sexta-feira, 18 de julho de 2014

O pioneirismo inglês durante a Revolução Industrial.


Indústria têxtil na Inglaterra do séc. XVIII.


            A Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII na Inglaterra não foi acontecimento casual. Ela se verificou então e aí e só poderia ter lugar aí, pois os outros países não estavam preparados. Há fortes razões para o pioneirismo inglês, vivendo no século XVIII o que outros só conheceriam no século XIX. Muitos fatores contribuíram: a Inglaterra tinha unidade política que a Europa não atingira, pois foi a primeira a superar em parte o atomismo do regime feudal.

            As grandes mudanças verificadas preparam o terreno para o industrialismo, impondo-o antes que em qualquer outra parte. São alterações em profundidade em três setores, convencionalmente chamadas revoluções: Comercial, Agrária e Intelectual. Prepara-se a área para o novo, propiciador de outra Revolução,  a industrial.

            Em primeiro lugar, caracteriza-se a Revolução Comercial. O comércio, estagnado grande parte da Idade Média, começa a renascer com as Cruzadas. Seu impulso se dá nos séculos XV e XVI, com os descobrimentos, realizados sobretudo por portugueses e espanhóis. Ante o êxito desses povos, outros, como holandeses, franceses, ingleses se empenham na aventura. Com os viajantes novos povos e terras são conhecidos. Produtos até então ignorados são descobertos e integram a pauta de consumo do europeu.  Outros, já vistos e sabidos, tem o uso aumentado. O europeu vai buscar especiarias, sedas, metais e outros artigos ainda não de seu conhecimento, intensificando o comércio. Os europeus exploram os povos obtendo preciosidades em troca de quase nada ou do simples saque. O resultado é o impulso do processo criativo, Os inventos são provocados pela maior procura. Verifica-se a Revolução Comercial, na qual destacam-se Inglaterra e Holanda.

            A Grã-Bretanha obtém maiores êxitos, sobretudo com a política de Cromwell durante a qual é votado o ato de Navegação estabelecendo que cabotagem e pesca só podem ser realizadas por navios britânicos, produtos de outra origem só trazidos por navios das respectivas nacionalidades ou por navios com três quartos da equipagem e comandante britânicos. A Holanda, grande prejudicada protestou, chegando mesmo à guerra. Em 1652-54, na qual é naturalmente derrotada.

            Ainda no século XVII verifica-se a revolução de 1688, eminentemente religiosa e política, em defesa do protestantismo e das liberdades parlamentares e públicas em geral, contra o absolutismo e a religião do rei. A revolução gloriosa teve um caráter econômico porque foi fundado o Banco de Inglaterra, a Companhia das Índias, de tanta importância no futuro. Expandem seu comércio para Oriente e trazem o algodão e vários tecidos da Índia. Também trazem o chá e as porcelanas da China e outros artigos.

            Esta é uma das formas do Mercantilismo, o Comercialista, em que os ingleses se distinguiram. Num primeiro momento, o desenvolvimento econômico é um processo de expansão do comércio. O agente dinâmico é o comerciante.

            Em segundo lugar houve a Revolução Agrária.  O estudo da Revolução Industrial implica em conhecimento da propriedade fundiária e da produção agrícola, não só pela ocupação da terra por atividades industriais como pelo abastecimento das populações urbanas e das fábricas.

            A Inglaterra é país de grandes propriedades. Tal característica não é antiga, pois durante séculos foi partilhada por inúmeras porções de terra, que se dividiam entre grande parte da população.

            Um dos elementos fundamentais da história inglesa são essas demarcações ou lei das cercas. É um golpe no open Field system ou no sistema de campos abertos. Acontece que com as cercas não se faz uma reforma agrária popular, mas forma-se a grande propriedade.

            As pessoas são obrigadas a migrar para as cidades que abrigam populações que não têm onde morar o não têm habilitação para tarefas urbanas. Vão constituir a farta mão-de-obra disponível, que se sujeita a qualquer salário vivendo em condições de miséria, promiscuidade, falta de conforto e higiene, em condições sub-humanas.

            Constituem variantes do que Marx chamou “o exército industrial de reserva”. A esses desalojados pelas leis acresce a presença dos imigrantes notadamente irlandeses, como judeus da Europa Central, que deixam suas terras em busca de uma esperança de vida melhor.

            A Inglaterra, antes exportadora de cereais, tem de comprar de outros países, se sua produção é insuficiente para atender a população cada vez mais numerosa. Aumentaram a pobreza, a miséria, a má situação das cidades: feias, insalubres, insuficientes para abastecer as populações. O país deixou as plantações pelas pastagens. Pensava-se na indústria, não na agricultura. Na indústria estava o futuro da riqueza.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Paralelo entre os autores do texto “A crise do século XVII” (Hobsbawm, Lublinskaya e Trevor-Roper).

  
Horror story: An Allegory of War, c1608 by Frans Francken the Younger (Bridgeman Art Library). 

O presente trabalho visa elaborar um paralelo entre as opiniões dos autores citados no texto “A crise do século XVII” (Eric. J. Hobsbawm, A. D. Lublinskaya, H. R. Trevor-Roper), e por meio deste apresentando suas opiniões convergentes e divergentes. Seguirei iniciando minha linha de análise por texto de cada autor e sua relação com os demais autores. 

O texto “A crise geral da economia europeia no século XVII” de Eric J. Hobsbawm tem por base as teorias marxistas e parte do pressuposto de que a crise não foi paralela em toda a Europa, mas distingue-se em algumas regiões houve estagnação e em outras não. Em alguns lugares da Europa houve crescimento e em outros houve crise. Para Eric J. Hobsbawm, a existência ainda de relações feudais impediram o desenvolvimento do capitalismo na Europa, sendo esse um dos principais motivos da Crise do século XVII da qual o mesmo demonstra provas incontestáveis da ocorrência da Crise. 

“O raciocínio geral pode ser resumido no seguinte: para que o capitalismo se implante, a estrutura da sociedade feudal ou agrária deve passar por uma revolução.” 

Eric J. Hobsbawm

 Já em contrapartida podemos observar no texto “A crise geral do século XVII” de H. R. Trevor-Roper, uma perspectiva antimarxista da visão da Crise do século XVII. Ele nos mostra em seu texto que a crise do século XVII não foi uma crise de produção devido à estagnação como propôs Eric Hobsbawm, porque somente a Inglaterra que possuía as forças capitalistas triunfantes da Europa neste período, pois a antiga estrutura foi destruída e uma nova forma de organização econômica estabelecida. Dentro desta organização segundo H. R. Trevor-Roper, o capitalismo moderno, industrial pode desenvolver-se e desse modo sofrer as consequências plenas da crise que atingia a Europa nesse momento da história. 

“Consequentemente, enquanto outros países não fizeram qualquer progresso imediato em direção ao capitalismo moderno, na Inglaterra a antiga estrutura foi destruída e uma nova forma de organização econômica foi estabelecida, Dentro desta organização, o capitalismo moderno, industrial, pode atingir seus resultados surpreendentes: não era amais a empresa capitalista ‘adaptada à estrutura geralmente feudal’; era a empresa capitalista, a  partir de sua base insular recém-conquistada, ‘ transformando o mundo’”. 

H. R. Trevor-Roper

             Mesmo afirmando ter a Crise do século XVII ter alcançado plenamente somente a Inglaterra devido ao seu desenvolvimento capitalista adiantado em relação às outras nações ele acaba por concordar com Eric J. Hosbawm ao afirmar que de fato, não se conseguiu a transformação em lugar algum sem um pouco de revolução. Apresento agora as opiniões da autora A. D. Lublinskaya em seu texto “A teoria da revolução geral na Europa do século XVII”. Ela critica as teorias de uma generalização da crise entre as nações da Europa e apoia suas teorias em consideração da situação de cada nação em particular. 

“Destes três países (Inglaterra, Holanda e França), cuja revolução capitalista se opera no começo do século XVII, a França não somente ocupa um lugar menor, como é o único Estado cujo desenvolvimento capitalista experimenta realmente grandes dificuldades.” 

A.   D. Lublinskaya
  
No aspecto de uma crise do capitalismo em particular, A. D. Lublinskaya discorda com Eric J. Hobsbawm que afirma que a crise ocorreu em cada nação devido ao desequilibrado desenvolvimento do capitalismo, como enquanto a Inglaterra era estagnada pela crise a Suécia, Rússia e outras regiões menores desenvolviam-se. 

“As potências ibéricas, a Itália e a Turquia apresentavam um evidente retorocesso. Quanto a Veneza, encontrava-se a ponto de transforma-se num centro turística(...) Mais ao norte, o declínio da Alemanha era evidente, embora de forma alguma irremediável. Na Polônia báltica, a Dinamarca e a Hansa declinavam. (...) Por outro  lado, as potências marítimas e suas dependências – Inglaterra, Províncias Unidas, Suécia – assim como a Rússia e outras regiões menores como a Suiça pareciam se desenvolver a invés de estagnar. Enquanto a Inglaterra, encontrava-se em pleno avanço. A França encontrava-se em uma situação intermediária (...).”  

Eric J. Hobsbawm
  
            A autora Lublinskaya concorda com Hobsbawm que o capitalismo é um dos centros do evento da crise do século XVII, mas que este não é o responsável pela mesma como nos tenta demonstrar Hobsbawm em seu texto. Pois a autora estima que não é uma crise de produção capitalista a que se registra no século XVII, mas uma luta econômica e política – entre os países onde o capitalismo se desenvolve de maneira desigual.


            Em relação ao texto do autor Trevor-Roper, Lublinskaya nos guia em sua crítica de que as teorias da crise geral do século XVII e da crise do capitalismo em particular de onde tirou a maioria de suas conclusões da economia inglesa e holandesa. Ele sublinhou mais o ritmo lento, a seu juízo, deste processo até nos países desenvolvidos. 

“De qualquer maneira, as cortes reconheceram-na como a sua crise. Algumas cortes procuraram reformar-se foi então que as velhas cidades-estados, particularmente Veneza, embora agora em decadência, tornaram-se o modelo admirado, primeiro para a Holanda e depois para a Inglaterra.”
  
H. R. Trevor-Roper

Lublinskaya concorda com Trevor-Roper sobre a importância do envolvimento dos acontecimentos na Holanda, Inglaterra e França para exemplificar os eventos da crise do século XVII, ainda que de formas distintas como vemos a autora citar: 

“A evolução capitalista na França durante o período examinado está muito influenciada pelo capitalismo dos países vizinhos, principalmente da Holanda e da Inglaterra. Estes três Estados caminham para a sociedade burguesa (...).” 

A.   D. Lublinskaya

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Crise do século XVII e XVIII: um mundo em crise.


             Nesta breve resenha estaremos realizando uma análise do texto de Suzanne Pillorget sobre a crise do século XVII, onde a autora realiza paralelos entre queda e expansão da produção entre os séculos XVI e XVII, respectivamente.   A queda na produção de metais na América é vista pela autora como um dos grandes fatores para a crise do século XVII, mas segundo a autora só a crise de metais não foi suficientemente catastrófica para causar a crise.

            No início do texto a autora explica que as grandes descobertas do século XVI estimularam a atividade comercial e também as atividades econômicas de Europa. A descoberta de jazigos de metais preciosos possibilitara a expansão econômica do século XVI. Porém, o Século XVII começa de uma forma inquietante já que a produção dos metais preciosos começa a declinar. Na realidade não chegou a ser uma queda na produção, mas sim uma demanda maior de metais preciosos por parte dos colonizadores, pois a quantidade extraída ainda aumenta e o stock de metais preciosos em circulação no mundo não se acha diminuído. A autora explica que a dita diminuição da produção de metais preciosos ocorre num momento em que a economia da Europa demandava uma massa monetária maior. Entre 1620 e 1630 a economia europeia entra num período prolongado de recessão que dura mais de cem anos. Essa recessão termina com a chegada de ouro proveniente do Brasil no século XVIII e Moçambique. Como podemos acompanhar a autora não considera a escassez de metais o único fator responsável pela crise do séc. XVII, mas toda uma estrutura ampla de eventos que ocorreram dentro de uma conjuntura no cenário social/econômico mundial. Foi uma situação nascida de um encontro de circunstâncias que foram o ponto de partida para o início da recessão e escassez. No período entre 1620 e 1630, as nações do mundo entram em uma prolongada época de estagnação, entrecortada por breves recrudescimentos e de acidentes difíceis como naufrágios e batalhas navais.

            Podemos observar no texto, Um Mundo em Crise de Suzanne Pillorget, que apesar da aparente ênfase que a autora apresenta na questão da escassez de metais, devido à exigência de um volume superior de numerários, ela não considera que somente o fator demanda em relação à extração de metais preciosos seria suficiente para abarcar todas as consequências causadas pela crise do séc. XVII. Suzanne Pillorget mostra-nos que todo um conjunto de eventos ocorridos nesse período levou a crise, eventos estes que ocorrem em diversos países com consequências de âmbito regional e mundial distintos, mas que juntas abrangem as causas da recessão e retração econômicas mundial. Como nos deixa claro a autora no final do texto onde afirmar a importância dos metais e que sua escassez ainda que moderada possa provocar estagnação econômica, mas não pode, por si só, ter provocado às catástrofes causadas pela crise do séc. XVII.

sábado, 5 de julho de 2014

Análise do Artigo “A Vitimização do Professor” e dos Projetos de Lei 178 e 191.


Baseado no Artigo da Doutora Tania Maria Scuro Mendes

Segundo minha análise do artigo: A Vitimização de Professores e a Alunocracia na Educação Básica, bem como dos Projetos de lei 178 e 191, vejo que permanecem os antigos problemas e os novos acrescentam-se aos mesmos. O desrespeito pelos professores começa com as autoridades governamentais que não valorizam o trabalho de uma das classes de trabalhadores que são à base de toda uma sociedade, os professores. E agora diante de toda a banalização do ato educativo pelas políticas neoliberais estes professores estão diante de um fluxo de violência que tem invadido as escolas de educação básica. Além do mais com a necessidade de enfrentar o desafio de conciliar problemas sociais com sua tarefa de educador. Diante dessa situação nos encontramos com toda uma classe de educadores desamparados pela legislação brasileira, deixando os professores inertes diante de crianças e adolescentes tiranos que se identificam, subjetivamente, com ditadores mirins e juvenis. Toda essa liberdade que foi dada aos educandos esta sendo compreendida pelos mesmos como direito de fazer o que se quer a hora que quiser.

Mas mesmo diante de todas essas dificuldades encontradas pelos mestres em seu labor diário para levar adiante seu trabalho temos como no projeto de lei 178 no artigo 4° a proposta da inclusão de educadores não docentes ao corpo de funcionários da escola que visem trabalhar pelo zelo pela segurança escolar e pelas relações pacíficas com a comunidade. Do modo que podemos observar no artigo 1° do mesmo projeto, que explica o motivo dessa iniciativa: “respeito à liberdade, apreço à tolerância e superação de todas as formas de violência, internas e externas à escola, na perspectiva da construção de uma cultura de paz;” Como assustadoramente tem sido acompanhado por diversos professores que lutam para poderem trabalhar diante de ameaças tanto físicas como verbais, nunca falamos tanto da necessidade de colocarem-se limites e nunca se praticou tão pouco. Nas salas de aulas os alunos não possuem mais nenhum respeito pelo professor, chegando ao ponto de não aceitarem receberem nem mesmo repreensão ou correção por parte do mestre, sem que este receba uma enxurrada de palavrões e ofensas que chegam a atingir o campo pessoal do mesmo. Deve-se sem demora procurar uma via para o desenvolvimento de debates em que a relação aluno-professor é a protagonista. Com uma abordagem transdisciplinar no sentido de que, além de estabelecer interfaces entre áreas de conhecimento, atravesse campos de estudo espiralando ações teórico-práticas, voltadas à transformação da realidade em questão. Todas essas iniciativas devem ser tomadas em união com a ação do Estado por meio de uma política que vise proteger o docente em seu ambiente de trabalho não permitindo que o mesmo na atuação de sua atividade venha receber qualquer tipo de agressão em razão de sua atividade profissional. Professores queixam-se de terem inclusive seu patrimônio depredado, como veículos arranhados e ameaças de morte por parte de alunos que fazem parte de gangues e de parentes de alunos. A situação tornou-se tão absurda que é quase inacreditável uma nação como a brasileira não possuir uma política que defenda os Direitos Humanos para os Professores.

Pois os alunos sabem usar seus direitos do E.C.A (Estatuto da Criança e do Adolescente), quando são intimados pelos professores ou direção escolar, mas não possuem em contra partida nenhuma lei que limite suas ações como jovens cidadãos. Diante desta total desfaçatez temos outra luz no final do túnel, o projeto de lei 191, que ao lermos vemos que já no 2° artigo estabelece a proteção ao professor ao afirmar: “Para os efeitos da Lei, configura violência contra o professor qualquer ação ou omissão decorrente da relação de educação que lhe cause morte, lesão corporal ou dano patrimonial, praticada direta ou indiretamente por aluno, seus pais ou responsável legal, ou terceiros ao exercício de sua profissão.” Sem ações como esta do projeto de Lei 191, estamos permitindo que seja instaurada, paulatinamente e continuamente, a ditadura do alunado contra o estatuto da autoridade docente. Nas escolas professores ouvem palavrões, levam tapas, escutam “sou de menor, e tu não pode fazer nada comigo” e se sentem impotentes diante desse quadro de dor, desrespeito e indisciplina. Os educadores não podem responder, não podem punir, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente assim não permite esse Estatuto que trouxe grandes conquistas para defesa de nossas crianças está se tornando um empecilho na educação das mesmas devido a sua errônea interpretação, pois tem nos levado a uma avalanche de impunidade.

A partir de meados do século XXI os professores passaram a ter que lidar com novas situações devido à democratização da educação, pois este agora teria que que resolver problemas relacionados a aprendizagem, violência, diferenças culturais, nem sempre resolvidos  a contento, considerando que, comumente, não foi preparado, na formação profissional, para o enfrentamento de novas demandas de tais realidades. Em concepções educativas anteriores, se o aluno não aprendia, a culpa era dele, atualmente, se o aluno não aprende, a culpa é do professor. Com o objetivo de contrapor-se a essa realidade de conflitos na escola, o projeto de Lei 191, em seu Artigo 3° afirma: “Na hipótese de iminência ou de prática de violência contra o professor, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de forma imediata, as seguintes providências: I-(..)proteção(...), II-(...)encaminhar o professor ao hospital(...), III-fornecerá transporte seguro para local seguro quando houver risco à vida; IV-(...)assegurará a retirada de seus pertences do estabelecimento de ensino(...); V-comunicará o ocorrido aos pais ou responsável do agressor, se menor de dezoito anos; VI-informará ao professor os direitos a ele conferidos nesta lei.” Sem a urgente aplicação destas medidas será difícil  avaliar as transformações da imagem de professor como operário do ensino. Este quadro deve ser mudado para que o professor seja valorizado com todo respeito e reconhecimento que merece. Este quadro deve ser mudado para que o professor seja valorizado com todo respeito e reconhecimento que merece.

Alguns professores alegam que um dos motivos para a vitimização dos professores foi à implantação da progressão continuada, pois os alunos perderam o receio de ser reprovados e, com isso, não há o menor respeito pelo professor. Neste clima vemos a docência desgastada e desvalorizada por atos que perpassam as relações pedagógicas influenciadas por relações sociais, vendo-se, ao mesmo tempo, como reféns de um processo legal que confere direitos desproporcionais na relação aluno-professor. A Alunocracia na educação básica está gerando relações interpessoais mais violentas, pautadas num individualismo primário, numa busca desenfreada por emoções fortes ainda que provenham da desgraça alheia. Reforço aqui mais uma das propostas do projeto de Lei 191, em seu Artigo °10: “Constatada a prática de violência contra o professor, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor as seguintes medidas protetivas, entre outras que julgar necessárias: I-(...) afastamento do estabelecimento de ensino (...); II-proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximar-se do professor (...); b) frequentar determinados lugares (...)”.

No contexto interativo escolar, podemos nos defrontar com realidades que oscilam entre os extremos: repressão e falta de limites. Precisamos aprender a contrabalançar esses extremos, pois, a violência na família e na escola gera violência social. Mas não podemos cair no lado oposto da moeda: falta de limites e impunidade também geram violência e caos. O caminho do meio caracterizado pela moderação é o mais plausível. Devemos aproveitar os exemplos de violência para problematizar trabalhos e debates entre os alunos, pois não podemos e não devemos aceitar, passivamente, a banalização da violência, precisamos problematiza-la e trazer à reflexão seus meandros.

Para que ações eficazes como as já citadas passem do papel para a realidade é necessário à força da lei para fazer com que as pessoas se intimidem e repensem suas ações e neste momento que entra a aplicação por imediato dos projetos de Lei 178 e 191 do Senador Paulo Paim, que são baseados no Artigo da professora Tania Maria Scuro Mendes e Juliana Mousquer Torres. Mas acima de tudo isso vale a reflexão de que nenhuma lei resolve dramas e pode operar grandes transformações sem a construção de uma postura social que a legitime, de modo a operar transformações nos comportamentos dos sujeitos.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Formação do Mundo Moderno: O Novíssimo Tempo, Luzes e Revoluções.


Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas Cochin e gravado por Bonaventure-Louis Prévost. Esta obra está carregada de simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

Encyclopedie's frontispiece, full version. Engraving by Benoît Louis Prévost.

Iniciada no Renascimento a Época das Luzes, talvez indique de maneira mais concreta o que ocorreu no século XVIII. O Iluminismo nunca foi um movimento homogêneo e sim pluralista. É no século XVIII que a visão do Iluminismo ganha força como opositora às forças reacionárias do Antigo Regime e apresenta uma visão mais racional do mundo e da interação entre os seres humanos. Representa um movimento geral na Europa de crítica ao Antigo Regime, objetivam dar conteúdo as críticas onde a razão e a liberdade estaria do lado do homem. 

Criando uma fé na razão, amparada nas pesquisas do século XVII como as de Isaac Newton, que estabeleceu que em tudo estava presente a natureza. Mas o século XVIII apresentou seus revolucionários, desenvolvendo a autonomia das esferas de conhecimento e, em meio a essa tônica é que encontramos homens como Benjamin Franklin, que através de seu estudo dos raios fez a Igreja ver que se tratava de um fenômeno natural. Também procuraram estabelecer melhores condutas sociais e políticas a partir da descoberta das leis sociais e políticas.


Montesquieu 

Parte dessas experiências já haviam sido testadas sem sucesso no século XVII. O que tornou o século XVIII especial foi a crise geral, decorrente da impossibilidade de deter novas ideias pela Igreja e os Estados Absolutistas, os mesmos viram-se obrigados a envolverem-se com os novos tempos para sobreviver, resultando em uma instabilidade política e religiosa. 

Na cidade de Paris, surgiu o clima necessário para as mudanças com a ida da corte para Versalles. Nesse clima os portadores da crítica são os literatos, criando uma literatura de oposição ao Antigo Regime. Esses primeiros literatos da França criaram uma liberdade que não era a dos libertários, mas a dos libertinos, diante desse clima é que se formaram os intelectuais que realizaram as mudanças e que foram a base da produção das ideias iluministas. Eram homens com um profundo conhecimento das questões universais, críticos das instituições políticas e sociais, acreditavam que a única forma de se limitar a intolerância e a criação de um governo esclarecido.


Filósofos Iluministas reunidos no salão de madame Geoffrin. Óleo sobre tela de Anicet-Charles Lemonnier, 1812. 

Durante o iluminismo surgem as primeiras Enciclopédias que contém todos os novos valores e conhecimentos apresentados na época, sua introdução era um manifesto do Iluminismo. Propagando as luzes surge  no século XVIII o movimento filosófico denominado Ilustração que afirmava o poder ilimitado da razão para governar o mundo. Isso foi tão destacado que chamam a época da Ilustração simplesmente de “racionalismo”. Visavam também construir uma base moral, para a religião e a ética de acordo com a razão inalterável das pessoas. Não é por coincidência que a pedagogia como ciência tem suas origens na Ilustração. 

Os iluministas desejavam converter a religião em algo natural um conceito de cristianismo humanizado. O Iluminismo seguia o objetivo de acabar como medo dos homens e de convertê-los em senhores. Propunham por meio da ciência, a dissolver os mitos e confusões da imaginação. Inaugurando dessa forma o Século das Luzes por meio da visão humana, em que a igualdade foi a nova mestra das trocas e das virtudes humanas e a referência para as críticas ao domínio aristocrático.

John Locke 

A cidade, em oposição ao campo, passou a ser o espaço original das novidades, onde os novos valores se anunciavam e eram divulgados, transformando-se em ideais burgueses. O mercantilismo como um conjunto de práticas e projetos econômicos desenvolvidos nessa Europa moderna  fez com que a terra perdesse valor, era preciso torna-la capaz de gerar mais riqueza e valor sólidos. Novos homens ricos e urbanos dominaram o cenário das cidades, afastando delas os velhos hábitos rurais. 

Objetivando aumentar seus lucros os burgueses avançaram para os campos,  tornando a terra consolidadora de seus bens. Os comerciantes foram, sem dúvida, a expressão mais pontual da inexistência de fronteiras entre o campo e a cidade. Seja pela exploração da circulação de matérias-primas, fossem rebanhos de ovelhas ou artesanato. O resultado mais importante foi à descoberta pela burguesia ascendente de que o Estado do Antigo Regime era um freio aos anseios de liberdade de interesses. Passaram então a buscar instrumentos que lhes permitissem manter seus interesses.

Voltaire

terça-feira, 1 de julho de 2014

A Pesquisa na Internet e seu uso no meio acadêmico


            O surgimento da Internet provocou uma série de mudanças nos cenários social e econômico da humanidade e, atualmente, se configura como uma ferramenta fundamental para a realização de atividades habituais do nosso dia a dia,seja nas formas de comunicação, no modo de consumo, na área da educação, nas relações interpessoais, no acesso às informações, entre outras.

            Nesse sentido, o volume, a variedade e a velocidade com que as informações trafegam na grande rede, tríade que caracteriza o fenômeno chamado Big Data, vem sendo objeto de análises e estudos. Nunca se produziram tantas informações quanto nos últimos tempos.

            Atualmente 2,5 exabytes de informações são produzidas diariamente pela humanidade, para ter uma noção exata do que tal medida significa, 3 exabytes era tudo o que se conseguia armazenar no ano de 1986 e, no presente, são produzidas quase o dobro disso em apenas dois dias (PETRY, 2013, p. 74). Torna-se necessário então, avaliar essas informações, sua credibilidade e onde encontrá-las. Abaixo segue uma relação de alguns Portais e Sites, que podem ser considerados excelentes fontes de pesquisa virtual:

            SciELO - Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica Eletrônica em Linha) é um modelo para a publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na Internet. Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php

            Portal do Domínio Público - O "Portal Domínio Público", lançado em novembro de 2004 (com um acervo inicial de 500 obras),  propõe o  compartilhamento de conhecimentos de forma equânime, colocando à disposição de todos os usuários da rede mundial de computadores - Internet - uma biblioteca virtual que deverá se constituir em referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

            O Portal de Periódicos da Capes é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta atualmente com um acervo de mais de 35 mil periódicos com texto completo, 130 bases referenciais, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual. Disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br/?option=com_phome&mn=68

            PROSSIGA - Programa de Informação para Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Criado em 1995, o programa Prossiga tem por objetivo promover a criação e o uso de serviços de informação na Internet voltados para as áreas prioritárias do Ministério da Ciência e Tecnologia, assim como estimular o uso de veículos eletrônicos de comunicação pelas comunidades dessas áreas. Disponível em: http://prossiga.ibict.br/

            Portal Ibict - A transferência de tecnologias da informação é uma das ações que consolidaram o IBICT como referência na área no Brasil e no exterior. O seu corpo técnico realiza a absorção e personalização de novas tecnologias, repassando-as a outras entidades interessadas na captura, distribuição e preservação da produção intelectual científica e tecnológica. Disponível em: http://www.ibict.br/

            Google Acadêmico - É um serviço de busca acadêmica e apresenta seus resultados em diversos idiomas. O novo recurso relaciona artigos técnicos, teses, livros, resumos, relatórios técnicos e outros tipos de publicações. Disponível em: http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR

            CNPq - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como principais atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores brasileiros. Disponível em: http://www.cnpq.br/index.htm

            Plataforma Lattes - Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações. Sua dimensão atual se estende não só às ações de planejamento, gestão e operacionalização do fomento do CNPq, mas também de outras agências de fomento federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa.