Os antigos Filisteus, povo
que viveu na orla do Mediterrâneo, cultuavam uma divindade chamada: "Mammon",
deus da riqueza, dos bens materiais, do dinheiro. Jesus fez referência a essa
divindade no Sermão da Montanha, orientando os seus discípulos a não servir a
dois senhores, quando afirmou: "- Não podeis servir a Deus e a Mamam”.
(Mateus. 6: 24).
Tradutores de algumas versões da bíblia substituíram o nome próprio
dessa divindade filisteia (Mammon), pela palavra riquezas, o que não deixa de
ser uma agressão ao texto original e inaceitável pelo princípio gramatical que
não autoriza traduzir nome próprio, e sim transliterar. Como pode as escrituras
consideradas sagradas sofrerem tantas alterações nas mãos desses “camelôs de
bíblias?”.
Mas, digamos que mesmo
agredindo o texto original, o tradutor quis com isso, orientar os estudantes do
texto sagrado, a viver um tipo de amor exclusivo a Deus, onde o desejo excessivo pelo acúmulo de bens
materiais não encontre espaço nessa relação divino-humana. Parece
que foi isso que os franciscanos entenderam igualmente a madre Tereza de
Calcutá, Tolstoi, Santo Agostinho e outros, que fizeram do isolamento em
mosteiros e da abnegação da vida luxuosa, um estilo de vida que os tornou
diferentes de muitos religiosos.
Entretanto, o que Jesus
queria mesmo dizer? Será que para se servir a Deus tem que se viver mesmo na
extrema pobreza?
Não posso entender assim,
pois a hermenêutica não conduz a esse tipo de interpretação. No texto em
referência, Jesus diz: “- Não podeis servir a dois senhores”.
Veja o verbo servir. Isso
implica em subserviência, submissão, situação de serviçal, escravo, subjugado.
Ora, o que Jesus está
orientando aos seus seguidores com base nessa advertência é da necessidade de se fugir de
tudo aquilo que as riquezas “podem causar de mal”, como a arrogância, avareza,
a luxúria, o poder econômico, suborno, subjugar as pessoas a partir de suas
necessidades essências. E, ainda, das mazelas do sistema econômico religioso em que, infelizmente, muitos estão envolvidos.
A quem esses caciques
religiosos estão servindo? Em que se fundamentam suas brigas? Em qual tipo de
visão e objetivos estão ligados? São mesmo representantes de Deus aqui na
terra? A transpiração deles tem poder de curar ou está contaminada pela química
da ganância do capitalismo religioso?