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terça-feira, 15 de outubro de 2013

E se houvesse guerra civil no Brasil? Rebeldes teriam de atacar pontos de infra-estrutura estratégicos até chegar a Brasília. Nada fácil!


 Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Nem uma nova Constituição, nem a independência de um Estado, tampouco um movimento religioso. O que motivaria um conflito armado no Brasil seria algo não muito criativo em se tratando de guerra: petróleo. Em 2012, a proposta de redistribuição dos royalties da produção da commodity levou 200 mil pessoas a se manifestarem no Rio de Janeiro. O Estado, sozinho, produz 74% do petróleo nacional. Se houver a redistribuição, o Rio diz que perderá R$ 77 bilhões em arrecadação até 2020. 

A discussão é longa, polêmica e ainda tramita no Congresso. Se a coisa ficasse séria e os Estados produtores de petróleo se juntassem contra o resto, teríamos, na verdade, uma guerra entre rebeldes civis e militares. Isso porque dificilmente as Forças Armadas, que respondem à presidente e não aos Estados, se voltariam contra o governo federal menos de 30 anos depois da redemocratização do País. Um novo golpe militar não seria bem visto pela comunidade internacional, haveria represálias. Então, sem o apoio militar, os rebeldes teriam de se virar com táticas de guerrilha e tentar atacar locais estratégicos. Nada impossível, ainda mais se eles angariassem mais aliados descontentes. 

Em 2008, o Movimento dos Atingidos por Barragens invadiu a hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Chegaram à sala de operações e por pouco não deixaram muita gente sem luz. Para evitar ataques assim, surgiu o Projeto Proteger, que deve ter um investimento de R$ 9,6 bilhões do governo. Mas as dificuldades dos rebeldes iriam além. Seria preciso chegar a Brasília. E o Planalto Central não tem uma Sierra Maestra, com as florestas e montanhas estratégicas que ajudaram os cubanos a tomar Havana em 1959, por exemplo. Então, mais uma vez na história, o governo central derrotaria os revoltosos.


Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A infame Unidade Bacteriológica 731 (UB-731)


Complexo da Unidade 731 em Harbin. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial como os amigos Construtores tem observado, temos sido constantemente informados sobre o uso de armas químicas e biológicas por diversas nações ao longo dos anos. O que muitos não sabem é que seu emprego já estava bem à frente do front de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Usados contra civis, mulheres, crianças e idosos sem nenhuma piedade. As armas biológicas adoeciam a população alvo e depois levavas a mais variedades de horríveis mortes.

            Um livro chamado “Unidade Bacteriológica 731”, foi publicado no Japão, depois da Segunda Guerra, por um homem chamado Akiyama Hiroshi, que havia sido membro da unidade. Segundo este livro, havia um grupo de edifícios com cerca de quatro quilômetros de circunferência, e o principal tinha quatro vezes o tamanho do Edifício Marunouchi, no Japão. Havia por volta de 3.000 empregados que criavam dezenas de milhares de ratos. Tinha ainda 4.500 incubadoras, onde criavam quantidades astronômicas de pulgas e produziam 300 quilos de germes de peste bubônica por mês.


Experiência de hipotermia, usando como cobaias prisioneiros chineses sob vigilância de soldados japoneses. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Havia uma prisão onde 400 ou 500 prisioneiros de guerra ou patriotas chineses e antijaponeses esperavam para serem usados nas experiências. Alguns eram chineses, outros soviéticos, ou ainda cidadãos da República da Mongólia. Não se referiam a eles como homens, mas como “lenha”. Pelo menos seiscentos eram torturados até a morte todos os anos, e os experimentos realizados neles eram de uma crueldade indescritível. Alguns eram esfolados vivos; alguns postos em refrigeração para experiências e os ossos de suas mãos continuavam tremendo mesmo depois de a carne estar congelada; outros eram deitados em mesas de operação como sapos, enquanto uma equipe os dissecava; outros eram amarrados a estacas apenas com suas roupas de baixo, enquanto bombas de germes eram explodidas na sua frente; e outros eram bem alimentados e daí infectados com germes, e se isto não os matasse, o experimento era repetido até que morressem.

            Quando estava nessa Unidade 731, o autor ouviu dizer que os germes criados ali eram mais poderosos que qualquer outra arma, e poderiam matar 100 milhões de pessoas, uma cifra da qual o exército japonês se orgulhava.

            Quando o Exército Soviético chegou a Harbin, essa unidade tentou esconder todos os traços dos seus crimes. Os japoneses envenenaram todos os prisioneiros sobreviventes, planejando queimá-los e enterrar as cinzas numa grande cova. Como os executores estavam em pânico, não queimavam os cadáveres completamente nem conseguiram enterrar todos. Puxaram então os cadáveres semi-queimados, separaram a carne dos ossos, queimaram a carne e colocaram os ossos numa máquina pulverizadora. Finalmente, os edifícios principais foram explodidos.

           

Arábia, o refúgio dos deuses gregos.


Antes da ascensão do islamismo, credos politeístas encontraram na Península Arábica um local para continuar existindo, preservadas das grandes religiões que acreditavam em um deus único, como o cristianismo triunfante.

Por volta do século V, os habitantes da região do Mediterrâneo tinham se convertido ao cristianismo. O panteão de deuses da Grécia e de Roma era só lembrança do passado. E, pelo jeito, os velhos deuses estavam mesmo na hora de se aposentar. O historiador Plutarco, sacerdote do templo de Delfos, lamentava-se, no século 2, que Apolo se calara: não respondia mais às consultas oraculares feitas por ele. Até os cultos de deuses "importados", como o da egípcia Ísis e do persa Mitra, estavam em baixa. Em 394, um pequeno grupo de devotos de Ísis fez a última procissão em homenagem à deusa pelas ruas de Roma.

As religiões pagãs tinham sido varridas do mapa? Não. No século V, na Península Arábica, os deuses greco-romanos sobreviviam. Em Failaka (no atual Kuwait), festivais populares eram organizados em devoção ao deus Poseidon (o Netuno dos romanos) e à deusa Artemis (Diana). A deusa Minerva (Al-Lat) tinha adoradores na Arábia, na Síria e na Palestina. "Até o século 4, quase todos os habitantes da Arábia eram politeístas", diz o professor de Oxford Robert G. Hoyland, autor de Arabia and the Arabs - From the Bronze Age to the Coming of Islam ("Arábia e os Árabes - Da Era do Bronze à Vinda do Islã"). "Al-`Uzza (Afrodite) era cultuada no Sinai e na Arábia", diz James E. Montgomery, professor de História Árabe da Universidade de Cambridge, autor de Arabic Theology, Arabic Philosophy: From the Many to the One ("Teologia Árabe, Filosofia Árabe: do Múltiplo ao Uno"). 

Como aconteceu essa assimilação? Bem, não foi só da Grécia e de Roma que os árabes pegaram deuses emprestados. "Hoje se acredita que as divindades árabes eram formas locais, adaptadas, das divindades do mundo antigo do Mediterrâneo", registrou Timothy Winter, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, no ciclo de palestras A Crash Course in Islamic History (Breve Curso de História Islâmica). Os árabes assimilaram os deuses dos povos vizinhos, adaptando-os à sua religião. A deusa Al-Lat, como vimos, era Minerva (nome romano da grega Atena) sob disfarce, mas nem tão disfarçada assim: em Cartago, a mesma deusa usava o nome de Allatu. "Muitas das divindades da Antiguidade ocidental poderiam ser facilmente intercambiáveis", diz a historiadora Mary Beard, autora de Religions of Rome ("Religiões de Roma"). No século 5 a.C., isso já tinha despertado a atenção de Heródoto. Em seu périplo por terras árabes, o historiador observou um pacto entre dois chefes tribais feito em nome de Dionísio (o Baco romano). "Os árabes chamam Dionísio de Orotal", escreveu Heródoto nas Histórias (430 a.C.).

Um caso ilustrativo é fornecido pelas observações do general romano Aelius Gallus. Em 26 a.C. ele foi enviado ao sul da Arábia para costurar acordos comerciais com os reinos da região (chamada de Arabia Felix, "feliz"). Os romanos cobiçavam o incenso e as especiarias. Gallus, em seu diário, não deixou de notar a semelhança entre os deuses locais e o panteão romano. "O nosso Júpiter aqui é Dhu'Shara", espantou-se.

Ídolos na caaba

O panteão árabe era bem pobre em termos de causos mitológicos. A origem da religião, ou religiões, da Arábia pré-islâmica está envolta em um manto de obscuridade. "Nós praticamente não possuímos informações sobre os mitos e narrativas que decodificariam a religião da Arábia pré-islâmica", diz Hoyland. "Muitos autores greco-romanos escreveram tratados sobre a Arábia e as coisas dos árabes, mas infelizmente eles foram perdidos, ou deles só sobraram fragmentos." Os dados completos disponíveis são provenientes da historiografia islâmica, posterior. Tal como os primeiros autores cristãos (Eusébio de Cesareia, Santo Agostinho, Tertuliano), os muçulmanos viram o passado pagão - romano ou árabe - sob o prisma da religião nascente. Reza a lenda (exposta no Livro do Gênesis, na Bíblia), que os árabes descenderiam de Ismael, o filho de Abraão com a concubina Hagar, a serva egípcia de sua esposa, Sara. Quando Sara deu à luz Isaac, obrigou o marido a expulsar a serva e o primogênito. Hagar e o menino erraram pelo deserto, até chegarem ao árido vale de Meca, onde se estabeleceram.

A religião original da Arábia seria estritamente monoteísta, baseada na crença no Deus Uno, ensinada por Abraão a Ismael. Segundo a história islâmica, a Caaba - "A Casa de Deus", prédio de forma cúbica no coração de Meca - teria sido construída por Abraão e Ismael. Na obra O Livro dos Ídolos, do século 9, que trata do politeísmo árabe, é dito que o primeiro descendente de Ismael a adulterar a religião de Abraão foi um certo Al-Harith, guardião da Caaba. Ele retornou a Meca com um ídolo de pedra e pediu sua intercessão junto a Deus. Com o tempo, a presença de Deus tornou-se tênue no imaginário local, e os ídolos, que antes serviam de ponte entre os homens e Deus, usurparam a posição divina. Viraram deuses, no plural. No século 3, segundo Al-Azraqi, autor das Crônicas da Meca Gloriosa, 400 ídolos de pedra haviam sido erigidos ao redor da Caaba, homenagem aos mais diversos deuses da Arábia e dos povos vizinhos. Essa é a versão dos historiadores muçulmanos, que enfatizaram, em suas narrativas, um monoteísmo mítico em Meca. Os vestígios arqueológicos, no resto da Arábia, apontam à anterioridade das religiões politeístas na região.

Ascensão do Islã

Graças à Caaba, Meca teve, antes do Islã, importância na vida religiosa árabe. Era uma espécie de Aparecida, que atraía romeiros à cidade. Os líderes de Meca davam boas-vindas a todas as divindades e religiões. A cidade funcionava como uma espécie de ONU multicultural do paganismo antigo. Cada tribo tinha o seu próprio santuário ali. Ao contrário da imponente estatuária romana, os ídolos árabes eram bem modestos. A estátua de Al-Lat em seu templo oficial, em Ta'if, era fruto da reforma de uma panela de pedra, utilizada por um judeu para cozinhar mingau. "Muitas vezes, os ídolos eram somente uma pedra polida", diz Ibn Al-Kalbi.

A vida religiosa não estava restrita a Meca. Cada cidade tinha seu deus. Em Hegra, no norte, os habitantes diziam-se "filhos de Manat", que os gregos chamavam de Tyché - a Fortuna dos romanos. Em Mleiha, nos atuais Emirados Árabes, o deus popular era Kahl. Em Palmira, na Síria, o culto era à deusa Bel. Os templos religiosos pré-islâmicos não diferiam, em sua arquitetura simples, da casa de um árabe afluente da época, em cuja sala de estar erigia-se um pequeno altar dedicado ao deus, ou deuses, da predileção do proprietário. Leite, vinho, cereais, carne de camelo e de ovelha eram depositados diante do altar. Junto à Caaba, em Meca, costumava-se sacrificar camelos. "Os árabes possuíam deidades auxiliares, chamadas mundhat, que cuidavam da proteção dos vilarejos, das casas e até das pessoas individualmente", diz Hoyland. Esses entes sobrenaturais não seriam muito diferentes do que hoje se chamam "anjos".

Na época do surgimento do Islã, no século 7, há indícios de declínio econômico na Península Arábica. O comércio de incenso, vindo do Iêmen, sofreu um baque com a concorrência marítima dos romanos, pelo Mar Vermelho, estabelecida após a missão do general Gallus (que foi na verdade uma rasteira nos mercadores árabes). Um segundo golpe, ainda mais duro, foi sentido com a ascensão do cristianismo, que praticamente aboliu, no Mediterrâneo, o uso religioso do produto, associado ao paganismo. Na época de Mao-mé, o sul da Arábia era uma pálida imagem do passado. Meca tinha uma economia pequena.

O advento do Islã representou o fim do paganismo. Na história do apostolado de Maomé (por volta de 609 a 632 d.C.), os senhores políticos de Meca tentaram dissuadi-lo de sua missão religiosa. Em 622, em reunião na Câmara do Conselho da cidade, chefes de diversos clãs decidiram assassiná-lo. Para sacramentar a decisão, fizeram um banquete, sacrificando animais num altar a Al-`Uzza. O atentado falhou, motivando a Hégira, o êxodo de Maomé a Medina, que marca o início do calendário islâmico.

Em 630, o exército comandado pelo Profeta conquistou Meca. Os ídolos em volta da Caaba foram queimados. Maomé enviou missões militares para demolir os principais templos da península, como o de Al-`Uzza em Nakhla. Lá, o general Khalid bin Walid, um brilhante estrategista militar, conhecido como a "Espada do Islã", não se contentou em destruir o templo. Segundo Waqidi, cronista das campanhas militares dos primórdios do Islã, Khalid viu surgir dos escombros uma mulher nua. Os fios da sua cabeleira, de tão longos, iam quase até o chão. Ela fitou o general, impávida, imóvel, majestosa. Khalid diz ter sentido um calafrio à sua visão. Era a sacerdotisa de Al-`Uzza. "Nós negamos a ti, e não à veneração!", gritou ele. A cavalo, avançou em disparada contra ela, sacou a espada e a decapitou. Era o fim dramático da última representante de Afrodite na Arábia. Nem os deuses duram para sempre.

Divino trio

Na história da Arábia pré-islâmica, três deusas estiveram no centro da devoção popular: Manat, Al-Lat e Al-`Uzza. Segundo o antigo historiador Ibn Al-Kalbi, elas seriam as divindades mais antigas da região. Manat representava a sábia anciã, e seria uma adaptação da deusa grega Tyché (Fortuna para os romanos). Al-Lat, figura materna, uma versão local de Atena (Minerva em Roma). E Al-`Uzza, a adolescente, um sincretismo com a deusa Afrodite (Vênus).

domingo, 13 de outubro de 2013

Soldados brasileiros aliados aos norte-americanos invadiram à República Dominicana em 1965 temendo a ascensão e uma ditatura comunista.


Durante a ditadura, país invadiu República Dominicana em 1965, junto com forças norte-americanas, para evitar a volta de esquerdista ao poder.

O golpe militar ainda não havia completado um ano em 23 de maio de 1965. Os militares brasileiros, que contaram com apoio e financiamento norte-americano, tinham a primeira oportunidade de devolver o favor. Sob a presidência do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o Brasil enviou cerca de 1,3 mil militares para participar, ao lado de tropas dos EUA e de outros países, da invasão da República Dominicana, um pequeno país caribenho que divide a Ilha de Santo Domingo com o miserável Haiti e que em sua história foi governado por um dos mais sórdidos ditadores latino-americanos, Rafael Trujillo. Havia o temor de que o país se transformasse em "uma nova Cuba". A República Dominicana, onde fica a capital mais antiga da América, Santo Domingo, é vizinha da ilha dos irmãos Castro. Além do Brasil, participaram da invasão, cujo objetivo oficial era "manter a ordem e proteger os estrangeiros", outras ditaduras, o Paraguai (sob Alfredo Stroessner) e a Nicarágua (sob Anastácio Somoza), secundadas por soldados hondurenhos e policiais costa-riquenhos.

A invasão foi uma grande inflexão na Política Externa Independente (PEI), que havia caracterizado a diplomacia brasileira nos governos civis de João Goulart e Jânio Quadros. Saía de cena o reforço ao diálogo Sul-Sul com os países mais pobres e a independência em relação às grandes potências, EUA e União Soviética, e entrava o alinhamento automático aos norte-americanos, vistos como líderes na defesa da civilização ocidental contra o comunismo. A intervenção deixou o Brasil com a péssima fama de nação subserviente, subimperialista e "gendarme" dos EUA.

"O Brasil esperava conseguir ganhos com essa política, que não se confirmaram", diz o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Tullo Vigevani. O jornalista José Maria Mayrink, que esteve em Santo Domingo um ano após o ataque militar como repórter do Jornal do Brasil, chegou a ver muros pichados com a frase "brasileiros, go home", na reedição da sentença sempre atribuída aos "ianques norte-americanos" em suas intervenções em países latino-americanos.

A ditadura brasileira recém-instalada, ainda sem o domínio da linha-dura, que viria a partir de 1968 com o Ato Institucional número 5 (o famigerado AI-5), esperava ter dos Estados Unidos o reconhecimento do Brasil como líder inconteste na América do Sul, além de vantagens comerciais e investimentos em suas Forças Armadas. Isso não ocorreu. Os generais brasileiros Hugo Panasco Alvim e Álvaro da Silva Braga foram escolhidos, em uma concessão especial dos EUA, como os comandantes nominais das tropas, que incluíam 21 mil marines. Mas o general Bruce Palmer Jr., vice-comandante do destacamento, respondeu em uma entrevista à imprensa de seu país que no caso de receber uma ordem do superior brasileiro ou de Washington não hesitaria em seguir a determinação norte-americana.

A declaração de Palmer gerou um grande mal-estar nas tropas da Força Interamericana de Paz (FIP), nome oficial do exército multinacional que atuou sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA). O então embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon - personagem importante na preparação do golpe de 1964 -, apressou-se a negar a informação. O chefe da sucursal da agência de notícias Associated Press no Rio de Janeiro, Frank Butto, confirmou a declaração do oficial norte-americano depois de se comunicar com a matriz, em Nova York, contrariando o embaixador, que então preferiu se calar. O saldo da intervenção que durou 16 meses, depois de vários combates com grupos dominicanos de esquerda, liderados pelo coronel Francisco Caamaño, defensor da volta do presidente deposto Juan Bosch (veja quadro ao lado): quatro militares brasileiros mortos e seis feridos. Entre os norte-americanos, 44 foram mortos e 200 ficaram feridos, tal como cinco paraguaios. Estima-se em 1,7 mil os civis dominicanos mortos.

Big stick

Os soldados latino-americanos eram comandados pelo coronel Carlos Meira Matos, um dos principais ideó-logos do regime militar. O episódio foi o batismo de fogo da Faibras - Força Interamericana do Brasil, que atualmente exerce suas funções no Haiti, o vizinho da República Dominicana. Hoje, no entanto, trata-se de uma delegação da Organização das Nações Unidas (ONU), de caráter pacífico, ao contrário da dos anos 1960, que recebeu críticas de vários países. Imediatamente após a determinação da OEA de que se formasse a força multinacional, o governo uruguaio foi o primeiro a denunciar o que chamou de "uma forma de intervenção armada em um país soberano". Para seu chanceler, Luiz Zaglio, a ação lembrava o período do big stick (grande porrete). A expressão foi criada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, para falar dos vizinhos latino-americanos, nos anos 20: "Fale macio, carregue um grande porrete e você irá longe".

Chile, Peru, México, Venezuela e Argentina (para ficar apenas nos paí-ses latino-americanos) se mostraram contrários à intervenção na política interna dominicana. Até mesmo a própria OEA, em seu estatuto, condenava a prática de invadir países para impor políticas de terceiros, de acordo com o artigo 15 da Carta da entidade: "Nenhum Estado ou grupo de Estados têm o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro".

Em 15 de junho de 1965, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que, no dia anterior, os soldados brasileiros haviam trocado tiros com forças de Francisco Caamaño, os constitucionalistas, como eram conhecidos. O incidente, sem feridos de parte a parte, não teve repercussões, segundo a OEA, e foi qualificado como "violação da cessação de fogo" na linha que as tropas mantinham na Avenida Pasteur, que dividia o setor constitucionalista da zona internacional de segurança, mantida por tropas brasileiras. "Os soldados comuns, os recrutas, eram menosprezados pela população dominicana, e morriam de medo de uma situação de risco real, ao contrário dos fuzileiros navais, esses sim profissionais", afirma o jornalista Mayrink.

O repórter acabou encarregado, depois de voltar da República Dominicana, de avisar à família do cabo brasileiro José Elias Bastos, que vivia no Rio de Janeiro, da morte do rapaz. "Acabei dando a notícia antes do Exército, que enviou um telegrama", afirma Mayrink. "Quando cheguei à casa dele e comecei a perguntar, a família logo desconfiou que havia ocorrido algo grave com o parente." Em sua reportagem sobre a intervenção, o jornalista contou um episódio no qual um soldado brasileiro foi ferido a tiros por jovens de motocicleta, mas sobreviveu. Entrevistado por ele, um motorista de táxi resumiu a relação da população com os brasileiros. "Os dominicanos gostam dos brasileiros porque eles se definem. Eles sorriem para nós quando sorrimos para eles e dão tiros quando damos tiros. Os norte-americanos são mais frios e não reagem, mas depois vêm com tudo em cima da gente", afirmou o motorista.

A vice-cônsul da República Dominicana em São Paulo, Francia Martinez, afirma que todos os soldados estrangeiros, tidos como invasores, eram odiados. "Não tínhamos como diferenciar brasileiros de norte-americanos. Eles usavam fardas iguais", diz ela, que era estudante na Universidade Autônoma de Santo Domingo, um dos focos de revolta. "Perdi muitos amigos. Era um tempo muito difícil, mas todos os jovens levantaram-se contra a ocupação, assim como haviam feito contra a ditadura de Trujillo". Rafael Trujillo, que governou o país com mão de ferro entre 1930 e 1961, foi morto, e em seu lugar assumiu Juan Bosch, um professor com ideais de esquerda, que ficou sete meses no cargo, até ser derrubado por militares, no episódio que levou à intervenção.

Uma longa disputa

Depois do assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo, em 1961, o fundador do Partido Revolucionário Dominicano, Juan Bosch, foi eleito presidente. Ao assumir, em fevereiro de 1963, Bosch iniciou um programa de distribuição de terras e nacionalização de empresas estrangeiras. Sete meses depois, foi derrubado por um golpe de estado liderado pelo general Elias Wessin, líder de um grupo de extrema-direita. Em 24 de abril de 1965, um grupo de militares de esquerda sob a liderança do coronel Francisco Caamaño, que adotou o nome de "constitucionalistas" e defendia a volta de Bosch ao poder, se insurgiu contra o governo, que foi derrubado. Instado por líderes políticos e militares, entre os quais Wessin, Washington preparou uma intervenção na crise dominicana.

sábado, 12 de outubro de 2013

Preservar a nossa história através da monitorização da qualidade do ar

Sarcófago egípcio. Imagem: Photos.com,  Thinkstock.

Atualmente nossos amigos Construtores e visitantes tem tido a oportunidade de conhecer mais sobre a nossa História, a História da Humanidade através desse humilde trabalho, mas que possuí grandes objetivos com a minimização do “Analfabetismo histórico”. Sendo um de seus maiores objetivos presar pelo valor humano de modo a respeitar cada individuo e suas características únicas como oportunidades de desenvolver um estudo histórico baseados em fatos e discutido de forma clara e objetiva. Sem estabelecer barreiras intelectuais que limitem a compreensão dos temas abordados somente a uma pequena parcela da sociedade. Primeiramente para podermos aprender com a história, devemos preservá-la. Uma das melhores maneiras de fazer isso é ter certeza de que os artefatos são mantidos em um ambiente protegido.

Temperatura e umidade são rotineiramente monitorados e controlados em museus, arquivos e depósitos para proteger artefatos de deterioração. No entanto, a corrosão é acelerada dramaticamente por poluentes do ar, que muitas vezes não são monitorados adequadamente.

O objetivo do projeto MUSECRR financiado pela UE foi desenvolver métodos eletrônicos para a medição contínua do ar induz por corrosão, Esses AirCorr Registradores de corrosão , como são conhecidos , permitem o monitoramento simples , em tempo real e confiável de diversos metais e ligas.

Os parceiros do projeto desenvolveram Registradores AirCorr com quatro partes principais: um registrador eletrônico , um sensor de metal , uma interface de comunicação e um programa de software amigável para interpretação das medidas.

De MUSECORR (Proteção do patrimônio cultural através do monitoramento de corrosão em tempo real). Sistema de monitoramento AirCorr tem proporcionado muitas grandes vantagens. Tempo de resposta rápida, de alta precisão, tamanho pequeno e uma ampla gama de sensores tornam-no incrivelmente eficiente. Sua longa vida útil e software também o tornam uma ferramenta ideal, para a preservação do patrimônio cultural, quartos limpos, a proteção da eletrônica, transporte e armazenamento, engenharia civil, detecção de poluição e de pesquisa corrosão.