bruta. Ela assumiu o eixo principal do conceito de inteligência, e foi usada como um ponto de referência para detectar o quão inteligente era uma pessoa. Como o próprio nome indica, este tipo de inteligência está ligada à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. A velocidade para resolver estes problemas é o indicador que determina quanta inteligência lógico-matemática a pessoa tem. O famoso teste de quociente de inteligência (QI) é baseado neste tipo de inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. Cientistas, economistas, acadêmicos, engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de inteligência.

Inteligência Espacial

A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada a este tipo de inteligência, em que se destacam os profissionais de xadrez e artes visuais (pintores, designers, escultores…). Pessoas que se destacam nessa inteligência, geralmente têm habilidades que lhes permitem criar imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. Com essa inteligência desenvolvida, encontramos pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos,  e outras profissões que exigem criatividade…

Inteligência Musical

A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou menos elaborada, levando Gardner e seus colegas a entenderem que há uma inteligência musical latente em todos. Algumas áreas do cérebro executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música. Como qualquer outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar. Os mais favorecidos neste tipo de inteligência são aqueles capazes de tocar instrumentos, ler e compor peças musicais com facilidade.

Inteligência corporal e sinestésica


As habilidades motoras do corpo são necessárias para utilizar ferramentas ou para expressar certas emoções, é essencial para o desenvolvimento em qualquer cultura. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma inteligência sinestésica corporal. Além disso, a capacidade intuitiva da inteligência corporal é utilizada para expressar sentimentos através do corpo. São particularmente brilhantes neste tipo de inteligência: dançarinos, atores, atletas e até mesmo cirurgiões e artistas plásticos, porque todos eles precisam usar racionalmente as suas capacidades físicas.

Inteligência intrapessoal

A inteligência intrapessoal se refere à inteligência que nos permite compreender e se controlar internamente. As pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar seus sentimentos e refletir sobre eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser do jeito que é.

Inteligência Interpessoal

A inteligência interpessoal nos permite ficar conscientes de coisas que os nossos sentidos não conseguem captar. É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada discurso. A inteligência interpessoal aprimora a nossa capacidade de empatia. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes grupos. Sua capacidade de detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos outros será maior com a inteligência interpessoal. Professores, psicólogos, terapeutas, advogados e educadores são perfis que têm uma pontuação muito elevada neste tipo de inteligência descrita na teoria das inteligências múltiplas.

Inteligência naturalista

A inteligência naturalista detecta, diferencia e categoriza as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao clima, geografia ou fenômenos naturais. Este tipo de inteligência foi adicionado mais tarde ao estudo original de Inteligências múltiplas de Gardner, em 1995. Gardner achou necessário incluir nesta categoria porque é uma das inteligências essenciais para a sobrevivência do ser humano e de outras espécies.

Inteligência Existencial ou Espiritual

Howard Gardner não acrescentou a Inteligência Existencial ou Espiritual a lista até o momento, mas ele trabalha nesse aspecto por acreditar ser de extrema importância como todas as outras.

Investigada no terreno ainda do "possível", carece de maiores evidências. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos

Contextualizando

Gardner afirma que todas as pessoas possuem cada um dos oito tipos de inteligência, embora cada tipo seja mais desenvolvido em algumas pessoas do que em outras, todos os oito tipos tem a mesma importância e não há uma mais valiosa que a outra. Em geral, precisamos utilizá-las para enfrentar a vida, independentemente da ocupação realizada. Afinal, a maioria dos trabalhos requer o uso da maioria dos tipos de inteligência. A educação ensinada na sala de aula é um procedimento destinado a avaliar os dois primeiros tipos de inteligência: linguística e lógica matemática. No entanto, esta educação é totalmente inadequada para educar os alunos na plenitude do seu potencial. A necessidade de mudança no paradigma educacional foi trazida à discussão pela Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Psicologia Cognitiva



Segundo (STENBERG, 2000, p.22) a psicologia cognitiva trata do modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação. Por exemplo, o que é estudado em um livro didático sobre psicologia cognitiva?

a) Cognição - As pessoas pensam;

b) Psicologia cognitiva - Os cientistas pensam a respeito de como as pessoas pensam;

c) Estudantes de psicologia cognitiva- As pessoas pensam sobre a maneira como os cientistas pensam a respeito de como as pessoas pensam;

d) Professores que ensinam psicologia cognitiva aos estudantes - Você capta a ideia.

Para a Gestalt, o elemento fundamental estrutura do processo cognitivo é o insight (percepção de relações), base de toda a aprendizagem.

Um dos principais representantes desta linha é Piaget, que não elaborou uma teoria da aprendizagem, mas sim uma teoria do desenvolvimento mental. Para ele a aprendizagem é "aumento do conhecimento"- só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação. Ou seja: uma reestruturação da estrutura cognitiva (esquemas de assimilação existentes) do indivíduo, o que resulta em novos esquemas de assimilação mental.

Para Ausubel, a aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura cognitiva. Admite a existência de uma estrutura na qual a organização e a integração de ideias se processam. A experiência cognitiva é caracterizada por um processo de integração no qual os conceitos novos se interagem com os já existentes na estrutura cognitiva, integrando o novo material e, ao mesmo tempo, modificando-se.

Condição importante para haja aprendizagem, o aprendiz deve manifestar disposição para relacionar de forma substantiva o novo material à sua estrutura cognitiva.

Bruner parte do conceito de que aprendizagem é modificação do comportamento resultante da experiência.

Abaixo serão apresentados os resumos das teorias de aprendizagem apresentadas no texto:


Epistemologia Genética (J. Piaget)

O conceito de estrutura cognitiva é central para a teoria de Piaget. Estruturas cognitivas são padrões de ação física e mental subjacentes a atos específicos de inteligência e correspondem a estágios do desenvolvimento infantil. Existem quatro estruturas cognitivas primárias - estágios de desenvolvimento - de acordo com Piaget: sensorial-motor, pré-operações, operações concretas e operações formais. No estágio sensorial-motor (0-2 anos), a inteligência assume a forma de ações motoras. A inteligência no período pré-operação (3-7 anos) é de natureza intuitiva. A estrutura cognitiva durante o estágio de operações concretas (8-11 anos) é lógica, mas depende de referências concretas. No estágio final de operações formais (12-15 anos), pensar envolve abstrações.

As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. O desenvolvimento cognitivo consiste de um esforço constante para se adaptar ao meio em termos de assimilação e acomodação. Nesse sentido, a teoria de Piaget é similar a outras teorias de aprendizagem construtivistas como as Bruner e Vygotsky.

Embora os estágios de desenvolvimento cognitivo identificados por Piaget estejam associados a faixas de idade, eles variam para cada indivíduo. Além disso, cada estágio tem diversas formas estruturais detalhadas. Basta observar que o período operacional concreto tem mais de quarenta estruturas distintas, cobrindo classificação e relações, relações espaciais, tempo, movimento, oportunidade, número, conservação e medida. Uma análise detalhada similar das funções intelectuais é fornecida por teorias de inteligência, como Guilford, Gardner e Sternberg.

Piaget explorou as implicações de sua teoria em todos os aspectos do desenvolvimento da cognição, inteligência e moral. Muitos dos experimentos de Piaget foram focalizados no desenvolvimento de conceitos matemáticos e lógicos. A teoria foi bastante aplicada no modelo de prática de ensino e de currículo na educação elementar (Bybee & Sund, 1982; Wadsworth, 1978).

O desenvolvimento cognitivo tem como facilitador atividades ou situações que envolvam os aprendizes e que requeiram adaptação destes. Os materiais de aprendizado e atividades devem envolver um nível apropriado de operações motoras ou mentais para uma criança de uma dada idade. É preciso evitar o pedido para que os aprendizes realizem tarefas que estejam além de suas capacidades cognitivas atuais.

Teoria Construtivista (J. Bruner)

Bruner afirma que o aprendizado é um processo ativo, no qual o aprendiz constrói novas idéias ou conceitos, baseado em seus conhecimentos prévios e os que estão sendo estudados, baseado em sua estrutura mental inata. O aprendiz filtra e transforma a nova informação, infere hipóteses e toma decisões, utilizando uma estrutura cognitiva. Essa estrutura cognitiva - esquemas e modelos mentais - fornece significado e organização para as novas experiências, permitindo ao aprendiz enriquecer seu conhecimento além do conceito estudado, através do relacionamento das novas informações com seus conhecimentos prévios.

O papel do instrutor é o de incentivador dos alunos no sentido de descobrirem por si mesmos os princípios do conteúdo a ser aprendido. O instrutor e o aluno devem manter um diálogo ativo, através do qual o instrutor traduz a informação a ser aprendida em um formato adequado à compreensão do aluno. O currículo deve ser organizado em espiral, para que o aluno construa continuamente sobre o que já aprendeu. O aluno vai descobrir aquilo que já existe em sua estrutura cognitiva. O professor não é apenas um passador de informação.

Teoria da Inclusão (D. Ausubel)

Ausubel preocupa-se com a aprendizagem que ocorre na sala de aula da escola. O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para que ocorra a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de ancoragem. Ausubel está interessado em saber como os indivíduos aprendem grandes quantidades de material significativo por meio de apresentações verbais/textuais em um quadro escolar. Um processo primário em aprendizado é a inclusão, na qual o conhecimento novo é relacionado com as idéias relevantes da estrutura cognitiva existente em uma base substantiva. As estruturas cognitivas representam o resíduo de todas as experiências de aprendizado. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do indivíduo. O armazenamento de informações no cérebro é altamente organizado formando uma hierarquia na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados ( = assimilados) a conceitos mais gerais, mais inclusivos.

Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos classificadores que facilitem a aprendizagem subseqüente .

Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido em si. Sua principal função é de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber a fim de que o material possa ser aprendido de forma significativa. Facilitam a aprendizagem na medida em que funcionam como "pontes cognitivas".

"A essência do processo de aprendizagem significativa é que idéias simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de sua estrutura cognitiva especificamente relevante para a aprendizagem dessas idéias. Este aspecto especificamente relevante pode ser, por exemplo, uma imagem , um símbolo, um conceito, uma proposição, já significativo".

Ausubel (1978,p.41): "As idéias mais gerais de um assunto devem ser apresentadas primeiro e, depois, progressivamente diferenciadas em termos de detalhe e especificidade. Os materiais de instrução devem tentar integrar o material novo com a informação anteriormente apresentada por meio de comparações e referências cruzadas de idéias novas e antigas."

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O experimento “Universo 25”





Desde décadas atrás, pesquisadores vêm alertando sobre os riscos à humanidade que a superpopulação pode trazer. E de volta em 1972, o cientista John Calhoun elaborou um famoso experimento com ratos. Ele construiu um paraíso para os animais – um grande cenário com edifícios e alimentos ilimitados. De início, o cientista introduziu apenas 8 ratos a população. Dois anos depois, um inferno surgiu.

O enorme cenário, conhecido como Universo 25, foi feito com o objetivo de ser uma utopia roedora. Mas com o passar do tempo, a caixa, com suas rampas que iam até os apartamentos, foi ficando superlotada. No dia 560 do experimento, a população era de 2.200 animais. Foi o auge. Daí em diante, a população foi diminuindo até ser extinta. Por que isso aconteceu?

No auge da população roedora, os raros passavam todo instante com centenas de outros colegas. Reuniam-se nas principais praças para serem alimentados, e não era difícil os ver se atacando. Poucas fêmeas conseguiam dar a luz, e as que faziam simplesmente abandonavam seus filhotes.

Chegou um momento que os ratos não faziam nada além de comer ou dormir. Quando a população foi diminuindo, os sobreviventes perderam totalmente seus comportamentos sociais, como ter relações sexuais ou cuidar da prole.

Será que a humanidade pode ter o mesmo fim? O controverso experimento na época foi algo assustador, pois concluiu que se a fome não matar todo mundo, os indivíduos da espécie vão se destruir mutuamente.

Agora, um estudo recente resgatou da memória o Universo 25 e concluiu que, no geral, o cenário não era superlotado. Os apartamentos em cada corredor dos edifícios tinham somente uma entrada e saída, o que os faziam fáceis de guardar. Isso fez com que os machos territoriais limitassem o número de animais em cada apartamento, o que fazia superlotar o restante da caixa.

Portanto, ao invés de superpopulação, cientistas agora argumentam que o Universo 25 possuía um problema de distribuição, algo que, segundo os pesquisadores, também pode acontecer com os humanos, que são exímios em desigualdade.           


segunda-feira, 16 de maio de 2016

A humanidade terá um futuro?



Extraído de “Has man a future?” de Bertrand Russell

            O pessimista poderia argumentar: Por que tentar preservar a espécie humana? Não deveríamos antes nos alegrar à perspectiva de um fim para a imensa carga de  sofrimento, e ódio, e medo, que tem até agora enegrecido a vida do Homem? Não deveríamos contemplar com alegria um novo futuro para nosso planeta, pacífico, dormindo tranquilo finalmente, depois de chegar ao fim do longo pesadelo de miséria e horror?

            A qualquer estudante de História que contemple o terrível registro de loucura e crueldade que tem constituído a maior parte da vida da humanidade até agora, tais perguntas devem ocorrer em momentos de compreensão. Talvez esse exame possa tentar-nos a concordar com um fim, por mais trágico e definitivo que seja, para uma espécie tão incapaz de sentir alegria.

            Mas o pessimista tem somente metade da verdade e, a meu ver, a metade menos importante. O Homem não tem apenas a capacidade para a crueldade e o sofrimento, mas possui também potencialidades de grandeza e esplendor, realizadas até agora em grau diminuto, porém evidenciando o que poderia ser a vida num mundo mais livre e mais feliz.  Se o Homem permitir a si mesmo crescer em toda a sua estatura, o que poderá conseguir está além da nossa imaginação. A pobreza, a doença e a solidão tornar-se-iam raros infortúnios. Uma razoável esperança de felicidade poderia dissipar a noite de medo na qual tantos agora vagam perdidos. 

sábado, 19 de dezembro de 2015

Manipulações Ocultas


Quando queremos algo, o mais fácil é pedir o que queremos. A outra pessoa pode ou não nos proporcionar o que desejamos, porém a comunicação permanece limpa e visível. No entanto, há muitas pessoas que consideram que pedir algo diretamente vai contra os seus princípios, que não tem o direito de fazê-lo ou que é uma falta de educação; já outras acreditam que não se deva pedir, porque se a outra pessoa gosta dela, adivinhará suas necessidades. Nestes casos, o que geralmente se faz é manipular os outros.

1. Culpar e julgar. Há pessoas que se dedicam a culpar a quem não responde imediatamente a suas necessidades. Baseiam a sua estratégia em atacar o sentimento e o pensamento que as pessoas tem sobre eles. Sabem o seu ponto fraco e é ai onde atacam. Para isso utilizam diferentes estratégias, que vão das suaves, delicadas, irônicas e divertidas, passando por aquelas que giram ao redor de interrogações irracionais, e que depois de rejeitadas, aparecem de maneira “lógica”. A efetividade de ambas estratégias é temporal, já que uma vez que as pessoas envolvidas começam a percebe-las claramente, deixam de responder aos ataques.

2. Fomentar a culpa. Os que se utilizam desta estratégia fazem que os outros se sintam culpados por não ajuda-los, pois tratam de despertar esse sentimento que as pessoas tem de ser boas com os outros e serem úteis à sociedade. Desta forma, as pessoas que não respondem a essas necessidades se sentem culpadas por isso e em falta com os demais. O que eles buscam é que ainda se tenha uma certa atitude de rejeição interior com respeito a quem ele fomenta a culpabilidade, para que elas façam o que ele deseja.

3. Fomentar a pena. Mediante uma atitude de pena e abandono buscam chamar a atenção e a simpatia das pessoas; fazem isso com diferentes táticas, ainda que com o passar do tempo essa estratégia deixe de funcionar, já que para as pessoas que estão à sua volta, a situação começa a se tornar insuportável.

4. Chantagem. Utilizando diferentes estratégias de ameaça, o chantagista busca não liberar algo útil para os demais. Se as técnicas não são as corretas, pouco a pouco elas irão perdendo a efetividade e terminarão por não funcionar mais. Quem se utiliza desta técnica terá que levar em conta que ela pode ser prejudicial a ele mesmo, já que pode criar uma situação de rejeição nas pessoas que ele tenta chantagear.

5. Suborno. O manipulador que se utiliza desta técnica tem um falso interesse pela outra pessoa, somente porque deseja algo dela. O tempo de efetividade também é escasso, mas caso ela prossiga, pode acarretar uma situação de rejeição pelas demais pessoas.

6. Apaziguar. Quem se utiliza desta técnica tem uma atitude muito diferente das anteriores, já que busca conseguir uma atitude positiva dos demais com respeito a ele. Não gosta nada do conflito e por isso trata de evitá-lo de qualquer maneira. São pessoas agradáveis, com uma atitude positiva para o fato de ter que pedir desculpas e acreditam que devam fazê-lo, buscando com isso serem aprovados; com essas táticas conseguem dos outros o que querem, já que elas “devem” isso a ele, porque ele já fez algo semelhante anteriormente por eles. Com essa estratégia, buscam que os demais sejam como eles. O problema desta estratégia reside no fato de que em muitas ocasiões, depois de haver realizado coisas pelos demais, estes não respondem à altura, cumprindo sua parte no trato.

7. Ser frio. O manipulador que tem uma atitude fria com respeito aos demais, quer deixar claro que não conseguirão nada dele; trata de intimida-los; o que ele consegue no final das contas é que as pessoas não confiem nele.

8. Desenvolvendo doenças. Esta técnica é utilizada quando as estratégias mencionadas anteriormente não surtem os efeitos desejados, ou seja, conseguir o que se estava buscando.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Psicologia das Massas: condicionamento mental.


             A experiência do padre Kircher, faz parte da história da Hipnose. O padre Kircher amarrava as patas de uma galinha e deitava-a sobre uma tábua, punha-a de lado de barriga para baixo. No fim da agitação ela voltava a ficar calma. Depois ele traçava com um giz, sobre a tábua, um traço que partia do bico. Depois ele suavemente desamarrava-lhe as patas, então ela permanecia imóvel. A galinha permanecia nesse estado durante muito tempo, para tirá-la dessa posição teria que sacudi-la ou assustá-la.

            Ora a galinha, inutilizava os seus esforços para se libertar, apesar deste da desamarrá-la, ela continuava no seu lugar, porque imaginava o traço como um obstáculo e permanecia no estado de imobilidade, dessa maneira condicionava-se à sua situação.     
    
 Um parente meu, rejubilou-se da morte de um irmão, foi censurado pelos outros familiares, as próprias filhas do falecido lhe disseram depois que era altura de ele perdoar ao irmão. Era o irmão que ele competia e odiava na sua infância. No funeral do irmão chorou, parecia sentir remorsos e lamentou-se sobre ele. Então, começou a andar cabisbaixo, disse a alguém que morreria muito em breve, e precisamente depois de um mês da morte do irmão, morreu de morte repentina.

            Muitos de nós conhecemos casos semelhantes, em que as explicações variam, desde uma simples coincidência, segundo os cépticos, de uma chamada do além, segundo os espiritualistas, ou de uma precognição, segundo a parapsicologia. Eu diria antes de um condicionamento mental.

            Tal como a galinha na experiência do padre Kircher, que se condicionou que não podia fugir nesse círculo de giz, o ser humano também se condiciona. Ele próprio se limita muitas vezes como se estivesse num círculo traçado por giz. Há muitos anos eu li, que houve um incêndio num hospital na Índia, em que havia muitos acamados e vários fugiram, apesar de estarem entrevados há muitos anos. O medo de morrerem queimados foi tão grande que se esqueceram que não podiam andar. Dessa maneira se esqueceram do condicionamento mental que os limitava numas muletas e numa cama.

            Sabe-se que as pessoas que prolongam mais a existência, são as que têm mais esperança de viver. E as que se limitam nos anos, morrem mais cedo. Temos o exemplo de muitos aposentados ao ficarem inativos abreviam a morte. Tudo isso se deve ao seu condicionamento mental.

            É a nossa mente que limita os nossos horizontes, quando ficamos estagnados no nosso círculo mental.

            Nunca diga: “Eu não sou capaz”, porque antes de agir já está a limitar-se. Diga antes: “Eu vou experimentar”, ou “Eu vou conseguir”.

            Na nossa educação desde a mais tenra meninice aceitámos os conceitos dos nossos pais, ora alguns foram úteis para o nosso desenvolvimento, mas outros, porém, revelaram-se catastróficos ao longo da vida. Alguns conceitos tornaram-se crenças proféticas tão poderosas que se auto realizaram. 

            Todo o conceito limitador nos imobiliza em todos os aspectos. Vejamos alguns: Acreditar que viemos ao mundo para sofrer, com o objetivo de alcançar o Céu. Não fazermos o que gostamos por causa das críticas dos amigos ou vizinhos. Não avançar com os nossos projetos com medo de falhar. Julgar que somos velhos para estudar ou mudar de profissão. E muitos outros conceitos limitadores se poderiam incluir.

            O condicionamento mental paralisa-nos num círculo imaginário e espesso, criado por nós em que só saímos dele quando acreditamos no impossível.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Lenda dos Nove Desconhecidos e os Livros do Saber Universal


Conselho dos Nove Desconhecidos.

A tradição dos Nove Desconhecidos remonta à época do imperador Ashoka, que governou as Índias a partir do ano 273 a.C. Era neto do Chandragunta, primeiro unificador da Índia. Cheio de ambição como o seu antepassado, cuja tarefa quis completar, empreendeu a conquista de Kalinga, que se estendia desde a atual Calcutá até Madras. Os “kalinganeses” resistiram e perderam cem mil homens na batalha. O espetáculo dessa multidão massacrada transtornou Ashoka. Ficou, para todo o sempre, com horror à guerra. Renunciou a prosseguir na integração dos países insubmissos, declarando que a verdadeira conquista consiste em captar a estima dos homens pela lei do dever e da piedade, pois a Majestade Sagrada deseja que todos os seres animados usufruam de segurança, liberdade, paz e felicidade. Convertido ao budismo e devido à sua maneira de agir, Ashoka espalhou esta religião através das Índias e do seu império, que ia até à Malásia, Ceilão e Indonésia. Depois o budismo chegou ao Nepal, Tibete, China e Mongólia. No entanto, Ashoka respeitava todas as seitas religiosas. Aconselhava os homens a serem vegetarianos, aboliu o álcool e o sacrifício de animais. H. G. Wells, no seu sumário da história universal, escreve: “Entre as dezenas de milhares de nomes de monarcas que se amontoam nos pilares da história, o de Asoka brilha quase isolado, como uma estrela”.

Diz-se que, consciente dos horrores da guerra, o imperador Ashoka quis proibir para sempre aos homens que utilizassem a inteligência de uma forma prejudicial. Sob o seu reinado, a ciência da natureza passou a ser secreta, tanto passada como futura.

As pesquisas, indo da estrutura da matéria às técnicas de psicologia coletiva, esconder-se-ão, dali em diante e durante vinte e dois séculos, atrás do rosto místico de um povo que o mundo julga apenas preocupado com o êxtase e o sobrenatural. Ashoka fundou a mais poderosa sociedade secreta do Universo: a dos Nove Desconhecidos. Nove Homens, Nove livros, todo o conhecimento do universo. Possuir um dos livros tornaria um dos nove seres mais fortes do mundo. Os nove, o mais forte da Terra. Todos os segredos residem nos Nove Livros que Ashoka fez questão de ocultar. Entretanto, como o portador de um livro teria um profundo respeito por outro portador, sendo que jamais tentariam roubá-los um do outro. Assim eles eram repassados de geração em geração, exceto pelo portador do livro que possuía a chave da imortalidade, que segundo a lenda continua a ser o mesmo desde o inicio da sociedade secreta.

Continua a dizer-se que os grandes responsáveis pelo atual destino da Índia – e sábios como Bose e Ram acreditam na existência dos Nove Desconhecidos – deles recebiam conselhos e mensagens. Com alguma imaginação, é possível avaliar-se a importância dos segredos que poderiam guardar nove homens beneficiando diretamente das experiências, dos trabalhos, dos documentos acumulados durante mais de duas dezenas de séculos. Quais os objetivos que esses homens têm em vista? Não deixar cair em mãos profanas os meios de destruição. Prosseguir as investigações benéficas para a humanidade. Esses homens seriam renovados por cooptação a fim de defender os segredos técnicos de um passado longínquo.


Imperador Ashoka.

É fato que Ashoka enviou monges budistas pela Ásia e além, incluindo um de seus filhos, para difundir os princípios do Dharma, isto é, o budismo. Não se distraia pelo fato de Ashoka estar difundindo uma “religião”, pois o que “dharma” significa é: “o caminho das verdades mais altas” ou “o princípio universal que rege toda a realidade”. Trata-se (bem, faça um esforço, em nome da brincadeira) de puro conhecimento racional, e o resto seria fachada.
Pois bem, os monges eram dez, mas foram enviados a nove lugares. A sugestiva lista a seguir saiu de um livro antigo chamado “Mahavamsa”. Eis nossos primeiros “nove” (de muitos suspeitos):
1. Majjhantika
2. Mahadeva
3. Rakkhita
4. Yona Dhammarakkhita
5. Mahadhammarakkhita
6. Maharakkhita
7. Majjhima
8. Sona e Uttara
9. Mahamahinda (filho de Ashoka)
Não é difícil imaginar alguém que, partindo destes “nove”, tenha criado uma versão rudimentar do que, muito depois, viria a ser a rica mitologia dos Nove Desconhecidos. Vamos a ela, afinal.

São raras as manifestações exteriores dos Nove Desconhecidos. Uma delas está ligada ao prodigioso destino de um dos homens mais misteriosos do Ocidente: o papa Silvestre II, conhecido sob o nome de Gerbert d’Aurillac. Nascido em Auvergne no ano 920, falecido em 1003, Gerbert foi monge beneditino, professor da universidade de Reims, arcebispo de Ravena e papa por mercê do imperador Otão III. Teria passado algum tempo em Espanha, depois, uma misteriosa viagem tê-lo-ia levado até às Índias, onde captara diversos conhecimentos que causaram assombro no seu séquito. Também possuía, no seu palácio, uma cabeça de bronze que respondia SIM ou NÃO às perguntas que ele lhe fazia sobre a política e a situação geral da cristandade.


Grande Stupa em Sanchi, construída por Ashoka.

Na opinião de Silvestre II (volume CXXXIX da Patrologia Latina, de Migne), esse processo era muito simples e correspondia ao cálculo feito com dois números. Tratar-se-ia de um autómato análogo às nossas modernas máquinas binárias. Essa cabeça “mágica” foi destruída quando da sua morte, e os conhecimentos trazidos por ele cuidadosamente escondidos. A biblioteca do Vaticano proporcionaria sem dúvida algumas surpresas ao investigador autorizado. O número de Outubro de 1954 de Computers and Automation, revista de cibernética, declara: “Temos de imaginar um homem de um saber extraordinário, de uma destreza e de uma habilidade mecânica fora do comum. Essa cabeça falante teria sido feita “sob determinada conjunção das estrelas que se dá exatamente no momento em que todos os planetas estão prestes a iniciar o seu percurso”. Não se tratava nem de passado, nem de presente, nem de futuro, pois aparentemente essa invenção ultrapassava de longe a importância da sua rival: o perverso “espelho sobre a parede” da rainha, precursor dos nossos modernos cérebros automáticos. Houve quem dissesse, evidentemente, que Gerbert apenas foi capaz de construir semelhante máquina porque mantinha relações com o Diabo e lhe jurara eterna fidelidade”.

Teriam outros europeus estado em contato com essa sociedade dos Nove Desconhecidos? Foi preciso esperar pelo século XIX para que reaparecesse este mistério, através dos livros do escritor francês Jacolliot.

Jacolliot era cônsul de França em Calcutá na época de Napoleão III. Escreveu uma obra de antecipação considerável, comparável, se não superior, à de Jules Verne. Deixou, além disso, várias obras consagradas aos grandes segredos da humanidade. Essa obra extraordinária foi roubada pela maior parte dos ocultistas, profetas e taumaturgos. Completamente esquecida em França, é célebre na Rússia. Jacolliot é formal: a Sociedade dos Nove Desconhecidos é uma realidade. E o mais estranho é que cita a este respeito técnicas absolutamente inimagináveis em 1860, como seja, por exemplo, a libertação da energia, a esterilização por meio de radiações e a guerra psicológica.


Ashoka e o símbolo da Dinastia Mauryan.

Yersin, um dos mais próximos colaboradores de Pasteur e de Roux, teria sido informado de segredos biológicos por ocasião da sua viagem a Madras, em 1890, e, segundo as indicações que lhe teriam sido dadas, preparou o soro contra a peste e a cólera.

A primeira divulgação da história dos Nove Desconhecidos deu-se em 1927, com a publicação do livro de Talbot Mundy, que pertenceu, durante vinte e cinco anos, à polícia inglesa das Índias. Esse livro está a meio caminho entre o romance e a investigação.

Os Nove Desconhecidos utilizariam uma linguagem sintética. Cada um deles estaria de posse de um livro constantemente renovado e contendo o relatório pormenorizado de uma ciência.

O primeiro destes livros seria consagrado às técnicas da propaganda e da guerra psicológica. “De todas as ciências, diz Mundy, a mais perigosa seria a do controle do pensamento dos povos, pois permitiria governar o mundo inteiro”.

É de notar que a Semântica Geral, de Korjybski, apenas data de 1937 e que foi necessário aguardar a experiência da última guerra mundial para que principiassem a cristalizar-se no Ocidente as técnicas da psicologia da linguagem, quer dizer, da propaganda.

O primeiro colégio de semântica americano só foi criado em 1950. Em França, apenas conhecemos A Violação das Multidões, de Serge Tchokhotine, cuja influência nos meios intelectuais e políticos foi importante, apesar de só ao de leve tocar no assunto.

O segundo livro seria consagrado à psicologia. Falaria especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe, provocando a morte pela inversão do influxo nervoso. Diz-se que o judô deriva de certos trechos dessa obra.

O terceiro livro estudaria a microbiologia e especialmente os coloides de proteção. O quarto trataria da transmutação dos metais. Diz uma lenda que nas épocas de fome, os templos e as organizações religiosas de proteção recebem de uma fonte secreta enormes quantidades de ouro muito fino.

O quinto livro incluía o estudo de todos os meios de comunicação.

O sexto livro continha os segredos da gravitação.

O sétimo livro seria a mais vasta cosmogonia concebida pela nossa humanidade.

O oitavo livro trataria da luz, do eletromagnetismo e do magnetismo.

O nono livro seria consagrado à sociologia, indicaria as leis da evolução das sociedades e permitiria a previsão da queda.

À lenda dos Nove Desconhecidos está ligado o mistério das águas do Ganges. Multidões de peregrinos, portadores das mais pavorosas e diversas doenças, ali se banham sem prejuízo para os de boa saúde. Dizem que as águas sagradas purificam tudo. Pretendeu atribuir essa estranha propriedade do rio à formação de bacteriófagos.

Mas por que motivos não se formariam eles igualmente no Bramaputra, no Amazonas ou no Sena? A hipótese de uma esterilização por meio de radiações aparece na obra de Jacolliot, cem anos antes de se saber possível um tal fenómeno. Essas radiações, segundo Jacolliot, seriam originárias de um templo secreto cavado sob o leito do Ganges. Técnicas conhecidas hoje pela nossa Ciência para proliferação e oxidação de micro-organismos

Afastados das agitações religiosas, sociais e políticas, resoluta e perfeitamente dissimulados, os Nove Desconhecidos encarnam a imagem da ciência calma, da ciência com consciência. Senhora dos destinos da humanidade, mas abstendo-se de utilizar o seu próprio poder, essa sociedade secreta é a mais bela homenagem possível à liberdade em plena elevação. Vigilantes no âmago da sua glória escondida, esses nove homens veem fazer-se, desfazer-se e tornar a fazer-se as civilizações, menos indiferentes que tolerantes, prontos a auxiliar, mas sempre sob essa imposição de silêncio que é a base da grandeza humana. Mito ou realidade?


Legendary Nine Unknown.
Há aqueles que arriscam uma teoria, uma das mais interessantes é essa:

“O Vedas possui diversos trechos que supostamente demonstram a interferência de um povo possuidor de uma tecnologia avançadíssima. Esse povo passou para os indianos o seu conhecimento. Porém despreparados, os humanos começaram a utilizar de modo errado, como é o caso dos Vimanas ceifando milhares no campo de batalha com um único ataque. O povo cansado dessa destruição, retornou para casa. A matança continuou até o dia que Ashoka decidiu por um fim. Dividiu o conhecimento entre os membros da sociedade e estes foram ocultados para sempre e utilizados apenas quando necessário.”